Avatar: A Lenda de Kyoshi escrita por Lucas Hansen


Capítulo 10
IX - O Enterro




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― Como assim... Eu sou o Avatar? ― Questionou, ainda chorando. 

― Seus olhos brilharam... ― Kyoshi explicou. ― E você dobrou os quatro elementos. Não tem mais o que falar, Myoshi. Você é o Avatar.

― Mas... Você sempre foi a mais poderosa. Você sempre lutou melhor que eu. 

― Ou você que nunca atingiu seu verdadeiro potencial. ― Retrucou. 

Myoshi nem ao menos notou o tempo passar. Enquanto pessoas da Resistência ajoelhavam em sua passagem, venerando-a como se fosse alguma deusa perdida que acabara de descer dos céus, seus pensamentos ainda voltavam para os seus pais. 

A morte de ambos, causada por Chin, seria lembrada. 

E agora, tinha muito mais no que pensar. Era o Avatar? Então, o que houve com Avatar Kuruk? Como podia controlar os elementos? O que tinha que fazer agora? Myoshi estava mais perdida do que um tigre-tubarão fora d'água. 

Quando deu por si, estava em uma reunião para decidir qual seria o próximo passo da Resistência. 

― Nós temos que recuar para Omashu! ― Afirmava Handu. 

― Mas você mesmo disse que não recuaria para Omashu sem sua vitória. ― Lee retrucou. 

― Caso você não tenha percebido, ― Ele respondeu de forma ácida. ― isso foi uma vitória. E agora, nós temos o Avatar conosco! ― Apontou para Myoshi. 

― Minha irmã não é uma arma de guerra. 

― Mas deveria ser. ― Handu disse para Kyoshi. ― Você viu o que ela fez com o exército de Chin? Transformou-os em fumaça em questão de minutos. 

― Não foi por que eu quis. ― Myoshi enfim falou. ― Estava fora de controle. Tinha acabado de ver minha mãe morta. 

― Mas se você conseguiu uma vez, ― Ele disse, esperançoso. ― você consegue duas. 

― E como você sugere que eu faça isso? Porque eu não sei. 

― Tente pensar na morte da sua mãe. ― Respondeu, confiante. ― Talvez isso ative de novo. 

― A única coisa que eu estou pensando agora é em você no lugar dela. 

― Parem! ― Kyoshi disse. ― Brigar entre nós não vai resolver nada. Temos decidir o que é melhor. 

― O melhor, ― Lee continuou. ― é atacar o exército do Chin de frente. Ele acabou de sofrer uma derrota, seus homens estão feridos e temos a surpresa do nosso lado. 

― Nós estamos igualmente feridos. ― Handu disse. ― Dezenas morreram e centenas precisam se curar. 

― Mas nós temos o Avatar! ― Lee disse. 

― Com isso eu concordo. Ela pode virar a maré em qualquer batalha. 

― Ei! Não falem como se eu não eu não estivesse aqui. 

― Desculpe, Avatar Myoshi. ― Handu disse, com certo respeito que não tinha até então. 

― E pode me chamar só de Myoshi. ― Falou, emburrada. ― Olha, se eu realmente sou o Avatar, preciso aprender a dominar os quatro elementos. ― Olhou para Lee. ― E o próximo elemento depois da terra, é o fogo. 

Lee fingiu não ser com ele. Handu concordou, relutante. 

― Bom, se você não consegue ativar aquele poder imenso de novo, não custa nada começar aprendendo outro elemento. 

― Escutou Lee? ― Kyoshi disse. ― Você será o mestre de fogo da minha irmã. 

― Mas eu... ― Respondeu, inseguro. ― Não sou dos melhores dobradores. Você consegue arranjar professor melhor. 

― Talvez. ― Myoshi disse. ― Mas você é o professor que eu tenho. E não vejo ninguém melhor para isso do que você. 

Lee corou. 

― Bom, se o Avatar me pede com tanta nobreza e humildade, não posso fazer nada a não ser aceitar seu pedido. ― Lee a reverenciou com respeito. 

― Obrigada, mestre Lee. ― Ela a reverenciou de volta. 

― Ótimo. ― Disse Handu. ― Está tudo lindo e perfeito. Então vamos retornar para Omashu. Quanto mais cedo estivermos na segurança das muralhas treinando o Avatar, melhor. 

― Não tão rápido. ― Respondeu Myoshi. ― Minha tarefa aqui ainda não terminou. 

― Nós temos que matar Chin. ― Kyoshi confidenciou à Myoshi após a reunião. ― É para isso que vivemos, Myoshi.

― Matar Chin? Não posso dizer que também não desejo o mesmo, Kyoshi. Mas... 

― Mas o quê? ― Ela retrucou, irritada. ― Ele matou nossos pais. Ele destruiu nossa fazenda. Ele roubou nossas terras. 

― Você não acha que nosso pai está vivo?

― Ouvi minha mãe e você conversando outro dia. E concordo com ela. Nosso pai provavelmente está morto. Só por matá-lo, Chin merece morrer.

― Merece. Também acredito que a morte é o mais justo para esse monstro, mas até um monstro tem coração.

― Um coração que eu furarei com grande prazer.

― Lute, irmã. Mas não lute por vingança. Não é isso que eu quero, e não é isso que nossa mãe gostaria. 

― Lute pelo que você quiser. Eu lutarei por vingança, para ver o corpo de Chin tão esmagado quanto da nossa mãe. É isso que meu pai gostaria. 

― E isso vai trazer nossos pais de volta, Kyoshi? 

― Não, mas pelo menos vai mandá-lo para os espíritos, para que nossos pais possam retribuir tudo que Chin nos fez. 

― Eu... Não quero o poder de tirar a vida de alguém. 

― Então você não devia ser o Avatar. ― Ela disse, com rancor. ― Eu deveria ser. 

― Se eu pudesse, te dava o poder com prazer. 

O dia raiou com um céu limpo e um sol quente. A manhã estava mais do que agradável, mas o que iriam fazer não agradava ninguém. 

Myoshi e Kyoshi cavaram a cova da mãe. Fingiram que a conversa de ontem nem ao menos acontecera. Sukishi foi enterrada com metade de seu corpo esmagado pela rocha, e a visão irritou e nauseou Myoshi. 

Alguma pessoa ou outra que a conheceu na Resistência disseram palavras bonitas e que confortaram ambas. Mas nada poderia realmente curar a ferida que sua morte havia deixado. 

― Sukishi não era só minha mãe. ― Myoshi disse com dignidade e orgulho. ― Ela era a maior mulher que já conheci em minha vida. Foi ela que me ensinou que eu poderia ser quem eu quisesse, independente do meu pai. Foi ela que incentivou minhas viagens. E foi ela que sempre oferecia o ombro para eu chorar. Mas agora eu não tenho seu ombro, mãe. E as lágrimas continuam a aparecer. ― Falou a última frase já lacrimejando. 

Kyoshi, emocionada, também falou para sua mãe.

― Mãe. Você nunca será esquecida, nem meu pai. Eu prometo, com todas as minhas forças, que eu darei um fim a Chin e suas conquistas com as minhas próprias mãos.

Kyoshi continuou seu discurso de vingança, porém Myoshi não prestou muita atenção. Afinal, hoje também era o dia de seu enterro. Myoshi, aquela garota que queria nada mais do que viver uma vida tranquila como dona de casa, cuidando dos seus queridos animais e esperando a velhice chegar, morrera nessa batalha junto com Sukishi. 

E no lugar dela, nasceu Avatar Myoshi. 

Na lápide, Myoshi fez questão de escrever: "Sukishi. Uma defensora dedicada. Uma mulher forte. Uma esposa amável. Uma mãe poderosa que deu luz ao Avatar. Para sempre em nossos corações." 

Encontrou Bicudo perto de onde o deixara, já um pouco melhor de sua perna ferida. 

― Também estou ferida, Bicudo. ― Disse ao animal. ― Mas nossas feridas vão cicatrizar, e nos deixar mais fortes. 

A Resistência seguiu para Omashu, com sentimentos de esperança e vingança. 


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