Zumbiwitch escrita por Paul


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Virtus est in spiritu.
Raindrop in deserto numquam cadit.
Amor vivimus, si superatus animo

Desconhecido



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Sobre a noite passada? Bem, Brandon e eu decidimos não comentar sobre isso. Nem mesmo quando ele ficou sussurrando coisas enquanto olhava pro PSP. Eu também não quis comentar o sonho que tive naquela noite, pelo fato dele ter sido bem esquisito e curto. Também, só consegui dormir umas duas horas.

No sonho, eu estou correndo em um lugar escuro, muito escuro mesmo, tipo, sem nenhuma luz visível por um tempo. E então ela surgiu. Ela era uma garota loira, meio baixinha, e parecia estar assustada, na verdade, ela parecia estar desesperada. Acho que eu estava correndo para salva-la ou algo do tipo. Eu acordei bem na hora em que ia alcançá-la, aquela maldita sirene me fez pular da cama.

Brandon ficou me apressando no banho, para não perdemos o café da manha.

— A comida desse lugar já esta começando a me enjoar. – disse Brandon enquanto uma senhora, que devia pesar uns cento e vinte quilos, enchia o prato dele de comida. – Mas a qualidade dela é satisfatória.

Eu tinha que concordar com ele. Apesar de todo o desconforto e estranhezas, aquele lugar servia uma comida boa, e tinha boas acomodações. Mas eu sabia que era apenas uma questão de tempo até a verdadeira  Arcade aparecer.

Segui Brandon até uma mesa, no canto do refeitório. Haviam alguns garotos sentados nela, todos pareciam tão nerds quanto Brandon. Todos magricelas demais, tipo a gente, ta, não éramos tão magros assim, mas enfim. Eu até me senti bem vindo ali.

Após alguns minutos, eu já não aguentava mais ouvir piadas sobre jogos de rpg, física quântica, relatividade do universo e outras coisas cientificas. Minha cabeça já estava começando a doer, ouvindo todas aquelas palavras difíceis. Girei a cabeça, tentando me distrair, e foi ai que eu a vi. Ela estava sentada do outro lado do refeitório, sentada sozinha em uma mesa. Ela era idêntica à garota do meu sonho, juro. A garota era loira, usava um moletom, que devia ser o dobro do seu tamanho, mas mesmo assim, parecia encolhida de frio.

— Ham, quem é ela? Perguntei pro garoto sentado ao meu lado. Ele tinha um cabelo castanho avermelhado, olhos castanhos, que estavam sempre fixo em apenas um ponto. Ele virou a cabeça e seguiu meu olhar.

— Sei lá. – respondeu ele dando de ombro. – Ela senta sozinha, deste o dia que chegou. Ninguém aqui tem coragem de falar com ela.

Eu tinha certeza que era ela, a garota do meu sonho, só não sei como e porque ela estava ali. Eu tinha que falar com ela. Não sei como fiz aquilo, só sei que quando me dei conta, eu já estava caminhando na direção dela, segurando minha bandeja, com o prato e o copo com suco de beterraba.

Me aproximei da mesa, ela nem percebeu que eu estava ali. Puxei a cadeira, minha mão tremia, e eu tentei não derrubar a bandeja, me sentei com cuidado.

— O...Oi. – gaguejei.

— O que você quer? Eu não tenho nenhuma grana. – disse ela, ainda de cabeça baixa.

— N...Não, eu não quero dinheiro... só queria conversar com você. Eu me chamo Marck.

Ela levantou a cabeça. Meu deus, que menina linda. Seu rosto era perfeito, cada traço parecia ter sido desenhado com o máximo de cuidado. Seus lábios rosados, as sobrancelhas arqueadas. Mas ela era diferente em algo, aqueles olhos, incrivelmente vermelhos, um vermelho escarlate. Senti um leve arrepio percorrer meu corpo, quando seus olhos encontraram os meus.

— Eu sou Scarlet. – disse ela, parecendo me analisar. – O que você quer conversar comigo? E por que seus amigos estão nos encarando?

Virei à cabeça. Brandon e os outros garotos me encaravam, como se eu fosse louco. Brandon sorriu e voltou a comer.

— Bem, eu não sei por onde começar. – respondi voltando a olha-la.

— Que tal pelo começo? – sugeriu ela.

— Bem, você vai achar que eu sou louco. Mas, ontem eu tive um sonho, e você estava nele.

Ela me encarou, seus olhos parecendo analisar minha alma, como se ela estivesse querendo saber se eu realmente estava falando a verdade.

— É, você é louco. – disse ela cruzando os braços. Algo passou por seus olhos, enquanto ela se levantava.

A sirene tocou, indicando o fim do almoço. Todos se levantaram e caminharam pra saída, inclusive ela .

— Espera. A gente precisa conversar. – gritei, enquanto ela se afastava.

— Mas eu nem te conheço. – disse ela, enquanto caminhava a passos rápidos.

— Olha. – a segurei pelo pulso, o que fez uma corrente elétrica percorrer meu corpo. – Eu sei, isso é loucura, e tudo o mais. Mas se você puder me encontrar após o toque de recolher, eu to no dormitório 12067-B.

— Isso é arriscado, você sabe disso. Se eles me pegarem fora da cama depois do toque, quem vai estar encrencada, sou eu, não você. – ela se virou, puxando o braço.

— Eu sei, mas vai por mim, vai valer a pena. – sorri. – Juro, você precisa ver uma coisa.

— Que coisa? Perguntou ela, arqueando uma sobrancelha.

— Como é esse lugar de verdade.

Pera, do que eu estava falando? Meu deus, isso porque eu jurei não comentar sobre isso com ninguém. Eu nem sei se posso confiar nela. Droga Marck, aprenda a segurar a língua.

Scarlet parou por um segundo, parecendo pensar.

— Eu vou pensar. – disse ela por fim.

Scarlet se virou, e caminhou graciosamente pelo corredor.

Fiquei parado na porta, meu coração saltando dentro do peito.

— O que você estava conversando com ela? Perguntou Brandon parando ao meu lado.

— Eu quase contei sobre ontem. Mas me segurei. Eu não sei Brandon. – comecei a caminhar, enquanto o corredor começava a ficar vazio. – Acho que podemos confiar nela.

— Como assim? Confiar pra que? Você sabia que essa garota me da medo? Tipo, cara, você já viu os olhos dela?

— Sim, eu vi. – respondi revirando os olhos. – Confiar, acho que ela poderia vir com a gente.

— Não. Marck, nem pensar. Ela parece ter sido uma...uma, sei lá o que, antes de vir pra cá. Sem chance, não vamos fugir com ela.

— Brandon, calma. – segurei o riso. – Meu deus cara, ela não vai nos matar, enquanto dormimos.

— Como você sabe?

— Sabendo. – sorri. – O que podemos fazer agora? Perguntei o encarando.

— Podemos andar, voltar pro dormitório, ir no pátio. – respondeu ele guardando o PSP no bolso.

— Vamos no pátio. Eu to cheio daquele dormitório, e olha que só to aqui há um dia.

— Você que manda, chefia.

Caminhamos a passos rápidos pelo corredor, que terminava em duas portas de metais.

O lado de fora estava triste e deprimente. O céu ainda estava nublado, as nuvens de um cinza triste. Os muros que cercavam a Arcade pareciam terem sido as presas. Muitos estavam com enormes rachaduras, que iam do chão ao teto.

— Que lugar lindo. – disse, enquanto me sentava.

— Pois é. Um pequeno paraíso. – disse Brandon ironicamente.

Encarei as pessoas, que passavam por ali, muitas tão infelizes quanto eu.

— Ninguém parece feliz  aqui. – sussurrei.

— E quem seria? Tipo, tudo bem, estamos a salvo dos zumbis lá fora, mas você viu... – Brandon deixou as palavras morrerem no ar, assim que viu os dois guardas se aproximando.

Um dos guardas era tão jovem, que devia ter no mínimo uns vinte cinco anos. Seu cabelo era tão preto quanto o meu, os olhos azuis frios demais. Ele deu um sorriso sarcástico e apontou para nós.

— Os dois, venham conosco agora.

— Por quê? O que nós fizemos? Perguntou Brandon se levantando.

— Cala a boca Jones, e nos siga. – disse o outro guarda. Este era um pouco mais alto que o moreno, ele não tinha cabelo, e sua careca parecia reluzir com a luz cinzenta.

— No Twitter ou no Instagram? Brincou Brandon.

O careca se aproximou e bateu com a coronha do rifle, no rosto de Brandon, que caiu no chão.

— Eu mandei vocês dois seguirem a gente. – disse ele me fuzilando com os olhos.

— Estamos indo. – ajudei Brandon a se levantar. – Chega de gracinhas. – sussurrei.

Seguimos em silencio. Brandon limpou o filete de sangue, que escorria de sua bochecha.


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Notas finais do capítulo

Olá Terráqueos.
Bem, espero que vocês gostem do cap.
Metade dele foi escrito pelo Marck, que como não tem uma continha aqui no Nyah, ainda não deu pra colocar ele como Co-Autor.
Sobre a soundtrack? Fica a Critério de vcs.
Comentem ai, favoritem, acompanhem, indiquem pra um amigo.
Isso ajuda muito a nos incentivar a continuar escrevendo.
Bejos pra vcs



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