Dias de chuva escrita por Sazi


Capítulo 3
Não era um garoto?


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando >...



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Desculpem a indelicadeza de minha parte, mas naquela noite haviam fatores relativamente bons para explicar a minha total falta de senso. Primeiro, ele que agora é ela estava com os seguintes trajes. Uma calça jeans preta lisa, creio que um all star, um casaco frouxo preto com capuz.  Segurava uma mochila masculina, daquelas que você encontra em toda loja e cabelo? Não deu pra ver, estava com o capuz do casaco. Segundo, eu estava chorando muito. Havia um pequeno manancial afluindo dos meus olhos, terceiro e não menos importante: estava chovendo.

Esta explicado? Eu creio que sim. Eu encarei o ser que me fitava com uma expressão meio estranha. Misturava surpresa, pena e ao mesmo tempo decepção. Quando eu percebi que havia deixado um cartão embaraçoso para Larissa junto das flores que eu dei a ele, que é ela. Me senti idiota e naquele momento queria ser um avestruz e enterrar a cabeça na terra. Mas não eu não sou assim, não podia mostrar esse meu lado fraco assim.

— Sim, - a voz tremeu- então era uma menina.

Ela sorriu de uma maneira incrédula e fitou o chão enquanto isso, depois voltou a me encarar. Droga, acho que a ofendi.

— Sim, sou uma ga-ro-ta. – ela enfatizou bem a palavra.

— Certo, me desculpa. Vamos esquecer isso e...

—“Teu olhar é um mar que eu quero navegar”... – ela estava começando a citar o que tinha escrito no meu bilhete. Laís e as amigas se entreolharam sem entender nada e aproveitaram a deixa e saíram de fininho nos deixando a sós.

— Tá, pode ir parando ai, não precisa citar. – dei uma pausa pra respirar. – Esse meu vexame.

Ela apenas me encarou com um sorriso torto nos lábios e eu pude analisar a garota .Mais ou menos um metro e sessenta, cabelos castanhos escuros e olhos de um castanho, bem normal. Muito normal. Mas na entendi porque eu a analisei, nem jeito de garota ela tinha.

—Isso é por você ter me confundido com um garoto. – ela empurrou o estojo no meu peito e eu segurei o objeto antes que caísse.

Após isso ela não disse mais nada, apenas pegou sua mochila e saiu. Fiquei com cara de paisagem sem reação, então me lembrei dos meus amigos e sai em seguida.

Depois de meia hora estávamos no Dickerson, pedi o de sempre um Milk shake de morango e batata frita, grande, por favor.

Muitas pessoas da nossa sala estavam lá, e adivinhe quem também estava, o casal do ano. Larissa estava linda como sempre e Kevin, bem, exalando seu troféu. Pois eu creio que ela seria só isso para ele. Laís estava perto de mim e eu olhei para minha irmã com tom de pena. Entenda, ela gosta daquele cara desde que entendeu o que era gostar do sexo oposto. E eu amo a Larissa. Não tem como dois irmãos serem tão azarados assim, tem?

Eu sabia que minha irmã estava incomodada e eu não podia continuar mais ali, nem por mim e nem por ela.

O que mais me dava raiva era que Kevin sempre me dizia que era apaixonado por Laís. Sempre ficavam de conversinha e os olhos deles brilhavam quando se viam. Pensei de verdade que ele ia acabar namorando ela, mas depois disso eu fiquei mais que decepcionado. Então me levantei depois de comer e fui na mesa da minha irmã.

— Vamos, aqui esta ficando chato. – ela apenas me olhou nos olhos  e eu sabia que se não a tirasse dali ela iria chorar.

Percebi que Kevin nos olhava de soslaio duas mesas depois.

— Vamos. – ela baixou a cabeça e me seguiu.

— Até rapazes. – disse já na porta pros meus amigos que ficaram.

O caminho até nossa casa foi em silencio, olhei para minha irmã e sabia que ela estava se sentindo tão mal quanto eu, antes que ela desabasse eu vi uma banquinha onde vendiam chocolate e comprei uma trufa com recheio de limão.

— Toma, - ofereci e ela pegou com um sorriso forçado. – depois comemos mais besteira.

Podíamos brigar muito, mas eu queria ver ela assim. Eu gostava muito da minha irmãzinha.

Chegando em casa a mesma cena corriqueira. Nosso pai lendo algo e nossa mãe vindo nos receber alegremente. Laís não estava animada, abraçou a mãe e foi PR quarto mastigando o chocolate.

Nossa mãe se chama Estela e nosso pai Luciano, ele é o típico homem frio, acha que tudo que queremos é dinheiro e nunca nos da afago ou amor de pai. Sempre preso em seu mundo, dificilmente sorri ou mostra amor por nossa mãe. Já Estela é alegre, despojada, divertida. Sempre nos ajuda e parece ter um radar que diz que estamos mal. Ela pega tudo no ar e resolve da maneira mais rápida. Amo de paixão minha mãe.

Ela olhou a filha subir a escada e logo sabia o que era. Antes que eu ela perguntasse eu desabafei.

— Larissa terminou comigo e esta namorando Kevin.

Ela levou a mão a boca em tom de assombro. Depressão pós termino em doze dupla. Agüenta essa. Dei um beijo em sua testa e subi. Precisava dar um jeito de sofrer sem ser notado.

Cheguei no meu quarto e joguei a mochila e a mim mesmo no chão, joguei me na cama e comecei a chorar. Feito um idiota que eu sou. Ver ela com ele felizes, como se eu nunca soubesse ter dado nada a ela. Eu fazia tudo que ela queria, me vestia como ela queria, agia como ela queria. Muitas vezes abandonei os meus amigos para estar com ela. Mas isso na deu em nada, ela me abandonou no momento que eu pensei que estivéssemos bem, quando eu pensei que ela fosse ser a minha fonte de alegria diária, o meu mundo. Meu céu. Mas ela foi apenas o inicio do meu inferno.

Laís bateu a porta, a pesar de estar aberta. Fiz de conta que estava apenas deitado e não chorando feito um idiota. Eu me levantei e enxuguei as minhas lágrimas e me sentei. Ela veio toda lenta e eu sabia que se eu não a segurasse ela iria começar a chorar.

Sentou se ao meu lado e ficou me olhando nos olhos, a mesma cor, a mesma cor de cabelo. Essa garota quase é minha irmã gêmea, versão fofoca concentrada.

Quando eu vi que esses olhos estão marejados então eu  pedi um momento.

Não demorei muito e trouxe um pote de sorvete e duas colheres. Minha mãe sabia muito bem ser não só uma mãe, mas uma amiga também.

— Está tudo bem, eu sei que eu não estou assim, mas eu vou ficar e quero que você também. – abri o pote e deu a colher a ela sorrindo.

— Sim, eu vou... – ela hesitou, - vou tentar.

Começamos a comer o sorvete e ela sorriu um pouco. Napolitano. Nosso preferido. Eu estava pensando em Larissa o tempo todo, em como ela curtia comer sorvete aos domingos a noite enquanto me contava como foi a sua semana como rainha. Ela gostava de ficar a vontade, sem toda aquela maquiagem, brilhos, roupas bonitas. Ela dizia que me amava e que eu era o mundo dela e no fim. Isso. Droga eu estava chorando e ela viu.

— Como foi com a Tayla? – ela perguntou me fazendo acordar.

— Tayla? – quem é essa?

— A garota que estava falando com você na sala de aula. O nome dela é Tayla. Antes de sabermos o seu nome todas achavam que era um menino. – ele disse pegando mais uma colher de sorvete.

— Tranqüilo.

— Cuidado Leonardo.

— Ue, por que? – quis saber.

— Ela é toda esquisita, mal fala com as pessoas e achávamos que ela nem sabia falar. Quando um dia tivemos que fazer um trabalhos juntos e ela falou, pouco, mas falou. Uns meninos seguiram ela e descobriram que ela luta boxe. Então vai que ela te bate.

— huuuum... – eu disse com a boca cheia de sorvete. Interessante.


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Notas finais do capítulo

Eu posto no spirit também e lá tem foto dos personagens.
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-dias-de-chuva-5277561/capitulo1