A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 8
Uma conversa entre cavalheiros (Interlúdio)


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores, vim contar a vocês essa curiosidade: na verdade esse capítulo "não deveria existir". Primeiramente pensei nele como uma breve conversa, nada que se estendesse por um capítulo inteiro. Até pensei em estendê-lo, mas decidi que o melhor seria deixar esse clima de mistério ahuahuahua.
Obrigada e boa leitura! ♥



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A noite estava fria e calma. Os animais noturnos emitiam certos sons de arrepiar a espinha, como um coral medonho num cenário melancólico. O vilarejo estava calmo, até, diferentemente do ocorrido pela manhã, um verdadeiro pandemônio. Já longe dali, na grande mansão do Lorde os empregados dormiam tranquilamente, mal sabendo o que ocorria na sala particular de Christopher. Os dois homens se entreolhavam seriamente, como se a decisão que fosse tomada pudesse determinar o destino de todos aqueles doentes.

Em outras situações Lorde Galvan nunca atenderia um chamado daquele no meio da madrugada. Mas era Alucard quem estava presente, e depois do ocorrido há um mês ele sabia que qualquer assunto dito pelo meio-vampiro ou por Maria era de suma importância.

— O vilarejo está um caos. – Adrian foi direto.

— Ouvi comentários de alguns empregados que foram lá hoje. – o lorde cruzou os braços – Disseram que umas pessoas passaram mal, mas nada além disso.

— Eles estão bem? – o meio-vampiro ergueu um pouco as sobrancelhas.

— Sim. – ele assentiu, mostrando um rosto confuso.

— Pois certifique-se depois.

— Espere. – o lorde levantou a mão direita – Você ainda não me explicou o que está acontecendo. O vilarejo está um caos? Quer que eu veja se meus empregados estão bem? Céus!

— Tudo começou no orfanato onde Maria é voluntária.

— Maria? – Christopher se mostrou assustado – Ela está bem?

— Sim. Está num lugar seguro – Alucard deu um breve suspiro – bem longe.

— Bom.

— Algumas crianças começaram a passar mal e nós dois fomos até o local onde elas haviam ido comprar alimentos, numa feira ao final do vilarejo. Procuramos por algo suspeito ao redor, mas não encontramos nada. Até falamos com os responsáveis, mas não apresentavam nada incomum. Foi então que...

— O quê? Diga!

— Um deles começou a passar mal. Repentinamente.

— Mas isso ainda não explica o porquê de ser uma emergência!

— Ainda não terminei. – o meio-vampiro franziu um pouco a testa. Então deu um suspiro:

— Pudemos identificar a similaridade da mesma moléstia tanto no homem quanto nas crianças observando a mesma marca presente em seus braços. Uma espécie de mancha roxa era visível não somente nesses casos, como nos seguintes que foram surgindo a cada momento.

— Meu Deus... E-eu nunca ouvi falar de uma doença como essa, nem mesmo com meus colegas médicos do reino da Prússia!

— Corpo e cabeça dolorida, desmaios, e a maldita marca em forma de raiz em seus pulsos.

— Adrian completou – Mal saímos da feira e logo a enfermaria estava lotada de gente. Mandei Maria e seus familiares para o mais longe possível para assegurar que estaria bem... – ele olhou para baixo. No fundo estava odiando a si mesmo por ter feito aquilo, mas sabia que era tudo para sua segurança.

— Mas e se ela... – o lorde hesitou.

— Ela não está infectada. – Adrian respondeu friamente – Me certifiquei disso. Tanto ela como Richter e Annette.

Um breve silêncio tomou conta da sala. Foi possível ouvir o som de corujas e até mesmo da queima de lenha.

— Uns homens montados em cavalos surgiram em meio aquela confusão. Pelo trajar de suas roupas eram mercenários. Sabe de algo sobre?

Christopher ergueu uma sobrancelha. Mostrava-se um pouco desconfiado.

— Sei que gente rica paga essas pessoas para ter segurança, mas... Não entendi o porquê de estarem numa enfermaria.

— Tentei arranjar informações ao cair da noite. Entrei na enfermaria, mas os homens haviam partido. Tudo estava calmo lá dentro. As camas estavam repletas de pacientes, que dormiam sem dificuldades. Não encontrei médicos, tampouco as freiras da irmandade de Santo Socorro.

— Talvez a irmandade tenha pedido os serviços desses mercenários. – disse o lorde levantando uma mão – do jeito que a situação se encontra, eles devem precisar de uma guarda.

— Não sei... – o meio-vampiro balançou a cabeça – Uma irmandade pagar mercenários não me parece algo comum.

— Essa história está confusa demais. Uma doença que está infectando todos do vilarejo; mercenários surgindo na enfermaria da irmandade... ah...

— Maldição. – Adrian resmungou, levantando-se em seguida – Vou continuar investigando. Obrigado por me receber aqui, Lorde Galvan.

— Só isso? O que farei, então? – ele perguntou indignado.

— Fiz as perguntas a você e já recebi as respostas.

Em silêncio, Adrian caminhou até a porta, imaginando quais seriam seus próximos planos. Sabia que estava sozinho, mais uma vez. Tentaria buscar as respostas sozinho o mais rápido possível já estava prestes abri-la, quando o outro homem, inconformado, disse:

— Eu gostaria de ajudar também, oras! Irei com você.

— Não. – cortou o meio-vampiro.

— O quê? Não vou ficar parado enquanto tudo isso acontece-

— Não seja tolo, Christopher! Mal sabemos se essa doença é contagiosa. Se ires até o vilarejo correrá o risco de sofrer a mesma moléstia. Como acha que Maria poderia ficar ao saber disso?!

As palavras surtiram efeito no lorde, que logo se calou, ficando boquiaberto. Maria amava-o muito e se preocupava com a segurança do amigo. Tanto, que fez de tudo para Alucard poupar sua vida quando foi tomado por um demônio. Adrian sabia que se algo ruim acontecesse com ele, sua noiva nunca mais seria a mesma.

— Mas... – Christopher insistiu numa última tentativa – deixe-me fazer algo... por favor...

Adrian reparou nos olhos do homem. Viu determinação e, ao mesmo, angústia de alguém que via o vilarejo em que nasceu sofrer.

— Me mantenha informado, então. Fale com conhecidos seus, busque informações e eu mesmo virei aqui para saber. – disse Adrian, e terminou com ênfase – Mas de modo algum vá ao vilarejo ou deixe seus empregados irem.

— Entendido. Farei tudo que estiver ao meu alcançe.

O meio-vampiro assentiu. Um problema a menos.

Ele voltou para a porta, e ao tocar a maçaneta, virou-se uma última vez:

— Preciso de outro favor.

— Diga.

— Você é um homem influente por isso não deve ter problemas. Quero que dê um jeito de bloquear a entrada só vilarejo e qualquer acesso a ela. Ninguém mais pode entrar, muito menos sair.

— M-mas como farei isso? – perguntou apreensivo.

— Tenho certeza que dará um jeito. Você é um homem influente por aqui.

 

Adrian deixou a sala e um homem boquiaberto, como se mal acreditasse no que acabara de ouvir. Era uma situação emergencial, e medidas drásticas precisavam ser tomadas, ambos sabiam disso. Uma das metas principais era conter essa epidemia, evitando que se espalhasse para outros lugares, até mesmo capitais de reinos próximos. Assim, teriam apenas a preocupação de descobrir uma cura para essa doença.

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Adrian saiu do mesmo jeito que entrou na mansão: misteriosamente e sem deixar um rastro sequer. No fundo estava profundamente irritado e incomodado. Diversos problemas surgiram em tão pouco tempo e pareciam somente se acumular, sem a mínima possibilidade de solução. Em outros tempos deixaria os habitantes resolverem suas questões entre si, mas após o tempo que passou vivendo com humanos o fez mais humano. Ele não era obrigado a fazer tudo isto, mas sentia-se na obrigação. Maria o deixou assim. Esse era o lar dela, Alucard não poderia deixá-lo morrer. Saiu então numa busca solitária por uma cura da doença.

O homem lamentou aos céus por não tê-la ao seu lado.


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