A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 7
Confiança?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Gostaria de pedir desculpas na demora em postar o capítulo, pois tive problemas e questões pessoais para resolver, que acabaram me atolando e ficou impossível em atualizar a fic. Obrigada a todos que estão acompanhando, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681185/chapter/7

— Ah... minha cabeça dói... – a caçadora disse gemendo após levar a mão à testa. Abriu seus olhos e se viu no espaço um pouco familiar. Visou todos os lados virando o rosto lentamente, pois ainda tinha dificuldade de manter um equilíbrio mental. Sentia tontura e um gosto amargo na boca, como se estivesse sob efeito de drogas.

Levou a mão ao rosto e respirou fundo, foi quando as memórias vieram à tona e esta logo percebeu que não estava em seu quarto, tampouco sua casa.

— Adrian... – sussurrou, já de olhos arregalados.

Levantou cautelosamente percebendo cada canto do lugar que sua mente lutava para reconhecer. Quando parou numa posição, sentada na borda direita da cama; bateu no colchão e virou-se para olhar a janela à sua esquerda. Já era noite, e o quarto era iluminado apenas por uma luz de vela em cima da cabeceira.

Então ouviu passos, de repente. Pareciam ser apenas de uma pessoa; logo ficou em alerta, pronta para receber o indivíduo.

— Pelo visto já acordou. – disse a voz masculina.

Ele estava lá, enfim. Apareceu justamente no momento de fragilidade da caçadora. Richter. Praticamente era a última pessoa a quem Maria gostaria de se comunicar.

— Richter. – suspirou a caçadora, demonstrando o seu não querer para uma conversa com ele.

— Já que está melhor podemos conversar. – disse ele, dando alguns passos para adentrar no quarto.

— Já conversamos, Richter. Todos nós estamos cientes. Somente gostaria de saber é: por que estou em sua casa? E onde está Annette?

— Ela está descansando. – disse secamente – Não preciso entrar em detalhes já que sabes de quase toda a história.

— Quase toda? – a caçadora perguntou confusa. Era possível notar que ela não estava sendo sarcástica.

— Tivemos que sair às pressas do vilarejo. Talvez deva imaginar o motivo. – ele apenas terminou de andar quando ficou frente à cama onde Maria estava.

A mulher revirou os olhos para os lados, recordando-se dos últimos eventos que terminaram em seu desmaio provocado por... Alucard, Adrian.

— Foi ele quem avisou vocês a deixarem o lugar? - Maria perguntou apreensiva.

— Sim. – assentiu – Ele chegou no quarto da pensão sozinho. Quando nos contou o ocorrido, Annette ficou tão estressada que quase passou mal. Quando disse o que fez a você, fiquei irritado a ponto de querer agredi-lo.

A mulher arregalou os olhos assustada.

— Se o fizesse, é claro que isso poderia causar uma confusão, prejudicando Anne e o nosso bebê. – ele fez um gesto com as mãos – Mas nem menos houve uma conversa. Ele pediu que saíssemos do vilarejo imediatamente e levássemos você para a nossa segurança.

Maria olhou para baixo sem dizer algo. Não sabia o que falar para ele. Queria defender seu noivo, mas também estava chateada com ele pelo que fez.

— Pode me explicar o que diabos está acontecendo lá?! – Richter aumentou um pouco a sua voz, fazendo-a franzir a testa, mostrando um pouco de irritação.

Maria queria gritar sobre tudo que estava ocorrendo e descontar nele. Era como se em pouco tempo, tudo estivesse caindo e recaindo sobre ela.

Então respondeu da melhor forma que pôde:

— Estou cansada, Richter. – a voz foi séria e firme.

— Você dormiu por horas, Maria!

— Minha cabeça ainda está latejando e estou estressada. O dia foi tão cansativo para você quanto para mim.

Richter ficou em silêncio para notar a expressão de seu rosto, logo, ergueu as sobrancelhas impressionado e ao mesmo tempo irritado.

— Não acredito que está desse jeito por causa da conversa que tivemos antes.

— Já disse que estou cansada Richter! – disse um pouco mais alterada – Nessas últimas horas uma chuva de problemas surgiu, estou sobrecarregada. Algumas crianças do orfanato ficaram doentes, depois mais pessoas ficaram do mesmo jeito como por mágica! Tentei investigar a situação com Adrian, e a única coisa que arranjei foram mais perguntas que respostas. Sem contar que agora estou aqui por causa dele...

As últimas palavras ficaram no ar. Ainda era doloroso saber que seu noivo a hipnotizou contra sua vontade para "protegê-la" de um desconhecido mal.

— E você ainda confiava nele... – o caçador disse baixo, mas com efeito, quase ironicamente.

Richter estava prestes a sair, quando novamente Maria ergueu sua voz:

— E ainda confio. – ela respondeu como se quisesse desafiá-lo.

— Você está sendo tola, Maria. Olhe onde está agora por causa de sua criancice! Ainda acha que eu poderia permitir um casamento como esse?!

A voz dele ecoou pelo ar. Ela pensou nas últimas palavras dele. Seria ela, então, o motivo da recusa de bênção de Richter? Maria lançou um olhar afiado mostrando estar extremamente irritada, mas sequer retrucou aquela “afronta” pois no fundo sabia que estava agindo por impulso. E é claro que a mulher não queria dar outro motivo para Richter se queixar. Por fim, a única coisa que fez foi virar o rosto bruscamente para o lado.

— É melhor que fiques aí mesmo para refletir sobre tudo isso e começar a agir com juízo daqui em diante. – ele mal quis esperar Maria voltar seu olhar a ele. Saiu em seguida e fechou a porta.

Restou somente o vazio do silêncio e um pesado clima que os dois construíram. Tudo estava dando errado, de uma hora para outra. Começou com inocentes crianças que passaram mal no orfanato, dando lugar a uma epidemia geral, que mostravam exatamente os mesmos sintomas. A essa hora, possivelmente, quase todos os habitantes deveriam estar infectados com essa doença se ela continuasse a se expandir nesse ritmo. Ela não sabia o que era essa doença, como era transmitida, se havia cura, e pior, se era mortal. Quem poderia garantir que ela já não estivesse infectada, ou Richter e Annette, que estava grávida? Se sua irmã apresentasse os sintomas a caçadora nunca iria se perdoar caso isso afetasse o bebê.

Maria sentiu-se traída. Aquelas últimas imagens de Adrian perseguiam-na em todo o momento. O que houve com o voto de confiança? O que ele seria capaz de fazer para deixá-la aparentemente segura?

Ela ouviu uma sequência de sons vinda da janela. Deixou seus pensamentos de lado, e hesitando um pouco, levantou da cama para ver o que estava acontecendo. Como já era noite estava difícil enxergar algo do lado de fora. Levou um susto ao ver a figura à sua frente, mas logo se recompôs.

— Você me assustou! – disse em voz baixa para o pequeno animal, a pequena coruja branca.

Maria abriu a janela com cuidado para não fazer muito barulho. Na mesma hora a coruja entrou e pousou na cabeceira da cama. Em silêncio, ela encarava a mulher intensamente.

— Desculpe. – ela falou baixando um pouco a cabeça – O dia hoje foi bastante cansativo e... – ela fez uma pausa – ah... o que eu posso fazer...

A caçadora esticou-se para observar o lugar à fora. A lua era encoberta a todo o momento pelas densas nuvens, deixando a noite ainda mais escura. Desejou saber onde Adrian se encontrava e o que estava fazendo. Queria confrontá-lo, pedir explicações, desabafar. No momento, procurar por ele era impossível, sabia disso. Estava longe demais do vilarejo e seria inútil sair da casa àquela hora.

Estava sem fome e cansada. Tinha vontade de gritar para o mundo e ao mesmo tempo se esconder dele. Voltou a cama, envolveu-se nos lençóis e fechou os olhos, na esperança que tudo pudesse ser resolvido o mais breve possível.

—------------------

As lamparinas dispostas na pequena mesa central quadrada haviam sido acesas novamente na sala particular. Na fogueira puseram mais lenha para o fogo continuar queimando. Ninguém esperava por aquela conversa de última hora, tampouco o visitante, mas era uma emergência e ambas as partes estavam de acordo que a reunião não poderia esperar.

O homem vestindo um roupão que cobria seu pijama sentou no pequeno sofá de madeira nobre acolchoado com um tecido verde. Ele mantinha um rosto sério, porém estava apreensivo. Não queria demonstrar isso, muito menos para seu visitante que entrou na sala e disse:

— Peço desculpas por vir aqui a essa hora. Mas infelizmente o assunto a qual preciso lhe falar é de extrema importância. – o homem disse sem alterações em sua voz. Estava sério e centrado.

— Eu entendo. Sente-se. – o anfitrião estendeu a mão para o visitante – Pelo visto essa conversa não será tão simples e rápida de se concluir.

— Concordo. Agradeço por ter me recebido aqui, Lorde Galvan. – o homem não queria se sentar, imaginava que isso atrasaria seus planos e o tempo não estava ajudando. Mas não havia como conversar claramente com outra pessoa em pé. Então o fez.

— Diga-me, o que está acontecendo para surgir em minha casa às três da manhã, senhor Adrian?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição Silenciosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.