Hermione saíra da universidade e fora direto pra casa. Queria descansar e relaxar com uma boa noite de sono, estava cansada, tanto fisicamente quanto mentalmente. Acreditava que se passasse mais um segundo escutando seus professores ela explodiria, então assim que a aula terminara ela nem se preocupara em despedir-se de Draco e Astória, e sabia que no dia seguinte escutaria um sermão dos dois por isso.

 O dia seguinte... Ela queria muito descansar durante o fim de semana, mas Victor a obrigara a convencer os amigos a quererem sair com eles, o que não foi uma tarefa fácil, afinal, Astória o odiava e por ser a voz mais influenciadora da relação, fazia com que Draco o odiasse também.

 A verdade era que os três odiavam o Victor. Hermione tinha que fingir estar vivendo uma maravilhosa relação ao lado dele, Draco ainda tentava ser simpático, mas Astória não perdoava, essa sim sempre fazia questão de deixar bem claro do quanto não gostava do namorado da amiga.

 Completamente cansada desses pensamentos e intrigas que envolviam a infeliz relação entre ela e o búlgaro, correu para o chuveiro assim que adentrou em casa. Deixou que a água quente caísse por seu corpo, e banhando-se da mesma começou a sentir o corpo relaxar. Ultimamente os únicos momentos de paz que tinha eram os momentos em que estava sozinha e isso a chateava muito.

 Seus amigos sempre foram seu porto seguro, mas desde que ela assumira novamente um relacionamento com Victor, todos ficaram esquisitos. Tinha certeza que eles estavam completamente chateados pelo fato dela ter voltado com ex, mas teria que levar aquela mentira adiante se quisesse protegê-los.

 Saiu do banho, vestiu sua camisola e foi pra cozinha preparar seu brigadeiro, que até então era seu único amigo que não havia mudado. Levou a panela para a sala e riu pensando em Cedrico implicando com ela... Se ele soubesse a quantidade de brigadeiros que tinha comido nos últimos dias, sem dúvida alguma já estaria reclamando pelo fato de ela sempre poder comer o que quiser sem engordar, o que era completamente o contrário dele.

 Deitou-se no sofá e ligou a televisão, estava pronta para assistir mais alguns dos inúmeras vezes repetidos episódios de friends, mas alguém tocara a campainha. Respirou fundo com preguiça de levantar, mas obrigou-se a fazê-lo e assim que abriu a porta, surpreendeu-se com o que viu.

(...)

Rony estava desesperado. Sabia que devia esperar Harry e consultá-lo, mas com a informação que tinha ele não conseguiria esperar por mais tempo. 

Saiu do serviço o mais rápido que pôde para buscá-la ainda na universidade, mas assim que o fez, teve que enfrentar uma grande discussão com Luna e Draco Malfoy que o chamavam de traidor e diziam para deixar sua amiga em paz. A única que sempre esteve do lado dele era Astória, e fora ela que lhe contara onde a amiga provavelmente teria ido.

Assim que Astória lhe dera aquela informação ele correra para a casa da morena, a sua morena. 

Ficou pensando se conseguiria entrar com facilidade no condomínio dela, afinal, ela tinha pedido para que não o deixassem subir, nem ao menos a incomodasse. Mas, por uma grande sorte o porteiro que estava na portaria do condomínio era novo no emprego e facilmente ele o enganou dizendo que era um morador. 

Descartara o elevador porque não aguentaria esperar que o mesmo chegasse, então resolveu subir pelas escadas mesmo. Ela morava em um dos andares mais altos do prédio, e pela primeira vez ele subira aquelas escadas correndo e não se importara com o fôlego que perdera, acreditava que sua respiração só se descompassaria a cada segundo que antecedesse o momento que tanto esperava.

Tocou a campainha e respirou fundo, estava muito nervoso. Não demorou muito e ela abriu a porta e logo uma expressão mista de surpresa e espanto tomou sua feição, mas aquilo não fora o suficiente para fazer com que o sorriso que ele carregava no rosto diminuísse.

Ela estava tão linda! Os cabelos molhados denunciavam que ela acabara de sair do banho, a camisola de cetim cor-de-rosa a deixavam tão sensual, tão maravilhosa... 

— O que faz aqui? — ela perguntou nervosa o tirando de seus devaneios.

— Oi! — ele disse um pouco sem graça, ainda um pouco extasiado com a situação.

— Como entrou aqui? Quem deixou você entrar? 

— Bem, eu... Calma! — ele pediu respirando fundo — Eu entrei escondido.

— Escondido? Como assim? Acho melhor você ir embora... — ela dissera fechando a porta mas ele a segurou.

— Espera! Nós temos que conversar!

— O que quer comigo? — ela perguntou o fitando e ele aproveitou-se do momento para entrar no apartamento e fechar a porta atrás de si.

— Eu tenho tanta coisa pra te falar... Nem sei por onde começar...

— Que tal começar pela parte que vai embora e não tenta explicar nada sobre ter me traído, acho que não mereço ficar ouvindo essa história inúmeras vezes.

— Mas é exatamente por isso que eu estou aqui! Você não merece isso, nunca mereceu.

— Engraçado você me dizer isso, porque não pensou nisso quando estava me traindo.

— Isso me machuca muito, sabia?

— Não tanto quanto me machucou! — ela dissera cruzando os braços e ele pode ver os olhos dela já brilhando, se ela começasse a chorar ele não conseguiria prosseguir, então respirou fundo e tentou ignorar aquela situação.

— Acredito que machuque muito mais a mim do que a você, já que seguiu em frente muito rápido, não é?

— Eu segui em frente muito rápido? Foi você que me traiu enquanto ainda estava comigo!

— E é exatamente por isso que me dói, como é que pode acreditar que eu trai você? Não confia em mim?

— Foi você que teve a cara de pau de vir aqui e me dizer que engravidou outra mulher! Eu sempre confiei em você, Ron. Se qualquer outra pessoa tivesse me dito aquilo eu juro que não acreditaria, mas foi você! Você que veio até aqui e me contou tudo... Por um momento eu até me recusei a acreditar naquilo, mas logo caiu a ficha e eu percebi que você nunca passou daquele aproveitador que eu conheci no bar. — ela dissera já com as lágrimas rolando por seu rosto.

— Não diga isso... — ele dissera tentando manter-se focado, não suportava vê-la chorar, ainda mais por causa dele.

— E eu segui em frente, não é? Pelo que me lembre você anda desfilando por aí com aquela loira, afinal, estavam juntos e de mãos dadas no aniversário do Tiago. Acho que não te importa muito com quem eu estou não, já que está saindo com a mãe do seu filho.

— Ela não é a mãe do meu filho!

— Você é um mentiroso, Ronald Weasley! Hipócrita, safado, traidor...

— Eu não sou um traidor! — ele gritara, fazendo com que ela se irritasse ainda mais.

— Como não? Quem você pensa que é, ein Ronald Weasley? Sinto muito se a verdade dói, mas é isso que você é: um traidor!

— Qual a parte do "eu não sou um traidor" você não entendeu? Hermione, por favor, me escute! Lilá não é a mãe do meu filho, ela não está grávida.

Aquela informação a fizera fraquejar e ele a segurará para que ela não fosse ao chão, estava bem assustada e incrédula. O que ele havia acabado de dizer? Estava ficando louco? Ou pior, ela estava ficando louca?

— O quê? Você? Ãhn?

— É isso que você ouviu, Hermione. Ela não está...

— Me solta! — ela dissera desvencilhando-se dele, deixando a raiva tomar conta de si novamente — Sai daqui!

— Hermione...

— Vai embora daqui! Eu não acredito em uma palavra que você disse!

— Por que não acredita? — agora ele também estava exasperado, ela tinha que acreditar nele.

— Por que você é um mentiroso!

— Eu não sou um mentiroso! — ele disse prendendo contra a parede — Por que eu seria um mentiroso com você? — perguntou fitando-a nos olhos.

— Por que eu deveria acreditar que você não mentiria pra mim? — ela perguntou com a voz esganiçada, ele sabia que ela estava com um misto de raiva e tristeza nos olhos.

— Porque eu te amo! E quem ama não mente! Quem ama protege, dá carinho e valoriza. Eu amo você, Hermione, nunca faria uma coisa daquelas com você! — ele dissera e a soltara, estava com vontade de chorar tanto quanto ela. — Será que acredita em mim agora?

Hermione ficara paralisada com o que ele acabara de dizer e por um momento ficara sem reação, antes de recobrar os sentidos sentiu seu corpo aquecer. Ela sempre se recusou a aceitar que Rony a traíra por mais que a realidade doesse, mas agora ele estava ali dizendo que tudo aquilo que acontecera era uma grande mentira. Eram informações valiosas, não tão valiosas quanto as últimas palavras que ele dissera, e num misto de surpresa e alegria ela pulara no pescoço do ruivo e o beijara apaixonadamente.