Never Stop escrita por Ellen Freitas


Capítulo 13
"You're always hoping that we make it" (I)


Notas iniciais do capítulo

Digam olá para a Ellen e suas postagem pós-Arrow!!
Leitores: OLAAA!!

E o capítulo de hoje vai em especial para Buttercup e ItGirl88 por favoritarem a fic!!
Não vou enrolar muito, sei que estão ansiosos por isso e eu também!!! Nos vemos nas notas finais para uma conversa séria!!

Boa leitura!! Bjs*



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Reabro meus olhos quando ouço a porta se abrir e Oliver passar por ela com um copo de água em suas mãos. Ainda é surreal a ideia de tê-lo aqui comigo, depois de tudo que o ouvi dizer.

― Sara e Thea estão me chantageando com segredos para que eu faça você sair do quarto. ― Ele franziu o nariz em um gesto que tinha iguais medidas de fofura e atração, me fazendo suspirar, sentar-me, e receber o copo que me ofereceu. ― Não quero meus segredos revelados, então…

Eu estava muito ferrada, não tinha mais como fugir daquele ponto. Ele gostava de mim e eu não poderia mais negar, não para mim mesma, pelo menos, que minha paixão de ensino médio tinha borbulhado de volta à superfície.

Qual o problema, então, Felicity?

Tinha Ray, ele era uma pessoa que eu nunca iria querer magoar, e ele estava magoado, e quem podia culpá-lo? Ver alguém beijando o chefe na mesma noite em que se planeja pedir a tal pessoa em namoro não era exatamente o que se espera quando o irmão da maldita criatura em questão te convida para uma festa surpresa.

Mas eu tinha que confessar que meu medo não era por causa de Ray, ele consistia em outras duas pessoas envolvidas: Oliver e Felicity.

Oliver era galinha, eu tinha que aceitar isso e ser feliz. Não que ele estivesse se comportando assim nos últimos meses, mas hábitos de 28 anos não somem porque você acha que se apaixonou! Mesmo que eu nunca mais tivesse presenciado nenhuma de suas conquistas, seu corpo, charme, rosto e fortuna dariam conta de atrair metade do público hétero feminino de Star e toda a população gay, e eu não sei se estaria pronta para isso.

Então chegamos ao maior problema: eu mesma!

Uma pessoa normal aos 25 anos tem pelo menos um relacionamento de sucesso para relatar, mesmo que este já tenha terminado. Todos, menos eu. Desde caras que me senti pressionada a ficar, até meu único namorado traidor, a minha vida amorosa não tem sido fácil. E começo a temer que o padrão no fracasso seja eu.

Limpei a garganta com a água e tentei sorrir. Precisaríamos lidar com isso cedo ou tarde e Oliver não parecia ter a intenção de sumir da minha frente tão cedo.

― São segredos tão ruins? ― Tentei amenizar o clima voltando à conversa. Oliver arqueou brevemente as sobrancelhas e sorriu de lado, sentando-se ao meu lado no colchão.

― Nada que a mídia já não tenha divulgado, mas Sara e Thea farão parecer pior e te farão correr para as montanhas. ― Nós dois rimos, constrangidos. É disso que estou falando, eu não queria ter que sentir vergonha dele. Não mais.

― O que faremos com isso? ― Apontei o indicador dele para mim, e de volta para ele. Prendi a respiração quando ele pegou minha outra mão, que estava displicente em cima da cama.

― Quero conhecer você, Felicity.

― Você é meu chefe, não é certo. ― Dei a justificativa mais rasa para o problema, coçando a testa e evitando olhá-lo.

― Está pedindo demissão? ― Sugeriu sorrindo e conseguindo finalmente me tirar um sorriso honesto. ― Ou então eu posso pedir a minha, o que não faltam são pessoas sedentas por minha cadeira.

― Você sabe que não podemos sair de lá. ― Ele concordou sério. ― Laurel faria churrasquinho de nós dois. ― A piada que pensei que aliviaria a tensão, apenas o fez levar a mão ao meu queixo e para me fazer olhá-lo nos olhos. Maldito Queen!

― A empresa é importante, Laurel é uma amiga, mas isso não é justificativa, Felicity. Me conta o que te impede, por favor?

― Se você não conseguir ferrar com isso, certeza que eu vou ― assumi sincera. ― Minhas TPMs são insuportáveis, falo demais, minha família é um bando de loucos e não sou seu tipo!

― Thea sempre fala que meu tipo são aquelas que tem uma vagi… ― Oliver interrompeu seus próprios pensamentos quando percebeu o que falava. ― E eu não estou ajudando meu caso.

― Não muito ― concordei franzindo o nariz, imitando seu gesto de mais cedo, mas um sorriso acabou escapando.

― Eu queria saber o que é preciso fazer para te convencer a entrar nessa.

Boa pergunta! Você sempre fez boas perguntas assim, Oliver, ou elas surgem apenas quando quer ferrar com meu pobre cérebro?

Pisquei para seus olhos repetidas vezes, e quando vi seu olhar fixar-se em minha boca e sua respiração bater em meu rosto, soube exatamente sua estratégia a me convencer a “entrar nessa”.

― Nem tente. ― Me ergui do colchão saindo de perto dele. Oliver riu realmente se divertindo da situação, ato que não entendi.

― Sabia que o jeito fácil não funcionaria com você.

― Quando funcionou?

― Você está completamente certa, mas não custava tentar.

― Gosto de você, Oliver, mas se quiser realmente entrar vai ter que ir além de seus beijos maravilhosos. ― Arregalei meus olhos para o modo como a frase deve ter soado. ― Entrar na minha vida, não em alguma parte minha! Eu nunca imaginei nada disso, nem sonhei. ― Ele ergueu uma sobrancelha. ― Por que eu não consigo calar a boca e parar de me envergonhar? ― Cerrei os olhos com força. ― 3… 2… 1… ― Oliver gargalhou.

― Você acabou de dizer que também gosta de mim e do meu beijo, eu realmente não estou me importando com seu falatório. É adorável. ― O loiro deu de ombros.

― É vergonhoso.

― Eu gosto. ― Deu um passo para a frente em minha direção.

― Isso faz de você uma pessoa mais doida que eu. ― Dei um passo para trás em direção à saída.

― Estou bem com isso. ― Mais um passo à frente.

― Pois eu não. ― Mais um passo para trás. Droga, a parede! ― Oliver… ― Alertei para o sorriso safado chegou a seus lábios, quando me viu encurralada.

― Não estou fazendo nada! ― Ergueu as duas mãos em rendição, mas continuou seu andar predador em minha direção, nada mais do que meio metro nos separava agora. ― Você parece com medo, Felicity. ― Usou sua voz rouca, me fazendo arrepiar e engolir seco.

― N-não est-tou. ― Trinta centímetros.

― Sério? ― Quinze centímetros.

― Hm rum. ― Balancei a cabeça confirmando, mas sem conseguir não olhar para seu sorriso. Vou deixar claro aqui que sua boca me atraía porque ele tinha dentes bonitos e não por qualquer outra razão.

― Mentirosa.

Oliver falou com os lábios junto aos meus, o movimento fazendo cócegas com o toque leve e sua mão espalmada na parede ao lado da minha cabeça. O maldito mal estava me encostando, mas sabia que aquilo era provocação deliberada, ele queria que eu engolisse minhas palavras e o beijasse ali mesmo. Babaca gostoso!

A maçaneta da minha porta começou a girar, atraindo nosso olhar para o lado. Quase ergui o braço gritando o sonoro “YEP!” para quem quer que estivesse querendo entrar ali no exato momento em que a tentação estava colada em mim, mas Oliver foi mais rápido e segurou o trinco com força, impedindo que a porta se abrisse.

― Ah, mas ninguém entra aqui mesmo!

Meu protesto ficou preso em minha garganta quando ele capturou meus lábios com o seus, me pressionando com seu corpo ainda mais contra a parede, desafiando um pouco a as leis da física, devo observar. Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Quem disse?

Sua mão alcançou minha nuca, angulando meu pescoço a favor de sua altura e lhe dando a oportunidade logo em seguida para aprofundar o beijo, sua língua movendo-se ao encontro da minha, e fazendo com que eu me agarrasse às laterais da sua camisa social, retribuindo, e totalmente entregue a ele.

Já era meu argumento!

Mas fala sério, desafio qualquer um, homem ou mulher, da Sociedade Anônima das Paixões Secretas por Oliver Queen a estar no meu lugar agora e ter o afastado. Não que a parede de músculos que ele chamava de corpo tivesse me dado alguma opção, mas enfim...

Ao longe, ouvi a voz de Barry me chamar e uma que reconheci ser de Thea, chamar o nome do irmão, mas ninguém ali estava disposto a parar o beijo para atender os pirralhos.

Barry é da sua idade!

Foda-se, consciência, me deixa, estou ocupada!

Apenas quando nossos pulmões cobraram o oxigênio, o contato foi quebrado. Abri os olhos lentamente, para dar de cara com os seus, nunca vistos tão de perto, tão azuis como o céu limpo de um dia perfeito. Ah, cara... Já era!

― Mentirosa ― sussurrou antes de me roubar mais um selinho. O sorrisinho vencedor de Oliver mostrava que ele não mais falava sobre o fato de eu estar com medo de sua aproximação. Ele sabia que eu tinha me fodido e não poderia mais resistir a tentar um relacionamento com ele. Filho da mãe!

Encostei minha cabeça na parede com os olhos fechados, me recusando a ter sido tão fácil para ele, foi quando percebi que ele ainda mantinha a porta fechada com a mão que não me tocava.

Oliver deu um passo para o lado, sua mão escorregando da minha nuca para minha cintura, e abrindo a porta com a cara mais deslavada do mundo, como se não estivesse tentando devorar minha cabeça segundos antes.

― Hey, Ollie, Felicity está... ― Thea começou.

― Bem aqui. ― Ergui a mão, com o rosto corado de vergonha. Os dois olharam para dentro, para poderem me ver ali, encostada na parede ao lado da porta.

― Você está muito vermelha! ― Barry, o óbvio, comentou. ― ‘Tá passando mal?

― Ela está muito bem, acredite em mim. ― Oliver ressaltou maliciosamente, e eu quis esmurrá-lo. Discrição aqui, pode ser?

― Mas ela parece que está com febre. Se quiser eu chamo a Caitlin... ― Meu irmão era retardado, mas para meu azar Thea parecia ser mais esperta que nós três juntos, pois já olhava de mim para o próprio irmão, deixando um sorriso escapar ao confrontar os olhos de Oliver, que devolveu um cale-se.

― Não precisa, Bar. ― O tranquilizei. ― Vocês queriam...

― Sua festa. Tem convidados te esperando, cunhadinha. ― A maldita Queenzinha alfinetou, gerando um vermelho ainda mais intenso nas minhas bochechas. ― E, Oliver, precisamos de alguém que faça Sara parar de dançar sobre o balcão da cozinha. ― Barry confirmou com a cabeça, parado atrás de Thea segurando seus ombros. ― Apenas Sara sendo Sara.

― Ei! ― O olhar de Oliver foi parar direto nas mãos de Barry, transformando em uma careta irritada. ― Por que suas mãos estão na minha irmã?

Eu sabia bem que ali não era nada de mais. Barry era carinhoso, não era novidade nenhuma para mim, e o gesto pareceu bem natural e quase involuntário. Mas talvez na família Queen aquilo não fosse tão comum assim.

― Por que sua boca está borrada com o batom da minha irmã? ― Não, Barry, você não disse isso! Meu irmão desmanchou o sorriso brincalhão quando o Oliver o encarou ainda mais irritado, com aquela expressão de “vou fatiá-lo e servir para meus rottweilers”. ― Senhor Queen. ― O moreno completou com a voz quase falhando, a pele pálida, e dando um passo para trás sem soltar Thea, agora a usando como escudo humano.

― Não deixe ele te assustar, Barry. ― A jovem se divertiu com a coisa toda, desdenhando os ciúmes fraternais com um gesto de mão. ― Cão que ladra não morde e se eu quisesse ficar você, não é da conta do homem das cavernas aqui.

― Homem das cavernas? ― Questionei Oliver com os braços cruzados e a sobrancelha arqueada.

― Thea, cale-se. ― Ele ordenou entredentes e não entendi o porquê do estresse. Todo mundo ali parecia estar levando na brincadeira.

― Doce e inocente Felicity... ― Thea balançou a cabeça em negativa e com um sorriso de pesar. ― Você não conhece meu irmão.

― Onde está Sara? ― Oliver mudou de assunto, depositando um beijo em meu rosto e indo em direção à sala.

― Sem comentários. ― Apontei um indicador para os dois, diante daqueles risinhos.

― Vamos, eu te ajudo a se arrumar.

Tomei um banho rápido e quando voltei ao quarto Thea já tinha escolhido um vestido florido e leve para que eu vestisse, me ajudou a secar meu cabelo e o deixou solto. Ela não era a monstrinha que Oliver tinha pintado para mim, era até uma presença refrescante em minha vida. Talvez fosse um dia bom para ela.

― Obrigada pela festa. ― Agradeci, finalizando o batom.

― De nada. Sinto que já somos amigas de tanto que ouvi falar de você.

― Típico Tommy. ― Sorri diante da frase que foi bem semelhante a citada por Sara quando nos conhecemos.

― Não Tommy, Oliver.

Oi? O que diabos Oliver tinha tanto para falar de mim para a irmãzinha encrenqueira? Ele mal fala comigo e com qualquer outro!

― Encrenqueira é a sua mãe! ― Droga! ― E você faz mesmo essa coisa de falar seus pensamentos, é meio fofo.

― Desculpe.

― Se o chato do Ollie aguenta, quem sou eu? Mas não sou encrenqueira, Felicity. ― Lhe lancei um olhar descrente. ― Ok, um pouco, mas Oliver exagera na preocupação.

― Já experimentei boas doses dessa preocupação. ― E Ray também. E Barry também. E Tommy também.

― Você só viu a ponta do iceberg, cunhadinha. ― Me deu dois tapinhas no ombro já indo em direção à saída. Me apressei para acompanhá-la.

― Só uma coisinha, Thea. Poupe as outras pessoas desse apelido infame.

― Mas vocês não estão namorando? ― Outra boa pergunta! Queen’s deveriam ser repórteres.

― É complicado. ― Ela me olhou interrogativa. ― Ainda estamos nos acostumando com essa coisa nova.

― Pois se você não quer que todas aquelas vinte pessoas lá fora saibam, melhor parar Oliver. Ele não é nada bom em esconder as coisas. ― Arregalei os olhos para a constatação. Merda!

Quase corri para a sala, esbarrando em duas pessoas, antes de encontrá-lo encostado casualmente no balcão da cozinha, com um copo na mão e conversando com Diggle e Lyla.

― Você está aqui. ― Segurei seu antebraço com uma mão, apoiando a outra em meu joelho enquanto ofegava. Uau, eu preciso mesmo me exercitar mais!

― Corro na baía todas as manhãs, se quiser ir comigo. ― Oliver sugeriu com um sorriso nada discreto no rosto. ― Você está bem?

Olhei fixamente para ele, então de relance para John e Lyla, de volta para ele, então para Thea e Barry, que conversavam com Cait na sala, sinais mudos para que ele não dissesse nada a ninguém ainda. Oliver franziu as sobrancelhas parecendo não fazer ideia do que eu estava tentando dizer ali. Que maravilha, ele é mais lerdo que eu pensava!

― Vocês se beijaram de novo! ― Diggle atestou satisfeito com a própria descoberta, e foi a vez de Lyla o olhar confusa. ― Espera, você consentiu dessa vez?

Oliver, que já ia abrir a boca para responder a coisa do beijo, mudou rapidamente a expressão para algo perto da irritação, enquanto eu tentava me encolher até entrar em meu próprio chão.

― Eu nunca a beijei sem que ela quisesse! ― Ah, tá! Fale isso para as minhas costas que estão com marcas de reboco e das farpas da porta.

― Como assim reboco e farpas, Oliver? ― Diggle cruzou os braços o encarando, fazendo o loiro recuar um pequeno passo. Não o culpo, Dig é enorme. ― Ele te desrespeitou, Felicity?

― Eu te desrespeitei, Felicity? ― Oliver também cruzou os braços se virando na minha direção.

― Do que eles estão falando, Felicity? ― Lyla entrou na brincadeira de cruzar os braços e me olhou com dúvida. Senti desespero tomar conta do meu corpo e comecei a caminhar para trás, acuada.

― Eles estão brincando, morena, relaxe. ― Senti os pelos da minha nunca eriçarem com as palavras sussurradas ao meu ouvido, sem falar o apelido. Era estranho alguém me chamando assim depois de tantos anos de tintura loira. Mas pelo menos serviu para me fazer relaxar um pouco e voltar a respirar normalmente.

― Não revela minha real de cor de cabelo, pode ser, Oliver? ― cochichei de volta, arrancando sorrisos dele e do casal à nossa frente.

― Então... ― Oliver se virou para mim, depositando uma mão em na base da minha coluna e me trazendo mais para perto dele quando Diggle e Lyla entraram em uma conversa própria. Estremeci com o toque, arqueando o corpo involuntariamente para longe do carinho, o fazendo franzir o cenho. ― Minha mão está dando choque?

― Não mais que o normal. Quer dizer, sabe as tais das correntes elétricas quando sua pele toca a minha? Pois é. Você é algum tipo de mutante ou coisa assim? ― Me embolei com as palavras, pra variar. ― Não que você se pareça um mutante, você é completamente normal. E por normal eu digo não chato ou entediante apenas sem partes anormais. Não que eu conheça todas suas partes, mas até onde eu vi... ― Alguém arranca minha língua! ― Não que eu esteja curiosa nem nada, foi apenas uma observação. Que droga, por que você não me faz calar a maldita boca?

― Te ver tagarelar é a melhor parte dos meus dias. ― Minhas bochechas pinicaram, eu tendo certeza que todo meu sangue estava concentrado lá no exato momento.

― Pois seus dias andam bem caidinhos, hein senhor Queen? ― Ele gargalhou, chamando a atenção das pessoas ao redor e me fazendo olhar para os lados constrangida.

― Algum problema, Felicity?

― Discrição. Você poderia ter mais um pouquinho, não? ― Oliver fez sua melhor expressão de incredulidade.

― Eu não acredito que vou perguntar isso, mas... Você tem vergonha de mim?

― Não?

― Tá me perguntando? Você não sabe mentir, morena, desembucha!

― Assim... Não muita.

― Pouca, então?

― Cara... Tem o Ray.

― Resposta errada, você assumiu mais cedo que não se importava com o Ray. ― Apontou um indicador acusatório em minha direção.

― Eu não disse que não me importava, disse que não chorava por ele. ― O corrigi.

― Tanto faz, funciona igual na minha cabeça. Qual o motivo real? ― Respirei fundo.

― É tudo muito novo, Oliver. E faz muito tempo que não estou em um relacionamento e você nunca teve um. Aquilo com Laurel não conta, admita. Só acho que devemos maneirar nas carícias em público e ir com calma.

― Concordo com você. ― Respondeu depois de um tempo pensativo. ― Mas só concordo porque você destacou as palavras “em público”. Se quer mesmo ir com calma, evite ambientes em que fique sozinha comigo, Smoak, ou verá a cena de mais cedo se repetir muitas vezes e com muito mais intensidade, se é que me entende. ― Ui, mais arrepios!

Bastardo sexy!

― Vou ver se Sara já parou de vomitar no vaso de planta do corredor. Odeio quando Tommy me deixa de babá da doida! ― Rolei olhos para sua indignação.

Mi casa es su casa. ― Arrisquei meu espanhol fajuto para poder deixá-lo à vontade para cuidar da amiga e eu pudesse ir cumprimentar os convidados.

A festa se estendeu por mais algumas horas. Aproveitei para colocar a conversa em dia com Cait e outras amigas que não via há tempos. Oliver até quis ficar, mas teve que levar Sara em casa, já que esta não tinha condições de dirigir e Thea fez birra para não ajudá-lo. Agradeci mentalmente por isso, pois comigo e ele sozinhos por aqui, nada impedia que fizéssemos nossa própria festinha no meu quarto e isso era o contrário de “ir com calma”.

~

O barulho da campainha era como pancadas de martelo em minha cabeça e o travesseiro não estava dando conta de abafar o som. Maldita campainha, vou arrancar seus fios fritar eles pro café da manhã!

― Fê, abre a droga da porta! ― Cait reclamou ao meu lado na cama, me chutando para fora e se embolando nos lençóis. Meus lençóis!

Esfreguei os olhos com força, com a bunda doída da recente queda orquestrada por minha melhor amiga, altamente frustrada por ter que levantar às nove da manhã em um sábado, depois de dormir de madrugada por conta da minha festa de aniversário.

E que festa!

Ainda acordei umas três vezes durante a noite, me beliscando para ter certeza que todos os beijos e declarações da noite anterior tinha sido mesmo era verdade. Talvez fosse a Felicity gótica de baixa autoestima falando, mas ainda era meio surreal o fato de que era mesmo Oliver Queen o cara que tinha me dito tudo aquilo. O mesmo Queen que era o cabeça do time de futebol do colégio, playboy inconsequente e atual CEO das Consolidações Queen.

― Que merda, Barry! ― resmunguei para meu irmão que babava no sofá e não teve a decência de abrir a porta.

Franzi o nariz para minha sala que estava uma verdadeira bagunça. Copos jogados em cada canto, toda minha humilde coleção de DVDs espalhada, e caixas de pizza e lenços de papel amassados por todo o lado.

A campainha ainda soava quando desliguei a TV, interrompendo uma sequência de episódios de How I Met Your Mother, em que Barry provavelmente deve ter esquecido de desligar. Ah, mas ele ia se ver comigo quando saísse desse coma que ele chama de sono. Não é a toa que se atrase sempre, nunca vi alguém dormir tanto e tão profundamente!

Me arrastei até a porta, disposta a dispensar quem quer que fosse, e voltar a dormir até as cinco da tarde.

― Oliver! ― gritei para o loiro sorridente na entrada, meus dedos parando congelados em meus cabelos mais bagunçados do que nunca.

― Bom dia, morena. ― Percebi que estava com a boca aberta apenas quando ele me beijou rapidamente sem ao menos deixar que eu lhe avisasse que ainda não tinha escovando os dentes. ― Trouxe café da manhã ― anunciou, passando por mim e me entregando dois sacos pardos de papel. ― Nossa, você precisa de uma arrumadeira. Vou ligar para a Raisa indicar alguém.

― Oliver ― chamei sua atenção que já tinha o celular no ouvido, finalmente fechando a porta. ― O que diabos você está fazendo aqui essa hora? ― Ele franziu as sobrancelhas me olhando confuso, como se eu não estivesse vendo algo óbvio, e guardando o celular no bolso do jeans.

― Marcamos um almoço hoje, esqueceu? ― Almoço, que almoço? Vasculhei minha mente em busca de quando tinha marcado qualquer coisa assim, quando lembrei de que isso realmente tinha sido agendado, mas foi antes de toda a confusão da noite anterior acontecer.

― Ah, esse almoço.

― Você esqueceu nosso primeiro encontro oficial? ― Oliver pareceu se divertir com a situação e caminhou até mim, segurando meu rosto com as mãos e se inclinando em minha direção. Me esquivei de seu beijo indo em direção à cozinha e chutando os copos que estavam no caminho, depositando as sacolas que ele tinha trago na bancada. ― Ok, qual o seu problema com minha boca?

Problema? Com sua boca? Fala sério, Oliver! Não tem espelho em casa?

― Você sabe que eu tenho. ― Cerrei os olhos com força quando Oliver respondeu meus pensamentos, parecendo realmente confuso.

― Não é você, é que acabei de acordar!

― E?

― Esquece. ― Eu não iria mesmo discutir minha higiene bucal com Oliver Queen a essa hora da manhã! ― Espera aqui, volto em um minuto.

― Bonito pijama. ― Ele brincou quando eu já saía, me fazendo corar ao conferir minhas próprias roupas.

Corar porque ele estava desejando meu corpo nu? Não!

Corar porque eu parecia uma mendiga, com uma calça velha cor-de-rosa com estampas de mini pirulitos e uma camiseta branca de alcinhas que tinha um furo nada discreto na parte da barriga. Qual é, sou apegada a ela!

Resolvi ignorar aquilo antes que começasse a me embolar com palavras e tornasse tudo ainda pior, situação que era minha especialidade.

Troquei minhas roupas por um short jeans e uma camiseta preta de banda, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo e recolocando meus companheiros de sempre, os óculos de grau.

Quando abri a porta do meu banheiro, prendi a respiração ao encontrar ninguém menos que Thea Queen dormindo no chão. Fechei a porta nas minhas costas para evitar que Oliver a veja ali. Conhecendo o jeito possessivo dele, encontrar a irmã caçula jogada bêbada em um banheiro lhe faria dar uns bons gritos com a pobre coitada.

Como esses Queen’s continuam me metendo nessas confusões?

― Thea? ― Cutuquei seu braço. ― Thea, acorda, seu irmão tá aqui! ― Ela abriu os olhos minimamente, então os fechou de novo, se agarrando ao vaso sanitário e voltando a dormir. ― Ótimo.

Escovei os dentes, joguei uma água no rosto e voltei para a sala com a cara mais deslavada do mundo, como se nada de mais estivesse acontecendo. Oliver estava sentado em uma das banquetas da cozinha, um copo de café em uma mão e um donnut mordido em outra.

― Bom saber que já se sente em casa. ― Ironizei sentando-me ao seu lado.

Talvez lembrando das roupas que usava no colégio, um sorriso mínimo surgiu em seus lábios e pude notar leves notas de nostalgia quando ele me encarava. Fixamente. O donnut pela metade em sua mão. Mordi o lábio encarando minhas pernas e sentindo meu rosto pegar fogo.

Oliver soltou a respiração que eu não sabia que ele prendia, e ouvi seu sorriso.

Mi casa es su casa. Você me disse isso ontem ― respondeu casualmente, voltando a levar o copo de café à boca. Que boca! Foco, Fel!

― Não leve a sério nada que eu fale em espanhol.

¿Porque no? Es muy hermosa cuando habla así. ― Oliver aproximou-se até estar com a boca praticamente encostada em minha orelha, ignorando minha cara de surpresa. ― Además, extremadamente atractiva ― ronronou ao meu ouvido e senti um arrepio começar em minha coluna e espalhar pelo corpo todo. Eu não precisava falar espanhol para entender suas intenções. O maldito observou os pelos arrepiados do meu braço, e voltou para seu lugar com um sorriso safado no rosto. Engoli seco.

― Desde quando você fala espanhol?

― Sou bom de línguas, é só.

Não sei se foi o modo como ele me olhava, toda a ceninha anterior, o duplo sentido de sua última frase, ou o fato de Oliver Queen ser a pessoa mais cheirosa do universo, mas não consegui me conter, e já ataquei (quase literalmente falando!) seus lábios, alcançando seus curtos fios loiros com meus dedos e o trazendo mais para perto.

Oliver enlaçou minha cintura, já parecendo prever que esse seria meu movimento, e nos ergueu dos bancos, me guiando às cegas para algum lugar na cozinha, até minha cabeça ir de encontro à prateleira de temperos, derramando todo o conteúdo dos pequenos potes em cima de nós dois.

― Droga! ― resmunguei tirando o orégano e cominho do meu cabelo.

― Sala ― ele propôs levemente frustrado, balançando a cabeça para se livrar do pó colorante, já me arrastando pelo braço alguns passos para o lado, voltando a me beijar.

― Barry. ― Lembrei quando já estávamos quase caindo em cima dos cobertores que envolviam meu irmão. ― Quarto ― sugeri o puxando pela mão em direção ao cômodo.

― Merda! ― Foi a vez de Oliver resmungar, ainda com a mão na maçaneta, ao ver Caitlin dormindo em minha cama. ― Não é usual, mas vai servir: banheiro. ― Arregalei os olhos alarmada e fiquei entre ele e a porta segundos antes dela ser aberta.

― Melhor não.

― Por que não?

― Porque não. ― Oliver franziu as sobrancelhas, antes de arquear apenas uma, me olhando desconfiado. Pensa, Felicity, pensa. ― Vem aqui. ― O conduzi às pressas ao corredor do lado de fora do meu apartamento, onde iniciamos nosso primeiro beijo, torcendo mentalmente para ninguém aparecer para ver eu me agarrando com um loiro malhado. Thea vai ficar me devendo uma! ― Não é usual, mas vai servir. ― Ele esticou apenas um dos lados da boca em um sorriso malicioso.

― Pretendendo dar um show para a vizinhança? Gostei da ousadia, Smoak.

― Cala a boca, babaca.

Choquei meus lábios nos seus, prendendo seu corpo forte entre o meu e a parede. Quando me imaginei fazendo isso? Nunca! Mas Oliver era terrível, a tentação em pessoa, e tê-lo em meus braços fazia meu juízo e autocontrole virar pelo avesso.

Suas mãos apertavam a carne de minha cintura, aquecendo minha pele com toque nada sutil por baixo da minha blusa. Mordi os lábios com força quando os dele escorregaram para meu pescoço, sugando uma parte sensível, enquanto seus dedos agora subiam por minha coluna, levando consigo o tecido.

Ok, testando movimentos novos?! Felicity aprovou!

― Felicity? ― A voz de uma terceira pessoa fez com que eu me afastasse o empurrasse com raiva. Dele? Não. Da vizinha? Talvez. Mas principalmente do meu azar que até deu alguma folguinha, mas já tinha voltado acenando dizendo que nunca me deixaria. Isso é amor eterno, o resto é treta.

― Qual é? ― resmunguei contra o ombro de Oliver, antes de abrir um sorriso falso e me virar para ela.

Nyssa Al Ghul.

A vizinha fitness recalcada que só me cumprimentava para pedir produtos naturais que eu não tinha, e que amava me atormentar com barulhos suspeitos na madrugada. Quem prega prateleiras às duas da manhã de uma terça-feira? Nyssa. Quem treina algum tipo de luta todo santo dia depois da meia noite? Nyssa. Quem bate na minha porta e quando abro some? Nyssa. Ok, essa última parte eu não tinha certeza, mas vou acusá-la mesmo assim. Caitlin dizia que tudo era uma quedinha que ela tinha por mim, mas eu me negava a acreditar. Ela me odiava!

― Existem quartos para isso, não sabe?

― Olhe para Felicity, você acha que deu tempo de chegar ao quarto? ― Oliver comentou brincalhão, tentando amenizar o clima. A morena fixou um olhar assassino nele, depois um provocativo em mim. O coitado não tinha noção da orientação sexual da minha vizinha, e sem querer, fez com que a tese da minha amiga fosse comprovada. Droga, Oliver!

― Antes que isso aqui fique mais constrangedor, é melhor entrarmos. ― Empurrei as costas dele para dentro do apartamento. ― Nos vemos por aí. ― Fechei a porta atrás de mim. ― Ou melhor não. ― Suspirei aliviada. Eu tinha medo de Nyssa.

― Você precisa de um apartamento maior. ― Ele tocou meu nariz com o indicador.

― Ou de menos pessoas que se abanquem por aqui com tanta frequência. ― Caminhei pisando firme até o sofá, ficando atrás do estofado e reunindo todas as minhas forças para virá-lo. Sim, ia sobrar para Barry!

― Ai! Terremoto! ― O moreno gritou quando ele girou em direção ao chão, batendo a cabeça no pé da mesinha de cabeceira. Só isso mesmo para acordar aquele demente.

― Tem casa não, queridinho? Vaza! ― Coloquei uma mão na cintura numa pose autoritária e apontei em direção à porta, fazendo Oliver gargalhar e Barry massagear o local doído na testa, parecendo captar aos poucos o que acontecia.

― Tadinho, Fê. ― Cait chegou arrastando os pés, parecendo ter acordado a poucos instantes. Ótimo, quando o clima é cortado, todo mundo acorda!

Barry pareceu despertar de vez quando piscou repetidas vezes, olhando fixamente para as pernas da minha amiga, nuas por causa do vestidinho do pijama. Ela não tinha se dado conta desse detalhe, até que viu Oliver encostado casualmente no balcão rindo da coisa toda. Seu rosto começou a avermelhar e ela correu de volta para meu quarto, murmurando desculpas desconexas.

― Igualzinho você quando te vi de assim pela primeira vez.

― Não me lembra. ― Balancei a cabeça afastando a lembrança. Eu tinha pedido demissão e o maldito do meu chefe tinha vindo me atormentar para voltar ao trabalho. E olha onde isso nos trouxe meses depois...

― Para um dos momentos mais felizes da minha vida. ― Ele comentou com um sorriso enorme nos lábios. Tão lindo, natural e autêntico que não tive como não sorrir de volta.

― Deus! ― Barry falou encenando nojo e quebrando nosso confortável contato visual. ― Só não se peguem na minha frente.

― Pra casa! ― Indiquei novamente a porta. Ele ajustou as roupas, calçou os All Star, pegou as chaves e o celular em cima da mesinha e foi até a porta.

― Nunca mais me ligue quando precisar de chocolate, café ou absorventes de emergência. E diz pra Cait que depois falo com ela.

Diz pra Cait que depois falo com ela. Idiota apaixonado. ― Fiz uma imitação bem ruim dele depois que a porta se fechou, arrancando mais uma risada de Oliver.

― Bom, agora que o sofá está liberado... ― Ele começou sugestivo.

― Ollie? ― Oh, não! Todo o trabalho que tive para esconder a criatura, e do nada Thea me aparece na sala, descalça, parecendo ainda estar dormindo.

― Speedy? O que faz aqui a essa hor... ― Um brilho de entendimento cruzou o seu olhar, para logo em seguida se turvar de raiva. ― Barry! ― Segurei seu braço para impedir que ele fosse atrás do meu irmão e o fizesse em pedacinhos.

― Meu Deus, Oliver, entenda que meu irmão e sua irmã não tem nada!

― Não?

― Ele dormiu no sofá vendo série, e ela desmaiou no banheiro. Sozinha.

― Me leva para casa, maninho? ― A Queenzinha pediu manhosa.

Quase vi coraçõeszinhos saírem dos meus olhos quando ela o envolveu com os braços, descansando a cabeça em seu peito, em um gesto não exatamente consciente, talvez dominado pelo sono. Oliver me olhou um pouco assustado, claramente não acostumado com o contato, mas passando o braço por seus ombros.

Resisti ao impulso de pegar meu celular e tirar uma foto, tão bela era a cena.

“O que faço?” Ele gesticulou com os lábios para mim. Sorri encantada, devolvendo um “vá para casa e fique com sua irmã”. Oliver riu conformado, mas não realmente satisfeito, antes de erguê-la no colo e caminhar em direção à saída.

― Te ligo mais tarde. ― Se inclinou para um beijo rápido antes que eu fechasse a porta em suas costas, meu sorriso não tendo como ser mais ampliado.


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Notas finais do capítulo

E foi!!! Eles finalmente estão juntinhos e misturados, com tempero e tudo!!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Mas como sempre, as coisas não serão molezinha para nossos lindos, próximo capítulo promete!! E o que será que Thea quis dizer com "Você só viu a ponta do iceberg, cunhadinha"? Será que Oliver ainda vai aprontar? É só aguardar...
E a zueira com o Barry never end!! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Agora o papo sério...
Fiz alguma coisa de errado? Porque assim, todo mundo pedia POV do Oliver, daí quando escrevo um, o feedback diminui consideravelmente!!! Então, queridos e queridas, se tiverem alguma dica, sugestão, crítica construtiva, não deixem de falar, seja por MP ou review. Ellen fica feliz em ler e responder todos, e quem sabe, até adaptá-los à história.

Ah, tenho um adendo a fazer...
Muito obrigada à minha linda leitora Any Queen!!! Essa querida referenciou nossa humilde fic nas notas da dela, que por sinal, é um amor... Chama-se "Juntos pelo Acaso", se ainda não viram, procurem e deem uma lida, é ótimo!!!

Dito isso, nos vemos nos reviews!! E se acharem que a fic merece, deixem suas recomendações e favoritações!!! Mil beijos!!!

p.s.: A Mili me perguntou nos comentários se eu acho que Olicity volta até o a season finale. Disse que não sabia, mas considerando o episódio de hoje, minhas esperanças renasceram!! Bate aqui, Curtis, me represente e faça Fel dar uma acordada pra vida!!!

Agora sim, já vou, essas notas estão ficando maiores que o capítulo em si!! Rsrsrsrs
Até mais... Bjs*