Hermione estava completamente perdida em seus pensamentos. Provas, trabalho, pacientes... Eram tantas coisas! E nenhuma dessas coisas a faziam esquecer o assunto mais constante entre todos: Ronald Weasley.

Desde que vira Rony saindo da festa de Tiago com Lilá ela não conseguia parar de se sentir mal, traída e insignificante. Não conseguia acreditar que ela estava com Victor por medo enquanto ele estava com Lilá por uma grande safadeza! A verdade é que se sentia muito mais chateada do que com raiva do ruivo, pois ela ainda sentia algo especial por ele, e saber que não era e nunca tinha sido correspondida a magoavam muito.

Às vezes ela tinha uma imensa vontade de chorar, mas não se permitia o fazê-lo porque não valia a pena chorar por uma pessoa que não a merecia. Mas era difícil manter esse pensamento enquanto o ruivo os povoava constantemente.

— Mione? Ei, Mione? — Comarc a chamava.

Hermione estava na lanchonete do hospital tomando café da tarde com o loiro. Os dois estavam passando grande parte do tempo de trabalho juntos, já que agora ele era sua dupla não somente nos tratamentos de Tiago, agora também era sua dupla nos tratamentos com as crianças. Eles sempre davam uma pausa no meio da tarde quando não tinham pacientes para atender e iam a lanchonete tomarem café e comerem cupcake enquanto conversavam sobre diversos assuntos, mas a distração de Hermione incomodou Comarc que percebera que estava falando sozinho há um bom tempo.

— Oi! Pode continuar falando sobre... Sobre... Do quê estava falando mesmo? — Hermione perguntara sem graça.

— É até esquisito ver você com a cabeça nas nuvens! Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou estranhando a amiga.

— Não, não aconteceu nada!

— Tem certeza?

— Tenho! Pode ficar tranquilo, eu estava só pensando numas coisas que a Tory me disse... Nada de mais.

— A Tory ficou louca de ciúme a ponto de te deixar desse jeito? — ele perguntou brincalhão e ela riu.

As duplas de trabalho eram sempre ela e Draco, Astória e Comarc. E agora as duplas estavam trocadas, o que era esquisito. Depois de anos trabalhando em parceria com Draco era estranho arrumar um novo parceiro, mas ela sabia que aquilo faria parte de seu desenvolvimento profissional e tinha sorte de seu novo parceiro ser o adorável Comarc MacLaggen.

— Ah, tenho certeza que ela está sentindo muito ciúmes de mim com você. Ela te ama!

— Eu sei que ela ama, nossa relação era muito próxima, mas que fique bem claro que sempre foi ela que quis trair o Draco com esse corpinho aqui, eu que nunca deixei! — ele disse e ela riu mais ainda.

— Você não existe! — Hermione riu agradecendo pelo senso de humor do amigo.

— Você também não existe! Mas eu sei que tem alguma coisa te incomodando... Foi algo que a Tory disse mesmo?

— Não, não é. Mas, sei lá, deve ser a TPM como sempre. Pode ficar tranquilo!

— Olhe lá, ein mocinha.

— De verdade, eu estou bem.

— Você sabe que não pode mentir pra mim, não é? Eu conheço você!

— Eu sei, e odeio ser transparente porque isso é um saco! Mas você é um amor, obrigada por se preocupar comigo, eu estou bem.

— Tudo bem, vou confiar em você. Mas eu estou aqui pra qualquer coisa! Inclusive se você terminar com seu namorado eu estou a sua disposição! — assim que terminara de falar ela o encarou em desaprovação — Ah, qual é, não é mentira pra ninguém que você sempre foi minha crush!

— E também não é mentira que eu nunca dei esperanças a você! Você é meu amigo, Comarc. Nada além disso!

— Eu sei, eu sei... Mas a esperança é a ultima que morre, não é? — ele disse dando uma piscadela para ela, fazendo-a rir.

— Você é um anjo, sabia? — ela disse agradecida por sempre ter Comarc para roubar-lhe alguns sorrisos nos últimos tempos.

— Você também é!

 (...)

Rony estava cheio de coisas pra fazer. Processos atrás de processos, mas ele estava utilizando o tempo dele para ficar girando em sua tão protegida cadeira de trabalho.

Ele estava bem estressado ultimamente. Nada parecia dar certo, nem mesmo sua gravata ele conseguira colocar naquela manhã, e tudo o que acontecia o deixava ainda mais irritado.

— E aí, Rony! Vamos almoçar? — Harry dissera entrando no escritório do melhor amigo.

— O quê? — Rony perguntou girando a cadeira para encarar o amigo.

— Vamos almoçar? — Harry repetiu.

— Ah, não, obrigado! — ele disse e voltara a girar-se na cadeira.

— O quê? — Harry perguntou atônito — Ronald Weasley rejeitando comida? Justo no dia da lasanha? É isso mesmo, Ronald?

— Harry, faça o favor de não encher o meu saco, tá?

— Tá, você venceu. Me diz, o que aconteceu agora? — Harry perguntara sentando-se na cadeira em frente à mesa do amigo.

— O que aconteceu? O que aconteceu? — ele repetiu nervoso virando-se para encarar o amigo.

— Sem estresse, cara! Apenas fale!

— Minha vida está indo de mal à pior, Harry. Eu não aguento mais! Nunca deixei minha vida pessoal atrapalhar minha vida profissional, e na atual situação em que estou eu não consegui nem ligar o computador para ler alguns processos! Você tem noção do que está acontecendo?

— Eu já te disse pra você tentar relaxar...

— Relaxar, Harry? Jura? Relaxar? Como vou fazer isso? Como?

— Eu não sei! Você tem que tentar!

— Como é que vou tentar se a Lilá não me deixa em paz? Toda hora ela me liga pra me perturbar... E o pior, eu não consigo ignorá-la, pois tenho medo que algo tenha acontecido com meu filho e eu não saiba! Se é que é meu filho mesmo... Está vendo? É isso! Eu não tenho paz!

— Você deixar essas coisas tomarem conta da sua cabeça só vão fazer mal a você.

— Mais mal do que já estão fazendo?

— Você está irreconhecível, sabia? Sempre foi o cara de bem com a vida, persistente, esperançoso, animado e feliz. Agora não passa de um estressadinho e depressivo. Qual foi? Cadê meu melhor amigo?

— Está ocupado pensando nas milhares de coisas que estão acontecendo com ele.

— Rony, calma. Nós vamos conseguir! Sei que esses meses não tem sido fáceis, mas você não pode desistir. Estamos indo bem nas investigações e olha... Eu não ia te falar nada, mas, eu acho que descobri algumas coisas...

— Que coisas?

— Eu achava melhor ter certeza de tudo primeiro antes de te contar...

— Fale logo, Harry! Que coisas são essas? — ele perguntou exasperado.

— Bem, aparentemente não é só a Lilá o nosso foco de investigações nesse rolo todo.

— Como assim? — agora ele estava confuso.

— Bem, a festa do meu pai não serviu apenas para animá-lo. Também serviu para que eu reparasse na companhia de uma certa pessoa...

— Que certa pessoa?

— Uma pela qual o senhor está sofrendo até agora!

— Você está falando da...?

— A própria!