Thinking Out Loud escrita por Grace


Capítulo 20
Try


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Mais um capítulo para vocês (dessa vez eu não demorei hahahaha). Espero que gostem. Capítulo dedicado a todos que ainda estão lendo a fic. Vocês são demais ♥



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Where there is a flame someone's bound to get burned
But just because it burns doesn't mean you're gonna die
You gotta get up and try, and try, and try

Tobias me acorda bem cedo na manhã seguinte. Eu estava tão mal quanto no dia anterior, mas pelo menos não estava pior. Ele me parecia agitado e eu tentava acompanhar suas andanças de uma lado para o outro no espaço da cabana. Quando ele finalmente para e me abraça, me mantendo de pé, ele sussurra que nós vamos sair daqui. Eu concordo com a cabeça, afirmando internamente, para mim mesma, que daria todas as minhas energias para conseguir sair deste lugar.

Minutos depois, Tobias pede para que eu fique encostada na parede próxima a porta, pronta para sair dali assim que tivesse a chance. Eu faço o que ele pede, encostando e fechando os olhos, tentando juntar o que restava das minhas forças. Respiro fundo e começo a prestar atenção a tudo que acontecia. Tobias para do lado contrário ao meu, perto de onde a porta se abriria. Vejo seus punhos cerrados e um arrepio se estende por todo meu corpo. E se o cara estivesse armado? Eu não suportava a ideia de vê-lo machucado. Penso em pedir para ele desistir disso tudo, mas quando abro a boca pra falar, ouço os trincos da porta se abrindo. Tobias se coloca em posição de ataque, quase como um quarterback dos times de futebol. Ou quase como ele fazia quando o time adversário estava com a bola. Silhueta meio curvada, olhos atentos, mãos prontas para bloquear o ataque do outro time. Ele era um jogador nato, e se eu pudesse apostar, apostaria que ele estava pensando nisso como uma partida. Você ganha e sobrevive. Você perde e morre. Era um ou outro.

A porta se abre e ele instantaneamente se move. Vejo o tal de Drew passando pela porta. Sua reação de surpresa é mais rápida do que a reação física. Azar o dele. Tobias o joga no chão e tapa sua boca e seu nariz, evitando que ele gritasse pelos outros, ou simplesmente que Drew respirasse. Vejo quando Tobias usa as pernas para imobilizar o outro cara e a mão livre para apertar sua garganta. Percebo o que ele está fazendo em questão de segundos. Se o cérebro fica sem oxigênio, a pessoa desmaia. Se continua sem oxigênio mesmo depois do desmaio, ela morre. Eu tinha certeza que Tobias não mataria o cara, mas o deixaria inconsciente. Demora vários minutos para se recuperar de uma inconsciência por falta de ar. E mais tempo ainda para se recuperar do choque do que tinha acontecido. Esse tempo era crucial para que nós pudéssemos escapar.

Me movo, pegando as duas garrafas de água que Drew tinha trazido e que tinham caído quando Tobias o havia atacado. Recolho também o saquinho com alguma comida dentro, provavelmente pão. Nós estávamos há muito tempo sem comer e não conseguiríamos fugir se não nos alimentasse. Mesmo que minimamente.

Percebo minhas reações mudando também. Eu estava mais desperta. Tenho certeza que era a adrenalina que estava evitando que eu sentisse a fadiga e o medo de antes. Agradeço por isso, porque assim nossa fuga seria mais fácil. Eu tenho plena consciência de que quando a adrenalina passasse, eu provavelmente me sentiria pior do que estava quando acordei. Torço para isso acontecer quando estivéssemos bem longe daqui, de preferência, em segurança.

Tobias larga Drew, que já está desacordado. Vejo-o pegando alguma coisa no bolso do cara. Era um pequeno canivete. Eu dou um sorriso fraco para ele, que parece entender que a adrenalina tinha me despertado. Ele guarda o canivete no bolso de sua bermuda e, vagarosamente, olha porta a fora, averiguando se encontraríamos mais algum obstáculo. Ele segura a minha mão e nós damos a volta na pequena cabana, pelo lado contrário da casa que ou outros estavam. Alguns metros depois, alcançamos as árvores e começamos a andar mais rápido. Eu queria muito dar uma gargalhada, simplesmente por alívio, mas não o faço. Silêncio era crucial, assim como manter o foco na escapada.

Nenhum de nós dois tinha noção nenhuma de qual o lado certo a se seguir, mas continuamos andando a esmo, tentando nos afastar do cativeiro e evitando deixar rastros. O chão ainda estava molhado, devido a chuva do dia do sequestro e devido à falta de sol, mas nós tomamos cuidado de andar sobre as folhas caídas, para evitar deixar pegadas, principalmente onde ainda consideramos perto do cativeiro. Quando nos afastássemos, poderíamos  nos descuidar a andar mais rápido. Mastigamos os pedaços de pão e ocasionalmente bebemos água. Nenhum de nós fala muito, embora Tobias me pergunte como eu me sinto de tempos em tempos. Eu insisto em dizer que estou bem.

Ao meu ver, não demora tanto assim para a adrenalina começar a diminuir e meu corpo começar a pesar. Tobias percebe a mudança sem que eu precise dizer nada. Meus passos ficam mais lentos e curtos e minha respiração mais pesada. Eu ainda usava a camiseta dele, que era a maior peça de roupa que tínhamos, mas meu corpo começa a tremer de frio.

— Anjo. — Ele chama, parando de andar e me avaliando. Pelo olhar em seu rosto, eu devia estar péssima.

— Está tudo bem. — Eu digo, tentando convencer a ele e a mim mesma. — Nós precisamos sair daqui. Eu posso continuar, só precisamos ir um pouco mais devagar. — Eu dou de ombros, tendo problemas para focalizar o rosto dele. Tobias dá uma risada curta, mas que me diverte. Fazia tempo que eu não o ouvia rir.

— Você não dá mais nenhum passo desse jeito, pequena. — Ele fala, me puxando para seus braços, me dando um beijo na testa e em seguida, me pegando no colo.

— Você vai cansar mais rápido assim. — Eu digo o óbvio. — E aí vão ser dois de nós cansados e não um só. Você devia me pôr no chão e deixar eu me arrastar. Pelo menos por enquanto.

— Anjo, os seus olhos estão totalmente desfocados. — Ele diz gentilmente. — Se eu deixar você tentar dar mais alguns passos, você vai acabar tropeçando e caindo. E corre o risco de se machucar. Eu não vou deixar você se machucar. — Ele afirma convictamente e eu não acho argumentos contra isso. Nem minha cabeça, que geralmente é imbatível, funcionava direito. Fico pensando minha coordenação motora, que só servia para andar de salto alto e mais nada. Seria um desastre.

— Quando você estiver cansando, a gente para e descansa, combinado? — Eu pergunto, cansada demais para teimar com ele.Eu podia sentir minha temperatura se elevando cada vez mais e nem o corpo quente de Tobias me mantinha aquecida. Eu tremia.

Andamos pelo o que poderiam ser horas - ou minutos, eu não consigo raciocinar direito - até que uma voz me desperta dos devaneios.

— QUATRO. — Alguém grita. Eu conhecia essa voz. Abro os olhos e eles encontram os olhos de Tobias, que me dá um sorriso. A voz era de Zeke.

— TRIS. — Outra voz conhecida. Essa era Christina. Eu me animo, mas não o suficiente para sair do torpor no qual eu estava. Minha mente ainda tentava processar o que estava acontecendo.

— ZEKE? — Tobias grita de volta, com o alívio transparecendo em sua voz. Ele me coloca no chão e me escora totalmente. Nós não nos movemos e eu enterro a cabeça em seu peito.

Ouço mais alguns gritos. Depois ouço passos. Muitos passos. Não consigo definir de onde eles estão vindo. Eu faço uma pequena oração, pedindo para que isso fosse real e não uma alucinação causada pela minha febre alta.

— Graças a Deus. — Essa é a última coisa que escuto antes de apagar totalmente.

Os momentos seguintes são nublados na minha cabeça. Movimentos. Alguém me carrega e grita alguma coisa. Depois um balançar mais delicado. Estou presa num limbo entre inconsciência e consciência.

— Eu falo com quem você quiser, depois que a minha namorada estiver segura. Em um hospital. — Escuto a voz de Tobias. Ele me parecia agressivo, como eu nunca tinha escutado antes. Eu ainda estava nos braços dele e nós parecíamos estar dentro de um veículo. — Tris? — Ele chama, mas eu não consigo responder. Minha mente não conseguia formar as palavras certas. E por mais que eu quisesse o tranquilizar, eu não conseguia.

Quando recupero a consciência novamente eu estou em um lugar claro. Demoro a conseguir focalizar as coisas e as pessoas ao meu redor. É um quarto de hospital. É tudo branco e o cheiro me atinge. É nauseante. Hospitais não deviam cheirar a algo bom, para que as pessoas se sintam bem? A figura dos meus pais entram na minha linha de visão e eu os encaro um pouco perdida, tentando entender o que estava acontecendo.

— O que… — Eu começo a falar. — Tobias. Onde está Tobias? — Eu pergunto, tentando me mover. Será que ele estava bem? Não consigo me desvencilhar dos fios conectados ao meu corpo. — Onde ele está? — Repito a pergunta, com a voz um pouco mais firme. Meus pais se olham.

— Ele está dormindo em alguma cadeira da recepção do hospital. — Minha mãe diz, sorrindo pra mim. — Se recusou a ir embora. Ele queria ficar aqui, mas o hospital só permite familiares nos quartos.

— Ele está bem? — Eu pergunto, com os olhos cheios de lágrimas. — Eu quero ele aqui.

— Tris… — Minha mãe começa e eu sei que não devia teimar, mas eu só ficaria totalmente calma e convencida de que ele estava bem quando o visse aqui.

— Eu quero ele aqui. — Eu repito. Meus pais se entreolham novamente e meu pai deixa o quarto do hospital. Minha mãe se senta na beirada da cama e segura a minha mão. Ela sorri levemente, o que me acalma um pouco.

— Você nos deu um baita susto. — Ela fala, passando a mão nos meus cabelos.

— Como… Como eu vim parar aqui? — Eu pergunto, confusa.

— Até onde você se lembra? Tobias disse que você estava bem mal. — Ela pergunta e eu forço a memória. O sequestro. A cabana. Eu acordo passando mal. No outro dia nós fugimos.

— Eu me lembro de ouvir alguém gritar o nosso nome. — Eu digo, suspirando. — Eu não sei, é tudo meio nebuloso.

— Segundo o que Tobias disse, você desmaiou no momento em que nós encontramos vocês. Seu pai, Caleb e eu, seus amigos e a polícia. Ninguém ficou de fora da busca. Tobias se recusou a contar o que tinha acontecido até você ser atendida. Ele ficava repetindo que você não estava bem. Nós encontramos vocês ontem no meio da tarde. Hoje é domingo, quase nove da manhã.

— A polícia… Capturou… — Eu mal consigo formular uma frase coerente, devido ao medo que eu sinto só de pensar nesse assunto.

— Não, querida. Ainda não. — Minha mãe responde. — Mas eles estão procurando. E vão encontrar.

Nesse momento, meu pai passa pela porta novamente. Ele vem acompanhado de uma médica aparentemente simpática, um enfermeiro e um cara de terno e gravata, que eu assumo ser da polícia ou algo do tipo. Antes que eu possa falar qualquer coisa, a médica se aproxima, colocando uma luz diretamente nos meus olhos e em seguida olhando alguma coisa nos aparelhos que se conectam comigo pelos fios. Ela me pergunta como eu me sinto e eu respondo um “bem” meio mal-humorado. Eu PRECISAVA ver Tobias e ele não estava ali. A paranóia que se instala na minha cabeça me faz não prestar atenção no que a médica dizia. Acho que tudo bem, já que ela falava mais com os meus pais do que comigo. Aparentemente os remédios estavam fazendo efeito e eu estava bem.

— Tris, esse é o detetive O’Connor. — Meu pai diz, como se o nome significasse alguma coisa pra mim. — Ele está liderando as investigações e precisa te fazer algumas perguntas. — É nesse momento que eu tenho uma ideia para conseguir o que eu tanto queria.

— Eu não vou falar nada enquanto não ver Tobias. — Eu afirmo categoricamente, fazendo meu pai praguejar.

— Tris… — O detetive começa a falar. Eu me viro na cama, dando as costas para os presentes no quarto. — Tudo bem, você venceu. Traz o garoto aqui — Ele diz para alguém. Eu dou um sorriso. Depois escuto ele dizer aos meus pais. — Esses dois realmente foram feitos um para o outro.

Um minuto depois ele passa pela porta e eu abro um sorriso. Tobias estava com olheiras profundas, o cabelo meio desgrenhado e a barba por fazer. Penso comigo que ele estava lindo. Ele usava tênis, calça jeans clara e um moletom vermelho. Eu me jogo nos braços dele o máximo que os fios permitem. Ele me abraça, beija a minha testa e depois verifica se eu estou bem. Ouço minha mãe dizendo para que todo mundo saia do quarto, nos dando um pouco de privacidade para matar a saudade e faço uma nota mental para agradecê-la por isso depois.

— Como você está, pequena? — Ele pergunta, sorrindo pra mim e me abraçando novamente.

— Eu estou bem. — Eu respondo. Ele se senta ao meu lado na cama e eu apoio minha cabeça em seu peito. Ele fecha os braços ao redor do meu corpo. — Como você está? — É minha vez de perguntar.

— Agora, ótimo. — Ele responde. Nós ficamos lá, abraçados, jogando conversa fora até o detetive e meus pais voltarem para o quarto. Eu me recuso veementemente a dar meu depoimento se mandassem Tobias embora dali. Eu não queria ficar longe dele de jeito nenhum.


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Notas finais do capítulo

Me contem do que vocês gostaram nos comentários! ♥



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