Anjo das Trevas - 2ª temporada escrita por Elvish Song


Capítulo 7
Núpcias


Notas iniciais do capítulo

Agora sim, na ordem correta, o casamento de Renard e Gabi. hahaha. Peço perdão pela troca de capítulos, mais uma vez.



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Annika ajudou Gabrielle a se aprontar para a cerimônia clandestina que se daria naquela tarde; por conveniência, tanto Gabi quanto Renard concordaram que tudo deveria se passar do modo mais discreto possível, sem celebração ou extravagâncias. E para a jovem, a situação não podia ser mais estranha: ao mesmo tempo em que se sentia feliz por estar prestes a se casar com Renard, sentia-se mal por ser aquele casamento algo arranjado... Nenhum dos dois jamais havia pensado em as casar, e aquela súbita mudança de planos a fazia sentir como se estivesse se aproveitando do amor do rapaz. E saber que tudo seria apenas uma fachada, que não seria esposa dele de fato, que tudo se tratava apenas de protege-la, piorava ainda mais a sensação.

— Eu não posso fazer isso, Annika. – suspirou a adolescente, quando a irmã terminou de fechar seu vestido.

— Por que não, abelhinha? – perguntou a mais velha, virando-a docemente para si – está com medo?

— Não... – os olhos da garota lacrimejaram um pouco – não tenho medo de Renard, mas... Não é justo com ele. Não posso usá-lo deste modo, não sabendo que... – ela meneou a cabeça – como vou manter um casamento de fachada com o homem que amo, sabendo que ele me deseja e me ama também, mas sem poder ser sua esposa, de fato? Não posso fazer isso com Renard, Annie. Não posso me casar com ele só para fugir de nosso pai...

— Querida, ele sabe perfeitamente das condições de seu casamento. Foi ele quem o propôs. Você não o está usando... Ambos sabem as regras desse jogo.

— Um jogo no qual ele está em desvantagem: ele me ama, Annie.

— E você não o ama? – perguntou a mulher, acariciando o rosto da caçula, já sabendo a resposta.

— Desesperadamente. E por isso eu queria... Por isso eu não sei...

— Queria se entregar a ele, mas tem medo de não conseguir. – concluiu Annika, baixando os olhos. – Renard não é um garoto, Gabi; ele sabe o que você passou, e não vai força-la a nada que você não queira.

— É o que me faz sentir pior ainda, esse respeito que ele tem por mim. Vamos dormir no mesmo quarto, eu serei sua esposa, mas não poderei satisfazê-lo como homem...

— Não pense nisso, meu amor – disse Annika – ofereça a ele o que você pode dar: seu amor, sua companhia, seu respeito e amizade. E, se um dia se sentir pronta, então entregue-se a ele; mas não se sinta culpada, enquanto não o fizer. Renard sabe o que escolheu, e as escolhas dele são motivadas por amor a você. Amor, Gabi, não desejo. – a menina abraçou sua irmã – mas, se achar que o peso é grande demais para você, sabe que não é obrigada a nada. Encontraremos outra forma, se for o que quer.

— Não... – respondeu Gabrielle, endireitando-se – vamos terminar com isso. Encontrarei um modo de viver com Renard... Um modo de sermos felizes.

— É claro que encontrará! – encorajou Annika, beijando a fronte da tão amada irmã – Afinal, vocês se amam! É só isso o que importa! – e provocou – se eu e Erik conseguimos nos arranjar, por que vocês dois não conseguiriam?

Aquelas palavras provocaram uma risada genuína na jovem noiva, que pensou em todas as brigas, rusgas e discussões que sua irmã tivera com o marido... Com certeza, ela e Renard nunca haviam passado nem perto de tentar matar um ao outro – na de verdade, pelo menos – e a amizade de que sempre haviam desfrutado certamente tornaria tudo mais fácil. Sim, ela podia fazer isso. Daria um jeito de ser feliz com o homem a quem amava, e acharia um modo de fazê-lo feliz.

Annika terminou de arrumar a menina, não conseguindo conter um lindo sorriso ao encarar sua irmãzinha: Gabrielle crescera para se tornar uma moça linda! Em pleno frescor dos dezesseis anos, parecia uma jovem rosa desabrochando! Cabelos louros como palha de trigo, agora presos num penteado elegante, emolduravam um rosto de olhos grandes e expressivos, lábios rosados em forma de coração, feições delicadas que escondiam toda a força da jovem. Pequenas sardas no nariz a deixavam com ar levemente mais infantil, verdadeiramente encantadora! Uma jovem fada, linda como o alvorecer em seu vestido azul de várias camadas.

— Pronta? – perguntou Annie, abraçando sua “abelhinha” pelos ombros.

— Pronta – sorriu a moça, timidamente – vamos lá.

Gabrielle

*

Sozinha no quarto, Gabrielle se sentou sobre a cama, pensativa: Renard a tratara como o mais perfeito dos cavalheiros, gentil, cortês e romântico, elogiando-a e dirigindo-lhe carícias delicadas nas mãos e cabelos. Após o casamento – realizado na pequena igreja perto do teatro, com a presença dos amigos mais próximos – ele a levara a cavalo para o Casarão, apenas eles dois, impedindo os outros membros do grupo de a constrangerem com piadinhas ou comentários maliciosos. Não que fizessem por mal, mas os Garotos do Beco raramente sabiam até onde uma brincadeira podia ir. E agora, finalmente, deixara-a sozinha para que pudesse se trocar e pôr roupas de dormir; confusa com tudo o que sentia, ela girava no dedo a aliança recém-adquirida, pensativa. Ele lhe prometera amor, carinho, proteção... Fizera aquelas promessas com tal sinceridade no olhar, que ela quase não conseguira se lembrar que aquele era um casamento por conveniência, feito às pressas para que seu pai não a pudesse levar embora. O sentimento na voz de Renard, o amor em seus olhos, a alegria pura que neles havia, quando Gabrielle dissera sim... Ele parecia genuinamente feliz em recebê-la por esposa, independente das razões ou da situação bizarra.

Após longos segundos contemplando a pedra em seu dedo – uma brilhante safira engastada em prata – finalmente tudo aquilo assumiu um ar de realidade: por mais inesperado que fosse, seu casamento era real. E pensando bem, percebia que a ideia não a desagradava, em absoluto. Como poderia, afinal, ficar infeliz por ter se casado com o homem a quem amava?! Um homem que entraria por aquela porta dentro em breve, para dormir ao seu lado... Ela corou e respirou fundo, tentando se acalmar: apenas dormir...

Meneando a cabeça, Gabrielle compreendeu porque estava tão incomodada: até onde seu passado insistiria em persegui-la? Até onde as memórias de sua infância impediriam que tivesse uma vida normal? Até quando deveria sentir medo, vergonha... Já não fora escrava daqueles sentimentos por tempo demais?! Por quanto mais deveria lutar com os pesadelos à noite, e tremer ao ser abraçada? Já não queria mais aquelas lembranças, não queria mais ser escrava delas. Estava casada com o homem a quem amava, e ainda assim temia desfrutar de seu toque, porque dor fora tudo quanto conhecera, outrora. E sabia que não era desse jeito... Que não precisava ser desse jeito. As emoções que a invadiam com os beijos de Renard não eram prova suficiente de que poderia haver prazer? Que não precisava sentir medo? E ainda assim, ela estremeceu ao pensar em ser tocada por seu novo marido... Reações mais fortes do que ela, adquiridas a custo de muitas experiências dolorosas.

Com raiva de si mesma, da própria fraqueza, a menina se trocou depressa, tirando o vestido azul, a combinação e as roupas de baixo, e vestiu a camisola branca de fitas que escolhera para aquela noite. Não era uma peça sensual, mas assentava-se graciosamente em seu corpo pequeno, deixando-a bonita, sem revelar nada demais. Ainda assim, o coração da moça estava disparado dentro do peito quando ela soltou os cabelos e, deitando-se na cama, colocou-se sob as cobertas. Sua cabeça estava a mil com a decisão que tentava tomar, e o nervosismo a deixou de mãos suadas e respiração ofegante. Ela tinha de se libertar daquilo... Não porque precisasse, mas porque queria. Queria ser livre para amar e ser feliz, livre para dar e sentir prazer, para tocar e ser tocada... Se ao menos pudesse se libertar do próprio medo... Ficou em silêncio, deitada de lado, abraçada ao travesseiro numa tentativa de se acalmar.

O quarto escuro se iluminou quando Renard abriu a porta, algum tempo depois: já havia se banhado, e trocara o terno do casamento por uma camisa branca e calça marrom; seus cabelos estavam molhados e em desalinho, e o perfume dele, almiscarado, chegou até Gabrielle, fazendo a moça suspirar de deleite. Ela empurrou as cobertas e se sentou no colchão, fitando o homem que, agora, era seu esposo; não tivessem ambos sido amigos por toda uma vida, aquela situação agora seria muito estranha, até mesmo desagradável, mas não era o caso... Havia uma cumplicidade entre ambos que parecia tornar tudo mais fácil. O ruivo sorriu e, sentando-se na cama, tomou a mão de sua esposa, beijando-a delicadamente:

— Como se sente, sendo agora a senhora Gabrielle Andrieux?

— Senhora? – riu-se a moça, escondendo o próprio nervosismo – acho que vou demorar a me acostumar com esse novo título.

— Eu também – confessou o moço, tomando o rosto da garota na mão, acariciando-a ternamente; seu olhar era tão cheio de amor, de preocupação e afeto, que era impossível recuar ante aquele toque gentil. Levemente trêmula e insegura, a garota segurou a mão de seu esposo e a beijou, começando a deslizar os dedos dele por seu queixo e pescoço, em direção a seu colo. Não encontraria melhor hora do que agora, mesmo que seu coração parecesse prestes a explodir, de tão rápido que batia.

Deixando que Gabrielle conduzisse as carícias, Renard fechou os olhos e gemeu ao sentir nos dedos a maciez do corpo da menina... Deus, ele a desejava intensamente, e tocá-la daquele modo... Era quase enlouquecedor!

— Gabrielle – começou ele, afastando-se devagar dela – eu amo você, mas sou homem... Existe um limite para meu autocontrole. Há um limite do que posso suportar...

— Então... Não se controle. – sugeriu a jovem, ruborizando e fitando os lençóis da cama. – Sou sua esposa, agora, Renard...

O ruivo a fitou com confusão por alguns instantes: estaria sua esposa dizendo o que ele pensava ter ouvido? Com medo de interpretar mal, e criar uma situação desagradável para ela, declarou:

— Você não tem que fazer isso, meu amor.

— Não. – concordou ela, antes de erguer os olhos, adoravelmente tímida – mas eu quero fazer. Sei o quanto você me deseja, e confio em você, Renard. Sei que nunca me machucaria...

— Morreria antes de lhe causar qualquer dor, meu precioso cristal – afirmou ele, beijando a fronte da moça. Ela deitou a cabeça em seu peito, e as mãos pequenas começaram a acariciar os ombros do homem, que sentiu seu corpo reagir mesmo àquele toque tão leve... Ah, que feitiço era aquele, que o fazia desejar tão ardentemente aquela garota, aquela menina recém-saída da infância?! Ele se sentia um monstro por desejar de modo tão carnal um ser tão puro e já tão machucado... Poderia viver mil vidas dignas, e ainda assim não seria merecedor de tal anjo!

— Eu sei – respondeu ela, enfim, encarando seu marido com aquelas safiras límpidas que eram seus olhos. – Quero ser sua, Renard. Hoje, agora. Tenho medo, e não nego, mas este medo não irá embora sozinho... – ela o beijou nos lábios, suave e trêmula – Eu quero ser sua. Mas só se você também quiser.

Raposo segurou as mãos da moça nas suas, acariciando os dedos pequenos e delicados, fitando por um longo tempo o rosto de sua amada; ela se oferecia a ele daquele modo, tão entregue, confiando pura e simplesmente em seu amor, disposta a enfrentar o próprio medo... E ele não a desapontaria. Faria com que aquela noite fosse inesquecível e especial: mostraria a sua doce Gabrielle todo o prazer e deleite que havia para ser experimentado na união entre um homem e uma mulher.

— Espere aqui, meu amor – sussurrou ele, enfim, indo até a porta do quarto e a fechando. Para quebrar a escuridão, acendeu duas velas sobre a prateleira ao lado da porta, que deram ao quarto um ar mais íntimo e aconchegante; Gabrielle continuava sentada sobre as cobertas, seus ombros delgados subindo e descendo ao ritmo da respiração acelerada, o rosto corado e tendo um leve sorriso apreensivo. Tentando não constrange-la, o moço voltou para a cama e se ajoelhou diante dela, mantendo seu olhar no rosto da garota. Segurou-lhe o rosto entre as mãos e, com toda a delicadeza, começou a beijá-la.

A princípio um beijo suave, um leve roçar de lábios, começou a se aprofundar; ela entreabriu os lábios, e suas línguas começaram a se tocar, aumentando a intimidade e intensidade do contato. O jovem segurou sua mulher pela cintura e puxou-a para seu colo, deixando que ela se sentisse no controle da situação enquanto suas mãos começavam a escorregar pelos ombros e costas dela, tornando-se lenta e gradualmente mais ousadas, enquanto a própria Gabrielle se abria ao toque de seu amado.

Sentando-se sobre as pernas de Renard, Gabrielle apoiou as mãos no peito firme, sentindo o coração dele bater forte e regular contra sua palma; ele parecia tão calmo, tão sereno e confiante, que também ela se viu invadida por aquela segurança; sentindo-se um pouco mais relaxada, desceu as mãos pelo abdome forte, sentindo delicadamente cada músculo delineado, acariciando devagar, em movimentos circulares e gentis até chegar à barra da camisa. Devagar, com medo de parecer ousada demais, ela começou a puxar o tecido, até tirar a peça pela cabeça de seu esposo, que sorriu e puxou mais para perto de si. O movimento a fez sentir a excitação dele, causando um leve tremor de ansiedade e expetativa, seguido de uma pontada de calor em seu baixo-ventre. Era assustador, e era delicioso, a um só tempo!

— Eu te amo, raposo – sussurrou a moça, escorregando as mãos pelas costas do rapaz, arranhando-o de leve com as unhas enquanto beijava seu pescoço. Ele entrelaçou os dedos aos cabelos louros, fazendo sua amada inclinar a cabeça para trás enquanto descia beijos molhados e suaves mordidas pela garganta dela, enquanto a outra mão aventurava-se pela perna da jovem, explorando devagar. Um arrepio de prazer percorreu o corpo dela com aquele gesto, e um gemido alto escapou de seus lábios quando a mão de Renard subiu pela lateral de seu corpo e se fechou sobre seu seio, ainda por cima da camisola. Ele a tocou e provocou, sentindo o mamilo se enrijecer contra seus dedos, ouvindo a respiração entrecortada de sua jovem amante. Repetiu a carícia no outro seio, segurando-a firmemente pela cintura, sentindo-a arranhar seus ombros em reação às sensações que o toque novo lhe despertava, e sorriu ao ouvir os gemidos de prazer que ela deixava escapar.

— Gosta disso? – perguntou o ruivo, mordendo de leve o lóbulo da orelha dela.

— Ah, sim, Renard! – suspirou Gabrielle, sentindo a mão de Renard subir a saia de sua camisola, expondo suas pernas ao toque quente e delicioso dos dedos firmes. Seus lábios se buscaram novamente, enquanto ele desfazia devagar os laços no decote da camisola, afrouxando a peça, expondo-a lentamente diante de seus olhos. Não havia pressa ou urgência nos gestos do homem; apenas o deleite de sentir sua amada em seus braços, de senti-la reagir a suas carícias e estremecer com seus beijos, rendida, confiante.

Um estranho calor espalhava-se pelo baixo ventre de Gabrielle: nunca havia sentido nada assim, aquela necessidade que parecia impossível de saciar, aquele desejo de estar mais e mais próxima a alguém, de um modo que abraço algum conseguia satisfazer! Os beijos que trocava com seu raposo ficavam mais intensos, enquanto as lembranças de dor e de medo eram completamente afastadas pelas sensações que só o toque dele podia despertar. Então, aquilo era o desejo? Aquele fogo ardente que a fazia tremer de frio e calor, que guiava seus movimentos de modo tão instintivo, impelindo-a a se entregar completamente às mãos de seu esposo...

— Eu posso, Gabrielle? – perguntou o jovem, prestes a retirar a camisola da garota. Em resposta, ela apenas ergueu os braços para permiti-lo, sentindo o tecido escorregar por seu corpo, revelando-a completamente diante do belo homem que agora era seu.

Ao se ver completamente nua, a moça ruborizou e baixou os olhos, levemente constrangida: tinha consciência de que Renard já tivera muitas amantes, muitas delas mulheres de curvas exuberantes e voluptuosas como ela própria não possuía... Mulheres ardentes e calorosas, bem diferentes de uma jovenzinha assustada. Seus receios, contudo, foram aplacados pelas palavras do homem:

— Como você é linda, meu amor. – as mãos dele percorriam cada centímetro da pele macia, explorando as formas dela, descobrindo cada ponto sensível que causava arrepios de prazer. Cheio de desejo, ele deitou a garota na cama, segurando-lhe as mãos nas suas, de modo que pudesse observá-la por inteiro; seu olhar era de admiração, felicidade e desejo, tão intenso que parecia estar gravando cada simples detalhe daquela imagem.

Completamente entregue ao momento, também a mulher contemplava seu amado, fascinada e hipnotizada pela beleza dele, pelos movimentos fluídos e vigorosos do corpo musculoso e flexível que deslizava lentamente para cima dela. Abandonando os resquícios de timidez, a pequena entrelaçou os dedos aos cabelos de seu amado, puxando-o para si num beijo profundo. Sentia o peso dele sobre seus quadris, a excitação dele pressionando seu ventre, e o misto de desejo e nervosismo arrancava-lhe o fôlego, deixava-a arfante, intensificava cada uma das sensações avassaladoras e completamente novas que a atordoavam completamente! Deu uma suave mordida no lábio inferior de Renard, assustando-se quando ele reagiu colando ainda mais seus corpos, os lábios buscando-lhe os seios alvos e de tamanho médio.

Ela puxou levemente os cabelos fulvos entre seus dedos, ao sentir os beijos e chupões intensos, porém carinhosos; gemidos estrangulados escapavam de sua garganta, e ela sussurrava baixinho o nome de seu amante. Ele sorriu, vitorioso e quase arrogante ao ver o modo como sua tímida e assustada Gabi se descontrolava completamente, arrebatada pelo desejo e pelo prazer, incapaz de resistir ou de se conter ante todo o mundo de novas experiências ao qual ele lhe apresentara. Ah, Gabrielle... Estava apenas começando. Teriam muitas noites pela frente... Aquela era apenas a primeira.

Em meio a carícias que se tornavam cada vez mais intensas e íntimas, percorriam o corpo um do outro com beijos – Renard guiava Gabrielle em sua trilha de descobertas, cuidando para não apressar demais os eventos, de modo que ela encontrasse seu próprio ritmo. Agora, a moça parecia à vontade até demais, enquanto descobria e explorava o corpo de seu homem, o bastante para arrancar gemidos abafados dele, que tentava inutilmente se conter.

— Gabrielle – arfou o moço, enfim, já não suportando mais a lenta tortura das mãozinhas dela tocando, apertando, arranhando lentamente sua carne – eu preciso de você.

Ela o fitou com olhos cheios de desejo – embora houvesse ali também aquela leve apreensão, já esperada – e o beijou. Devagar, o rapaz a deitou de costas e se colocou sobre a menina, que o envolveu com as pernas; continuaram se beijando, enquanto ele a acariciava e preparava para o que viria a seguir. Mas foi a própria menina que, enfim, sussurrou ao ouvido de seu esposo, quase implorando:

— Faça-me sua, meu amor. Eu preciso de você.

O tom suplicante com que ela disse aquilo quase roubou o controle de Renard; ainda assim, ele conseguiu encontrar forças para se conter; beijou sua querida mais uma vez, acomodando-se entre as coxas dela, e foi com os olhos presos aos dela que, num movimento lento e contínuo, uniu seus corpos, sentindo a garota ficar tensa sob si. Foi mais devagar, beijando-a de modo confortador e persuasivo, sentindo a resistência dela se desfazer enquanto se uniam naquele abraço íntimo. As unhas de Gabi se enterraram em suas costas, fazendo-o gemer de prazer, enquanto ela mesma se acostumava à sensação de tê-lo dentro de si. Nunca havia experimentado nada assim, antes, e não cria que qualquer outro homem pudesse fazê-la sentir o que experimentava, agora!

— você está bem? – perguntou o moço, a voz entrecortada enquanto se esforçava para permanecer imóvel sobre sua pequena amante; a última coisa que queria era machucar Gabrielle, mas seus medos foram afastados quando ela o puxou mais para si, beijando-o sofregamente.

Guiados pelo chamado do prazer, seus corpos começaram a se mover; uma cadência rítmica, uma dança primitiva, instintiva e sensual os conduzia, os arrebatava, ditava o movimento seguinte, o ritmo, a ondulação de carne contra carne. Suas respirações sincronizadas, seus gestos se complementando, seus corpos buscando um ao outro com paixão e intensidade enquanto gemidos incontroláveis ecoavam pelo quarto. Não havia medo, nem dúvidas, nem passado: apenas o deleite de estarem juntos, e o doce esquecimento que os acometia, naquele momento, entregues aos braços um do outro. Se existia o paraíso, então estavam lá.


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Notas finais do capítulo

Prontinho! Erros consertados!