Wrong Number escrita por Clarice Reis


Capítulo 4
Magnus Bane


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpa a demora, mas eu estava me recuperando daquele beijo sensacional do episódio 12. Alguém aqui viu e também surtou? Ok, voltando, espero que gostem do capítulo e por favor me avisem se encontrarem algum erro. Beijos ♥



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“Quer conversar?”

A mensagem chegou depois de alguns minutos. Encarei o celular e refleti sobre o que estava prestes a fazer. Eu iria mesmo contar tudo para um estranho? Passei anos dizendo a mim mesmo que podia lidar com aquilo sozinho, que não precisava da ajuda de ninguém. Foi muito difícil falar sobre isso com a minha própria irmã, por que de repente eu sentia que podia falar sobre o assunto com alguém que nem ao menos conheço? Talvez essa seja a questão, eu não o conheço. Tudo que sei sobre esse homem é que seu nome é Magnus e que ele passou por uma situação semelhante a minha. Ele não sabe quem eu sou, não sabe quem é Jace ou Clary, e eu meio que já contei o problema de qualquer forma. O que tinha a perder?

“Sim, mas não sei por onde começar”

Eu realmente não tinha ideia do que dizer. Foram anos apaixonado por Jace, anos convivendo com esses sentimentos, era muita coisa e eu não sabia como explicar tudo através de uma mensagem de texto.

“Você podia me falar um pouco sobre ele”

Quando comecei a escrever, percebi que aquilo definitivamente não seria fácil. Sempre acabava me perdendo nas palavras e apagava tudo porque achava que não estava bom o suficiente. Já estava na terceira tentativa, quando me cansei e resolvi mandar o que já tinha digitado. Não era a melhor descrição do mundo, mas iria servir.

“Nós fomos criados como irmãos. Ele veio morar com a minha família quando tinha dez anos e acabamos nos tornando melhores amigos. Jace sempre foi o melhor em tudo que faz. Ele é bonito, confiante, o tipo de pessoa que atrai todos os olhares para si. Confesso que as vezes ele pode ser meio arrogante, mas acho que já me acostumei com isso”

“Vocês ainda moram na mesma casa?”

“Começamos a dividir um apartamento no início da faculdade”

“Você ainda está na faculdade?”

“Sim”

“Deve ser difícil para você ter que dividir um apartamento com ele”

“Na época que decidimos isso, eu achei que já tinha superado. Disse a mim mesmo que não sentia mais nada, mas estava errado”

Nesse instante, a porta do quarto foi aberta. Jace se encostou na parede e estava com um telefone na mão.

— Alec, nós vamos pedir uma pizza, vai querer também?

— Não estou com muita fome – murmurei.

Ele arqueou as sobrancelhas e seu rosto assumiu uma expressão preocupada.

— Tem algo errado? – questionou.

— Não, claro que não – afirmei.

— Você parece estar meio distante.

— Eu estou bem, só estou cansado por causa da semana de provas – Jace acreditaria nisso. Sempre acabo ficando nervoso em período de provas e passo muito tempo no quarto estudando.

— Tenta relaxar, ok? Você sempre tira as melhores notas – disse sorrindo – Terminou o trabalho?

Trabalho? Já ia perguntar do que ele estava falando, quando lembrei que essa foi minha desculpa para não ter que assistir um filme com eles.

— Não, só resolvi fazer uma pausa – sabia que se dissesse que tinha terminado, Jace tentaria me convencer a ir para a sala.

— Bom, nós vamos pedir a pizza, vou guardar uma fatia para você de qualquer forma.

— Obrigado – não consegui conter um pequeno sorriso.

Ele fechou a porta e voltei a minha atenção para o celular. Uma mensagem nova.

“Ele sabe que você gosta de homens?”

“Não”

A ideia de contar para Jace era assustadora. Isabelle sempre me incentivou quanto a isso, disse que tudo ficaria bem e que ele ia continuar me amando da mesma forma. Eu tinha medo de que isso acabasse não sendo verdade. Medo de que ele não conseguisse me aceitar, que sentisse nojo de mim. Já tinha visto isso acontecer antes com outras pessoas, tinha medo de perder meu irmão e meus pais, caso viesse a contar.

“Tem medo de dizer?”

“Não sei como Jace iria reagir. Não quero perde-lo, ele é muito importante para mim”

“Acha que ele te deixaria por causa da sua sexualidade?”

Jace nunca me deu motivos para pensar dessa forma. Eu sabia que todo esse medo era algo meu e que não havia nenhum fundamento nas teorias que a minha mente criava. Mesmo assim, ainda não conseguia afastar esses pensamentos ruins.

“Não sei”

“Se ele te abandonasse por um motivo como esse, ele seria um idiota. Mas, sendo bem sincero, acho que você devia dar uma chance, talvez a reação seja muito melhor do que você espera”

“Talvez... mas, não pretendo contar por enquanto”

Aquele assunto me deixava desconfortável. Pensei em algo para dizer para não ter mais de falar sobre aquilo, e percebi que Magnus ainda não tinha dito nada sobre si. Eu queria ouvir a sua história. Ele passou por uma situação semelhante a minha e aparentemente conseguiu superar, eu queria saber como.

“Tem algo que eu gostaria de te perguntar...”

“Fique à vontade”

“Como conseguiu superar o que sentia pelo seu amigo?”

Tinha esperança de que sua resposta não fosse algo como “dê tempo ao tempo”, eu realmente não estava muito interessado em ouvir o mesmo conselho idiota que todos sempre davam. O tempo definitivamente não conseguia mudar os meus sentimentos, afinal, estou na mesma situação já faz mais de quatro anos. Eu precisava de algo concreto, algo que não envolvesse a ideia de que essas emoções desapareceriam de forma natural. Precisava de uma fórmula, um passo a passo, e não importava o que teria de fazer, apenas queria tentar.

“Bom, eu fiz todo o possível para evitar pensar nele. Saí com meus amigos, fui para festas, fiquei com várias pessoas. Não estou dizendo que isso vai resolver, afinal, emoções não desaparecem dessa forma, mas ocupar sua mente com outras coisas é importante. Depois de alguns meses, conheci uma garota de quem realmente gostava e ela aos poucos me fez esquecer o Will. Essa é a realidade, o ser humano se apaixona várias e várias vezes, talvez você precise de um novo amor para poder superar esse”

Um novo amor não parecia ser algo tão simples de se encontrar. Não para mim. Outra mensagem chegou logo após eu terminar de ler.

“Sei como é estar apaixonado. Sei que você deve estar pensando que não vai conseguir gostar de outra pessoa nesse momento, mas se dê uma chance, ok? Tem muita gente interessante por aí, quem sabe alguém não acaba te surpreendendo?

Sabia que Magnus estava certo. Eu não poderia estar fadado a um amor platônico pelo resto da vida, tinha que tentar seguir em frente. Eu tinha noção do que devia fazer, o grande problema era como. Durante esses anos, não tive muitos encontros e nem conheci pessoas que me interessavam a ponto de querer algo mais. Além do mais, eu não possuía nenhuma habilidade para flertar, o que dificultava tudo ainda mais.

“Você está certo. Apenas não sei por onde começar, não saio muito e por isso acabo não conhecendo tanta gente nova”

“Eu sou dono de uma boate. Se quiser aparecer por lá, tenho certeza que você iria gostar. É um bom lugar para conhecer pessoas”

Minha experiência com boates não era das melhores. As únicas vezes que fui, tive que ser arrastado por Isabelle e quase sempre acabava sendo sozinho sentado no bar enquanto ela conversava com amigos ou ficava com algum garoto.

“Não é muito o meu estilo”

“Entendo, mas de qualquer forma, deixo o convite se um dia quiser ir. Sabe, percebi que estamos conversando já tem um tempo, e eu ainda não sei o seu nome"

“Alec Lightwood”

“Alec é um apelido?”

“Sim, meu nome é Alexander, mas ninguém me chama assim”

“Eu gosto do seu nome, Alexander. Me chamo Magnus Bane”

Conversar com Magnus tinha sido uma boa ideia. Enquanto conversávamos, as risadas e as vozes vindas da sala pareciam estar em segundo plano. Estava tão concentrado nas mensagens, que poderia simplesmente ignorar o fato de que Clary e Jace estavam ali. Isso era bom. Na verdade, era muito bom.


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