Zumbiwitch escrita por Paul
Notas iniciais do capítulo
Quanto custa o preço de uma vida?
Quanto custa o preço de um sorriso?
Escuridão era a única coisa que eu conseguia ver. Levantei a mão, a pondo na frente do meu rosto, mas nem isso eu conseguia enxergar. Então veio a sirene, aquele barulho irritante, como aquelas sirenes de alerta de bomba. Tentei tampar os ouvidos, mas aquilo parecia estar martelando meus tímpanos.
— Faz essa merda parar cara. – gritou Brandon acima do barulho. – O que vocês querem? – sua voz ecoou pelo loca, enquanto a sirene parava de tocar.
— Brandon, você ta aqui também cara? Perguntei.
— Marck? Perguntou ele um tanto surpreso.
— Onde estamos cara? Eu não consigo ver nada.
— Eu também não sei. Parece um tipo de sala escura.
— Afinal, como viemos parar aqui? Eu não lembro de nada, depois que entramos no corredor.
— Eu também não, sei lá cara, acho que eles nos drogaram, ou alguma coisa desse tipo. Aonde você ta?
— Acho que um pouco a sua esquerda.
— Ta, faz algum barulho, cara.
Levantei as mãos e bati palmas. Senti uma mão tocar meu ombro.
— Te achei.
— Percebi. – murmurei. – Agora temos que sair daqui.
— To tentando isso, mas não tenho um ponto de referencia. Tipo, eu não sei aonde esta a esquerda ou à direita.
— Mas você sabia onde era sua esquerda, referente a mim, ou não teria me achado. Certo?
— Na verdade, eu só segui a sua voz.
Estava preste a dizer algo, quando um som parecido com o de tiros ecoou pelo ar. Senti o vento de algo passando a poucos centímetros do meu rosto.
— Mas o que? – senti o medo crescendo dentro de mim.
— Tão atirando na gente. – gritou Brandon. – Abaixa.
— O que vocês sabem? – a voz parecia estar vindo de todos os lados, mas próxima demais, como se alguém estivesse gritando na nossa cara. Era impossível não reconhecer a voz do diretor da Arcade.
— Co...como? – senti as palavras sumindo, uma por uma.
E então outro tiro. Esse passou raspando perto do meu braço.
— Mas que merda cara. – gritou Brandon. – Não sabemos de nada.
Brandon mal havia acabado de falar quando outros tiros começaram a ser disparados. Alguns rasparam no meu rosto, a ardência se estendeu, começando na bochecha e subindo lentamente.
— Sabemos que vocês invadiram nosso sistema de segurança. – disse o diretor, só que dessa vez mais furioso.
~Droga, eles descobriram. Estamos ferrados.~ pensei.
— Não invadimos nada. Que merda! Brandon parecia tão frustrado quanto com medo.
— Soltem os zumbis. Não me importa mais. Deixe que eles os devorem.
— Não, espera. – reuni toda minha coragem e quase gritei. – Tudo bem, ele não fez nada. Foi eu, eu vasculhei o sistema. Eu só queria achar um jeito de sair daqui.
— Cara. – sussurrou Brandon. – O que você ta fazendo?
— Confie em mim. – sussurrei de volta. – Deixem ele ir. Eu assumo toda a culpa. – quase imaginei o diretor do outro lado de algum tipo de vidro, me encarando om olhos carregados de ódio.
— Não cara. – disse Brandon. – Eu fiz isso, você não tem culpa de nada.
— Cala a boca Jones, eu que te forcei a ir junto.
— Preparem os dois. Eu os quero na ala C, antes das onze. E caso eles tentem fugir, não tenham pena em atirar.
— Não! Como assim? Esperem. – Brandon gritou alto demais, o medo era palpável em sua voz. – A ala C não.
Não ouve mais nada, nem vozes furiosas, nem tiros. O silencio reinou por alguns minutos, e já estava começando a me deixar louco.
— Você é louco? – Brandon devia estar me fuzilando com os olhos. – Eles iam nos matar de qualquer jeito.
— Desculpa, eu estava tentando nos manter vivos.
— Olha cara. Querer se sacrificar por outras pessoas, não é exatamente o que eu chamo de querer vivo. Você assumiu que invadimos o sistema, agora vamos pra ala C., ou seja, seremos torturados e forçados a contar tudo o que vimos.
— Eles iam soltar os zumbis, eu não queria ter que sentir cada tripa minha sendo arrancada do meu corpo. – resmunguei.
— Ta, temos que dar um jeito de sair daqui.
Apesar de estar escuro, comecei a me sentir, como se estivesse girando em um carrossel.
— Marck, o que é isso? – a voz de Brandon parecia completamente distante.
Tentei responder, mas eu já devia estar no chão, porque estava sentindo algo duro e frio contra meu rosto. Então minha mente se apagou.
Senti medo de abrir os olhos, mas aquele tum-tum na porta estava começando a me irritar. Pera, como nós estávamos de volta no quarto? Estava preste a gritar para quem quer que estivesse batendo na porta fosse embora, quando seu rosto surgiu na minha mente. O cabelo loiro caído pra frente, os olhos vermelhos me encarando. Saltei da cama, ignorando a dor de cabeça e corri até a porta, a abrindo. E lá estava ela, a garota dos meus sonhos, literalmente.
A pele de Scarlet parecia reluzir em meio a pouca luz do corredor. Seu cabelo loiro cai sobre a costas, a longa franja cobria um de seus olhos, seus 1,57 de altura, o que me permitia olhar para ela de cima. Não que eu esteja chamando ela de baixinha, mas era algo lindo de se olhar. Ela levantou os olhos e olhou no fundo dos meus. Aqueles olhos vermelhos escarlates, eram hipnotizantes, era como olhar para uma lareira, que estava me convidando a me queimar.
— Até que fim. – disse ela entrando.
Fiquei em silencio por meio segundo.
— Pizza. – Brandon sussurrou do beliche de cima. Sua voz cortou o silencio, me fazendo sorrir.
— O que aconteceu com vocês? Perguntou Scarlet cruzando os braços.
— Deixa eu acordar o Brandon, e ai a gente te explica. – caminhei até perto do beliche, e comecei a sacudir Brandon.
— Não mãe, eu não vou pra escola hoje. – murmurou ele. – Ta chovendo.
— Vamos cara, acorda logo. – o sacudi com mais força.
— Ahn, o que? Quem roubou meu PSP? Perguntou ele se sentando.
— Olha, dá pra alguém me explicar o que ta acontecendo aqui? – Scarlet lançou um olhar confuso e irritado para nós.
— Marck, por que tem uma garota no nosso quarto? – Brandon e Scarlet trocaram um breve olhar. – O que você tava fazendo enquanto eu dormia?
— Não estávamos fazendo nada. – respondeu Scarlet revirando os olhos. – Nerd.
— Sou mesmo, coelhinha. – murmurou Brandon.
— Ei vocês dois. – reclamei, revirando os olhos. – O assunto aqui é sério. Eu sei que isso vai ser a coisa mais louca que eu vou dizer, mas...
— Eu sei, temos que fugir daqui, antes que eles nos torturem e nos matem. – disse Brandon me interrompendo. Ele saltou da cama e se espreguiçou.
— Pera, do que vocês dois estão falando? – Scarlet olhou de Brandon para mim.
Me virei para ela, e comecei a contar tudo o que havia acontecido.
— Pera, vocês dois são loucos ou o que? Quem garante que eles não vão nos matar se tentarmos fugir? Afinal, quem disse que eu quero fugir com vocês?
— Não temos nenhuma certeza, mas vai por mim, lá fora, estaremos mais seguros que aqui dentro. – respondeu Brandon. – Não estamos mentindo. Eu tenho tudo aqui, caso você queira ver. – ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou o PSP. – Veja. – disse ele entregando o aparelho pra Scarlet. Ela assistiu tudo em silencio, e quando os vídeos acabaram, ela devolveu o PSP para Brandon.
Scarlet piscou algumas vezes, como se estivesse acordando de um sonho.
— Co...como eles podem fazer isso? - Sua voz mal passava de um mero sussurro.
— Tivemos a mesma reação. – comentei. – Por isso temos que sair daqui.
— Mas vocês não tem nenhum plano. – disse ela.
— Não precisamos. Sempre que se planeja algo, isso da errado. Eu tenho acesso a todas as portas...
— Eles devem ter trocado as senhas de tudo, cara. – interrompi Brandon.
— Por isso, deste ontem à noite, eu venho estudando esse lugar. Eu sabia que era só uma questão de tempo, até eles fazerem algo, como os tiros e o quarto escuro.
— Ta, e como vamos sair daqui? – Scarlet e eu perguntamos juntos.
— Existem quatro saídas desse lugar. Uma delas é a do portão principal, mas se formos por ela, seremos mortos antes mesmo de cruzarmos o pátio. Então, vamos sair pela entrada de cargas.
— Vocês são loucos. Isso não vai dar certo. Vamos acabar sendo mortos. – Scarlet nos lançou um olhar frio.
— Não estamos mandando você vir com a gente. Se você quiser ficar aqui e virar comida de zumbis, por mim tudo bem. – disse Brandon de modo frio.
— Brandon. – o reprendi.
— Afinal, por que ela ta aqui mesmo?
— É...- Senti meu rosto corando.
— É o que? Perguntou Brandon me encarando.
— Eu sonhei com ela. – respondi tão rápido, que nem eu mesmo entendi o que eu disse.
— Como é?
— Olha, eu prometo que quando estivermos fora daqui, eu explico tudo. – respondi.
— Só vamos ter cinco minutos, antes que eles descubram e nos matem. – disse Brandon dando de ombro. – Corram, porque sério, agora nossas vidas dependem disso. – ele lançou um olhar curioso para Scarlet. – Você vai vir com a gente?
— Sim. Mas escutem, se formos pegos, e tivermos a sorte de não sermos mortos, eu vou jogar a culpa toda em vocês, e vou dizer que vocês me forçaram.
— Tudo bem. – balancei a cabeça, concordando.
Brandon caminhou até a porta e colocou a cabeça pra fora.
— Vamos lá, aqui ta limpo.
— Pera, vamos assim? Sem suprimentos nem nada do tipo? Perguntou Scarlet parecendo confusa.
— Não temos tempo para isso. – respondeu Brandon abrindo a porta. – Agora temos que ir.
Esperamos Brandon trancar a porta e disparamos pelo corredor vazio. A habilidade que aquele garoto tinha pra correr e digitar ao mesmo tempo, era algo impressionante.
Eu reconheci o corredor, da noite passada.
— Por que estamos voltando por aqui? Perguntei enquanto corríamos.
— Eu preciso abrir tudo, deixar as pessoas saírem, criar uma distração.
Estava preste a falar quando os tiros começaram, centenas deles, riscos brilhantes, cortando o ar, do corredor mal iluminado. Puxei Scarlet para minha frente, a protegendo. Brandon abriu a porta de uma sala e entramos.
— Vamos morrer. Vamos morrer. – Scarlet ficou repetindo, enquanto se certificava de que não havia sido atingida.
— Não vamos. – falei, tentando tranquiliza-la.
— Fiquem quietos. – disse Brandon, teclando furiosamente em um teclado. Ele parecia vidrado, nem piscava. – Marck, ali no canto vai abrir uma portinha, lá dentro tem umas armas. Pegue elas.
— Armas? Pra que? Perguntei o encarando, mesmo ele não retribuindo o olhar.
— Quer sair daqui vivo?
— Claro.
— Quer sobreviver lá fora?
— Com certeza.
— Então pegue a droga das armas. – Brandon virou a cabeça e me fuzilou com os olhos.
— O.k. – caminhei em direção ao canto da sala, enquanto uma porta deslizava para o lado. Uma luz azulada se acendeu, indicando um pequeno quartinho, com tantas armas, que dava para declarar guerra ao estado. Peguei o máximo de armas que consegui, variando de sub-metralhadoras, pistolas, um arco e flecha, munição, trajes e algumas granadas. Deixei as armas mais pesadas, não iriamos conseguir carregar elas. Joguei as armas menores, nas mochilas que achei. Caminhei de volta, carregando as três sub-metralhadoras com cuidado. As coloquei sobre a mesa, enquanto Brandon parava de digitar.
— Vamos lá. – disse ele pegando uma das armas, e jogando uma mochila nas costas. – Corram, não olhem pra trás, não pensem. Apenas corram.
Coloquei minha mochila nas costas, e peguei minha arma. Nós três trocamos um breve olhar e saímos pra fora. Havia uma enorme porta de ferro, bloqueando a passagem, do corredor por onde tínhamos vindo.
Voltamos a correr. Dobramos vários corredores, sem diminuir o passo. Viramos em um corredor, iluminado, com algo parecido uma rampa de acesso e uma enorme porta de ferro no final.
— Parem. – Brandon olhou o PSP e digitou alguma coisa, fazendo a porta se abrir.
Quase sorri de alivio, aquilo parecia ter sido tão fácil. Só mais alguns passos e estaríamos livres. Dei meu primeiro passo em direção à liberdade, mas algo me fez parar.
— Acharam que ia ser fácil assim? – a voz partiu de trás de nós. Senti meu sangue gelando. Me virei lentamente e encarei Steven. – Crianças tentando fugir daqui? Isso chega a ser engraçado. Sabem quantos já tentaram? Sabem quantos morreram só com esse sonho tolo?
— Não. E nem me importa. – respondi com firmeza. Levantei a metralhadora e apontei na direção dele e dos outros guardas. – Brandon. Tira a Scarlet daqui. Eu vou logo atrás de vocês.
— Como é? Perguntou ele.
— Não vamos a lugar nenhum sem você. – disse Scarlet.
— VÃO LOGO DROGA! Gritei, sem deixar de mirar pra Steven.
Ouvi os passos de Brandon e Scarlet ecoarem pelo corredor.
— Que lindo, ele está disposto a se sacrificar pelos amigos. – disse Steven rindo. – Matem todos.
Não sei como fiz aquilo. Em um segundo eu estava segurando a arma, com o dedo no gatilho, no outro, Steven estava no chão, com sangue saindo de seu ombro, e as luzes no teto estavam destruídas, as que sobraram piscavam.
Disparei pro lado da porta, enquanto os tiros passavam a poucos centímetros de mim. Senti um raspando em meu braço.
O vento frio do lado se fora, me atingiu em cheio, assim que pulei da pequena plataforma, que dava pra rampa de acesso. Brandon e Scarlet estavam do outro lado. Ouvi o ruído oco da porta se fechando atrás de mim.
A gorda lua cheia brilhava no céu limpo. Estávamos em uma floresta, na verdade, no que havia sobrado de uma floresta, que agora estava toda seca e morta. Os troncos secos e nus das arvores, lançavam sombras assustadoras pelo chão.
Continuamos correndo, sem nem ao menos olhar para trás. Meus pulmões queriam desistir, mas eu só queria saber de correr, e ficar o mais longe possível daquele lugar.
Acho que perdemos a noção do tempo, e só paramos quando demos em uma estrada.
Respirei grandes bocados de ar, até meus pulmões e meu coração se acalmarem.
Ao longe, a silhueta da cidade não passava de um mero borrão, em meio a luz da lua.
— Vamos pra lá. É a nossa única chance. – disse Brandon.
— O.k. – Scarlet e eu dissemos juntos, enquanto voltávamos a caminhar.
Por algum motivo, começamos a rir, como se toda a felicidade do mundo estivesse ao nosso redor.
Ajeitei a mochila no ombro e segui meus amigos.
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Oeee gente.
Desculpa pela demora.
É que tive prova esses dias, ai não tinha terminado o cap.
Espero que vocês tenham gostado do cap.
Comenta ai o que vcs acharam.
Favorita, mostra pros abigos.
Leiam minha outra fic
https://fanfiction.com.br/historia/654927/Magic/
Bejus
Comentem, que o Marck ta lendo os coments.