Barriga de Aluguel escrita por Maia Castillo Vargas


Capítulo 3
"Estragar tudo não é uma opção!"


Notas iniciais do capítulo

AMOREEEEEES, nem deu pra sentir saudades, não? Brinks... Senti mtas saudadeeeees!

Como prometido, estou postando no fim de semana, sábado, mesmo que a semana toda eu tenha falado pra mim mesma que só iria postar no domingo... Viu como eu amo vocês?

Agora aos agradecimentos às mais novas flores do nosso jardinzinho de favoritos...

❤ Princess of Flowers
❤ Soh

Muito obrigada por favoritarem, amo vcs!

E quero agradecer a todas as minhas Lindas que comentaram no capítulo passado... Vocês estão me deixando cada vez mais feliz com essas mensagens incríveis!

E então, bora ler o capítulo tão esperado?



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Era hoje. O dia da entrevista para o emprego de Barriga de Aluguel do megaempresário Leonard Vargas.

Eu havia acordado há uma hora e já tinha feito minha higiene matinal e acabado de tomar banho. Minhas melhores roupas estavam separadas em cima do criado-mudo ao lado da minha cama e consistiam em uma calça jeans um pouco escura, um agasalho (que verifiquei e conclui que não tinha furos e nem rasgões) e uma blusa de mangas listrada em branco e beje. Coloquei-as e procurei um sapato que não estivesse tão ferrado. Por sorte eu tinha uma bota que quase não usava e estava com cara de nova. Calçei-a e fui arrumar meu cabelo, penteando e fazendo uma trança de lado. Quando já estava pronta e preparando meu café da manhã, ouvi um barulho vindo do meu quarto e então Sofia apareceu coçando os olhinhos na porta da cozinha.

— Onde você vai, Vilu? — Ela perguntou e então bocejou.

— Tenho que sair, é muito importante e eu não posso faltar.

— Mas você vai me deixar sozinha? — Ela perguntou receosa e eu a olhei com certa dúvida.

— Cadê tia Angie e tio Pablo? — Perguntei e ela levantou os ombros em sinal de que também não sabia. Olhei no calendário pendurado na parede. Eles trabalhavam hoje, droga!

— Eu vou ficar sozinha? — Ela perguntou e eu a encarei sem saber o que fazer.

— Eu não sei... — Tentei pensar em alguma saída mas a única que eu tinha era levá-la comigo mas ela não tinha roupas novas e talvez não desse tempo para arrumá-la.

Lembrei que tinha uma sacola dentro do armário com roupas minhas de quando eu era pequena. Talvez alguma coubesse nela. Corri para o quarto e procurei a bolsa. Quando a encontrei, espalhei todas as peças de roupa na cama e chamei Sofia.

— Você vai comigo, mocinha. Escolha uma roupa e corra para o banho.

Ela encarou as roupas com os olhinhos brilhando. Talvez nunca tivesse visto tantas roupas assim somente para ela. Subiu na cama e pegou um vestidinho florido, um casaquinho e uma calça do tipo legging branca. Em outra bolsa encontrei minhas antigas sandálias e então peguei uma que parecia ser seu número.

Como pedido, Sofia correu para o banho e depois de vinte minutos ela já estava de banho tomado e roupa vestida. Penteei rapidamente seus cabelos claros e fiz uma maria-chiquinha, que segundo ela era seu penteado preferido. Preparei rapidamente algo para comermos. Quando terminamos, peguei todos os meus documentos e minhas economias e corri para o ponto de ônibus.

Olhei para o relógio e faltava apenas uma hora para a entrevista começar e no papel dizia bem claro: "NÃO SERÃO TOLERADOS ATRASOS" e isso me desesperou um pouco. O ônibus passou depois de quase vinte minutos de espera e então pude respirar aliviada. A viajem demorou bastante e quando chegamos no centro da cidade, faltavam apenas dez minutos para o começo da entrevista. Corri com Sofia até um grande prédio. Não sabia se era ali a cede da empresa mas joguei para a sorte e entrei faltando apenas cinco minutos para às duas horas da tarde.
Imediatamente após entrar pude ver várias mulheres sentadas esperando cada uma sua vez de ser entrevistada. Soltei um suspiro eu poderia ter chegado à tempo mas seria quase impossível conseguir a vaga com tantas mulheres correndo atrás do mesmo emprego.
Fui até a recepcionista e pedi o papel para preencher e quando acabei, entreguei a ela e procurei um lugar para me sentar e coloquei Sofia sentada ao meu lado. Peguei uma revista para ler e percebi que a mesma era provavelmente de uns dois anos atrás, mas mesmo assim continuei folheando-a até que a mulher que estava sentada do meu outro lado começou a puxar assunto.

— Então, por que quer o emprego, garota? — Ela perguntou e eu não percebi que ela estava falando comigo até ela me cutucar — É com você mesma, Docinho — Me virei para encará-la. Era uma mulher de cabelos escuros e uma maquiagem bem chamativa e estava... Grávida?!

— Ehr... É pra ajudar a minha família — Disse um pouco baixo — E você?

— Preciso de mais dinheiro, quero comprar uma casa em outro país e ir embora com meu namorado — Ela disse pouco se importando e me encarou — Como pode ver, eu estou sendo barriga de aluguel para um casal do outro lado da cidade. Graças a Deus esse bebê aqui sai mês que vem e eu posso ser contratada pelo Sr. Vargas e conseguir o dinheiro que preciso — Ela respondeu sem uma pontinha de animação e eu me assustei com a forma que ela tratava o bebê.

— Eu não tenho muito a oferecer a ele no quesito "experiência"...

— Pensei que a menina fosse sua filha — Ela disse e eu a olhei sem entender.

— Não, ela é minha... Minha irmãzinha.

— Tem certeza? Parece que você não tem certeza do que está falando.

— Tenho total certeza! — Ela me olhou estranho e voltou a ler sua revista.

Continuei sentada vendo mulheres de todos os tipos entrando e saindo da sala onde eles estavam as entrevistando. Algumas saíam confiantes e outras pouco se lixavam se conseguiriam ou não. Dava para perceber tudo em suas feições. Chegou a vez da mulher sentada ao meu lado. Ela levantou com certa dificuldade e piscou pra mim antes de ir em direção a sala do senhor Vargas.

— Me deseje sorte, Docinho! — Ela disse acenando.

— Ahn... Boa sorte! — Desejei a ela e voltei minha atenção à Sofia, que estava muito quieta.

Ela estava dormindo. Talvez não tivesse preparada para tanto tédio e acabou por não aguentar e dormiu na cadeira mesmo. Deixei-a descansar, minha vez ainda demoraria um pouco a chegar já que fui a última a se inscrever e estavam chamando por ordem de chegada.
...
O local foi se esvaziando aos poucos e em menos de uma hora só restava eu e mais uma mulher. Chamaram o seu nome e ela levantou correndo e num piscar de olhos ela já estava lá dentro. Mas, pra que tanto desespero? Continuei sentada esperando até que mais ou menos quinze minutos depois a moça saiu da sala séria e andando mais calmamente, diferente de quando havia entrado. Ela se aproximou de mim e disse que estavam me chamando. Como não queria acordar Sofia, com cuidado a peguei no colo e andei devagar até a sala. Minhas mãos estavam geladas e eu sentia todo o meu corpo ficando tenso conforme eu me aproximava da porta.

— Posso entrar com ela? — Perguntei a um cara alto e sério que estava parado ao lado da porta e ele apenas acenou com a cabeça afirmando. Entrei cautelosamente e então vi Leonard Vargas conversando com um homem também de terno. Eles não haviam notado que eu já estava lá, então timidamente pigarreei para chamar a atenção — Ehr... Com licença.

— Gostei da garota número cinco e da número nove, mas... — Ele parou quando ouviu minha voz então se levantou e veio ao meu encontro.

— Violetta Castillo? Sou Leonard Vargas e aquele é o meu advogado — Ele estendeu a mão para que eu apertasse e assim fiz. Ele olhou para a garotinha no meu colo e apontou para um sofá branco no canto da sala — Pode colocá-la ali, se quiser.

— Tudo bem — Respondi quase num sussurro e a coloquei lá para que ele prosseguisse com a entrevista.

Ele gentilmente segurou a cadeira que eu deveria sentar e a empurrou para que eu ficasse mais próxima. Aquilo não ajudou porque além de estar nervosa, eu estava frente a frente com o cara que - de longe - era o mais bonito que eu já vi na vida. Seus olhos verdes e sua barba rala e... Violetta?! Essa com certeza não é você...

— Violetta, podemos começar? — Ele me perguntou, tirando-me do transe e eu assenti — Bom, estou vendo em sua ficha que você tem vinte e três anos e está desempregada. Nenhuma experiência em ser barriga de aluguel?

— Desculpe-me, no jornal não dizia que precisava ter experiência — Disse timidamente e ele deu um riso abafado. Porque estava rindo? Sou algum tipo de comediante e não sei?

— Não se preocupe, não é nada grave. Vamos continuar... Aqui diz que você nunca teve catapora? Nunca foi criança, Violetta? — Ele perguntou num tom brincalhão e riu depois. Não sei o porquê, mas não consegui achar graça naquilo e ele percebeu, parando de rir imediatamente. Senti o clima ficar pesado mas então ele prosseguiu — Uhm, não tem ficha na polícia... Não tem problemas de saúde. Ótimo!

— Fico mais aliviada. Será que o Senhor poderia me dizer se eu tenho pelo menos alguma chance de conseguir o emprego? — Tentei não soar tão rude mas ele parou de ler os papéis à sua mão e me encarou sério — Desculpe se eu fui um pouco grossa na pergunta mas é que esse emprego é muito importante e eu queria saber se eu tenho chances frente àquelas mulheres que já passaram por aqui.

— Pra dizer a verdade, não sei. Preciso saber como vive, onde e qual a renda mensal do seu núcleo familiar. Então, conte-me como é sua vida...

— Bem, eu sempre morei na parte baixa da cidade, numa pequena casa que meus parentes construiram. Fui criada pelos meus tios desde meus seis anos e eles sempre foram bem humildes. Trabalho desde os quatorze anos. Terminei o ensino médio e tentei a faculdade de medicina mas apesar das minhas notas altas e minha dedicação, tive que largá-la por falta de dinheiro e então foquei em trabalhos. E como o senhor já sabe, estou desempregada no momento.

— Por favor, não me chame de Senhor. Me faz parecer velho! — Ele riu e arrancou de mim um sorriso tímido quase que imperceptível.

— Essa é a renda mensal da sua família? — Ele perguntou um tanto surpreso ao ler minha ficha e eu assenti — Você não está mentindo para conseguir o emprego, está? — Ele perguntou sério e eu me assutei com a ousadia dele.

— Eu jamais seria capaz de mentir e jogar baixo apenas para conseguir um emprego. Sinto muito se o senhor pensa assim de mim. Eu lhe garanto que não sou essa pessoa.

— Ei, me desculpe. Apenas me assustei com o que li, é a mais baixa que eu vi aqui...

— Por favor, se por algum momento pensou em me dar o emprego por isso, pense melhor e releve apenas as poucas qualidades que tenho, é só o que peço — Ele continuou a me encarar com um sorriso e um olhar surpreso. Por que estava sorrindo tanto?

Ouvi um barulho e me virei, percebendo que Sofia despertava aos poucos. Ela coçou os olhinhos claros e se espreguiçou, como se tivesse dormido uma noite inteira.

— Mamãe? — Ela disse ainda meio perdida. Pedi licença e fui ao encontro da pequena.

— Não, meu amor. Aqui é a Vilu. — Ajeitei seus cabelinhos e ela esticou os bracinhos para que eu a pegasse e então voltei à cadeira que eu estava sentada antes. Leonard a olhava sorrindo... E que sorriso... Ei, Violetta? Acorda!

— Quem é ele, Vilu? — A pequena perguntou e Vargas sorriu meigamente.

— Eu sou Leonard Vargas, dono de tudo isso aqui! — Ele disse num tom animado e ela deu uma risadinha — E qual o seu nome?

— Sofia! — Ela exclamou e ele riu.

— Ela é um amor. O que ela é sua? — Ele perguntou e eu entrei em pânico por dentro. O que eu diria? "Ah, ela é uma garotinha que eu achei na rua e levei pra casa...", com certeza não!

— É minha irmã caçula.

— Mas... Ela ri! — Ele exclamou e mais uma vez o senso de humor dele não surtiu nenhum efeito em mim.

— É uma criança... — Respondi já me incomodando com suas piadinhas — Crianças riem de qualquer coisa.

— Você é difícil, hein? — Ele me encarou e eu me senti estranha.

— Me desculpe, mas queria que eu fosse como? Tenho que ser assim. Sair rindo para o mundo não traz dinheiro para minha casa, Sr. Vargas. Você pode rir à vontade, olha a montanha de dinheiro que você ganha a cada dia... Assim, eu até me daria ao luxo de gargalhar, se possível — Disse e arregalei os olhos quando percebi o que havia acabado de sair da minha boca. Senti meu rosto queimar e me levantei rápidamente, pegando a mão de Sofia — Ahn, eu já vou indo... Obrigada.


Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Era a minha única chance e eu a tinha destruído por puro orgulho. Olhei para Sofia e lembrei do trato que havia feito com minha tia sobre a pequena e então senti uma lágrima escorrer. Segurei firme na maçaneta e abri a porta contra a minha vontade. Eu tinha estragado tudo!


— Está contratada!


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Notas finais do capítulo

Meu Deus, foi por um fio! Quase que Violetta estraga TUDOOOO... O que acharam do capítulo? SE TIVER BASTANTE COMENTÁRIO ATÉ PENSO EM POSTAR ANTES DA SEMANA QUE VEM, O QUE ACHAM? BOA IDEIA? ENTÃO COMENTEEEEM! Amo de coração ler o que vocês têm a me dizer...
Não se esqueçam de favoritar e recomendar a história se estiverem gostando bastante dela, okay...

E pra quem quer saber como é a pequena Sofia... ->—> https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQN7lMFbRtVnyTJDe7XWy2X2pQbj6rQCbUJO9Z13NdmYT0BUmO_7aLdsJZ7


Até logo, Amores!