Midnight Princess escrita por Anaiis


Capítulo 7
Capitulo 7




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Fitei o dossel da cama em que eu estava deitada, olhei em volta não reconhecendo o lugar, era um quarto muito bonito e enorme. Levantei-me da cama indo até a parede onde tinha várias fotos minhas com Dylan, não me lembrava de tirar essas fotos, me virei para a cama e olhei para o pequeno garotinho de olhos verdes que estava sentado no chão sorrindo com seus pequenos dentes pontiagudos.

—Mamãe. –ele disse com sua voz infantil

Levantei-me com pressa ficando tonta e olhei em volta, eu ainda estava na cabine e Dylan estava sentado de frente para mim com um livro nas mãos, ele parecia confuso, deixou o livro de lado e se inclinou na minha direção.

—Você está bem? –ele perguntou

Tinha sido apenas um sonho. Apenas um sonho. Assenti e ele me deu um copo com água, o tomei sentindo meu coração se acalmar aos poucos, eu deveria estar pálida, pois ele ainda me olhava com curiosidade e preocupação. Eu nunca tinha tido um sonho tão real, não desde o dia em que tive aquele sonho na sala de interrogatórios.

—Foi só um pesadelo, volte a dormir, demoraremos a chegar. –ele disse com um pequeno sorriso

Assenti e me deitei de novo na poltrona, fechei meus olhos e me entreguei novamente à escuridão.

Abri meus olhos novamente, desta vez em um lugar conhecido, era minha casa, de quando eu era pequena, senti o cheiro de nozes e corri para a cozinha, aquele cheiro maravilhoso apenas significava uma coisa, mamãe estava cozinhando.  Parei no meio da sala observando a mulher loira na minha frente, minha mãe era tão bonita que podia deixar uma miss com baixa alto-estima.  Ela se virou para mim com o bolo nas mãos e sorriu docemente. Nesse momento a porta foi arrebentada e meu pai entrou parecendo diferente, eu não entendia o que estava acontecendo, ele correu até minha mãe e a segurou pelo pescoço, ela colocou as mãos no seu braço e ele a mordeu a deixando cair no chão em seguida. Seu corpo caiu na minha frente e vi uma pequena lágrima cair de seu olho.

—Selene. –ela sussurrou

—Mãe! –eu gritei me sentando

—Selene. Ei, se acalme, foi só um sonho, olhe para mim. –disse Dylan segurando meu rosto

Sentia minhas lágrimas caindo sem parar com a lembrança do assassinato de minha mãe. Dylan me olhava muito preocupado, eu não conseguia falar, apenas escutava sua voz me chamando, ele estava começando a se desesperar.

—Selene, por favor, fale alguma coisa. –ele pediu

—Dylan. –eu sussurrei sem parar de chorar

—Calma, foi só um sonho tudo bem? Eu estou aqui, nada vai te machucar. –ele disse me puxando para seus braços.

Deixei que ele me abraçasse enquanto eu lutava para me controlar. Não podia deixar aquela dor voltar, não podia me lembrar daquela noite e muito menos voltar à escuridão que eu entrei quando ela se foi. Respirei fundo algumas vezes e então me afastei um pouco de Dylan, ele parecia preocupado, a carranca nervosa de sempre havia sumido.

—Você está bem? –ele perguntou

Assenti e ele deu um pequeno sorriso suspirando.

—Vou pegar alguma coisa para você beber. –ele disse se levantando

—Não! –eu gritei segurando seu braço, ele olhou para mim e eu tentei controlar meu tom de voz. –Não vá, fique. –eu pedi mais baixo

Ele continuou me olhando por mais alguns segundos e então assentiu se sentando novamente. Eu não podia ficar sozinha agora, se ficasse eu pensaria nela, pensaria no pai, pensaria no que eu fiz e no que deveria ter feito e então não conseguiria sair da escuridão por muito tempo. Eu precisava ser forte, como eu sempre fui e como eu sempre serei, nunca mais deixarei a dor me consumir da maneira que me consumiu há anos atrás e com Dylan ali eu me distraia, eu não pensaria no que eu sonhei, ele ainda me olhava um pouco preocupado, mas agora parecia um pouco mais calmo.

—Sonhou com a morte de sua mãe. –ele disse baixo, não foi uma pergunta, foi uma afirmação.

Assenti e limpei as lágrimas que estavam no meu rosto. Acho que essa não era exatamente a melhor noite para que eu dormisse minha cabeça agora estava doendo, e eu não sabia exatamente o que fazer a voz da criança e da minha mãe ainda estavam na minha cabeça me chamando. Por mais que eu quisesse as ignorar elas pareciam mais altas do que meus próprios pensamentos.

—Me conte alguma coisa. Qualquer coisa que me distraia. –eu pedi

—Quando eu te vi pela primeira vez, você tinha seis anos, seus cabelos ainda eram castanhos e você estava sentada na grama do quintal cantando uma musica enquanto dançava balé. –ele disse sorrindo

—Você me viu quando eu era criança? –eu perguntei surpresa

—Sim, eu estava curioso sobre como você era, mas nunca pensei que você se tornaria a garota que se tornou hoje. –ele disse

—Ninguém nunca imaginou. –eu disse olhando para baixo

—Você gostava de balé? –ele perguntou

—Sim, quando eu era criança eu amava dançar, me deixava mais calma e ajudava no meu equilíbrio. –eu disse

—Não gosta mais? –ele perguntou

—A ultima vez que dancei eu tinha onze anos. –eu confessei me lembrando de dançar com Samanta

—Por que decidiu pintar seu cabelo? –ele perguntou

—Eu queria mudar, queria olhar no espelho e não ver aquela garotinha assustada que eu me tornei quando meus pais morreram então em resolvi que eu deveria mudar, tanto por fora quanto por dentro, então escolhi uma cor que me deixaria mais velha, Samanta pintou meu cabelo e eu resolvi me dedicar totalmente ao treinamento. –eu disse

—Você ficou bonita assim, seu cabelo grande não incomoda na luta?

—Na luta às vezes, mas na maioria das missões ela ajuda.

—Como? –ele perguntou

—Na maioria das vezes, para você achar um lobo ou um vampiro, por exemplo, é preciso saber, como posso dizer, seduzi-los. E aprendi que cabelo grande ajuda muito nisso. –eu disse dando de ombros

—Algum vampiro ousou tocar em você? –ele disse com raiva. –Eu vou matar o desgraçado.

—Ficou com ciúmes é? Não se preocupe, eu já fiz isso. –eu disse rindo

Ele revirou os olhos e começou a olhar a janela, estava escuro lá fora, mas como já tinha se passado várias horas desde que começamos a voar, deduzi que não faltava muito para chegarmos.

—Está na hora de você me contar mais sobre você. –eu disse

—Tenho 998 anos, é coisa demais para se contar. –ele disse rindo

—Temos tempo. Conte-me como se transformou.

—Na época eu tinha vinte e dois anos, meus pais eram de uma família muito importante, mas um dia meu pai fez negócios que acabaram destruindo nossas riquezas, ele ficou devendo muito dinheiro e um dia o conde apareceu em nossa porta, disse que pagaria todas nossas dividas se eu trabalhasse para ele e eu aceitei. Ele cumpriu sua parte no acordo, mas eu tive que ir com ele até a Transilvânia, ele me contou quem e o que ele realmente era e disse que iria me treinar, ele me transformou e me treinou para ser o melhor guerreiro que já existiu, depois de um tempo eu fui ficando cada vez mais forte e ele me ensinando ainda mais coisas, acabei me tornando um filho para ele e então ele me disse que faria de mim seu herdeiro, inclusive do trono, ele criou um concelho com mais três vampiros para que me ajudassem a governar nosso mundo. E então ele me contou tudo que apenas um rei pode saber e me contou sobre você.

—O que ele disse sobre mim? –eu perguntei

—Ele disse que nasceria uma garotinha no dia 14 de Junho de 1997, que teria os cabelos castanhos e os olhos mais raros que eu já teria visto, ela teria em sua cintura uma marca de meia lua idêntica a que eu tenho em meu pulso esquerdo e que essa garota se tornaria a mulher mais linda, corajosa e teimosa que eu conheceria.  –ele disse sorrindo

—Não sou teimosa. –eu disse rindo

—Você discordar disso já prova que você é. –ele riu de volta

Nunca tinha o visto sorrir com tanta frequência, aquilo era bom, quase o fazia se parecer com um cara normal, mas apenas de olha-lo dava para perceber que ele não era nada normal, ele era bonito demais, forte demais e assustador demais para parecer normal. Olhei para baixo tentando me distrair, eu não poderia pensar isso sobre ele, pois isso daria a impressão de que eu estava começando a sentir alguma coisa por ele e isso eu nunca deixaria acontecer.


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