Finalmente chegaram as férias de verão. Hiyori estava saltitante com o sol infernal batendo em sua face, mas ela ignorou o fato de estar calor por causa das férias. Afinal, ela iria viajar para a casa de praia de seu tio, que era literalmente do lado do oceano azul. Enquanto arrumava sua mala para viajar por três semanas, ela recebeu uma visita inesperada.

— VOCÊ VAI EMBORA?! – Yato apareceu voando pela janela, caindo no chão de forma estabanada.

— DE ONDE VOCÊ SAIU?! – Pulou de susto, derrubando tudo que segurava em cima dele.

Yukine apareceu logo em seguia, suspirando, pela genialidade dos dois.

— Eu não vou embora! Eu vou viajar! – Hiyori pegava suas coisas que deixou cair no rosto de Yato até reparar que ele estava corado – Que foi?

— Estou vendo sua calcinha. – começou a falar, mas foi interrompido ao ser brutalmente pisoteado na cara.

— E você vai pra onde? – Perguntou Yukine, enquanto sentava na cama de Hiyori.

— Ah, eu vou pra casa de praia do irmão do meu pai. Eu tinha pensado em convidar vocês, mas-

— É claro que iremos!!! – Yato levantou radiante, interrompendo Hiyori e pulando em cima dela para abraça-la. Ambos caíram.

— E-Ei! – Corou – Me deixa terminar de falar! Eu pensei em chamar vocês, mas vocês não teriam onde ficar lá!

— A gente mora igual parasita na casa de uma menina e antes disso morávamos no chão. – Yukine falava encarando Yato – A gente tá acostumado.

— COMO OUSA, YUKINE! – Yato fazia poses dramáticas.

— Bom... Eu vou dormir numa cama de casal enorme, então nós três cabemos nela direitinho. – Falava pensativa.

— CERTO!!! – Yato voltou à sua felicidade – Então nós iremos!! Vamos Yukine, temos que comprar roupas de praia!

— Mas com que dinh...!!! – Yukine, interrompido.

Yato pulou pela janela puxando Yukine pela gola da camisa. Óbvio que os dois caíram no chão, mas, assim que se levantaram, Yato correu o puxando até a loja de roupas mais próxima (e barata).

[...]

Chegou o dia da viagem de Hiyori. Ela estava pensando em como levar Yato e Yukine sem que seus pais soubessem, mas lembrou do fato de que eles são facilmente esquecidos. Então, os dois foram com ela no banco de trás. Seus pais realmente não os notaram ali durante 3 horas de viagem de carro. Foi meio complicado ficar sem conversar com eles nesse período, mas ela se distraiu observando Yato olhando pela janela, já que seus olhos pareciam triplicar o azul refletido pelo céu. Yukine estava super enjoado por causa do carro e ainda discutia com Yato por vários motivos. Hiyori estava sentada entre eles, então acabou rindo e tendo que inventar motivos pra isso para os seus pais não acharem que ela era louca.

Após chegar na casa de seu tio, ela foi com os meninos até seu quarto para arrumar as malas. Yato e Yukine também tinham malas, mas eram pequenas. Apenas tinham algumas roupas, cuecas, meias, sapatos e um celular. Eram pequenas a ponto de eles deixarem no colo durante a viagem.

— Que cama enorme! – Yukine ficou boquiaberto ao ver a cama – Dá pra nós três dormirmos aqui e ainda sobraria lugar!

— Sobraria nada! – Yato pulou na cama, se esparramando por todo o colchão – Vocês podem dormir no chão. Eu fico aqui.

Enquanto Yato ria, Yukine lhe jogou um travesseiro na fuça.

— Ei, nada de bagunça! Qualquer coisa que vocês fizerem a culpa vai ser minha! – Hiyori pegou o travesseiro que Yato estava prestes a jogar em Yukine e o olhou feio.

— Okay, mamãe – Yato levantou, tirando sua jaqueta e se espreguiçando.

— Bom, acho que já podemos-

— HIIIYORIIIIN!! – Kofuku apareceu voando pela janela, caindo em cima de Yato.

— MAS DE ONDE VOCÊ SAIU?! – Yukine e Hiyori tomaram um susto enorme.

— Eu falei pra ela não seguir vocês, mas eu não tenho poder sobre ela. – Daikoku apareceu logo depois pela mesma janela, irritado.

Não se passaram cinco minutos e quinze carros haviam batido na rua da frente.

— Okay Kofuku, agora vamos voltar antes que você exploda a casa. – A pegou pela gola da blusa.

— NÃOOOO DAIKOKUUU, eu quero ficar com eles! – fazendo birra ao som das pessoas sendo atropeladas na rua.

“ME DEIXA FICAR COM ELES!”

“NÃO, JÁ TEVE 27 ACIDENTES NA RUA!”

E eles evaporaram dali.

Ainda era possível ouvir os tsunamis e terremotos próximos.

O trio ficou sem entender nada por um tempo, até que Hiyori finalmente terminou sua frase e os chamou para jantar.

— Ué, mas como vamos comer se seus pais não sabem que estamos aqui? – Yukine perguntou enquanto esvaziava sua mala.

— Eu posso falar que encontrei vocês por aqui e os convidei pra jantar. – Penteando o cabelo – Daí eles não vão saber que vocês vieram com a gente.

Após conversarem um pouco sobre coisas aleatórias, eles desceram para comer. Já eram sete da noite, já que chegaram às cinco.

— Mãe, pai, esses são meus amigos Yato e Yukine – apontou para eles, que estavam ao seu lado – eles podem jantar conosco?

Seus pais demoraram para conseguir notá-los, mas quando finalmente os viram, ficaram sem graça.

— Oh,  c-claro que sim! – Sorriram – Prazer em conhecê-los!

— O prazer é nosso! – Yato e Yukine sorriram, sentando-se à mesa.

Após jogar conversa fora e algumas perguntas típicas.

— Então, Yato, como você e a Hiyori se conheceram? - Perguntou o pai dela, enquanto pegava um pedaço de carne.

— Ah, é... - Olhou para Hiyori, que também não sabia o que falar - É uma história tão boa que ela quem deveria responder.

Hiyori fez cara feia para ele, mas resolveu contar a verdade.

— Lembram de quando eu "pulei" na frente de um ônibus na rua para empurrar um imbecil que seria atropelado? Então, era ele.

Sua família ficou em silêncio e seu irmão parecia ter engasgado.

— Então foi você?! - Os pais de Hiyori ficaram surpresos.

Por algum motivo estranho, a conversa fluiu ainda mais depois disso. O jantar acabou e os três subiram para o quarto. Levou cerca de meia hora para que a família de Hiyori tenha esquecido da existência dos dois. Eram nove da noite e Hiyori já estava ficando com sono, ao contrário dos meninos. Vestiu seu pijama, que era uma blusa e uma calça estampada, escovou os dentes e ligou o ar condicionado do quarto.

— Bom, eu vou dormir – deitou no meio da cama – Podem usar meu notebook se quiserem.

— Mas já? Tá tão cedo – Yukine falava enquanto tirava sua camiseta para vestir a que usava como pijama.

Já Yato, estava tirando a camisa para dormir apenas de calça. Hiyori ficou vermelha dos pés à cabeça ao ver a cena e virou para o outro lado.

— B-Boa noite!

Eles não entenderam, então continuaram fazendo o que faziam. Após toda a higiene pessoal e coisas do tipo, Yukine começou a ler um livro deitado no chão e Yato ficou usando o celular. Yukine, com o passar do tempo, começou a ter sono e quis dormir. O problema é que, na última vez que dormiu ao lado de Hiyori, ele picou Yato por causa da luxúria.

— Eu... Bem... – Ficou vermelho com essa probabilidade – É melhor eu não dormir do lado dela...

— Rola ela até o outro lado então – falou desinteressado, ainda no celular.

Yukine empurrou Hiyori, que acordou no susto e caiu da cama.

— O que você tá fazendo?! – Descabelada, levantando.

— D-Desculpa! É que é melhor você dormir no canto, porque tipo... – Continuou vermelho, agora gaguejando.

— (Será que ele tá lembrando de quando dormiu do meu lado?! Meu deus, eu sou uma pedófila!) Tudo bem, tudo bem! – Se sentindo um monstro, deitou no canto da cama e rapidamente voltou a dormir.

Yukine dormiu mais tranquilo logo que deitou longe de Hiyori. Com os dois dormindo, Yato acabou ficando com sono também e deitou no meio dos dois. Apesar da cama ser grande, não cabia mais alguém ali. Os três acabaram tendo que se encostar e como Yato não queria ficar grudado com Yukine por motivos chamados de “heterossexualidade”, ele acabou deitando mais perto de Hiyori. Mesmo com sono, ele não dormiu tão rápido. Ficou pensando no fato da família de Hiyori ter esquecido dele, mesmo tendo gostado bastante dela. Isso acabou o deixando chateado, porque sabia que podia ser Hiyori o esquecendo a qualquer momento. Esses pensamentos ruins o fizeram dormir, no final das contas.