Lembranças de uma Saudade escrita por Bia Flor Escritora


Capítulo 4
Hoje a Noite Não Tem Luar


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo da fanfic, peço que me desculpem a demora



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                                           **Grissom**

A imagem daquela linda garota, daquela deusa em forma de mulher, não saía da minha cabeça. Eu nem ao menos sabia seu nome, mas todas as vezes que eu fechava os olhos eu recordava daquela criatura maravilhosa. Lembrei-me de nossa curta conversa. Desejei ardorosamente poder vê-la uma vez mais. Uma vez somente já me deixaria bastante feliz. Eu nada sabia a respeito daquela linda moça que parou ao meu lado naquele dia junto ao mar e que me deixou enfeitiçado. O que fazia? Onde morava? Qual era seu nome? Poderia ter qualquer nome... Em meus pensamentos passei a chamá-la de Linda porque ela realmente era muito bela. Pela primeira vez em toda minha vida não pude dormir por causa de uma mulher.  A imagem de Linda ia e vinha em minha mente como as ondas do mar. Quando finalmente consegui pregar o olho, meu sono foi povoado por sonhos cujos protagonistas eram Linda e eu.

O primeiro dia da Conferencia chegou rapidamente. Eu estava ansioso e nervoso. Bastante nervoso.  Amo minha profissão, não duvide disso, mas a verdade é que não sou tão bom com as palavras.  Muitas vezes durante o trajeto de Las Vegas para esta cidade me perguntei por que aceitei esse convite. Para mim é bem mais fácil lidar com os insetos e com os cadáveres do que com pessoas vivas.

Mesmo estando nervoso, para aquele dia tentei me vestir de uma maneira que não parecesse formal demais, ainda que o evento fosse oficial e que reunisse os peritos – novatos e veteranos – de todo os Estados Unidos, além de nomes importantes como governadores, xerifes e outras pessoas. Por isso optei por uma camisa branca de manga longa abotoada até o início do peito, deixando um pouco de meus pelos do tórax a mostra, um terno cinza que deixei aberto, uma calça jeans azul e um sapato social preto. Meu cabelo louro escuro estava bem penteado e minha barba aparada. Lembrei-me de colocar meu relógio de pulso, pois era importante não ultrapassar o horário estabelecido pelos coordenadores do evento para cada palestra. Na noite anterior, deixei os slides e todas as anotações relativas às minhas palestras prontas. Guardei meu laptop na pasta. Eu estava pronto. Liguei para o serviço de táxi. Não podia chegar atrasado.

Cheguei ao local da Conferência com uns vinte minutos de antecedência, o que me deixou feliz, pois odeio atrasos. Sou perfeccionista ao extremo. Assim que cheguei, fui recepcionado com um caloroso aperto de mãos pelo coordenador geral do evento, um homem alto, na casa dos cinquenta anos, cabelos pretos, olhos tão negros como a noite, vestido com um impecável terno de três peças e sapato social também preto.

— Que bom que o senhor veio, sr. Grissom – cumprimentou-me o coordenador – Sua palestra é uma das mais aguardadas pelos participantes.

Recebi de suas mãos o cronograma da conferência. Olhei rapidamente e percebi que minha primeira palestra naquela manhã seria a segunda e que à tarde seria a primeira. Todo o curso – acho que posso chama-lo assim – seria ministrado no auditório do Centro de Convenções. O local foi escolhido por ter a capacidade de receber um grande número de pessoas. Fiquei sabendo pelo coordenador Phillips que a estimativa de participantes na Conferência era de pelo menos quinhentas pessoas. Phillips me orientou como chegar ao auditório.

Minha surpresa ao entrar no auditório foi grande. Não esperava um espaço tão amplo. O lugar se assemelhava aos anfiteatros antigos.  Assim que se entrava dava para ver as cadeiras dispostas em meia lua. A cada fileira percorrida, descia-se um degrau até chegar a um palanque que continha uma grande mesa com pelo menos dez cadeiras. Naquele palco estava toda sorte de equipamento eletrônico que se possa imaginar: Datashow, caixa de som, microfones sem fio, tela de projeção e inúmeras outras coisas. O primeiro palestrante já estava lá organizando suas coisas. Cinco minutos depois, vários conferencistas entraram e tomaram assento naquelas cadeiras. Sentei-me na primeira fileira próximo ao palanque, desse modo ficaria fácil movimentar-me.

O coordenador geral da Conferência, David Phillips, deu às boas vindas aos participantes da XII Conferência Forense da Academia de Polícia da Califórnia. Apresentou todos os palestrantes que participariam do evento e deu início ás atividades. De onde estava eu não tinha ideia da quantidade de pessoas que estavam presentes naquele auditório, mas pelo burburinho sabia que não seriam poucas. Vi o primeiro palestrante tomar seu lugar e começar a falar sobre sua especialidade. Confesso que eu não prestei muita atenção ao que ele falava, pois passava mentalmente minha apresentação e todos os pontos que eu devia passar para os participantes daquela solenidade.

Foi com um pouco de surpresa que ouvi meu nome ser anunciado para subir ao palanque e tomar lugar. Com o coração aos pulos, levei meu laptop para o local onde devia conectá-lo e logo após realizá-lo, dirigi-me ao local onde devia permanecer por pelo menos cinquenta minutos. Passei os olhos pelo recinto tentando ter uma ideia geral de quantas pessoas havia ali. Havia muitas pessoas. Porém uma chamou minha atenção. Ali, duas fileiras atrás de onde eu havia me sentado estava Linda, a garota que eu havia conhecido na praia. Ela usava uma blusa sem mangas, creio devia estar usando calça – não dava para ver de onde estava – e seu cabelo estava preso em um encantador rabo de cavalo, o qual deixava todo o seu formoso rosto a mostra. Não sei se ela me reconheceu, mas eu a reconheceria mesmo que estivesse entre uma multidão. Não sei por que meu coração falhou uma batida.

Tratei de recuperar-me da agradável surpresa. Então Linda era uma perita! Fiquei feliz ao perceber isso. Apresentei-me e expus minha palestra. Falei sobre sua importância na cena do crime. Fiquei mais surpreso ainda quando a mão de Linda se levantou demostrando claramente que ela desejava fazer uma pergunta. Apontei para ela permitindo com este gesto que ela realizasse sua pergunta.

— Sr. Grissom, me chamo Sara Sidle e gostaria de perguntar-lhe sobre como podemos identificar a hora da morte de uma vítima através da Entomologia.

Ouvir aquela voz novamente me deixou inebriado como da primeira vez. Respondi a sua pergunta da melhor forma que pude. Eu estava radiante por dentro. Agora eu sabia o nome de minha Linda: Sara Sidle. Um lindo nome para uma linda mulher. A palestra toda se passou com pequenas intromissões por parte da senhorita Sidle sempre com uma pergunta mais interessante que a outra. A parte da tarde não foi diferente. Ela sempre tinha uma contribuição a fazer.

Eu estava em um embate interno. Precisava conhecer um pouco mais aquela mulher que me roubava o sono, contudo não sabia se isso era apropriado. Eu poderia convidá-la para tomar um café ou algo parecido. No segundo dia de conferência, após terminar todas as palestras, enchi-me de coragem e convidei-a para tomar um lanche comigo. Ela prontamente aceitou.  Entre uma xícara de cappuccino e um donuts, começamos a conversar alegremente. Descobri que tínhamos muito em comum. Cada vez mais eu me encantava por aquela mulher encantadora e linda. Eu olhava aquele rosto formidável e perfeito. Cada traço parecia desenhado por um artista habilidoso. Não pude resistir. Um beijo aconteceu. Um beijo terno, suave como um roçar de asas de borboletas.

No decorrer da semana nos encontramos outras vezes. Encontramo-nos a noite e passeamos pelos pontos turísticos da cidade. Visitamos a Golden Gate, andamos pela orla da praia a qual nos conhecemos de mãos dadas. E em um lugar escondido, outro beijo lhe pedi. Lua de prata no céu, o brilho das estrelas no chão, tenho certeza que não sonhava. A noite linda continuava e a voz tão doce que me falava que o mundo pertence a nós ainda ecoa na minha mente.

Todo sonho um dia chega ao fim. A conferência acabou e era hora de despedir-me. Era hora de voltar à realidade. De uma coisa eu sei. Sei que hoje a noite não tem luar, pois estou sem ela, já não sei onde procurar, não sei onde ela está. Hoje a noite não tem luar, onde está meu amor? Sim, meu amor. Parti de São Francisco com a certeza de que havia encontrado o amor da minha vida e que o havia deixado.


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Notas finais do capítulo

Aqui está! O que acharam? Aguardando os reviews lindos de vocês!
Bjinhos da Bia e até o próximo capítulo!!



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