Eu não queria ficar acreditar no que estava vendo, aquilo era impossível, minha mãe estava morta, eu tinha á visto morta. Aquilo não era real. Senti alguém me puxar para longe enquanto mais guardas invadiam o local, duas enormes portas se fecharam na minha frente e eu tentei assimilar o que estava acontecendo. Ao longe eu conseguia ouvir vozes me chamando, mas não conseguia entender o que elas diziam.

—Selene! –ouvi Samanta gritar enquanto as portas eram arrombadas e eu puxada para fora.

Eu não conseguia me mexer e minha voz parecia ter sumido.

—A rainha! Eles pegaram a rainha! –ouvi alguém gritar.

Algo foi colocado em meus olhos tampando minha visão e minhas mãos e pernas foram atadas. Por que eu não conseguia me mexer? Eu conhecia aquela sensação. Feitiço. Abri a boca tentando gritar, mas nada saia. Era tarde, alguém estava me controlando e agora eu nem sequer conseguia ouvir algo, era impossível fazer algo. Eu sentia que estava sendo movimentada, mas não sabia por quem ou para onde. Não sei quanto tempo se passou, mas finalmente retiraram a venda de meus olhos, porém eu ainda não conseguia me mover, mas agora não era devido ao feitiço e sim as cordas que me mantinham presa na cadeira de metal onde eu estava sentada.

Eu estava em uma enorme sala escura, não tinha nada lá além de mim, mofo e dois homens que eu não reconhecia, mas eu sabia que um era humano, caçador. E o outro era um feiticeiro, provavelmente era ele que tinha me mantido naquele estado até agora. Minha garganta estava seca e eu me sentia estranha.

—Onde estou? –eu perguntei baixo

—Não faz diferença. Você não vai sair daqui mesmo. –disse o caçador bufando

Revirei os olhos e olhei em volta. Não tinha nenhum tipo de saída dali, apenas a enorme porta de metal mais a frente.

—O que vocês querem e como conseguiram me tirar da mansão? –eu perguntei

—Foi bem simples na verdade, só precisei passar algumas informações. Você foi fácil de capturar, admito que eu esperava mais de você. –disse um homem entrando pela porta, eu não conseguia vê-lo, estava escuro demais onde ele estava, mas sua voz me era familiar.

—Onde está minha mãe? –eu perguntei baixo

—Aquela não era sua mãe. Sua mãe está morta e enterrada há anos. Você foi extremamente fácil de enganar. Vejo que não aprendeu nada com minhas aulas. –ele disse rindo

Prendi minha respiração reconhecendo a voz e ele se aproximou deixando seu rosto visível para mim. Jonathan, meu antigo instrutor sorriu vendo que eu havia o reconhecido. Ele sinalizou para que os dois saíssem da sala e eles o fizeram, aquilo só fez o desespero aumentar dentro de mim. Tentei me soltar das cordas, mas o aperto estava forte demais. Ele se aproximou e se agachou na minha frente. Respirei fundo e o olhei.

—Por que esta fazendo isso? –eu perguntei

—Dylan Vladescu. Eu o procuro a anos e no entanto, nunca imaginei que tinha em minhas mãos algo que o faria vir até mim tão facilmente, não entende? Você é tudo para ele e ele virá atrás de você. Ele destruiu o meu mundo e eu vou destruir o dele. –ele disse segurando uma mecha de meu cabelo

—Você não vai tocar nele. –eu disse baixo

—Eu vou sim. Sabe Selene, você sempre foi tão bonita, você e Samanta eram tudo o que eu desejava ter para mim. E agora que você está aqui na minha frente, eu sei que eu finalmente poderei ter o que eu sempre quis, tudo em uma só noite. Imagine só! Ter Selene Collins toda para mim e matar Dylan Vladescu. Tudo de uma vez. –ele disse sorrindo

—Você me dá nojo. –eu disse com raiva

—Então você vai sentir ainda mais nojo quando eu estiver dentro de você. E por mais que eu queira fazer isso agora, eu acho que será ainda melhor se o seu querido vampiro estiver aqui para ver. Depois de ter você eu vou te matar e deixa-lo ainda mais nervoso e então eu vou mata-lo. Devagar e dolorosamente. –ele disse passando o dedo pelo vão de meus seios.

Levantei minha perna o chutando para longe de mim. Eu tinha certado seu queixo, fazendo com que dois dentes dele voassem para longe e ele cuspisse sangue no chão.

—Você não vai encostar em mim e muito menos no Dylan. –eu disse baixo

—É o que vamos ver, querida. –ele disse batendo em meu rosto.

Senti uma gota de sangue escorrer pelo meu rosto e o olhei com raiva.

—Sabe qual a vantagem de ter um demônio para seguir suas ordens? Ele faz exatamente o que você manda. –ele disse rindo alto

Um homem entrou na sala e foi até minha frente. Seus olhos eram completamente negros. Engoli em seco e voltei meu olhar para Jonathan.

—Quero ela bem machucada. Mas viva. –ele disse antes de sair

Ele parou na porta e olhou para trás.

—Mostre a ela todo o tipo de dor. Física e mental. –ele disse fechando a porta atrás dele.

Voltei meu olhar para o monstro em minha frente que agora sorria. Seus olhos ficaram azuis e de repente eu via Samanta na minha frente. Ela bateu a mão em meu rosto e riu alto quando o sangue escorreu de minha boca.

—Irmãzinha eu vou fazer você se arrepender de ter nascido. –disse o monstro com a voz de minha amiga

Olhei para ele novamente e agora eu via meu pai.

—Eu deveria ter matado você naquela noite. Mas eu estava com sede, sabe o quanto o gosto do sangue da sua mãe era bom? E você não fez nada para salva-la. –ele disse enfiando uma faca em meu braço direito

Gritei com a dor e senti as lágrimas se acumulando, as palavras doíam mais do que a tortura. Senti outro tapa em meu rosto.

—Olhe para mim Selene! –gritou a voz de minha mãe

Abri os olhos e observei o monstro novamente, ela estava pálida e toda machucada.

—Isso é tudo culpa sua! Eu estou morta por sua culpa! Você não me salvou! Não fez nada! –ela gritou acertando um soco em meu estomago e um em meu olho.

A dor era muito grande e eu sentia as lágrimas caindo. Pela primeira vez em anos eu me sentia vulnerável. Sei que não conseguiria lutar mesmo se quisesse, me sentia uma criança novamente, eu estava com medo.

—Selene? –a voz de Dylan me chamou

Olhei para cima e fitei os olhos verdes que eu tanto amava.

—Dylan... –eu tentei chamar, mas o sangue em minha boca me fez engasgar.

—Como você é fraca. Como pode ser minha destinada? Como pode querer ser minha rainha? Minha esposa? Você é fraca. Veja como está, acha mesmo que eu amaria alguém como você? Acha que alguém ama você? Acha que vai sair viva desse lugar? –ele perguntou batendo em meu rosto novamente.

As lágrimas caíram ainda mais e que tentava me lembrar de que aquele não era Dylan. Uma faca foi enfiada em minha coxa esquerda e um soco em minha costela. Ouvi um estalo seguido de uma grande dor, com certeza tinha quebrado alguma coisa dentro de mim.

—Por favor...

—Isso, implore vadia! Implore por sua vida! -disse a voz de Sam, me batendo novamente.

Ouvi um grito que se confundiu com o meu e o demônio parou olhando confuso para a porta. Eu não conseguia respirar direito e minha visão estava um tanto embaçada. Mas os gritos vindo de fora me diziam que algo estava acontecendo. O monstro se virou novamente para mim e sorriu, ele abaixou a boca para perto de meu pescoço e me beijou seguindo de uma mordida profunda.

Senti minha pele rasgar com seus dentes e gritei me debatendo, ele se afastou de mim e minha pele começou a arder. Eu tentava parar de gritar e me soltar, mas parecia impossível, algo escorria por onde ele mordeu e sua boca estava repleta de sangue meu. Ele cuspiu fora um pedaço da minha pele e eu gritei sentindo mais sangue escorrer pela minha boca.

—Selene! –eu ouvi alguém gritar.

A porta de metal voou para longe acertando o monstro e vários vampiros entraram. Os rosnados estavam ainda mais altos e eu ouvia gritos no fundo. Minha visão começou a ficar ainda mais turva e eu não conseguia me concentrar no que acontecia.

—Selene! Acorda, fica comigo, Selene não dorme! –gritou Samanta

—Ele a mordeu. Tem veneno de demônio dentro dela! Cadê o Dylan? –gritou Lucia

—Não dá tempo! Chama o Alexander! –gritou Stacy

—Selene! Fica acordada, preciso que fique acordada! Estanquem a hemorragia! Agora! –gritou Alexander para alguém.

—Dylan... –eu tentei chamar, mas novamente o sangue me impediu.

—Não fale, você não pode perder mais sangue. Ele está vindo, fique calma. –disse Alexander mais perto de mim

—Peguem o antidoto. –disse Jonny.

Senti algo picar meu ombro e a mordida ardeu ainda mais, logo em seguida algo molhado foi colocado em minha boca e eu senti um gosto metálico.

—Bebe Selene, você precisa, para se curar, esta muito machucada. –disse Alexander.

Abri meus olhos com dificuldade e tentei beber o sangue que ele me ofereceu. Aquilo era nojento, mas eu não tinha outra escolha. Bebi o tanto que eu consegui e então tudo ficou escuro novamente.