A Joia dos Crevan-em Hiatus escrita por Draco Michaelis


Capítulo 2
Primeiro Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olá cara pessoa que está lendo este capitulo desta fanfic, seja muito bem vinda (o) de volta. Agradeço a todos que

~ Esse projeto ainda está em desenvolvimento, portanto as datas das postagens dos capítulos não são garantidas com 100% de certeza. ~

Espero não desapontá-los e, por fim, boa leitura.



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Todos na mansão Crevan dormiam profundamente. De seu dono a seus serviçais, todos, com exceção a uma donzela de cabelos ruivos.

A jovem estava sentada sobre o pequeno banco de madeira escura em frente à janela de seu quarto no segundo andar da mansão. Seus olhos verdes cintilavam, mas não por sua costumeira felicidade, como todos os viam cintilar durante o dia. Eles cintilavam, na verdade, por causa das lágrimas silenciosas que ali se formavam e logo escorriam pela bochecha alva, pingando sobre a carta em suas mãos, já amassada pela força com que ela a apertava entre os dedos finos.

Um soluço baixo ecoou pelo quarto em meio às lágrimas, fazendo com que ela rapidamente desviasse os olhos do papel que segurava e verificasse se ninguém havia entrado ali. A porta permanecia inerte e fechada, como havia sido deixada, e tudo continuava no seu devido lugar. Um suspiro aliviado foi a reação dela após constatar que não estava sendo observada.

A Jovem soltou uma de suas mãos da carta e com o dorso de mesma secou as lágrimas que lhe escorriam pelo queixo, impedindo que as mesmas molhassem sua camisola. Os orbes esmeraldinos correram a janela e encontraram apenas o negrume da noite, iluminado suavemente pela luz fraca do luar. Uma canção baixa ecoou em seus pensamentos e ela cantarolou o ritmo delicado, porém melancólico da tal canção.

Com um suspiro breve ela se levantou do banco acolchoado, caminhou, com um passo levemente trêmulo, em direção a lareira, que estava acesa, e jogou ali a carta, afastando-se um pouco enquanto assistia as chamas engolirem aquele papel, achando que assim a raiva e tristeza que sentia desapareceriam para sempre, embora soubesse que no raiar do dia que estava para começar a noticia já correria de boca em boca por toda a cidade.

Com os joelhos bambos, Grell decidiu voltar para a cama, lugar de onde não deveria ter saído, e tentar dormir o resto daquela noite, mesmo que a tentativa fosse em vão.

Ela cobriu-se com o grosso edredom, dobrando os joelhos enquanto apertava junto ao peito um de seus travesseiros, balançava levemente as suas pernas inquietas, tentando encontrar uma forma para afastar os pensamentos e permitir que o sono a acolhesse. Seu batimento cardíaco acelerado e a respiração ofegante indicavam que a qualquer momento, embora estivesse em quase completo silêncio, teria uma crise de nervos. Suas lágrimas restantes secaram enquanto os orbes continuavam a observar o lado mais claro do quarto respirando de forma apressada na tentativa falhar de acalmar-se, acabando por fim de desistir de dormir e sentar-se na cama a divagar.

***

Alguns quartos ao lado, na suíte principal, Adrian despertou com um sentimento estranho em seu peito, sentia como se algo ruim estivesse acontecendo e seu impulso imediato foi correr aos quartos dos filhos, porém entrando em silencio, para não acordá-los caso estivessem dormindo e nada estivesse realmente acontecendo.

Primeiro ele seguiu ao quarto do filho, por estar mais próximo ao seu próprio, espiando por uma fresta o sono do rapaz loiro, verificando que estava seguro e em paz nos braços de Morfeu. Após uma rápida observação, Adrian suspirou aliviado, não resistindo a entrar no quarto e deixar um beijo na testa do filho.

O garoto sorriu em meio o sonho e o pai não se conteve em sorrir também, tentando imaginar com o que seu filho mais novo sonhava. Passou a mão pelos cabelos aloirados e saiu do quarto, andando em direção ao da filha.

***

Fechando a mão em um punho, ele bateu de leve a porta com os nós dos dedos, três vezes seguidas, e aguardou um segundo.

***

Eis mais um detalhe a ser esclarecido, havia um acordo entre o pai e a filha, em respeito a privacidade da jovem dama. O pai, toda vez que desejasse adentrar no quarto da mesma deveria bater três vezes e aguardar um segundo, caso não houvesse resposta ou a porta não fosse aberta, Adrian teria direito de entrar.

***

Como resposta, veio a jovem, que estava desperta, abrir a porta ao seu pai. Ela trajava sua camisola longa e tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Adrian tinha os cabelos bagunçados pelo sono, mas vestia as roupas que utilizara durante o dia anterior.

— Já lhe pedi que não dormisse com as roupas sociais papai — murmurou, de forma doce, a bronca ao seu pai. O mais velho sorriu e ergueu a mão em direção ao rosto da filha deixando um leve carinho em sua bochecha.

— E eu já lhe disse para não dormir com os cabelos presos senhorita, pode causar dor de cabeça, torcicolo e mesmo impedir-te de dormir. — retrucou, recebendo um sorriso pequeno da filha. Ele ergueu levemente o rosto dela e notou que seu nariz estava vermelho, indicando que ela havia chorado recentemente.

Um breve silêncio ocorreu, deixando o ambiente desconfortável para ambos. O grisalho correu os olhos pelo corredor escuro, notando somente naquele momento que havia o cruzado sem acender as modernas luzes elétricas e também sem o auxilio de velas.

Outro que estivesse em seu lugar talvez tivesse exaltado em seu ego com o fato de saber os caminhos daqueles corredores tão perfeitamente que seria capaz de se movimentar por eles sem erro, porém Lord Crevan pouco se importava em alimentar seu ego com algo tão simplório quanto conhecer a própria casa, no momento ele estava mais interessado em compreender o porque de sua pequena estivera aos prantos.

— Papai... — ela baixou o rosto segurando ambas as mãos do pai — foi cancelado — sussurrou um átimo, sentindo os olhos marejarem novamente. O pai arregalou os olhos e abriu levemente a boca, deixando um ruído escapar por seus lábios. A jovem mantinha os olhos baixos e novas lágrimas escorriam por seu rosto, a dor em si era visível, ela, que sempre sorria,estava desolada e apenas seu pai e irmão sabiam da verdade por de trás do belo sorriso, o qual não passava de uma mascara.

Adrian não pensou duas vezes antes de abraçar a filha, aninhando-a em seus braços como a uma criança, abafando seus soluços baixos e desesperados, murmurando para que ela se acalmasse. Ele não sabia o que fazer ou dizer a sua pequenina, que chorava inconsolável em seus braços. Na verdade até ele mesmo também chorava, pois aquilo era tão negativo para ela quanto para ele.

O Lord estava disposto a fazer qualquer coisa pela felicidade de seus filhos, e ver que sua preciosa filha estava desolada, como talvez apenas uma vez antes estivera, estilhaçou seu coração. Dizer que tudo ficaria bem e que daria um jeito seria uma mentira, porque não realmente ficaria e o que aconteceria a seguir poderia ser terrível para ela.

***

Anteriormente recordo-me de ter comentado que o conteúdo da carta era secreto e que somente a jovem possuía conhecimento do mesmo, porém creio ter cometido um equivoco. Na realidade o pai sabia do conteúdo da carta, e não há de se espantar que o soubesse, já que aquilo era o ultimato entre a vida que viviam agora e a sua ruína.

***

Em meio àquilo tudo, a porta do quarto do filho mais novo se abriu, revelando o jovem aloirado com os cabelos bagunçados e os olhos ainda semicerrados. Ele bocejou e coçou a nuca, como uma criança que acaba de ser acordada de um sono profundo e ainda não está completamente consciente e desperta.

— Pai? Grelly? O que fazem acordados... — ele fez uma pausa e cobriu a boca para conter, falhamente, o segundo bocejo. — a essa hora? — terminou. Ronald estava a alguns passos deles, mas parou de andar com o sinal negativo que Adrian fez com a cabeça.

A garota ergueu os olhos marejados ao irmão e com a voz extremamente falha murmurou a frase que faria ambos rolarem de um lado para o outro da cama durante o resto da madrugada até o amanhecer do dia seguinte.

— Ronald... amanhã.

 

 

{...}

Na manhã seguinte, o sol, surpreendentemente, surgiu em meio às nuvens cinzentas de Londres, pela possível primeira vez em dias, em uma espécie de piada cósmica, com a situação que os Crevan se encontravam.

Os criados mal haviam iniciado seus afazeres e Ronald, diferente do que era comum, já circulava pela mansão. O aloirado passara a noite em claro, virando-se de um lado para o outro tentando deduzir o que a irmã desejava dizer-lhe e por isso assim que a

 Primeiramente o loiro dirigiu-se ao quarto da jovem, não se preocupando em realizar o ritual que o pai tinha com a irmã, e entrou de supetão, sem se importar se a ruiva estava acordada ou não.

Grelly passei a noite toda pensando...no que... me... — começou entusiasmado, porém conforme observou o quarto notou que sua irmã não estava ali e diminuiu seu tom, ficando em silêncio durante um instante, observando a serviçal que ali estava, que o olhava surpresa com a presença do mestre no cômodo. — Georgia, onde está Grelly? —  questionou olhando dentro dos orbes acastanhados da serviçal. Georgia, baixou a cabeça fitou os pés de seu patrão.

— Senhor Ronald... a senhorita já não estava no quarto quando vim verificar se a lareira permanecia acesa. — contou ela ainda sem erguer os olhos para Knox.

O loiro franziu o cenho, não era comum que Grell despertasse cedo ou mesmo antes que os serviçais começassem a realizar suas tarefas. Por um instante ele pensou onde ela pode ter ido? E no instante seguinte, bateu retirada do quarto da ruiva em direção ao lugar que lhe pareceu mais possível de encontrá-la, a biblioteca é claro, murmurou mentalmente seguindo os corredores de forma apressada até o cômodo.

Em frente a porta de biblioteca Ronald suspirou cansado, correr pela mansão era cansativo principalmente caso não tivesse dormido bem a noite, mas valeria a pena caso encontrasse sua irmã mais velha.

Porém qual não foi a decepção quando, ao procurar por toda a biblioteca, e não encontrar rastros da ruiva.

— Não esta aqui também — suspirou desapontado, balançando sua cabeça em negação. Seu estomago reclamou por não ter se servido do desjejum ainda e assim, decidiu seguir até a cozinha, onde pretendia conseguir algo pra comer.

***

Andando a passos extremamente calmos, minutos mais tarde ele chegou até a sala de jantar, pois antes que chegasse a cozinha foi interceptado por um dos serviçais. Este era um dos auxiliares do cozinheiro e começou a lhe perguntar o que desejava.

Após vários minutos de espera e degustação da refeição, Ronald voltou a procurar pela irmã, embora não soubesse para onde exatamente seguir. Pensou na sala do piano, mas desistiu da ideia após passar pelo corredor da mesma e não ouvir a melodia suave das teclas sendo acariciadas pelos dedos longos da irmã.

 Dando meia volta, ele resolveu caminhar a esmo, sem um lugar em mente. Até que se cansou de procura-la, muito embora ainda desejasse falar com ela e até estivesse preocupado, pois era extremamente incomum que Grelly (como a chamava) “sumisse” dessa forma, principalmente quando tinha algo a lhe falar.

Frustrado, Ronald decidiu ir a rumo da oficina do pai, esperando que o mesmo soubesse onde a irmã estava. Ele bateu na porta, que se encontrava fechada e aguardou pela resposta que viria de dentro.

— Entre — ecoou a voz de Adrian e o loiro abriu a porta, espreguiçando-se ao passar pela mesma. — Bom dia Ronald — o mais velho se encontrava vestindo um avental sobre as roupas enquanto esculpia a borda de um caixão. Velhos hábitos nunca morrem, era o que dizia para outros, embora ele realmente sentisse prazer em fazer suas obras fúnebres.

— Bom dia pai — disse fechando a porta atrás de si e olhando para o ambiente em que estava. Era um pouco escuro, recordava a infância, não era impecavelmente limpo como o resto da mansão, tinha um ar diferente, um ar de recordação e poeira, era como ter um pequeno pedaço da funerária ali. Alguns caixões, taboas de madeira, pedaços de tecido e estofamento estavam distribuídos por todo o cômodo, a pequena bagunça particular do Lord Crevan. Os olhos esmeraldinos voltaram para o pai, sorrindo de uma forma que somente Ronald Knox Crevan conseguia sorrir. — o senhor viu a Grelly por aqui? — perguntou, escorando-se em um dos caixões, que estava terminado, próximo a porta. O grisalho franziu o cenho por um instante e em seguida se levantou, olhando no fundo dos olhos do filho, como se fosse lhe dizer algo, porém foi interrompido por batidas na porta.

Com um suspiro, ele baixou os olhos, saindo de onde estava, parando em frente a bancada de ferramentas, deixando ali sua goiva*, por fim virando-se para porta.

— Entre.

A porta foi aberta e revelou a figura de Timber, o mordomo chefe da mansão Crevan. Um rapaz aparentemente jovem, de pele clara e olhos rubros, cabelos púrpura e de poucas palavras.

***

Pois bem, a história de como Timber tornou-se mordomo de Adrian Crevan é deveras interessante, porém um pouco fora de contexto no momento, então deixarei para contá-la em outro momento, um que seja mais oportuno.

***

O mordomo fez uma curta mensura aos dois mestres presente e com seu tom suave e pouco utilizado, informou o que o levou até aquele lugar que proibido a maioria dos empregados.

— Senhor, o Conde o aguarda no escritório, a jovem mestra está lhe fazendo companhia. Lady Elizabeth enviou um mensageiro alertando que virá fazer uma visita esta tarde. — assim que terminou, ergueu os olhos a Adrian, aguardando suas instruções para como prosseguir. O Grisalho arrumou os óculos ao rosto e mordiscou o lábio superior, exibindo seu sorriso levemente insano de sempre.

— Faça biscoitos e chá para os nossos convidados e prepare tudo para a visita de Lady Elisabeth. — ordenou enquanto desamarrava o laço do avental. Ele virou os olhos para o filho enquanto passava os dedos pelos cabelos. — Ronald, acompanhe-me, por favor — disse sem esperar as reações dos outros presentes no recinto.

***

— Então Conde, se minha dedução estiver correta, meu pai estará entrando por aquela porta em três — ela fez uma pausa, erguendo três de seus dedos — dois — uma segunda pausa, agora abaixando o anelar — um — ela baixou o dedo médio, restando agora apenas o indicador erguido e no segundo exato em que ela o abaixou, a porta do escritório foi aberta, emitindo um ruído moderadamente alto.

Lorde Crevan adentrou no escritório e seguiu diretamente para sua escrivaninha, sentando-se de forma curiosa, pois sentara-se sobre mesa e não na bela poltrona que estava a sua disposição.

— Ehehe... — Adrian entrelaçou seus dedos, elevando as mãos na altura do rosto e sorriu.  —Bem vindo Conde~...

O Conde suspirou e deu um pequeno sorriso, expirando o ar que permanecia em seus pulmões balançando sua cabeça em uma negação discreta. Mechas do cabelo ardósia cobriram os olhos azulados do Conde, muito embora seu olho direito já estivesse coberto por um tapa-olho negro. Uma expressão sarcástica dominou o semblante jovem e a entonação usada pelo mesmo na frase que disse a seguir possuía o mesmo caráter.

Undertaker... já faz algum tempo desde nos forneceu uma informação


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Notas finais do capítulo

obs.: esse capitulo devia ter sido postado ontem.

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*goiva : ferramenta de seção côncavo-convexa, com o corte do lado côncavo, utilizada por artesãos e artistas para talhar os contornos de peças de madeira, metal ou pedra.

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* Capitulo curto por motivos desconhecidos.

* Erros? Por favor, conte nos comentários para que sejam concertados.

* Espero que tenha gostado e espero revê-la(o) no próximo capitulo (queria por um coraçãozinho aqui, mas dá erro nas minha notas, então vai ficar na vontade)

Muito obrigad por ler S2

さようなら、心にキス
Michaelis



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