Um Caminho Para Dois Anjos escrita por Helena Van Houten


Capítulo 5
Estilhaçados...


Notas iniciais do capítulo

Olar
Desculpem o atraso, mas eu acabei perdendo esse capítulo e alguns outros, aí tive que escrever e reescrever até achar que estava bom o bastante para vocês.
Agradeço de coração o apoio e carinho de vocês, e espero que apreciem a treta.
Boa leitura



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Surpreendendo até mesmo Loki, Heimdall abriu o portal rapidamente, puxando os dois. Annia se encolheu e abraçou dele com força, fechando os olhos no processo. Sabendo que ela sentia medo, o asgardiano a abraçou de volta. Quando pôs os pés em solo, ele viu a menina ainda exitar, então passou a mão em seu longo cabelo  cacheado e sussurrou um "chegamos".

– Estou enjoada, Loki. - choramingou, sem abrir os olhos, apenas se encolhendo mais.

O moreno abaixou nos calcanhares, deixando ela em pé próximo a si. Aos poucos a menina se estabilizou.

– Vai ficar tudo bem.

– Seja bem vindo a Asgard, príncipe Loki. - saudou o guardião, mesmo a contra gosto. - E essa jovem lady?

– Olá, Heimdall, essa é a Annia. - disse por cordialidade à menina. Depois se abaixou e disse a ela. - Vou resolver uns assuntos com meu... pai. Volto daqui a pouco.

Quando Loki começou a andar na direção da cidade, Annia o puxa pelo braço.

– Não! Eu nem conheço esse moço. Loki, me leva vai...

Revirando os olhos, pegou no pulso da menina e a puxou. Na parte externa da Bifröst, havia dois guardas, ao qual um cavalo estava a postos, como se já esperassem alguém. Fizeram uma reverência reverência a Loki, e Annia achou engraçado, pois lhe lembrava os desenhos que assistia.

– Espero que não tenha medo de cavalos, menina.

Comentou Loki, pegando-a pela cintura, pondo no animal. Sim, ela tinha medo. Porém, seu senso de humor era maior. Quando ele subiu também, segurando-a para que não caísse, a garota pediu.

– Deixa eu soltar o cabelo, Loki? Não tem graça estar num bicho desses de cabelo preso. - e mais uma vez o homem revira os olhos, mas faz sua vontade.

Sem dar chance para mais pedidos, ele põe os braços em volta da menina, segurando as rédeas e fazendo o cavalo correr.  Aquele corcel não era rápido como o seu, porém logo chegaram na base de Asgard.

Loki desceu, pegando Annia no colo e caminhou quase correndo até o palácio. Estava com muita raiva, e não via a hora de falar com seu pai.

– Por que você está com tanta raiva, hein?

– Não estou com raiva.

– Acredito... Mas vê se não faz nenhuma besteira. - balançando a cabeça, incrédulo, Loki a olha.

– Tudo bem, lady reclamação. Agora cale-se.

O caminho até a sala real fora comprido aos olhos de Loki, que sentia pressa. Já Annia estava admirada com tudo aquilo. Ela notou o momento em que seu mentor conjurou outra roupa, essa era ainda mais bonita. Ele parou!

A menina agora estava no chão, Loki segurou sua mão e entrou sem aviso na sala do trono. Lá, estavam Thor e Odin. Assustado com a presença de ambos, o rei se levantou e andou na direção dos dois.

– Loki, o que...

E foi calado por um golpe na face. Annia correu, se pondo à frente do caçula, tentando o impedir. Já o loiro amparou o pai.

– O que deu em você agora, irmão?

– Sabe o que foi, 'irmão'? Seu pai, me mandou para Midgard, aparentemente sem motivo. Mas eu já seu de tudo agora, seu velho desgraçado!

Sem querer, Loki empurrou Annia, enquanto avançava na direção do velho. Dessa vez foi Thor que lhe impediu.

– Ele é nosso pai, Loki.

– NÃO!  - empurrou o irmão. Thor viu naquele grito algo que há muito não via no irmão: um garoto ferido. Sim, Loki se permitiu chorar... de puro ódio. - Ele não é meu pai.

– Lok...

– Está tudo explicado agora. Como fui tolo, não notei antes. Que raios de motivo você teria para ajudar uma humana velha e acabada? Você não tinha. - gritava, ele. Annia foi para o canto da sala, onde observava de longe. - Como não liguei os nomes. Era muita coincidência, duas Mirandas... Seu velho desgraçado, me fez trair minha mãe. Me pondo debaixo do mesmo teto de sua criada... sua amante.

O que o rei temia aconteceu. Thor simplesmente soltou o irmão, chocado com a notícia. A essa altura, ele já não queria mais nada, senão despejar tudo que guardava. A expressão confusa do loiro era quase como um pedido para que Loki explicasse.

– Há décadas nossa mãe impeliu Odin a banir uma asgardiana para Midgard. Ela não teria mais direito de voltar, como a partir daquele momento seria uma mera mortal. - Loki relembra o irmão, que olha para o pai.

– Agora me lembro, nós chegamos de uma vistoria em Nellhiem naquele dia e presenciamos parte da briga. Nossa mãe alegou traição contra a coroa, e meu pai não teve opção senão bani-la... Mas... Isso não faz muito sentido, Loki. Nosso pai amava nossa mãe. Não é mesmo, meu pai? - Thor olhou para o velho, sua expressão confusa mudou rapidamente para decepcionada.

Odin sempre soube que Loki era mais astucioso, tanto que na época, o filho sondou a mãe até descobrir o real motivo do banimento da serva Miranda. Lementou-se profundamente, mas não deixaria que Loki ganhasse essa briga.

– É verdade, Loki. Mas já que não preciso esconder mais nada de você, não preciso deixar essa menina aos seus cuidados.

A expressão de espanto correu pelo rosto dos dois envolvidos. Annia entendeu perfeitamente a fala real, se colando ainda mais na parede. Quando terminou a sentença, Odin bateu com sua lança no chão e a sala logo estava com muitos guardas.

Loki se preparou, vendo Thor ainda indeciso sobre quem ajudar. Antes que pudesse ir até Annia, três guardas o impede, empurrando-o para o meio do salão real. Logo estava cercado por eles.

Como um sábio guerreiro, o moreno se preparou, conjurando duas adagas e esperando eles atacarem primeiro. E isso aconteceu. Dois ao mesmo tempo, um à esquerda e outro à direita. O movimento dele foi rápido, conseguindo assim ferir a jugular de um, que caiu aos seus pés. No outro, usou seu benefício Jutün e segurou em seu pescoço. Quando viu que o homem já não lhe incomodaria, soltou-o.

Antes que passasse para os outros, foi arbitrariamente derrubado. Agora tinha várias lanças e espadas apontadas para si. Loki ouviu uma voz angelical num grito estérico e desesperado. Por entre as alguns guardas, pôde ver Odin puxando Annia pelo braço. Com o outro ela segurava o colar.

– Annia.

Ele disse baixo suficiente, mas seu olhar se distraiu. Tanto que começou a levantar para ajudá-la, mas um guarda lhe golpeou na face. E depois de muito tempo, ele não sabia o que fazer, mesmo que usasse magia, demoraria muito e era impossível, naquela posição, lutar contra tantos guardas.

Só que sua ajuda veio de onde menos esperava. Thor mandou os guardas para longe com um golpe de seu martelo, o que Loki agradeceu mentalmente. Logo o loiro ajudou o irmão.

– Por nossa mãe. - disse Thor, dando um tapa leve no ombro de Loki.

– Por nossa mãe.

Concluiu o moreno, conjurando uma espada, e usando-a para ferir os que entravam em seu caminho. O rei arrastava a garota à força, e vendo que Loki se aproximava, a empurrou para perto do trono. A menina escorregou, mas não se machucou muito na queda.

– Loki, Loki. Você é uma pessoa inteligente, uma pena que use tal sabedoria para obras más. E essa jovem lady não será obrigada a viver em sua presença.

– Me poupe, Odin. Você sempre se divertiu às custas de me tirar o que eu queria. Me mandou para Midgard, quando eu não queira, e agora sem mais nem menos quer tirar de mim algo que me faz bem? A resposta é não! Annia continuará aos meus cuidados sim, e você trate de sair de meu caminho.

Loki preparou-se para um possível confronto, ao passo que o velho fazia o mesmo.

– Você hoje não é meu filho, é meu adversário.

Ao concluir, o rei marchou em posição de luta para cima do moreno. Sua lança mandou o moreno para longe, caindo estatelado no chão. Irritado, o velho iria lhe desferir outro golpe, mas esse foi impedido por um impacto na lateral de seu corpo. Quando caiu e olhou para onde Loki estava, notou que tinha sido enganado.

Loki abaixou e golpeou o velho na face, despejando num punho fechado, toda sua ira. Annia nesse momento, correu até o mentor e lhe agarrou o braço, o impedindo de fazer alguma besteira. Loki a olhou, e vendo o medo em sua expressão, saiu dali. Pegou na mão da menina e tentou sair dali, quando sentiu que o pai havia levantado. Antes de se virar, uma rajada da energia da lança o acertou; lançou os dois para longe um do outro, porém Loki se machucou verdadeiramente.

Dois guardas o manteve preso, enquanto mais dois o golpeavam. Thor ainda contra os outros, enquanto Odin preparava-se para eliminar aquele bastarda, que era como pensava. O rosto do moreno já apresentava alguns cortes e marca arroxeadas, mas ele continuava a se debater. Suas mãos estavam presas numa algema que vedava sua magia, e o moreno se perguntava como eles conseguiram ser tão rápidos.

Odin declarou sua sentença.

– Já aguentei seus mimos por tempo demais, garoto. Hoje lhe darei um fim merecido, o fim de um Jutün bastardo. Mas antes, quero que morra sabendo que a garota será mandada de volta a Midgard, punida pelos seus erros.

O moreno se sacudiu, urrando de dor e de ódio. Odin lhe apontou a lança, mas antes, uma garota negra atravessou o caminho, se pondo na frente de Loki. Os guardas o soltou, e ele caiu de joelhos, sentindo aquele apetrecho imundo sugando suas forças aos poucos. Annia estava de braços abertos ali, deixando-o "seguro".

Depois de um sorriso fraco, ele disse. - O que está fazendo, garota? Saia logo daí.

– Cala a boca, seu encrenqueiro. Eu tô protegendo você, igual você fez. Agora fica quieto.

Ela sussurrou de volta, fazendo o moreno sentir até orgulho. E Odin se sentiu perdido por um instante, sabendo que seria desprezível se eliminasse a garota também. Unindo suas forças contra aquela algema, Loki se lembrou de um antigo feitiço que Frigga lhe ensinou, e conseguiu se libertar. O moreno se levantou, fazendo Odin ouvir apenas o barulho do metal contra o chão de mármore.

– Dois contra um Odin. Agora lute. - desafiou, deixando a menina atrás dele.

Annia pegou na mão de Loki, juntando seu medo e coragem e se opondo ao rei junto com ele. De longe, Thor sorriu, vendo pela primeira vez, uma boa razão para o irmão desafiar o pai. E precisa assumir que estava gostando, pois a traição de Odin era não só vergonhosa, como imperdoável.

– Não, irmão. Três contra um.

Disse o loiro, atrás do pai e unindo-se ao irmão. Sentindo-se traído, Odin derramou uma lágrima. Sorrindo com o fracasso real, o moreno olhou cúmplice para o irmão. Pela primeira vez em anos, conseguiu se orgulhar daquele bárbaro orgulhoso.

– Fique longe de nós, Odin. Estou avisando. - mancando, mas não se dando por vencido, o mais novo passou pelo "pai''.

– Não tenho mais nada a esconder, menos ainda motivo para obedecer você.

Quase fora da sala real, Loki virou nos calcanhares, sabendo que Odin o olhava. Proferiu vivamente as últimas palavras.

– É um aviso, Odin.

Annia o puxou depressa, sabendo que era no mínimo estupidez continuar a desafiar o rei. Loki então, depois da porta ser fechada, acabou por cair perto do fim do corredor. A garota o deixou ali, pois sabia que de alguma forma não era só seu corpo que estava machucado. O coração de Loki estava quebrado, e ela teve certeza ao vê-lo esconder o rosto na mão, enquanto soltava alguns espasmos de choro. Ela o deixou lá, sentando-se ao seu lado, segurando os joelhos.

Depois de alguns minutos consideráveis, a menina se levantou e abraçou apenas a cabeça de Loki, dando um beijo no topo.

– Eu vou cuidar de você, Loki. Você é como um anjo ferido, como se tivessem quebrado suas asas. Mas eu vou remendar elas... E vou ajudar a colar os pedacinhos de seu coração. Tá bom?

Ele a olhou profundamente, vendo a inocência e pureza ao qual sempre precisou. Era a essência dela, e esperava que para sempre tivesse aqueles olhos de menina. Concordou, piscando pesadamente, enquanto ficava de pé. Mais na frente, depois de alguns passos, e de pegar na mão pequena da protegida, ele pergunta.

– Sabe o que nós somos, Annia?

– Anjos?

– Também. Somos estilhaçados... Tiraram de nós o que amávamos, e ainda fomos punidos.

– Não ligo. Porque lá no fim do dia... - ela o olhou, numa pausa dramática - Teremos um ao outro para servir de base.

Era verdade. Loki sabia que por mais que passasse o tempo, aquela garotinha estaria sempre ao seu lado. Era isso o que importava. Mas nesse momento, a única coisa que queria era fazer bons curativos nos dois e descansar. Mas para isso, seria preciso um longo caminho até a Bifröst. Nada que Annia mão diminuísse com suas piadas sem sentido.
 


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Notas finais do capítulo

Então?
O que acharam?
Não tive muito tempo de corrigir, mas acho que não passou muitos erros.
Ajudem a Nusa, digam o que acharam.
Beijinhos.