Zumbiwitch escrita por Paul


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Todos temos o poder de fazer nossas escolhas.
Mas apenas alguns saberão quais serão suas escolhas certas.



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Com o passar de tempo, a estrada havia deixado de ser de terra e começou a se tornar de asfalto. Algumas partes estavam rachadas, com enormes buracos. Não havíamos conversado muito deste que fugimos. Brandon mexia no PSP. Me perguntei se aquela coisa nunca acabava a bateria. Scarlet caminhava ao meu lado, ela foi a única que não havia realmente pronunciado nenhuma palavra. Aqueles olhos vermelhos encarando um ponto no horizonte, que apenas ela conseguia ver.

Um pássaro voou no céu, suas asas se movendo lentamente, enquanto ele as batia. Era como olhar pra uma imagem em câmera lenta. A cor amarela na ponta das asas, parecendo se tornar branca em meio à luz do amanhecer. Ele soltou um piado alto, como se estivesse nos dando as boas vindas, ou rindo da nossa cara.

Os primeiros prédios que vimos, não passavam de meras estruturas de concreto, completamente destruídos. As vigas de metal estavam à mostra, o ferrugem as corroendo, dando a impressão de que elas iriam cair a qualquer momento. Haviam tantos buracos nas partes em que o concreto ainda resistia, que as paredes pareciam terem sido metralhadas por uma metralhadora gigante. As heras cresciam até desaparecerem de vista no alto dos prédios.  

— Isso é tão animador. – sussurrou Brandon, após soltar um longo assobio.

Os carros na rua, pareciam estar ali há séculos. Alguns estavam com as janelas quebradas, os vidros caídos ao lado em pequenos montinhos ou espalhados. Outros faltavam uma porta ou estavam enferrujados demais e sem pneus.

— Sem chance de usarmos um deles. – sussurrei.

Os canteiros, aonde deviam ter existido arvores ou plantas, verdes e vivas, ha algum tempo, não passavam de meros buracos cobertos de areia. Alguns troncos de arvores pequenas se erguiam como mãos esqueléticas. O sol tentava surgir em meio às pesadas nuvens de chuva. O vento frio me causou um leve arrepio.

Caminhamos em meio ao que devia ter sido uma grande avenida. Tudo estava tão silencioso, que chegava a ser sobrenatural. Quase desejei que Scarlet segurasse minha mão. Porque seria estranho demais segurar a mão de Brandon na frente de uma garota.

— Nem parece que isso aqui era bonito. – disse Brandon quebrando o silêncio.

— Pois é.

Fechei os olhos. Então vieram as imagens.

“Flashback on”

Eu estava terminando de ajudar a minha mãe na doceria. Ela estava sorrindo, enquanto seu filme de terror favorito acabava. Seu cabelo loiro caia pesadamente sobre os ombros. Seus olhos castanhos claros brilhavam como se toda a alegria do mundo estivesse dentro deles.

— Vamos Marcos. Va se divertir um pouco. É halloween. – disse ela. Sua voz tão doce quanto uma torta de framboesa.

— Mas já acabamos? Perguntei olhando para o nosso ultimo trabalho. Um bolo de zumbis, encomendado pelos Jones, que só viriam busca-lo depois de amanha. Me perguntei porque um casal de meia idade, encomendaria um bolo de zumbis.

— Já sim. Agora vá. – ela levou o dedo ao interruptor e apagou a luz.

Caminhei até o lado de fora. O dia estava nublado,  mas a lua tentava aparecer por entre as nuvens. 

As casas estavam decoradas. Aboboras nas portas, esqueletos pendurados nas janelas, alguns espantalhos no gramado. Algumas tinham tanta decoração, que realmente pareciam casas de filmes de terror. E a minha casa? Bem, haviam alguns esqueletos de plásticos na janela, uma abobora recheada com vários doces, sobre o colo de um espantalho, que devia ser eu fantasiado.

Sentei na calçada, os cotovelos apoiados nos joelhos.

O vento soprava forte, acho que começaria a chover a qualquer momento. Crianças passavam rindo e gritando. Algumas se aproximavam da minha casa, pegavam alguns doces e saiam gritando de felicidade. Um garoto, mais ou menos da minha idade, estava fantasiado de lobisomem, ele parecia mais feliz que todas as crianças juntas. Sorri para alguns, acenei para outros.

Os primeiros pingos de chuva vieram com força. Me levantei, e caminhei até a porta. Estava girando a maçaneta quando algo aconteceu. É difícil explicar. Primeiro eu achei que meu irmão podia ter chegado de carro e os faróis estavam apontados na minha direção. Mas eu logo percebi que não era isso. À noite havia literalmente virado dia. O céu estava iluminado com uma luz vermelha, e então eu senti meu corpo sendo lançado no ar, enquanto tudo ao meu redor explodia.

“Flashback off”

— Marck? – Scarlet estava parada na minha frente, estalando os dedos, perto demais do meu rosto.

Pisquei os olhos, enquanto voltava para a realidade.

— Oi? Aconteceu alguma coisa?

— Você parou do nada e ficou olhando pra frente, sem se mexer.  

— Ta tudo bem cara? Perguntou Brandon.

— Eu to bem. Eu tenho isso às vezes. – respondi dando de ombro.

— E o que seria isso? Perguntou ele, guardando o PSP no bolso.

— Acho que são tipo flashbacks. Sei lá. Isso começou quando eu tinha uns oito anos.

— Ahh. – disseram Brandon e Scarlet juntos.

— Brandon, posso fazer uma pergunta? – o encarei.

— Pode. Mas juro que não fui eu. – respondeu ele, levantando as mãos. – Aquele bolo se destruiu sozinho.

— Seus tios encomendaram um bolo pro dia 2 de novembro?

— Sim. Era pro meu aniversario. Mas por quê?

— Minha mãe fez aquele bolo. – sorri sem jeito.

— Pena que eu nem pude comer ele. Meus tios estavam ansiosos pra ver o bolo. Acho que eles até convidaram sua mãe pro meu aniversario.

— Nossa isso é estranho. – disse Scarlet parecendo pensar em algo.

— O que? Perguntei a encarando.  

— Se não fosse tudo isso, vocês deviam ter se conhecido nessa festa. – respondeu ela nos encarando.

— Pois é. – troquei um breve olhar com Brandon.

— Que loucura em. – disse ele sorrindo.

Algo se moveu a nossa esquerda. Aquilo pareciam passos apresados. Troquei um longo olhar com Brandon e Scarlet. O pior de nossa situação, é que estávamos parados no meio da rua. Ou seja, impossível de nos escondermos.

Mais passos, agora pareciam o de centenas de pessoas. E então, estávamos cercados.

Havia cerca de umas trinta pessoas, no máximo. Todas pareciam apáticas demais, e sem dormir e há alguns dias. Alguns pareciam irritados, outros completamente assustados.

— Quem são vocês? – a pergunta partiu de um cara que estava na frente do grupo. Ele parecia o típico príncipe encantado do apocalipse. O cabelo lambido para os lados, os lábios curvados em um sorriso metido, a expressão arrogante nos olhos. Ele usava uma camiseta de botão, branca, com uma enorme mancha de sangue. Uma bermuda jeans, e um vans detonado. Para um cara em meio a um apocalipse, ele até se vestia bem. – Eu perguntei. Quem são vocês? – repetiu ele, nos apontando o facão que segurava, com firmeza.

— Eles são da Arcade. – respondeu uma garota ao seu lado.

Cara, que garota linda, meu deus. Seu cabelo preto caia em ondas pesadas, sobre seus seios. Seus olhos eram de uma cor de âmbar incrível. Seus lábios estavam com um batom vermelho. Ela usava uma camiseta azul apertada, e um shorts jeans, detonado, assim como o garoto, seu vans era de um vinho escuro.

— Olha, nós viemos em paz. – disse Brandon. – Sim, viemos da Arcade. Bem, na verdade, nós fugimos de lá.

— Não seja idiota garoto. – disse o cara, nos fuzilando com os olhos. – Ninguém foge da Arcade. Agora digam a verdade, ou os três morrem. – ele deu alguns passos em nossa direção, ficando apenas a uns passos de nós. – Ou melhor, vou desmembrar vocês e jogar pros nossos amiguinhos mortos vivos.

— Como é? Perguntei irritado. Meus dedos formigaram, como se pedindo para eu puxar a sub-metralhadora, e atirar naquele idiota.

— Você é surdo ou retardado? Perguntou ele me encarando.

— Nenhum dos dois. Mas você não pode sair matando as pessoas por diversão, seu babaca. – respondi revirando os olhos.

— O que você falou? Perguntou ele caminhando na minha direção.

— Isso mesmo que você ouviu. – o fuzilei com os olhos, enquanto ele se aproximava mais.

— Escuta aqui idiota, você esta na minha cidade...

Ele estava a apenas alguns centímetros, quando meu punho se chocou contra a cara dele.

Juro, que não fiz isso por maldade. Na verdade eu nem sei como eu fiz isso. Só me dei conta do que estava fazendo quando senti a dor, e o cara cambaleou para trás.

— UOU! Exclamou Brandon. – Mandou bem cara.

— E...eu não...- não consegui terminar.

— Matem a garota e o nerd. – disse o cara, limpando o sangue que escorria do nariz. – Esse aqui é meu. E eu vou mostrar pra ele, o que acontece com quem me acerta. – ele me olhou nos olhos e senti meu sangue gelar.

É estávamos muito ferrados, e eu só havia acabado de piorar tudo.


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Notas finais do capítulo

Oi Oi gente.
Bem. Desculpem a demora.
Bem, eu tenho demorado pakas pra postar. Que acho que a fic vai virar semanal.
Enfim.
Boa parte dessa demora, é por causa que eu estava escrevendo o ultimo cap da minha outra fic, e quase morri com isso.
Boa parte desse cap foi escrito pelo Marck, que a qualquer dia aparece por aqui.
Espero que vcs gostem.
Como o ultimo cap n teve coments. Que tal vcs comentarem nesse aqui?
N esqueçam de favoritar e mostrar pros abigos. Principalmente se eles gostarem de zumbis.
Bezus do tio Paul



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