Como eu sairia dali? Ele consegue me achar em qualquer lugar que eu estiver e ainda tinha o problema com os lobos e os caçadores, se algum deles me encontrasse eu estaria mais fodida do que eu estou agora. Fui até minha mochila procurar por alguma arma, mas Jonny tinha tirado todas de lá. Olhei em meus bolsos, tinha duas adagas, mas Dylan não parecia ser do tipo que cairia com duas adagas e ainda tinha o fato do dia que joguei uma nele e ele a pegou no ar, depois ele segurou minha espada pela lâmina e ele nem ao menos sentiu dor e aquela espada é feita de prata, isso pelo menos machuca um vampiro normal está na cara que ele não é nem um pouco normal.

A porta se abriu e ele entrou no quarto com uma cara não muito amigável, no canto de sua boca tinha uma gota de sangue, fiz uma careta sabendo o que isso significava. Ele passou a língua no canto da boca limpando o sangue e deu um pequeno sorriso.

—Vai ficar me olhando com essa cara mesmo? –ele perguntou se sentando na poltrona

—Com que outra cara você quer que eu te olhe? Essa é a única que eu tenho. Amor. –eu disse irônica

Ele revirou os olhos e entrou em uma das portas, voltou alguns segundos depois com uma roupa que ele jogou para mim. Peguei e encarei o short, a blusa e a lingerie em minhas mãos.

—O banheiro fica aqui, tome um banho, vou mandar preparar alguma coisa para você comer. –ele disse

—Por que você tem roupa de mulher no seu quarto? –eu perguntei

—Está com ciúmes? Não se preocupe as mulheres que vinham aqui normalmente não usavam roupas. Mas respondendo sua pergunta, são para você. Agora faça o que eu te falei, vou mandar alguém aqui para olhar seus ferimentos. Estão sangrando. –ele disse

Coloquei a mão nas minhas costas e senti o molhado do meu sangue. Ele me olhou por um segundo com os olhos brilhando e então se virou saindo do quarto de novo. Fui para o banheiro e tomei um banho demorado, minhas costas arderam um pouco com a agua, mas não doeu tanto quanto pensei. Vesti as roupas que ele me deu e fui para o quarto. Na mesa já tinha um prato com comida e um copo com suco de laranja. Sentada a mesa tinha uma garota, ela parecia ter minha idade, mas seus olhos eram brancos. Vampira. Ele mandou uma vampira vir cuidar de alguém que está sangrando? Ela me olhou e sorriu apontando para a maleta de primeiros socorros no seu colo.

—Olá, meu nome é Stacy. É um prazer conhece-la senhora. –ela disse

—Prazer? Senhora? Stacy me chame apenas de Selene. E se soubesse quem eu sou, duvidaria que sentisse prazer em me conhecer. –eu disse me sentando na cama e tirando a camisa

—Sei quem é você, você é Selene Collins, uma das melhores caçadoras que já se ouviu falar por aqui, você tem dezenove anos, nasceu no dia 14 de Junho de 1997 e está predestinada a ser nossa rainha. Quem você era ou fez não importa, você é uma praticamente uma princesa para nós e nós devemos cuidar e proteger nossa representante. –ela disse terminando o curativo

—Stacy...

—Não se preocupe, Dylan me avisou que estaria assim, eu não ligo, espero que sejamos amigas, ele está bem menos rabugento deste que você chegou. Espero que goste de lasanha. Se precisar é só pegar o telefone e discar o número um. E deixei no criado mudo remédios para a dor, só tome se precisar, mas acho que não vai. –ela disse sorrindo e saindo do quarto

Nunca imaginei que uma vampira poderia ser legal ou simpática. O papo de futura rainha me assustou um pouco, eu não pretendia ter nada com Dylan, mesmo com essa maldita profecia. Minha marca tinha parado de arder, isso quer dizer que ele estava longe, certo? Duvido, ele sempre está por perto.

Revirei os olhos e fui até a mesa e comi tudo que estava no prato, estava deliciosa, seja lá quem fez, tem muito talento culinário, tomei o suco e fui até o banheiro escovar os dentes, voltei e me sentei na cama de baixo da coberta. Sentia falta de Samanta, há essa hora ela estaria deitada comigo na cama me contando sobre alguma série de TV que ela estava assistindo por causa do ator.

A porta se abriu e Dylan entrou vindo até mim, ele se sentou na cama de frente para mim e passou o dedo em meu rosto.

—Por que estava chorando? –ele perguntou olhando a lagrima no seu dedo

—Por nada.

—Está com dor? Stacy disse que deixou algo aqui para isso. –ele disse olhando em volta

—Dylan eu não estou com dor, eu estou bem. Apenas estava me lembrando de algo. –eu disse

—Lembranças ruins? –ele perguntou

—Não, lembranças boas. –eu disse

—Lembranças boas te fazem mal? Não entendo os humanos. –ele disse confuso

—Não são as lembranças, é a saudade. Dylan é muito estranho ter que te explicar isso, nunca teve saudades de algo? –eu perguntei

Ele me olhou por um tempo e seu olhar ficou distante, depois ele se levantou e foi até a mesa pegando um copo de uísque.

—Vampiros tomam uísque? –eu perguntei

—Vampiros fazem tudo o que querem meu bem. Eu adiantei nossa viagem. Vamos amanhã à noite. –ele disse tomando sua bebida

—O que? Dylan! Eu não quero ir! Você não pode me obrigar!

—Uau, você pareceu àquelas garotinhas mimadas agora. Acho que eu já disse que você não tem muitas escolhas. Você vai Selene.  –ele disse

—Qual é Dylan, o que aconteceu com o papo de paixão?  -eu disse tentando ser convincente

—Eu disse que era possível um vampiro se apaixonar apenas pela garota que lhe foi predestinada e não que eu estava apaixonado por você. –ele disse rindo

—Nossa essa doeu. –eu disse irônica

—Você vai sobreviver. Selene, eu realmente não quero te levar obrigada para lá. Mas farei se for preciso. Precisamos estar lá para uma reunião. –ele disse

—Reunião? –eu perguntei confusa

—Sim. Preciso apresentar você para os outros. –ele disse um pouco tenso. –Sinto cheiro de humano na mansão.

—Sem ser eu? –eu perguntei assustada

—Selene! Socorro! –ouvi uma voz conhecida gritar

—Samanta?!

Levantei-me correndo e peguei minha espada correndo para baixo tinha dois vampiros a segurando pelo braço, chutei o primeiro para longe e aprontei minha espada para o outro. Ele rosnou um pouco para mim, mas então se abaixou a cabeça se afastando.

—Selene! –disse Samanta correndo para me abraçar.

—Sam? O que faz aqui? Como chegou aqui? –eu perguntei assustada.

—Estava te procurando, encontrei um feiticeiro que me ajudou, por um preço, claro. –ela disse

—Selene. Leve ela para o nosso quarto, preciso conversar com o pessoal.  –disse Dylan no alto da escada

—Nosso quarto? Selene? –perguntou Sam confusa

—Explico lá em cima. Vem comigo. –eu disse a arrastando comigo

—Tranquem a porta. –ele disse

Assenti e entramos no quarto, tranquei a porta como ele pediu e Samanta se sentou na cama olhando em volta.

—Selene? O que está acontecendo? Por que você está aqui? –ela perguntou

—É uma longa história, Dylan me salvou dos lobos. –eu disse

—Desde quando precisa de proteção? Ainda mais do rei dos vampiros! Selene, você foi levada por causa dele, você o conhecia?

—Não. Juro que não, só o conheci ontem. Mas é muito complicado. Por que veio até aqui? –eu perguntei

—Os caçadores estão loucos atrás de você, algo sobre você ser predestinada a ser a rainha dos vampiros e sobre você ter matado três seguranças. Fiquei preocupada com você, não podia te deixa sozinha, então eu fugi, vim até a floresta, pois sabia que você tentaria fugir por aqui, encontrei um feiticeiro e o paguei para te rastrear, depois eu o matei como você me ensinou.  –ela disse

—Meus parabéns. –eu disse rindo

—Selene, me explique o que aconteceu?

Sentei ao seu lado e contei a ela tudo que Dylan tinha me dito, assim como eu ela ficou assustada e não conseguiu acreditar em nada do que ele disse. Ela me contou que Lucius tinha brigado com ela durante horas por ter me ajudado a fugir. Ela disse que eles a levaram presa por algumas horas para saber algo sobre mim, mas que não tinham conseguido nada além de vários xingamentos de sua parte. Contei a ela sobre eu ir embora com Dylan no outro dia.

—Selene, você não pode ir, ele é um vampiro, nós matamos eles, não se juntamos a eles. –ela disse

—Eu disse a mesma coisa, mas aparentemente não tenho escolha.

—Tem sim, conseguimos dar conta deles sozinhas, vamos. –ela disse se levantando

A porta arrebentou e Dylan entrou com sua roupa coberta de sangue e uma feição de ódio.

—Selene. Vamos embora agora. –ele disse me olhando

—O que?

—Ela trouxe os lobos para cá. –ele disse segurando o pescoço de Samanta com raiva

—Dylan! Solta ela! Isso é impossível, Samanta nunca faria isso. –eu gritei o puxando

—Mas fez.

—Solta ela, por favor, por mim. –eu pedi chorando

Dylan me olhou por alguns segundos e soltou Sam. Ele olhou para ela com raiva e dois vampiros entraram a segurando e a arrastando para longe

—Selene! Não fiz nada, eu juro! –ela gritou pedindo ajuda

—Dylan, não! –eu pedi tentando impedi-los

Dylan segurou meus braços e eles a levaram dali.

—Ela vai ficar bem, as ordens são de prendê-la. Somente isso. Ela vai conosco. Agora vem, preciso te tirar daqui. –ele disse me puxando

Ele me pegou no colo e correu comigo até um carro preto, Jonny estava no volante, Stacy no banco da frente. Sentei atrás com Dylan e o carro acelerou para longe enquanto era possível ouvir por cima do barulho do motor os uivos dos lobos.