Andamos por pelo menos duas horas até chegarmos a uma enorme mansão, as portas foram abertas por um pequeno senhor de cabelos brancos, ele me olhou surpreso e então sorriu, fez uma pequena reverencia á Dylan e sorriu para Jonny. A mansão estava cheia de vampiros, todos me olharam com um misto de curiosidade, medo e raiva. Dylan ignorou tudo isso e continuou me puxando em direção a uma escada, o corredor do andar de cima era enorme, fomos para o final dele e entramos em um enorme quarto, ele colocou minha mochila em uma poltrona, pegou minha espada com Jonny e fechou a porta depois que o mesmo saiu. Ele colocou então minha espada em cima de uma cômoda e se virou para mim.Ele me encarou por uns minutos como se me analisasse e então foi até sua mesa pegando um copo de água e me entregando.

—Beba. Você está desidratada. –ele disse se sentando em outra poltrona de frente para mim

Eu realmente deveria estar desidratada, a água parecia ter um gosto maravilhoso. Coloquei o copo vazio no criado mudo e olhei em volta. O quarto era enorme, as paredes tinham um papel de parede vermelho escuro com alguns desenhos, a cor era tão escura que se você não fosse treinada, nunca veria as manchas de sangue nelas. Tinha uma enorme cama branca, uma TV, um criado mudo, uma mesa com duas cadeiras, duas poltronas pretas, uma enorme estante com vários livros e duas portas que estavam fechadas.

Coloquei a mão em cima de minha marca que ainda não tinha parado de arder e fechei meus olhos. Abri novamente e o olhei, ele parecia curioso, mas tinha em seu rosto um pequeno sorriso. Disfarcei meu incomodo andando até a estante. Não me sentia confortável nessa mansão. 

—Então, vai me explicar o que estou fazendo aqui? –eu perguntei olhando os livros. Tinham alguns ali que deviam ser mais velhos do que minha avó.

—Esse foi um presente, o ganhei em 1780. –ele disse atrás de mim

Virei-me e o olhei, ele estava a centímetros de mim, não tinha reparado antes no quão alto e forte ele era. E incrivelmente bonito. Fechei meus olhos me lembrando de que vampiros conseguiam deslumbrar os humanos, os abri novamente e coloquei minhas mãos em seus ombros o afastando de mim um pouco. Ele sorriu, mas o fez.

—Como você fugiu de lá? Eu estava preparando uma maneira de te tirar de lá quando soube de sua fuga. –ele disse sorrindo

—Primeiramente, por que você foi atrás de mim naquela noite? –eu perguntei

—Estava curioso sobre você, quando cheguei nessa cidade, a primeira coisa de que ouvi foram reclamações sobre uma pequena caçadora que estava matando vários de nossa espécie. –ele disse rindo

—Foi atrás de mim por pura curiosidade? Sinto muito, mas não acredito nisso. –eu disse cruzando os braços

—Mesmo, me achei muito convincente. 

—Dylan, fui presa e torturada apenas pelo simples motivo de você ter aparecido do outro lado de minha casa, tive que fugir e me esconder e agora lobos estão atrás de mim por sua causa também. Quero uma resposta verdadeira. –eu disse o olhando

—Você realmente é muito esperta. Selene, me diga, o que sabe sobre vampiros? –ele perguntou se sentando novamente

—Apenas o que eles ensinam no instituto, como matar, como reconhecer um...

—Então você não sabe nada sobre nossa história? –ele perguntou curioso

—Não muito. Isso é parte da tarefa dos investigadores. Eu apenas sou mandada para algum lugar e mato os que encontro. –eu disse dando de ombros

—Muito simples. –ele riu. –Bem, a minha espécie existe a milhares de anos, mas ninguém sabe ao certo se o Drácula foi o primeiro vampiro, apenas sabemos que ele criou a maioria de nós e os que ele criou, foram criando outros e assim por diante. No nosso mundo existe uma certa, hierarquia, temos quatro famílias reais, os Vladescu, os Romanoff, os Grondewald e os Bathory respectivamente. Os Vladescu comandam o mundo dos vampiros, estamos responsáveis por analisar se eles estão exagerando na alimentação, se estão gerando problemas demais, se nosso segredo está seguro ou não... Bem, nessas famílias sempre tem um vampiro macho na frente, pois as vampiras só vieram surgir depois. E é ai que quero chegar, os vampiros das grandes famílias, quando foram criados receberam de seu criador um tipo de profecia ou maldição para alguns, nessa profecia dizia que o vampiro apenas poderia se apaixonar e procriar com uma mulher especifica e então receberam o nome da garota, a data e o local em que ela nasceria. Elas nasceriam com algo que apenas elas poderiam ter, uma marca que cada vampiro também recebeu no dia de sua criação. Os do Romanoff é uma estrela, dos Grondewald uma lua cheia, dos Bathory um raio e dos Vladescu...

—Uma meia lua. –eu completei baixo me lembrando de minha marca.

—Entendeu agora o porquê de eu ter ido atrás de você? É meu dever te proteger. –ele disse em pé na minha frente

—Tem feito um péssimo trabalho. E você está louco, eu não sou uma dessas mulheres. –eu disse me afastando dele

—Imaginei que você custaria a acreditar em mim. Eu mesmo demorei a acreditar nessa história. –ele disse em voz baixa

—Isso é ridículo Dylan, eu sou uma caçadora! Eu não me apaixono ou tenho filhos com vampiros, eu os mato! Eu deveria matar você. –eu disse baixo

—Você não conseguiria mesmo se tentasse. E para dizer a verdade, eu também achei isso bem irônico, acho que o Conde deve ter feito isso de proposito, um tipo de piada ou algo assim. –ele disse passando a mão nos cabelos

—Isso é loucura. –eu repeti me sentando na cama

Minha maldita marca continuava ardendo cada vez mais.

—Por que isso arde? –eu perguntei

—Porque estou por perto. –ele respondeu

—Digamos que eu acredite nisso, por que você resolveu aparecer só agora? Onde esteve por todo esse tempo? E por que os lobos estão atrás de mim? Os caçadores sabem sobre isso? –eu perguntei

—Uma pergunta de cada vez. Eu estava com alguns problemas, digamos assim, e não pude vir para cá antes, eu estava na Transilvânia, resolvendo uma guerra entre duas das famílias. Vim para cá para te buscar, os lobos são nossos inimigos naturais, não nunca nos demos bem e provavelmente nunca nos daremos bem. Eu decidi assumir o trono de vez há alguns meses atrás e para que eu pudesse assumir, eu teria que buscar minha companheira e os lobos descobriram de alguma forma que eu ainda não sei como e vieram para cá atrás de você. Os caçadores descobriram isso há algumas semanas, eles estavam te vigiando desde então, mas como você nunca me viu, eles não se preocuparam e acho que eu deveria ter aparecido de uma forma mesmo surpreendente, talvez tivesse evitado tudo isso, eles te torturaram porque sabiam que eu iria atrás de você, eles deveriam estar montando uma armadilha. Mas você não precisou de ajuda. –ele explicou

—Calma ai, me buscar? Como assim me buscar? –eu disse me levantando

—Você vem de volta para a Transilvânia comigo, por que acha que eu vim até aqui? Só para te contar uma história? Ou que eu ficaria aqui como aqueles vampiros apaixonados que os humanos colocam no cinema? –ele disse irônico. –Comigo não funciona assim. Você me pertence Selene e vem comigo querendo ou não.

—Tá achando mesmo que as coisas funcionam assim? Acha que se você aparecer aqui e me contar tudo isso, eu vou simplesmente acreditar em você e deixar que você me leve embora? –eu perguntei incrédula

—Tenho certeza que você vai tentar lutar de alguma forma contra isso. Iria me sentir decepcionado se não tentasse. Só tem um problema. –ele disse segurando minhas mãos. –Você não pode lutar contra mim, não sou como os vampiros que você já matou antes, ou como os lobos com quem já lutou. Eu sei de tudo sobre você, sei os seus ‘’recordes de mortes’’, sei sobre a morte de seus pais, sei sobre sua infância, sei sobre seu treinamento, sobre sua parceira de caça e até sobre seus ex-namorados. Você não pode me vencer, ninguém pode. –ele disse me soltando na cama. –Aproveite a estadia meu amor, partiremos em três dias. Não tente fugir, consigo rastrear você melhor do que qualquer um e o lugar está cercado. –ele disse saindo do quarto e levando consigo minhas armas.

Fiquei parada olhando para a porta. Estou ferrada. Muito ferrada.