O Apócrifa dos Pesadelos escrita por Kentaro Miyazaki


Capítulo 2
Amedrontado




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Após este estrondo ter se propagado por toda a cidade, as pessoas aflitas corriam amedrontadas, eu tentava me afastar mas não conseguia tal feito, por algum motivo permanecia imóvel, sem controle do meu corpo. Então eu observava fixamente para o céu, suas nuvens escuras se separavam em um formato espiral, se assemelhavam ao olho de um furacão, dentro dele algo parecia se aproximar da cidade, não conseguia ver direito e apesar de estar assustado, eu estava curioso para saber o que era aquilo. Foi então que finalmente meu corpo se movia, porém mesmo eu querendo fugir de medo eu continuava a andar para frente, não parecia ter recuperado o controle dele, e então conforme eu fui me aproximando lentamente, o que saia das nuvens se tornava cada vez mais visível, até que finalmente os encontrei, sim, eles estavam olhando pra mim, eles tinham finalmente conseguido fugir dos reflexos, meus companheiros no pesadelo, eles me observavam frente a frente naquele exato momento, quando percebi suas intenções me coloquei a correr, então eu fugi, fugi como um animal indefeso quando vê seu predador. Enquanto eu estava correndo, mantinha minha visão para trás, fixando em seus pelos negros, olhos e dentes brilhantes, com seu corpo completamente deformado, cada vez mais parecia que iam me alcançar, eu estava perdido ali, então talvez por medo, me virei para frente e fechei meus olhos enquanto corria, eu já havia aceitado que morreria ali, neste momento eu tropecei e caí no meio de uma calçada, senti a presença de um... Não, várias coisas que não sabia dizer ao certo passarem por mim, sua energia era tão obscura que eu não parava de tremer enquanto estava caído naquele chão, isso durou por volta de cinco segundos, logo tudo se passou, eu levantei e olhei para trás, não via sinal mais deles.

Quando me dei conta de que todo mundo estava fugindo, e a cidade estava sendo destruída pelos mesmos, corri rapidamente para minha casa ver como minha família estava, porém, ao chegar lá me deparei com o pior cenário possível, ali estava, minha casa desmoronada, nos escombros eu podia ver dois corpos ensanguentados, uma mulher e um homem, então me aproximei devagar, nesse momento eu não conseguia parar de tremer, virei o rosto da mulher para identifica-la e então tive certeza, aquela mulher era a minha mãe, subitamente me assustei ouvindo um barulho, encontrei um ser dos reflexos, esse que no caso parecia-se muito a um cachorro, ele parecia estar comendo algo, conforme fui me aproximando pra enxergar eu encontrei o corpo de minha irmãzinha em suas mandíbulas, assustado, eu gritei e caí no chão, isso chamou atenção do canino e ele veio em minha direção, eu não sabia mais o que pensar, o que fazer, minha família toda estava morta, só pude ter uma reação que foi ficar aos prantos, não conseguia mais segurar minhas lágrimas, esse momento foi o fim da minha família, e era também o meu fim, ali acabaria tudo... Se não fosse por ele.

Escutei um barulho de muitas pessoas chegando, um grito ecoou no ar, ele estava me chamando, “Matt”, eu o ouvi por diversas vezes, eu estava imóvel e meu corpo tremia incessavelmente, mas logo então surgiria ele, Joseph, ou Joey como eu era acostumado a chamar, junto com ele estavam várias pessoas diferentes, pareciam-se com policiais, mas carregavam armas estranhas, os mesmos dispararam contra a penumbra que se aproximava de mim resultando em sua aparente morte, seu corpo se desfez em poeiras negras.

—Joey! –Gritei desesperado.

—Matt, ainda bem que eu te encontrei a tempo.

—Como sabia que eu estava aqui?

—Eu estava fugindo com a minha irmã quando ouvi dizerem que um garoto com as mesmas descrições que você estava correndo em direção para a área residencial, por isso resolvi vir conferir.

Joey, um grande amigo meu, o conheço faz cinco anos, era a única pessoa que demonstrava se importar comigo, e também a única em que eu conseguia confiar, olhos verdes, cabelos pretos de tamanho médio, bagunçados, com uma franja cobrindo apenas um de seus olhos, grandes olheiras eram facilmente observadas, roupas pretas e rasgadas, e um semblante não muito amigável, apesar da aparência peculiar era um bom amigo, vivia apenas com sua irmã, seus pais nunca estavam em casa, porém de um tempo pra cá sua irmã quase nunca ficava mais em casa.

—Bom, ainda bem está salvo, Matt. –Uma das pessoas estranhas que o acompanhavam se aproximou. –Temos que sair daqui rápido, não é seguro.

Esta pessoa era Amelie, irmã mais velha de Joey, cabelos prateados e um pouco mais curtos que ele, porém de resto eram praticamente os mesmos traços, sempre mostrava se uma boa irmã cuidando de Joey desde que ele era criança, como eu disse, depois de um tempo pra cá, já não era muito presente, estava sempre fora, diziam que estava vagabundeando pelos bares, provavelmente devido a sua grande má fama por não ter um emprego mesmo aos 19.

—O que está acontecendo, Amelie? Quem são essas pessoas? Quem são aquelas criaturas?

—Calma, não temos tempo agora, precisamos fugir, ou vai desperdiçar a chance que teve de sobreviver agora?

Calei-me e segui caminho com eles, corremos pela cidade até encontramos uma van estacionada nas proximidades, subimos nela e demos partida.

—Bom, agora pode me contar? –Perguntei ainda sem estar ciente de toda a situação.

—Agora sim, vamos começar, em primeiro lugar, essas criaturas são chamadas Nightmares, pode parecer loucura agora para você, mas elas são a manifestação real dos pesadelos das pessoas.

—O que? –Me espanto por um instante.

—Existimos em uma realidade dimensional, vivemos na chamada terceira dimensão, e só podemos observar coisas que se encontram na mesma, agora animais conseguem observar coisas encontradas em outras dimensões, até agora esse era a única forma de contato dimensional registrada, porém, quando dormimos vamos para uma parte do inconsciente, essa parte é diretamente ligada à outra dimensão, a chamamos de plano dos sonhos, ou mundo dos sonhos, porém além dela, existe sua antítese, uma forma reversa de seu contexto, o plano dos pesadelos, quando dormimos, nós entramos em um forte contato com essas duas, fazendo com que nosso inconsciente gere seres e eventos que nós admiramos, ou tememos, então ali mesmo eles se manifestam fisicamente de alguma forma, e cada vez que dormimos mais deles são criados, isso tudo era teoria até então, e uma teoria muito descartada devido a uma total discordância por parte de outros físicos, porém havia vários relatos de crianças com habilidades de ver seres em vidros e espelhos, seres que as causavam tanto medo a ponto de não suportar ter nada que reflita por perto, porém não conseguiram identificar o que acontecia com essas crianças, elas acabavam surtando ao ter muito contato com esses objetos e acabavam se suicidando dias depois, esse fator que a psicologia e outras áreas da ciência não conseguiam investigar acabava sustentando de certa forma essa teoria dos sonhos e pesadelos, pois a reação dessas crianças quando viam um espelho era a mesma de quando estavam dormindo, parecia que algo estava interligado, eu espero que não se importe, mas desde que virou amigo do Joey, fiquei de olho em você discretamente, você parecia interagir muito com superfícies refletoras, isso me deixou um pouco intrigada, e nossos pais acabaram pedindo para eu ajuda-los em suas pesquisas, eu já estava um pouco por dentro dessa teoria, mas a considerava louca, porém ao te conhecer comecei a ter minhas dúvidas.

—Seus pais? –A interrompo por um momento.

—Nossos pais nunca foram presentes, sempre estavam ocupados com pesquisas no laboratório em que trabalham, eles encontraram fortes indícios de que as barreiras estariam se rompendo devido aos sintomas cada vez mais forte das crianças que tinham essa sensibilidade, então quando contei sobre você, fizeram com que eu ficasse te observando as escuras e registrando tudo que eu via, acabava que não tinha mais tempo para cuidar de Joey, porém ele já está grandinho então acho que não tem problema. –Dizia a mesma com tom de brincadeira.

—Bom, de qualquer forma precisamos fugir agora. –Um homem alto e um pouco gordo veio até nós, Lewis Johnson estava escrito em seu crachá, pelo sobrenome e aparência supus imediatamente ser o pai de Joey. -Não vamos conseguir fazer nada por hora, e garoto, sinto muito por sua família, mas você é uma das chaves pra podermos descobrir o que são essas coisas de fato, e talvez poderemos descobrir coisas além do esperado, então, por favor, seria muito pedir que viesse conosco?

—Não... Eu não tenho muita escolha nessa situação.

Então segui viagem com eles para uma cidade um pouco que longínqua, seria ótimo se iludir esperando ter paz...


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