Avatar: A Lenda de Kyoshi escrita por Lucas Hansen


Capítulo 11
X - O Longo Caminho pela Frente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/680089/chapter/11

― Eu estou cansada. ― Myoshi afirmou, bufando. 

― Todos estamos. ― Kyoshi retrucou. 

― Então seria bom parar um pouco. Avise Handu que vamos parar. A Resistência precisa comer, e eu preciso treinar. 

― Fique a vontade para falar com ele. ― Disse, se afastando. 

― Mimada. ― Respondeu, sem Kyoshi ouvir. 

O dia estava azul, mas com muitas nuvens prateadas espreitando pelo céu, passeando calmamente como se o Reino da Terra inteiro não estivesse em guerra. 

Bicudo melhorava mais a cada dia, e contra todas as chances, ele sobreviveria. Porém, talvez, não seria o cavalo-avestruz tão rápido que um dia fora. 

― Handu. ― Ele não a ouviu, ou resolveu não ouvi-la. ― Handu! ― Ele parou. ― Mande suas tropas pararem. Já é meio-dia, ninguém aguenta caminhar nesse sol. E todos precisam reabastecer as forças. 

― Quanto mais cedo chegarmos em Omashu, melhor, Avatar Myoshi.

― Já te disse para não me chamar assim, general. Só Myoshi está ótimo. 

― Como desejar, Avatar Myoshi. ― Myoshi revirou os olhos. 

― E isso não é tudo. Eu também preciso treinar minha dobra de fogo com Lee. 

― Isso é um bom motivo para parar. Muito bem, Avatar. Vamos descansar um pouco. 

Myoshi não suportava o tratamento especial, principalmente por parte de Handu, pelo fato de ser o Avatar. Antes, um bruto que discutia por tudo e com todos, Handu agora era um animal dócil quando se tratava de Myoshi. 

Além dele, muitos membros do exército da Resistência veneravam Myoshi, ajoelhando e fazendo reverências, como se fosse uma deusa que salvaria eles de tudo que sofreram até então. 

Odiava isso. Não se importava em ser o Avatar, mas preferia ser tratada apenas como mais uma mulher qualquer. Por isso gostava tanto de Bonuk, um dos garotos da Resistência. Ele tratava-a como uma mulher qualquer, além de fazê-la rir. 

Aliás, Myoshi sentia que a ficha não houvesse caído completamente. Era a Avatar. O ser mais poderoso dessa Terra, capaz de fazer vulcões entrarem em erupção, causar terremotos, manipular a lava, criar furacões, levantar maremotos e fazer chover fogo. 

De qualquer forma, não se sentia tão poderosa. Conseguia apenas dobrar terra, com muita inferioridade quando se tratava de Kyoshi, e não conseguira produzir fogo até então. 

Comeu algo com rapidez, a fim de treinar com Lee. O homem com uma barba longa fez o mesmo. Ambos se afastaram da Resistência até um local mais plano, sem árvores ou arbustos por perto. 

― Faça a posição. ― Ele disse, e Myoshi afastou as pernas e ficou com as mãos bem na frente do peito. ― Ótimo. Agora, como antes, respire. Sinta o sol tocar sua pele, e sinta o sol que existe dentro de você. 

Myoshi respirava profundamente. E a cada vez que inspirava e expirava, notava que existia um fogo que crescia cada vez mais forte dentro de si; principalmente com sua pele exposta ao sol. 

― Ótimo. Muito bom mesmo. Você está melhor em sua respiração. Acho que já podemos tentar fogo de verdade. 

― É mesmo? ― Falou, claramente ansiosa. 

― Sim. Mas só se você conseguir criá-lo. Eu não a ajudarei nisso. E tome muito cuidado. Nós manejamos o fogo, não o controlamos completamente. Fogo é vivo. 

― Tomarei cuidado. 

Myoshi fechou os olhos. Sentindo o sol na sua pele, inspirou e expirou. Inspirou e expirou. E de novo, e de novo. Até que fez um dos movimentos que Lee a ensinara, e pôde sentir e ver o calor deixando seus punhos em direção ao seu professor. 

Ele defendeu o golpe com facilidade. 

― Muito bom, Myoshi. Você é natural nisso. 

― Obrigada, mestre. 

― Me acerte mais algumas vezes. Quero ver o quão quente você consegue ser. 

E assim ele continuaram. Myoshi atacando com seus punhos, com suas palmas, com suas pernas e com seus enormes pés. E a cada golpe de chamas, Lee defendia com facilidade. Como se ele cortasse o fogo no meio, extinguindo-o da existência. 

― Ótimo, Myoshi. Mas eu espero que você estivesse me olhando com atenção, pois agora, é sua vez de defender meus golpes. 

Com isso, Lee soltou três rajadas de fogo seguidas. Myoshi, desesperada, esquivou-se, pulando para o lado. O fogo se extinguiu no ar logo depois. 

― Está louco?

― Estou te ensinando. 

Novamente, ele começou a atacá-la. 

Com certa insegurança, Myoshi pulava e desviava, esquivava e agachava, sem nunca parar o fogo com sua própria força. 

Entretanto, Lee notou seu padrão, e foi mais esperto. Lançando rajadas de fogo nela e em todas as possíveis rotas de fuga, seu mestre não lhe deixou opção a não ser parar a chama com seu poder. 

E, de alguma forma, conseguiu. Colocou os dois braços na frente de seu corpo, e quando o fogo fez contato, controlou-o fazendo um movimento para cima com um dos braços, e com o outro, para baixo, e a chama dissipou. 

― Impressionante! ― Ele falou, animado. 

― Impressionante? Você podia ter me machucado. 

― É claro que poderia. ― Disse, despreocupado. ― Isso é um treino de dobra de fogo, Myoshi. Acha que nunca me feri quando era um moleque? Mas você foi muito melhor do que eu. ― Sorriu. ― Você é a Avatar, afinal. 

― É, acho que você está certo. 

― Sente um pouco. Vou buscar água para nós. 

E Myoshi fez o que o seu mestre mandou. Sentou-se, e logo, estava deitada na grama, olhando para o céu azul, desejando ser uma das nuvens passageiras que observava. Desejando acordar na sua antiga fazenda com seu pai gritando uma tarefa ou outra para realizar. 

Lee retornou com a água em um balde. 

― Tome com a mão mesmo. 

― Você acha que eu sou uma princesa pra só tomar água em taças? 

― É, ― Ele riu. ― acho que você não faz do tipo de realeza. 

― Nem você. ― Ela retrucou. ― Ainda não consigo acreditar que você é um príncipe da Nação do Fogo. Por que você está aqui, e não na sua terra?

― Bom... ― Ele claramente ficou desconfortável. ― Eu não posso retornar para a minha terra agora. Mas prometi a Handu que meu pai viria com um exército nos ajudar contra Chin. Sei que ele vai. 

― E por que você está na Resistência? Nós não somos nada para você. 

― Não suporto tirania e crueldade. ― Respondeu com um ódio puro.

― Mas por quê? Podia estar com uma família, comendo frutas e bebendo cerveja-vinho em um palácio qualquer. Por que está aqui?

― Cuida da sua vida! ― Falou um pouco mais alto.

Um silêncio perdurou, com apenas o som do vento soprando em suas orelhas lutando contra o frio que ficou entre os dois.

― Desculpe por perguntar demais. Não quis te irritar, mestre. Eu vou me retirar. 

Myoshi se levantou, e já caminhava para o acampamento a fim de retornarem a marcha para Omashu, quando Lee a chamou. 

― Espere, Myoshi. ― Veio correndo até ela. ― Não é sua culpa. Me desculpe por agir daquela forma. 

― Não há com o que se desculpar. ― Sorriu para ele.

Ele não esboçou um sorriso de volta. Caminharam em silêncio, e quando chegavam perto do acampamento, Lee revelou:

― Me preocupo com meu filho. É por isso que não posso voltar para a Nação do Fogo. 

― O que quer dizer? 

― Há pessoas más que podem feri-lo caso eu volte. E eu farei de tudo para protegê-lo. ― Falou, com determinação. 

Myoshi tranquilizou-o colocando um dos braços ao redor de seu pescoço, por cima do ombro. 

― Ele vai ficar bem, Lee. 

― Vai. Farei questão disso. 

Ao retornarem, notou movimentação por parte das tropas da Resistência. 

Myoshi correu em direção de Handu. 

― Chin?

― Não. ― Retrucou, com medo. ― Uma matilha. 

― Matilha do quê? ― Falou, rindo. ― Lobos-morcegos? Você tem praticamente um exército. 

― Tire esse sorriso do rosto, Avatar. É uma matilha de alces-leões-dentes-de-sabre. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Avatar: A Lenda de Kyoshi" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.