Naquela manhã Rony acordara primeiro. Abriu um largo sorriso enquanto observava Hermione ressonar encolhida contra o seu peito. Ele passou longos minutos apenas olhando-a, mas resolveu levantar-se e preparar o café da manhã.

Levantou-se com cuidado para não acordá-la, vestiu sua cueca boxer e foi para a cozinha. Preparou ovos, torradas, suco de laranja e até mesmo arriscou a preparar algumas panquecas, torcendo para que ficassem boas. Colocou tudo numa bandeja e levou-a para o quarto, as depositou na mesinha de cabeceira e subiu na cama novamente.

Ele abraçou Hermione e passou a distribuir beijos pelo rosto e pelos ombros da garota, até que ela acordasse, e ela o fez resmungando.

— Bom dia. — ele disse ainda abraçado a ela.

— Bom dia. — ela respondeu manhosa — Por que me acordou?

— Porque eu preparei o café da manhã pra nós... Dormiu bem?

— Dormi. Você é quentinho como um cobertor, e também é o melhor travesseiro do mundo. — ela disse indo aninhar-se nele novamente, mas ele a fez sentar-se na cama — O que deu em você que não quer voltar a dormir?

— Não quero dormir, quero fazer outra coisa! — ele disse malicioso.

— Pois se o senhor acha que vamos ficar o dia todo na cama fazendo qualquer coisa que não seja dormir, você está muito enganado! Além disso, sábado é dia de faxina.

— Aqui eu não tenho um dia da faxina.

— Porquinho.

— Chatinha! — ele disse antes de tomar os lábios dela para si.

Rony a beijou ternamente, e assim que o beijo cessou ele ficou observando o rosto dela enquanto o acariciava. Ele mantinha um sorriso bobo no rosto enquanto o dela era envergonhado.

— Você é tão linda! — ele disse para ela que ficou ainda mais corada.

— Você também é. — ela disse antes dele beijá-la novamente — Estou muito feliz por estar aqui com você.

— Também estou feliz que esteja aqui comigo.

— Você me perdoa?

— Perdoar pelo o quê?

— Por tudo. Por todas essas confusões em que meti você e por ter sido egoísta também.

— Hermione, escute bem o que eu vou te falar, ok? — ele perguntou segurando o rosto dela com as duas mãos e ela assentiu — Você foi egoísta sim, mas se arrependeu. E é isso o que importa pra mim, entendeu? E se fosse pra te conquistar eu passaria por todas aquelas confusões de novo.

— Você não existe, sabia?

— Existo sim, é só o efeito que você tem sobre mim.

— Mesmo assim... Eu te devo desculpas! Dificilmente eu me perdoarei por tudo que aconteceu, e acho que para começar a tentar eu preciso do seu perdão primeiro.

— Quando fizemos nosso acordo nós sabíamos que teríamos que aguentar as consequências dele...

— Não me lembro de uma clausula falando sobre um de nós ter que sofrer um acidente! — ela apressou a dizer e ele riu.

— Você agora é a advogada da nossa relação?

— Não, eu ainda sou a médica. E é exatamente por isso que estou te dizendo isso! Meu trabalho é salvar vidas, não prejudicá-las.

— Ok, então. Se isso te conforta, está perdoada. E antes que me interrompa: Sim, estou te perdoando com o meu coração. Até porque você é a dona dele, então não seria muito legal estar brigado com a dona dele. Digo isso por experiência própria! — ele disse e agora era ela que rira.

— Obrigada. Prometo tentar melhorar, quero merecer você de verdade.

— Que papo furado, ein? Não tem essa de merecer ou não. Você é minha e eu sou seu, simples assim!

— Você é meu, só meu! — ela disse passando os braços entorno do pescoço dele — E eu sou sua, todinha sua!

— Todinha minha! — ele declarou só pelo fato de gostar de ter a sensação de que ela o pertencia. E puxou-a para si, beijando-lhe os lábios.

— Vejamos o que temos para o café... — Hermione disse desvencilhando-se, pegando a bandeja e trazendo-a para a cama. — Hum, panquecas!

— Feitas por um grande chefe de cozinha! Também tem torradas, suco e ovos. Eu ia fazer um café, mas ninguém gosta do meu café.

— Você sabe que eu não mereço isso, não é?

— E quem disse que é de graça? Terá que me pagar por isso, Granger! — ele disse beijando-a novamente.

Rony logo subiu em cima de Hermione, ele realmente estava a fim de passarem o dia na cama. A garota o correspondeu na mesma intensidade, mas o empurrou a tempo para evitar que os copos de suco caíssem na cama e a encharcassem.

— Cuidado com a empolgação, Roniquinho! — ela disse e ele revirou os olhos — Sabe, Ron. Ontem eu vim até aqui com a minha mãe e acabei deixando minha bolsa no carro, você pode me emprestar seu celular para eu enviar uma mensagem pra ela? Ela estava um pouco preocupada.

— Claro, claro! Aliás, eu tenho que ligar pra minha mãe. Ela e a Gina devem estar enlouquecendo! Querem me manter em quarentena até que a fisioterapia acabe, mas eu já estou bem.

— Você devia ligar pra elas.

— Se eu ligar pra elas, vão querer que eu vá até lá  pra terem certeza de que estou bem.

— Podemos ir até lá se quiser.

— Já disse que quero ficar aqui. — ele disse manhoso, puxando o lençol que cobria o corpo de Hermione.

— Já disse que não vai ficar. — puxou o lençol de volta.

— Vocês mulheres são difíceis! — ele tombara o tronco para trás dando-se por vencido.

Os dois tomaram o café da manhã preparado por Rony, mas não saíram da cama antes do ruivo ter conseguido o que queria. Tomaram banho e por sorte, depois de muito procurarem, encontraram um velho shorts de Gina que ela havia deixado no apartamento do irmão. Não encontraram nenhuma camiseta, então, dando-se por vencida ela vestiu a T-shirt do Capitão América que colocara na noite anterior. Afinal, ela não sairia pela rua com seu vestido de gala da noite anterior.

Antes de saírem, Hermione fez uma ligação para sua mãe e avisou-a que estava tudo bem e que mais tarde voltaria para casa e conversaria com os pais. Então os dois rumaram até a casa dos pais de Rony. O ruivo pediu para que Hermione fosse dirigindo, pois se Molly o visse atrás do volante, a bronca que levaria seria ainda maior.

Assim que chegaram, entraram de mãos dadas pela porta da frente. E depararam-se com Arthur e Molly na sala de estar.

— RONALD! — a mãe exclamou e correu para abraçar o filho — Eu estava tão preocupada! Onde é que se meteu? Não faça mais uma coisa dessas comigo!

— Calma, Molly. — Arthur dissera aproximando-se — Veja, ele está bem acompanhado.

— HERMIONE! — a senhorinha também gritara e fora dar um abraço apertado na jovem — Como é bom vê-la junto com meu menino de novo!

— Molly tem razão, é muito bom mesmo! — Arthur concordara.

— E agora mãe e pai, isso será algo constante. Hermione e eu agora estamos oficialmente namorando. — Rony disse apertando a cintura de Hermione que trocou um sorriso cúmplice com ele e esticou-se para beijar-lhe rapidamente, lhe dando um leve selinho.

— É isso mesmo o que eu ouvi? — Gina que entrara na casa com Harry acabara de dizer.

— É isso mesmo, Ginevra!

— Vou ignorar esse nome só porque estou muito feliz por vocês! — ela disse e correu para abraçar o novo casal.

— Finalmente, ein? — Harry dissera e logo Hermione correu para abraçá-lo e em seguida Rony fez o mesmo.

— Obrigada por tudo, Harry! Você é o melhor amigo que o Ron poderia ter. Obrigada por tudo mesmo, de verdade. — Hermione agradeceu.

— Fico feliz que esteja me agradecendo da maneira que eu pedi. — ele respondeu.

— Eu também estou.

— Ok, agora vamos aproveitar o momento felicidade e irmos nos sentar, por favor? — Gina pediu.

Molly, Arthur, Hermione e Rony foram se sentar no sofá. Permaneceram em pés apenas Harry e Gina, que pareciam tensos e alegres ao mesmo tempo, o que acabou deixando os outros quatro apreensivos.

— Os pais de Harry já sabem, acabamos de voltar da casa deles e eles ficaram bem felizes com a notícia. Espero que fiquem também! — Gina declarou.

— É, e é bom que vocês dois estejam aqui, porque estávamos discutindo no carro como é que faríamos vocês dois ficarem juntos para a ocasião... — Harry disse apontando para Rony e Hermione.

— E é melhor ainda que estejam juntos oficialmente agora.

— Porque assim não vamos mais ter problemas com isso!

— Será que vocês dois podem falar logo? Sou uma velha, não posso aguentar muito tempo! — Molly pediu, interrompendo o discurso dos dois.

— Ok, ai lá vai... — Gina começara e o resto os dois disseram juntos: Estamos grávidos!

No segundo que se seguiu, Hermione soltara um grito de euforia que foi acompanhado por Gina e logo as duas estavam gritando e pulando juntas. Molly começara a chorar e Arthur fora cumprimentar Harry, só Rony que encenou uma cena de ciúmes da irmã. Mas Hermione lhe chamara a atenção dizendo que era uma grande bobagem, e Gina não perdeu a oportunidade de brigar com o irmão.

— Mas é um grande babaca mesmo! — Gina dissera após a briga entre eles ter terminado — Não me faça mudar de opinião em relação a deixar você apadrinhar o meu filho.

— Como assim? — Rony perguntara extasiado com a revelação da irmã.

— Bem, assim que Gina e eu descobrimos sobre gravidez nós estávamos pensando que queríamos que você e Hermione fossem os padrinhos... Mas entenderemos se não quiserem, é claro! — Harry explicou.

— Harry... Ginny... Será uma honra! Eu nem sei o que dizer! — Hermione foi abraçar os novos papais e agora não era só Molly que chorava, pois as duas jovens e agora comadres choravam também.

— Esse aqui vai ser goleiro que nem o padrinho! — Rony disse com as mãos na barriga da irmã depois de tê-la abraçado.

— Como se eu fosse deixar o meu filho participar daquele joguinho de quinta que vocês fazem!

— Joguinho de quinta, Ginevra?

— Ah, pai... Vamos ser realistas né!

— E quem disse que é menino? — Molly perguntou.

— Eu sinto que é um menino, mãe! E se eu seguir o ritmo da senhora...

— Eu terei que arrumar um emprego noturno! — Harry disse arrancando risada de todos.

(...)

— Por que ficou com ciúmes da Ginny, hoje? — Hermione perguntou a Rony sentando-se ao seu lado no sofá.

Molly tinha permitido que Hermione levasse Rony de volta ao apartamento dele, com a promessa de que ela ficaria lá com ele. Afinal, a ruiva confiava na nora, principalmente pelo fato dela ser médica e saber cuidar do filhinho querido dela.

Os dois fariam mais uma maratona de seriados e Hermione tinha acabado de preparar uma grande tigela de pipocas para os dois.

— Porque ela é minha irmã.

— E Harry seu melhor amigo, pensei que não tivesse ciúme dela com ele.

— Eu também... Não sei o que senti, não sinto ciúme deles. Acho que fiquei um pouco triste, sei lá.

— Triste por quê?

— Pensei que poderia ser eu e você no lugar dos dois.

— Ah...

— Desculpe, sei que não queria falar disso. — apressou-se a dizer ao ver Hermione desapontada.

— Não, não tem problema!

— É que aparentemente eu seria pai duas vezes e não fui nenhuma das duas! A primeira era mentira, e a segunda... Bem, mesmo que eu só tenha sabido de tudo depois... Era um filho meu de qualquer forma.

— Isso te machuca?

— Não, quer dizer... Não sei!

— Quando eu perdi o bebê eu sofri e chorei muito, muito mesmo. Harry sabe o quanto, ele foi meu único ombro amigo no momento. Mas, eu tentei pensar em outras coisas...

— Tipo o quê?

— Que sou jovem, tenho muita vida pela frente. Não era o momento certo, e quando for... Eu quero estar preparada.

— E acha que tem como se preparar pra isso?

— Nem sempre! Até porque quando se deseja parece que é mais difícil... Mas eu tenho certeza que aquele não era o momento certo, e quando for, nós saberemos.

— Nós?

— Sim, nós. Se também for de sua vontade é claro! — ela disse fitando as próprias mãos envergonhada e ele puxou-a para seu colo e levantou seu olhar forçando-a a encará-lo.

— Essa foi a melhor coisa que me disse sabia? É bom ouvir que quer ter um futuro comigo.

— E eu quero muito, Ron. Sei que demorei muito pra entender isso, e sei que isso me faz desmerecer você. Mas... Tudo o que eu quero é ter um futuro ao seu lado.

— Com direito a morarmos juntos, casamento e muitos filhos? — ele deu uma ênfase no “muitos”.

— Vamos com calma! Muitos filhos não, dois ou três serão o suficiente. — ela disse fazendo-o rir.

— Você é maravilhosa, sabia?

— Não o tempo todo.

— E também é linda... — ele disse acariciando o rosto dela, e ela passou os braços entorno do pescoço dele.

— Pare com isso... Eu fico com vergonha.

— Por quê? — ele riu ao vê-la corar.

— Porque sim.

— E fica ainda mais linda com vergonha!

— Você é tão bobo.

— Um bobo completamente apaixonado por você.

— É sim. O bobo apaixonado que eu amo.

— Será que ama mesmo? — ele perguntou malicioso — Prove-me.

— Ah, Ronald Weasley... Você anda muito safado!

— E felizmente esse é um problema que só pode ser resolvido por você! — ele deitou-a no sofá e subiu em cima dela, fazendo-a soltar um gritinho.

— E como eu faço pra resolver esse problema?

— Pode deixar que eu terei o prazer em te mostrar como resolver!