The Supernatural escrita por Lady Collins


Capítulo 9
The Promise


Notas iniciais do capítulo

Cara eu sei que provavelmente vocês querem me matar aduashda eu tinha que ter postado no domingo só que eu acabei esquecendo, me desculpem aduadhasuh Mas como amanhã não tenho aula eu vim postar pra vocês, espero que gostem :3

Me desculpe os erros,
Boa leitura



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Eu ainda continuava no mesmo lugar, e ainda continuava a encarar um anjo a minha frente.

— Uau. Anjo? - Disse novamente. Mesmo depois dele mostrar aqueles par de assas, minha cabeça não conseguia acreditar que ele, aquele ser entregador de pizza, era um anjo.

— Sim. - Ele ainda sorria. Sei lá tudo estava tão confuso, uma hora estava ardendo no inferno e outra eu estava lá, na terra novamente. Isso estava pior que uma novela.

— Bem, o que a gente faz agora? - Eu não tinha a mínima ideia do que fazer.

— Você deveria descan... - Um som interrompeu sua fala. Minha barriga havia dado um sinal de vida, não à culpava, estava faminta pois no inferno não existia um buffet. - O que foi isso? - O anjo disse confuso. Eu ria de sua expressão.

— Bem, isso se chama fome. - Continuava a rir da cara do anjo, que por sua vez estava ainda com uma cara de quem não estava entendo a piada. Meu sorriso se desfez e fiz uma cara de que não estava acreditando. - Você nunca teve fome?

— Não. Anjos não precisam comer. - Ele disse sério.

— Okay... vocês não sabem o que estão perdendo. Mas agora eu já sei o que vamos fazer. - Sorri.

— O quê?

— Achar alguma coisa para comer, bem, não precisamos ir longe. A casa do Bobby não fica tão longe daqui. - Me levantei da pedra que estava sentada e comecei a caminhar em direção a avenida.

Olhei para trás para ver se Samandriel estava me seguindo, mas não havia nenhum rastro do anjo, dei de ombros pois talvez ele não era de socializar, e voltei a olhar para frente. Dei um pulo de susto, Samandriel me encarava com preocupação.

— Você estava lá e agora... não me diga que você além de tirar pessoas do inferno, pode se teletransportar para qualquer lugar. - Bufei.

— Sim. Mas isso não vem ao caso. - Ele sorriu e voltou a ficar sério.

— E o que vem ao caso?

— Você não pode ver o Bobby. Não agora.

•••

— Você só pode estar brincando, anjinho? - Isso estava me deixando com raiva.

— Eu não brinco. - Ele franziu o cenho.

— Primeiro você tira a memória que eu tinha da pessoa que estava torturando minha família e parece que você nem vai...

— Não. - Ele disse calmamente.

— Okay isso até vai. Agora você quer me impedir de ver a única pessoa que eu tenho? - Eu andava de uma lado para o outro. Isso estava sendo ridículo, ele não iria me impedir. Ele podia ser um anjo e blablabla mas eu era uma Blake e não iria deixar um bebê de fraldas me parar.

— Eu não quero te machucar. - Ele disse. O que ele achava, que com ameaças iria me fazer parar, pois ele estava totalmente errado.

— Vamos ver quem machuca quem aqui. - Dei de ombros e empurrei o ombro do anjo.

Continuei meu trajeto até a casa de Bobby. Como será que ele está? Será que ele havia mudado? O que ele fez depois que eu morri? Essas e muitas outras perguntas atormentavam a minha cabeça, e eu não via a hora de abraçar aquele velho. Dei um sorriso com tais pensamentos, uma empolgação corria pelo meu corpo. Talvez o Singer até desmaie quando me ver, isso iria ser hilário. Estava tão feliz por poder ver ele, sentir seu cheiro - mesmo que geralmente fosse de álcool - e poder finalmente essa saudade que estava apertando meu coração a cada minuto que passava.

•••

Não sei a quanto tempo estava andando, mas já deveria ter passado muito tempo desde que deixara o anjo. Gotículas de uma água levemente salgada descia pela minha testa, me fazendo limpar com as costas da mão a cada cinco segundos. O sol também não ajudava, parecia que eu estava no próprio inferno. Esse pensamento me fez estremecer. Eu tentava ao máximo esquecer o que tinha ocorrido lá em baixo, porém parecia impossível. Os gritos de pessoas desesperadas ainda ecoavam em minha mente, eu ainda conseguia sentir as laminas rasgando a minha pele.

Olhei para o meu braço, e lá estavam elas. As cicatrizes. Não eram todas, mas haviam algumas poucas e levemente marcadas em meu pulso. Elas traziam consigo memórias dolorosas, coisas que eu jamais iria esquecer.

Um som de buzina ecoou pela rua, me fazendo pular e voltar a triste realidade. Virei o rosto em direção de onde o som estava vindo, e me deparei com duas luzes brancas chegando perto da onde estava, que por acaso era no meio da rua. Fechei os olhos e esperei para o impacto acontecer, mas por algum motivo esse impacto não veio então voltei a abrir os olhos para ver o que estava acontecendo. Um impala preto estava à alguns centímetros de mim.

— Você está bem? - Uma voz grossa e máscula saiu da pessoa que dirigia o belo carro.

— Sim... eu estou bem. Me desculpa. - Minha voz saiu mais baixa do que eu queria.

— Tudo bem.

Um silêncio pairou no ar, e isso me deixou constrangida e nervosa.

— Bem... então eu vou indo. - Disse e dei um passo em direção a calçada.

— Espera... ahm... se quiser eu posso te dar uma carona. - Ele parecia estar nervoso, pois sua voz saiu meio trêmula.

— O quê? - Falei surpresa e ao mesmo tempo confusa. Como alguém que eu acabara de conhecer queria dar uma carona para alguém desconhecido.

— E-Eu não vou fazer nada do tipo se é isso que você está pensando...ahm... é só que essa estrada é bem deserta e... - Ele parou de falar e eu ri com essa atitude.

— Não precisa se preocupar. Eu sou mais forte do que você pensa e sei me cuidar. - Levantei a cabeça e virei em direção ao cara.

Me deparei com um lindo par de olhos verdes, que me lembrava alguém mas não conseguia me lembrar quem era, que brilhavam ainda mais por causa da luz solar que batia neles. O cara também parecia estar paralisado pois não tirava os olhos de mim, e isso fez com que eu ficasse levemente vermelha já que não era todo dia que você encontrava um cara bonito que não tirasse os olhos de você. Tentei focar mais no rosto do homem, que por acaso também era lindo. Ele tinha traços fortes, os lábios perfeitamente desenhados, e seu cabelo era levemente grande mas não tanto.

— Então...eu acho que a gente se vê por ai, né? - Ele disse, me fazendo cair novamente na realidade.

— Talvez. - Ele abriu um pequeno sorriso de lado. Retribui o sorriso e me virei, dando as costas para o cara dos cabelos grandes.

Suspirei, era a primeira vez que estava falando com alguém - que não era um anjo - e isso me dar uma pequena risada. Luna Blake estava de volta. E dessa vez ela não seria parada facilmente.

Comecei a andar novamente, e esperava que dessa vez eu não fosse quase atropelada; ouvi um som de motor e dei uma leve espiada para trás. O cara que quase me atropelara, me olhava com certo brilho nos olhos. Dei um sorriso desafiador e virei o rosto, não antes de dar um pequeno adeus com os dedos na testa e depois voltar a minha longa caminhada.

O carro passou rapidamente pelo meu lado, fazendo assim uma pequena poeira de areia e poeira levantar e cair no meu rosto.

— IDIOTA. - Gritei para o carro, mas que não estava mais no meu campo de visão.

Arrumei meus cabelos, que estavam impregnados de areia e totalmente enrolados. Eu precisava realmente de um bom e relaxante banho.

Depois de passar mais um belo tempo caminhando em uma estrada sem fim, finalmente avistei uma placa. Ferro velho do Bobby Singer. Suspirei. Lar doce lar.

Corri o mais rápido que pude, não me importava se meus pés estavam doendo, a unica coisa que eu queria era poder ver o cara que me criou.

Quando cheguei na entrada do ferro velho,ouvi a voz de Bobby conversando com alguém. Tentei me agachar e passar entre os carros enferrujados tentando ao máximo não ser vista, eu queria dar uma surpresa. Parei atrás de um carro cheio de buracos e azul, minha respiração estava levemente acelerada, minha mão começou a ficar úmida. O que estava acontecendo? Eu estava nervosa? Tudo bem que eu sentia falta do Bobby, mas será que era tanta assim? Talvez eu finalmente me toquei que sim. Bobby era muito mais que um simples caçador que acolheu e cuidou de uma garota órfã. Ele era meu pai. E eu iria finalmente matar essa saudade que me consumia a cada segundo que passava.

Levantei a cabeça para ter um belo campo de visão da casa de Bobby. E ela estava exatamente como eu me lembrava. Passei os olhos por cada tijolo, cada janela, até meus olhos pararem em um homem que segurava uma garrafa de Whisky e despejava sem pressa nenhuma em um copo de vidro. O velho Singer não parecia estar feliz, sua feição transmitia preocupação e tristeza. E como deduzido ele tinha estava com alguma visita. Um cara alto apareceu e pegou o copo das mãos de Robert, sem tirar os olhos do mesmo. O cara usava uma jaqueta marrom e tinha um cabelo levemente largo. Eu conhecia ele. Ele era o cara do impala.

Sim. Sem duvidas era o mesmo.

Mas o que ele fazia lá? Como ele conhecia Bobby?

Esse dia estava ficando cada vez mais misterioso. Antes de eu me levantar por completo e ir em direção a casa do Singer, um som de farfalhar de asas encheu o local. Me virei e dei de cara com Samandriel.

— O que você quer? - Não queria ter parecido grossa mas não pude deixar minha raiva de lado.

— Já disse que você não pode ver Bobby.

— Você não entende né? Ele é meu pai e ele precisa saber que estou bem e que voltei. - Minha voz saiu meio fraca. Pensei em o que Bobby poderia ter feito quando me viu morta. Coisas horriveis passaram pela minha mente. Não. Eu não iria ser parada por um anjinho. - Você pode falar o que quiser. Você não vai me impedir.

— Então eu não tenho escolha. - Ele se aproximou de mim e me olhou com certa piedade nos olhos.

— O que você vai fazer? - Franzi o cenho.

— Me desculpe, Luna. - E em questão de segundos senti um par de dedos tocar minha testa, ouvi algumas vozes que diziam coisa que eu nunca tinha se quer ouvido. Em instantes, meus músculos amoleceram, minhas pálpebras começaram a pesar a ponto de eu não resistir, e me entregar ao sono que me acolheu com os braços abertos.

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Pela primeira vez em muito tempo eu voltei a sonhar.

Eu estava correndo em uma floresta. O vento batia em meus cabelos fazendo os mesmo voarem. As flores caiam das árvores, fazendo os raios solares baterem nelas e deixando a paisagem mais bela ainda. Os pássaros cantavam as mais belas melodias já criadas. Aquele só podia ser o paraíso.

Depois de um tempo correndo que nem uma condenada, parei em um campo aberto que era coberto das mais diferenciadas e belas flores. Me agachei e colhi uma pequena rosa branca.

— Sabia que ela representa a paz?

Uma voz disse me fazendo dar um pequeno susto. Me virei e dei de cara com o anjinho entregador de pizza.

— Espiar as pessoas eu até entendo, mas seguir elas até nos sonhos já não é normal. - Me aproximei do garoto - O que está fazendo aqui?

— Bem... Aqui eu estou a salvo Deles - Ele deu um discreto mas lindo sorriso de lado.

— Deles? Ah você quer dizer dos outros caras de plumas. Você tem tanto medo deles ou algo do tipo? - Isso não fazia sentido. Anjos eram, até agora, os seres mais poderosos que eu havia encontrado, ou talvez tivesse algo lá em cima pior que eles.

— Eu fiz algo que eles nunca vão me perdoar. Eu tirei você do inferno sem almenos ter a ordem de um superior ou Dele.

— E eu sou grata por isso mas você não precisava fazer se isso iria te trazer problemas. - Eu estava realmente preocupada com o anjo.

— Eu precisava fazer isso. Não conseguia ver alguém daquele jeito, então eu fui parar com is...

Antes dele terminar a frase eu o abracei. Eu não sabia se era permitido abraçar um anjo, mas eu pouco ligava, eu só queria que ele soubesse que ele me salvou de um terrível pesadelo. Samandriel ficou sem saber o que fazer até que envolveu suas mãos na minha cintura. Me afastei e olhei sua feição, e a mesma estava transmitindo uma total confusão.

— O que foi isso? - Ele perguntou como se nunca tivesse feito aquilo.

— Isso foi um abraço. - Dei uma pequena risada.

— E por que você fez isso? - Ele franziu o cenho.

— Porque é assim que você demostra carinho e amor por alguém. - Ele abriu um sorriso e disse:

— Então você gosta de mim?

— Talvez, mas isso não vem caso. - Me virei e dei um pequeno sorriso. Realmente, o anjo tinha me conquistado de uma forma rápida.

— Por que um jardim? - Ele ficou do meu lado.

— Bem, eu não sei. Só que elas me trazem paz, eu acho. - Depositei a rosa branca em uma pequena pedra e continuei a andar. - Você sempre invade os sonhos das pessoas? - Ironizei.

— Não, eu só... - Ele dizia preocupado.

— Eu 'to brincando. - Comecei a rir.

— Eu não entendi a piada.

— Okay, deixa pra lá... então quer dizer que eu não posso ver o Bobby? - Encarei ele.

— Não. Não agora. Ele não pode saber que anjos existem. Ele vai descobrir tudo ao seu devido tempo.

Mesmo não concordando com essa ideia eu não tinha escolha pois a qualquer momento que eu estivesse perto de Bobby, o anjo iria aparecer e me teletransportar. Concordei com a cabeça e fitei o horizonte.

— Eu vou poder ver ele depois de "tudo ao seu devido tempo" chegar? - Perguntei com um pouco de tristeza na voz. Talvez esse "tempo" demorasse pra chegar e isso era o que me deixava cada vez mais angustiada.

— Sim. - Ele Se colocou na minha frente.

— Você promete? - Estiquei meu dedinho mindinho. Esse ato até poderia ser de criança mas ele tinha um grande significado pra mim.

O anjo, por sua vez, me olhou confuso e não sabendo o que fazer começou a franzir a testa, o fazendo mais fofo do que já era.

— O que é isso? - Samandriel apontou para o meu dedinho esticado.

— Isso é uma das mais sagradas promessas já inventadas. - Eu disse com certa ironia na voz.

— Não conheço essa. Ela é importante? - O anjo disse com certo brilho nos olhos. Me segurei para não atacar ele com um abraço e guardar ele em um potinho.

— Ela é a promessa das promessas, então você jamais poderá desfazer a promessa ou grandes consequências virão. - Dei um sorriso com o espanto e medo que o rosto do anjo transmitia. Era fácil enganar ele. Samandriel parecia um pequena criança inocente e totalmente fácil de se manipular e isso poderia trazer grandes problemas pela frente.

— Que tipo de problema??

— Bem, eu não sei porque ninguém nunca ousou quebrar tal promessa...mas você promete que eu voltarei a ver Bobby??

O loiro me olhou e dava para ver que estava pensando nas consequências mas ele simplesmente fez uma coisa que me impressionou. Ele esticou o pequeno dedo mindinho perto do meu.

Sorri e juntei meu dedo com o dele, fazendo nossas peles se chocarem e dobrarem, selando assim a promessa que eu não iria esquecer.

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Me levantei em um solavanco e olhei ao redor. Não precisei de muito tempo para descobrir aonde estava, pois de tanto andar de hotéis em hotéis baratos, eu sabia de longe reconhecer um.

O lugar era realmente uma espelunca, e eu não sabia se o anjo havia feito isso de propósito ou se ele não tivera uma outra opção. Havia um pequeno bilhete no criado mudo perto da cama, peguei e tinha uma frase escrita em uma letra que daria inveja a qualquer perfeccionista.

"Não esqueça da nossa promessa"

Sim, a promessa. Como poderia esquecer disso. Eu poderia ver Bobby quando o "tempo certo" chegasse mas enquanto isso eu teria que me esconder do Singer, o que parecia ser impossível já que Bobby tinha vários amigos caçadores por todo os Estados Unidos porém eu daria o meu jeito de não ser vista pelos outros.

Ouvi um barulho da tranca se abrindo e uma mulher entrou usando um vestido azul claro. Ela olhou o papel em minha mão e assentiu, como se soubesse o que eu estava passando.

— Eu sei. É triste. - Ela pegou uma vassoura e começou a limpar o quarto.

— Desculpa, eu não entendi. - Falei totalmente confusa para a mulher.

— O bilhete. Homens não valem nada. Acredite em mim, eu sei muito bem o que você esta sentindo. - Ela disse com um olhar tristonho.

— Não. - Disse com total vergonha.

— Não precisa mentir. Eu vi o homem que entrou carregando você. - Ela se apoiou na parede e olhou fixamente para mim com um olhar sedutor e uma risada travessa.

— Não é nada disso que está pensando. Ele... bem, ele... - Aquilo era tão constrangedor. Eu senti a minha bochecha ficar quente e podia jurar que estava corada. Eu tinha que pensar em algo para dizer. - Bem, ele era meu irmão.

Eu não sei se eu disse algo errado mas a mulher me olhou com uma feição incrédula. Demorei um pouco para perceber o que eu havia dito, e quando finalmente tudo se encaixou fiquei mais constrangida e vermelha do que nunca. Já a mulher continuava a me encarar, peguei minha jaqueta e saí daquele quarto sem ao menos dizer um "tchau" para a mulher, que provavelmente teria uma história para contar à suas amigas.

Avistei uma lanchonete do outro lado da rua, e sem pensar duas vezes comecei a me mover para aquele belo estabelecimento. Empurrei a porta e um ar de panquecas e tortas recém saídas do forno foram em minha direção me levando ao delírio. Sentei em uma das mesas e rapidamente um homem se aproximou de mim com um pequeno caderno nas mãos.

— Bem-vindo ao Be Happy. Como posso atende-la? - O cara disse com um sorriso nos lábios mas que logo se desmanchou quando viu o estado das minha roupas. Que eu, até o momento, não havia reparado. Elas estavam com terra e um cheiro de flores e plantas. Eu não tinha tempo para me trocar, eu tinha que comer algo ou eu iria atacar qualquer coisa que estivesse na frente.

— Humm... - Peguei o pequeno cardápio e passei os olhos por toda a mesma. - Panquecas, uma jarra de suco de laranja, e torta.

O homem me olhou com certo espanto, e não era pra menos já que eu estava morrendo de fome e precisava saciar ela com muitas coisas. Ele anotou tudo e voltou a falar.

— Torta de maçã ou blueberry? - Seus olhos repousaram nos meus.

— Bem, eu acho que maçã. - Dei um sorriso. Ele escreveu no caderninho e quando foi se virar para poder entregar o pedido ao cozinheiro, o chamei. - Não. Eu quero o de blueberry... quer saber me traz os dois. - Ele sorriu com toda a confusão que eu tinha criado e voltou a se direcionar à pequena cozinha.

Me levantei e fui ao banheiro. Empurrei a porta e um odor de lavanda veio em minha direção. Caminhei até uma dos espelhos e me encarei por alguns segundos. Eu estava horrível! Meus cabelos estavam despenteados, meus lábios estavam levemente pálidos e meu rosto com um pouco de terra. Liguei a torneira que tinha na minha frente e comecei a lavar o meu rosto. Eu precisava de um banho, e isso seria o que eu iria fazer depois que eu fizesse a minha barriga parar de clamar por comida. Peguei um pouco de papel e sequei o rosto com certa delicadeza. Desfiz alguns nós do cabelo com os dedos, fazendo às vezes tirar leves gemidos de dor de mim. Quando finalmente estava um pouco apresentável, pelo menos pra alguém que acabara de voltar do mundo dos mortos, estava prestes a sair do banheiro mas meus olhos pararam em uma bolsa que estava jogada no chão de uma das cabines. Entrei nela e vasculhei a bolsa, sim isso era errado mas eu realmente precisava de dinheiro para pagar a conta e as passagens de ônibus. Peguei o dinheiro da carteira rosa, alguns chicletes e deixei a bolsa no mesmo lugar, saí do banheiro e voltei à tortura de esperar o meu café da manhã.

Quando finalmente o cara apareceu com a minha comida, eu senti como se eu voltasse a ser a Luna de sempre. Comecei pelas panquecas, saboreei elas com todo gosto possível, alternando algumas vezes com um copo de suco, depois foi à vez das tortas se chorarem com os meus dentes e me fazendo fechar os olhos com tal sabor precioso de cada uma. As pessoas a minha volta me olhavam como se eu fosse um animal selvagem e eu não ligava, não foram elas que ficaram no inverno por anos sem um serviço de comida. O garçom chegou com uma bandeja e começou a pegar o resto das coisas, peguei uma quantia pequena de dinheiro e entreguei à ele. Seus olhos passaram por todo o pequeno bolo de dinheiro e depois de um tempo assentiu com a cabeça, falando que estava tudo certo.

Voltei ao hotel, a faxineira já havia ido embora, e eu estava sozinha, de novo. Me joguei na cama, pois eu precisava de um descanso. Muita coisa havia acontecido em menos de 24 horas, minha cabeça não sabia o que pensar. Eu estava lá. No inferno. Sofrendo. Vendo a minha família ser torturada por... por... alguém que eu nem sequer lembrava. Eu sabia quem era, mas a imagem do rosto DELE estava borrada. Era como se houvesse quebrado essa parte da lembrança e mesmo tentando à todo custo pegar os cacos e colar, ela parecia que se desfazia mais e mais. Era um labirinto sem saída.

Me levantei da cama, e avistei o telefone ao lado da mesma. Eu tinha que contar com alguém nessa jornada que eu teria pela frente. Peguei o telefone e disquei o numero até ouvir uma voz no outro lado da linha.

— Quem é você e como sabe o meu numero? - A voz levemente fina disse em tom de irritação.

— Não sabia que tinha dado esse numero pra mais alguém. - Debochei um pouco da situação. E realmente, eu era a única que sabia que esse numero.

Então, o silêncio reinou, ninguém dizia nenhuma palavra mas dava para ouvir a respiração pesada do outro lado do linha. Até que uma voz fina saiu.

— Luna? - A voz saiu baixa mas feliz ao mesmo tempo.

— A não ser que você tenha dado esse numero para mais alguém. - Dei uma pequena risada. - Mas eu preciso de uma ajuda sua. Eu quero que você traga roupas para mim e...

Rachel tinha desligado na minha cara. Bufei e voltei a encarar o teto. Ela poderia ter se assustado e não ter acreditado. Sem perceber eu havia adormecido, talvez fosse o cansaço ou eu realmente precisava de um tempo só pra mim. Sem anjos e demônios. Sem tortura. E o mais importante, sem fome.

Quando um ronco de motor soou no lado de fora, me levantei em um solavanco. Uma fina camada de suor cobria a minha testa, passei a mão pelo local retirando algumas partículas da água salgada. Caminhei até o banheiro e lavei meu rosto em seguida sequei com uma toalha rosa que estava lá. Arrumei meus cabelos e respirei fundo. Ia ser a primeira vez que alguém que sabia que eu havia morrido iria me ver, e eu conhecia muito bem Rachel para saber que ela iria surtar totalmente.

Fui à janela que se direcionava ao estacionamento e vi uma garota ruiva com cabelos cacheados desligando o motor do seu fusca azul. Ela saiu e eu deslisei a cortina tampando a janela. Coloquei a mão na maçaneta girando ela levemente; uma fina camada de vento entrou pela fresta da porta me fazendo assim arrepiar. Tomei coragem e sai do quarto medíocre em que estava para poder finalmente ver a ruivinha que eu mais adorava.

Sai por completo e esperava receber um abraço ou algo do tipo mas o que eu recebi de Rachel não tinha nem chegado perto disso. A ruiva saiu do carro com uma pistola preta apontada para o meu peito. Suas íris transmitiam uma raiva, sua cara estava fechada e séria. Ela foi chegando mais perto, mas mantinha uma cautela à cada passo.

— OK, pode abrir o jogo. Quem é você e quem te mandou aqui? - Rachel perguntou ainda apontando aquela arma para mim.

— Do que você 'ta falando, sua louca? - Respondi com um tom de brincadeira.

— Você acha que eu vou acreditar que você é a Luna, que por acaso morreu a mais de 4 meses, e que voltou dos mortos? E caso você não queira receber uma bala de prata bem no meio do seu coração eu sugiro que você abra o bico. - Ela deu um pequeno sorriso.

— Você acha que eu sou um metamorfo? - Disse rindo da sua feição que estava confusa.

— É quem mais seria? - Ela ironizou. E mesmo brava ela ainda estava fofa.

— Se eu fosse um metamorfo eu iria saber que no dia em que pegamos um lobisomem, você ficou com o mesmo e ainda vomitou na camisa dele quando foram se beijar? - Claro que ela ficou surpreendida com a revelação e levemente vermelha.

— Você ainda não me convenceu. - Ela chegou um pouco mais perto.

— Okay, Okay. Ahm... Qual é Rachel? Você não acha que você já estaria morta caso eu fosse um metamorfo? - Fui me aproximando dela, rezando que a mesma não me desse um tiro.

Ela recuou um pouco mas no final já estávamos tão perto que dava para ouvir a respiração de ambas partes. Ela me examinou de cima à baixo como se procurasse por algo e quando finalmente achei que ela poderia dar um gesto de carinho, ela jogou água benta em mim. Cuspi a água que estava na minha boca e disse:

— Não sou um demônio. - Virei meu rosto fazendo uma cara feia. Mas ela pegou meu braço e passou uma faca de prata nela. - Também já disse que não sou um metamorfo.

— Eu tinha que testar.

E de surpresa ela me abraçou, chegou a quase me enforcar com tal ato. Senti o cheiro de rosas de seu cabelo vermelho e senti sua pele leitosa e macia tocar a minha. Nos separamos e ela tinha um brilho nos olhos que me fez sorrir.

— Você está com uma aparência e um cheiro horrível. - Ela disse sorrindo.

— Foi a coisa mais linda que alguém já disse pra mim hoje.

— Você precisa de um banho urgente.

— E é por isso que eu te chamei. - Dei uma cotovelada em seu braço. - Preciso de roupas.

— Mas por que você não passou na casa de Bobby? Você tem um armário cheio das suas tralhas lá. - Ela disse indignada.

— Bem, digamos que eu não posso ver Bobby, pelo menos não agora. - Respondi. Sua cara mudou e ficou confusa. - Longa história.

Ela caminhou até o fusca e abriu a porta do banco de trás, depois fechou e apareceu com uma sacola em mãos.

— Sorte sua que eu tinha acabado de comprar algumas roupas, e elas provavelmente vão caber em você. E você vai me contar tudo. - Ela jogou a sacola pra mim e me empurrou para dentro do quarto.

Depois de um tempo, sentindo as gotículas de água descerem pelo meu corpo e me refrescando, saí do banho e comecei a vestir um short jeans, um bota de cowboy - que sinceramente não fazia meu estilo mas eu não tinha opção - uma regata branca e uma blusinha fina xadrez vermelha. Arrumei meus cabelos, que caíram pelas costas como cascatas e saí daquele banheiro.

Rachel estava jogada na cama e quando me viu um sorriso malicioso apareceu em seu rosto.

— Se eu fosse um cara eu já teria te jogado na cama e...

— Me poupe dos detalhes. - Disse rindo e me sentando ao seu lado.

— OK. Agora me conte de como Luna Blake saiu do céu para voltar à esse inferno?

— Primeiro que eu nem cheguei perto de estar no céu e segundo se prepara pra longa e louca história. - Me ajeitei e comecei a falar.

Contei tudo à ela. Desde Alastair até o Anjo. Ela não pronunciava nenhuma palavra enquanto eu contava tudo o que eu tinha vivido - exceto a parte do inferno. Eu pulei a parte em que "alguém" tinha me torturado e que minha família também esta lá.

Quando terminei ela me olhou e simplesmente disse:

— Uau.

— E agora eu não posso ver o Bobby, não até o tempo certo do anjo chegar.

— E você vai fazer o que até isso chegar? - Ela se levantou e foi em direção à porta.

— O que eu sei fazer de melhor. - Me levantei da cama. - Caçar coisas e salvar pessoas.

— Eu sabia que você ia falar isso. - Sorriu de canto, em seguida jogou pra mim um revolver prata e abriu a porta.

Guardei a arma nas costas e segui Rachel até o carro. Abri a porta do passageiro e em seguida a ruiva acendeu o motor e o mesmo deu um sinal de vida.

E lá estava eu novamente. Na estrada. Atrás de monstros, aberrações. E com a minha melhor amiga do meu lado, prontas para começar desde o começo. E a única coisa que eu me preocupava era se algum amigo de Bobby me visse. Mas eu tinha que correr esse risco.

Eu só tinha uma coisa pra dizer para infelizes que ficarem no meu caminho e também para os demônios que me mataram.

Luna Brake estava de volta.


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Notas finais do capítulo

GENTE EU AMO VOCÊS ♥ SÉRIO VOCÊS COMENTAM CADA COISA QUE ME DEIXA TÃO FELIZ. QUERIA BEIJAR TODOS VOCÊS. NÃO PAREM, E SE QUISEREM FAVORITAR A FIC EU FICARIA LISONJEADA.

ATÉ A PROXIMA ATT E OBRIGADO POR LEREM.



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