Te conheço

“Conheço teu perfume, seu toque, tua respiração e não se esqueça, conheço também suas manias.” Autor Desconhecido

Já se passaram quase duas semanas desde o ocorrido do pesadelo, as crianças estarão voltando para casa em três dias e Emily irá parar com a desculpa de que é apenas o seu lado coruja. Não duvido que ela esteja preocupada com eles, eu mesmo estou, no entanto me conformo com o fato de que eles estão com um coronel aposentado e uma embaixadora cruel, sim, eles estão seguros, mesmo Ethan tendo aquele olhar as vezes assustador e Elizabeth sendo mais intimidadora do que se espera para uma senhora em sua idade, aquelas crianças tem eles na palma da mão.

Posso não conhecer todos os segredos de Emily Prentiss, mas conheço todos os seus ‘maneirismos’, sim, eu sei exatamente que na terceira semana do mês ela fica mais sensível/irritada e que seu consumo de chocolate e principalmente sorvete tende a aumentar. Sei muito bem que devo manter uma garrafa de vinho a sua disposição, para as noites em que ela está se sentindo solitária ela possa degustar de uma taça, acompanhada de algum livro. Sei do seu ritual noturno de verificar as crianças, que ela rói as unhas quando está ansiosa e também sua maneira de inconscientemente se agarrar ao pingente de seu colar, quando ela pressente que algo vai acontecer. E isso é que vem me preocupando, ela foge do assunto quando abordo o pesadelo, por vezes pego ela distraída se agarrando ao pingente de seu colar, sem falar no fato de que nem sempre ela está dormindo bem. Não é paranoia minha. É?

 Garcia abre a porta do meu escritório um pouco apavorada “Senhor temos um problema”. Nos reunimos na sala de reuniões, e ela começou “O DEA, estava fazendo aquela coisa de invadir como sempre fazem, mas eles acabaram encontrando mais do narcóticos. Eles alertaram para ameaça terrorista” “Isso é trabalho da UAT Garcia” ela fez que sim com a cabeça “A equipe de resposta imediata está em Nevada senhor, Strauss nos mandou cuidar do caso” “Quão grave é a situação?” Rossi perguntou. “Bem, entre os narcóticos estavam ingredientes usados para fazer bombas, manuscritos em árabe, dois árabes no meio dos suspeitos e o porão se explodiu”. No meio tempo em que ela mostrava os slides com os restos da explosão, recebi uma mensagem de Strauss, desde quando ela me manda mensagem? Prentiss no interrogatório lá em baixo. Use-a.

“Reid e Morgan para a cena, Rossi e Lewis comigo. JJ espere eu voltar, enquanto isso mantenha a mídia longe.” E assim entro no elevador acompanhado de Rossi e Lewis, Rossi pergunta “DEA?” “Reforço” eu digo. Quando chegamos na sala de interrogatório, observamos ela a partir do vidro.

Ela estava encostada na parede, analisando o suspeito, ele então disse “نا لا أتكلم الإنجليزية.” Ela ergueu a sobrancelha, “Você gritou inocência, em inglês” ele pronunciou mais algumas coisas, o que aparentemente a irritou, ela saiu de seu lugar e andou até a cadeira e sentou-se “Falo cinco idiomas fluentemente e sei reconhecer xingamentos em vários outros, então poupe-me da parte de que você me chama de vadia e vamos para parte em que você me conta o que estavam fazendo. Quer tradução?” Aposto que ele realmente falou nomes feios, “É uma guerra santa” “Nenhuma guerra é santa”. Ele ficou em silêncio, até que ela se levantou de sua cadeira e colocando as mãos em cima da mesa e se aproximando ameaçadoramente dele disse “Você diz que morre antes de dizer. Mas deixe-me te contar uma coisa, se você não falar nada, o lugar que eu vou te mandar é pior do que queimar no inferno” enquanto o suspeito era intimidado por Emily, ouvi Tara comentar “Ela é boa” e observei pelo canto do olho um pequeno sorriso surgir em Rossi. De fato Emily fazendo o papel de policial má, dá medo até em mim, me pergunto se ela aprendeu a ser assim com a mãe.

Emily adentrou o local em que estávamos, ela não pareceu surpresa ao nos ver. Seu olhar caiu em Tara, percebi que era hora de apresenta-las “Doutora Lewis, essa é Emily Prentiss. Ela será nossa consultora” elas apertam as mãos, e Tara comenta “Você faz jus a sua fama. Mas pensei que estivesse aposentada” Emily deu um meio sorriso “É um erro comum”.

Olhando nos olhos de Emily, pedindo permissão, ela assentiu quase que imperceptivelmente e então eu dei a ordem, torcendo para que isso não seja um erro “Rossi, Lewis e Prentiss, interrogatório em Guantánamo. O jato já está pronto”. Rossi assentiu e saiu, creio que ele tenha uma ideia do que eu quero dizer a ela, Lewis saiu logo em seguida, sobrando assim apenas eu e ela naquela pequena sala escura. “Você não precisa. Podemos arranjar um tradutor...” mas ela me interrompeu “Eu quero. E nós dois sabemos que eu tenho mais chances” ela me deu um meio sorriso, um sorriso falso alias. “Boa sorte Em” “Tome cuidado Aaron”.