Viver a vida escrita por Deh


Capítulo 32
Emily


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, mil desculpas pelo atraso, mas era época de prova e a temporada de caça as notas estava aberta.
Espero que gostem *-*



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“Eu sei. Eu sei que tenho de ser forte. Mas por mais quanto tempo?” O Diário de Anne Frank

O voo foi turbulento, assim como minhas próprias emoções. Rossi e Tara divagavam em teorias, enquanto eu optei pelo silêncio. Guantánamo é o número um em minha lista de lugares que odeio. Ainda me pergunto, por que eu tinha que atender o celular, afinal hoje era meu dia de folga.

Estava lendo alguns arquivos de casos antigos, com uma xícara de café em mãos e uma casa silenciosa a minha disposição, realmente a casa sem as crianças é tão silenciosa que chega até mesmo a ser assustadora. De repente ouço o toque de meu celular, pego imediatamente, afinal sempre pode ser as crianças, no entanto me surpreendo ao ler o nome no identificador de chamadas: Strauss. Instantaneamente tenho um mal pressentimento. “Prentiss” “A UAC precisa de um interrogador que fale árabe” Strauss, sempre direta, suspirei internamente “Estou a caminho”.

Chegando lá fui direto para interrogatório, demorei sim algum tempo para fazer o suspeito falar, mas ele não disse nada de muito útil e isso me deixou alerta, se for quem eu penso que suspeitam, estarei prestes a fazer uma viagem. Sai da sala de interrogatórios e fui a sala ao lado, como pensei Aaron estava lá, acompanhado de Rossi e uma mulher que não reconheço. Aaron deve ter percebido que eu estava curiosa em relação a mulher que os acompanhava, ele então fez as apresentações. Gostei dela, afinal não é todo dia que me dizer que faço jus a minha fama, apesar que eu nem sei bem qual é. Ela comentou sobre a aposentadoria e dei um meio sorriso respondendo que era um erro comum. Aaron estava me olhando nos olhos, conhecendo ele tão bem como conheço, sei que ele está pedindo permissão. Ele não precisa falar para que é, afinal eu tenho uma vaga noção de onde seja. Assenti discretamente, notei que ele respirou fundo antes de dar a ordem “Rossi, Lewis e Prentiss, interrogatório em Guantánamo. O jato já está pronto”.

Rossi saiu logo depois disso, Lewis o seguiu, sobrando nós dois naquela pequena sala. Ele então começou “Você não precisa. Podemos arranjar um tradutor...” mas não deixei que ele continuasse, não é uma questão de precisar, eu tenho. Eu preciso fazer isso, preciso provar a mim mesma que sou capaz de fazer meu trabalho independente das circunstancias, pois se não sou capaz de fazê-lo é melhor abandonar agora do que errar no futuro. Então eu disse “Eu quero. E nós dois sabemos que eu tenho mais chances” o que é verdade, afinal se Rossi não conseguir nada, provavelmente eu conseguirei. Lancei lhe um pequeno sorriso, antes de me virar para sair, ouvi então um “Boa sorte Em” e com as mãos na maçaneta da porta respondi “Tome cuidado Aaron”.

O piloto anuncia que pousaremos em quinze minutos, inalo profundamente, afinal não tem mais volta. O que eu tenho que fazer é deixar que agente Prentiss assuma e não Em, mamãe ou a senhora Hotchner.

Demoramos cerca de dez minutos para adentrar o local, toda a checagem de documentos, guardar as armas e assinaturas. Antes de chegarmos ao supervisor, Rossi falou “Lewis preste atenção em cada movimento dele, em cada micro expressão. Prentiss você ficará atenta ao que ele falar, cada palavra, se houver duplo sentido eu quero que você descubra”. Quando chegamos o supervisor nos avistou ele disse “UAC.” E apertou as mãos “Agente Rossi” Dave disse quando apertou a mão do homem, “Doutora Lewis” Tara disse e quando chegou a minha vez ele disse “Já faz tempo agente Prentiss” dei um meio sorriso “Não tempo suficiente Bingman”.

Assim como pedido, eu e Tara observávamos das câmeras a interação de Rossi com o que se acreditamos ser uma parte da célula. “Sou David Rossi” o homem não disse nada, após momentos em silencio Rossi começou a provoca-lo, mas não funcionou, quando o homem finalmente abriu a boca para falar, suas palavras fizeram com que os cabelos da minha nuca se eriçassem. “Só responderei as perguntas dela”.

Sai de lá assim que ouvi isso. De repente toda a minha convicção estava sendo colocada à prova, de frente a porta do interrogatório, respirei fundo e entrei. “Agente Rossi, eu assumo daqui” Dave se levantou e me lançou um olhar de dúvida, mas eu não poderia fraquejar agora. Ele fez o que pedi, após ele sair eu me sentei. “Faz muito tempo senhora...” “Agente Prentiss” eu o corrigi. Ele não demonstrou emoção, “Você precisa de ajuda” ele disse, continuei a observa-lo, afinal ele estava afirmando. “Irônico não é? Mais uma vez você depender da minha boa vontade” Não deixei que isso me abalasse. “Seus seguidores estão nos atacando em solo americano Abdul-Wahid” ele me encarou mais, como se esperasse que eu estivesse mentindo “كذبة” ele disse em árabe. “Não estou mentindo. E você sabe que eu não estaria aqui se não fosse isso” ele me encarou e eu continuei “Eles estão se aliando a criminosos americanos” “Não é culpa minha se vocês não conseguem cuidar de seu povo” “Estão explodindo escolas”. “Não é culpa minha se os pais não conseguem proteger os filhos. Você sabe disso” engoli em seco e disse em árabe “نحن لا نتحدث عن ذلك”. Ele sorriu, sim pela primeira vez ele demonstrou uma emoção real. Ele estava se divertindo com isso. “Quero vê-la” “Não” “Deixe-me vê-la e eu conto quem está por trás disso”.

Estou diante de uma escolha: dou a ele o que ele quer, tenho uma chance de parar os ataques e traio a confiança do meu marido e minha filha. Ou não dou o que ele quer e não tenho a remota chance de descobrir como para isso. Colocando a mão em meu bolso, pego meu celular, rezando silenciosamente para que Aaron e Anne me perdoem. Destravei e abri uma foto dela, alguns dias antes dela viajar, ela estava com Wolf no colo e sorrindo, Aaron havia tirado essa foto, para provar que eu era a única em casa que supostamente não gostava do cão. Ele viu a foto. “Ela está mais parecida com você. O cabelo curto lhe caiu bem”.  

“Marid, meu irmão” eu o encarei cética “Ele trabalha na embaixada no seu país. Ele foi expulso por usar nossos ensinamentos para converter criminosos” encostei na cadeira. Cheguei então a conclusão “Ele estava formando seus próprios seguidores e lucrando com isso” ele não disse nada e eu continuei “Vocês o expulsaram porque ele estava ficando ganancioso. Como posso ter certeza de que seja realmente ele e não você tentando uma vingança?” ele apenas disse “Encontre-o”.

Quando estava prestes a abrir a porta, ele falou em um tom de aviso “كان ينبغي أن يكون لك. لا تقترب أو سوف لا يكون لديك نفس مصير لها.” Fiz que não tinha escutado e sai dali.

Duas horas depois Aaron ligou avisando que conseguiu pegar Marid, e que ele realmente estava por trás disso. Quando já estávamos no avião Tara falou “Eles não haviam explodido nenhuma escola” levantei o olhar do arquivo que eu escrevia “Havia a planta de duas escolas no local que eles foram pegos”. Eu disse e o silencio caiu mais uma vez. Após um tempo escrevendo eu disse, sem ainda levantar os olhos “A técnica que usei para fazê-lo falar não precisa entrar em nenhum relatório” Doutora Lewis então questionou “Agente Prentiss...” “Doutora, sou uma agente de campo sênior, interrogando um suspeito em uma prisão militar o que eu fiz para fazê-lo falar neste caso, não tem relevância. Estamos entendidas?”

Chegamos no FBI, após saímos do elevador Rossi esperou que Lewis adentrasse a UAC, para falar “Você foi dura com ela” “O dia foi ruim para todos” eu disse e ao invés de ir para a UAC, fui ao escritório de Strauss lhe entregar o relatório que havia feito ainda no avião.

Após entregar o meu relatório, decide que era melhor ir logo para casa. Durante meu caminho para o elevador acabei encontrando Walker “Dia ruim Emys?” sorri “Um pouco e o seu?” “Nem me fale, mas devo agradecer seu marido ou as coisas poderiam ter ido pior” rolei os olhos “Você não vai agradece-lo” ele riu “Até logo Prentiss” e abriu a porta da UAC, enquanto eu optei por entrar no elevador.

 Já havia anoitecido quando sai para o quintal, sentei no degrau da varanda e o cachorro veio até mim, ele deitou ao lado dos meus pés “Você sente falta deles?” ele abanou o rabo “Eles estarão aqui em breve” ouvi a porta ser aberta, mas ainda não me virei, já havia escutado o barulho dele estacionando o carro. O cachorro foi até ele, ele se sentou ao meu lado em silêncio. Pergunto-me se ele sabe o que eu tive que fazer para obter informações, “Não tem muitas estrelas” ele disse, olhei o céu “É sempre difícil ver as estrelas na cidade” eu o respondi. Ele me deu um beijo na bochecha e se levantou “Vamos para dentro?” ele disse e me ofereceu a mão. Eu o segui para dentro, mas em meus pensamentos, as palavras que Abdul-Wahid disse quando eu estava saindo ainda ecoavam em minha mente: Deveria ter sido você.  Não se aproxime, ou você não terá a mesma sorte que ela.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam???
Confesso que estou receosa com esse capitulo.

Bjss e até breve :*



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