Tão perto e tão distante

“Não importa se você está perto ou longe, o que eu sinto não vai mudar.” Autor Desconhecido

Ela me mandou ir dormir no quarto de hospedes, porque eu não disse a ela o que ela queria ouvir. Tive que pensar bem, para não dizer coisas que tornariam aquela situação pior, então obedeci seu pedido. Mas dormir em outro quarto que não fosse o nosso, sempre me deixava um pouco desconfortável e essa noite não foi diferente. Procura-la no meio da noite e só sentir um espaço vazio era algo que eu nunca gostei. Acordar de manhã e não apreciar a visão dela dormindo, com o cabelo todo bagunçado, mesmo que fosse por poucos minutos, é o mesmo que levantar com o pé esquerdo. Não ver o sorriso dela ao acordar e me pegar olhando para ela ou o rolar de olhos que ela sempre dá quando digo que adoro seu cabelo selvagem é o sinal que o meu dia não vai ficar bem.

Quando acordo, percebo que está um pouco sedo para os demais estarem acordados, vou então até o quarto pegar um terno e a vejo. Dormindo no meio da cama, com o cabelo cobrindo o rosto, pego minhas roupas e me aproximo dela, tiro seu cabelo do rosto e ela move os lábios formando um pequeno sorriso, não fico muito tempo a observa-la.

Resolvi parar em um café perto da UAC e acabei me encontrando com Morgan “Um pouco cedo para você Hotch” ele comenta. Tomamos nosso café e vamos para a UAC. Não demora para Garcia, em seguida Reid chegarem, Rossi também não demora muito. Recebo então uma ligação da polícia local de Boston pedindo ajuda com um caso. Comunico a Garcia para que ela fique a par dos detalhes do caso e peço a ela que ligue para Emily, nesse horário ela provavelmente deve estar levando as crianças para a escola.

Estou olhando lá para baixo, quando a vejo. Porém quem vejo não é a Emily sorridente, e sim a agente especial Prentiss. Vejo ela se aproximar de Morgan e Reid, ela sorri provavelmente de algo que Morgan diz. Saio então da minha sala em direção a sala de reuniões, Rossi que não sei de onde saiu me acompanhou, assim como os demais lá de baixo subiram. Enquanto Garcia apresentava o caso, não pude deixar de olhar para a mão esquerda dela, ela estava com a aliança, geralmente ela tira, então ela pegou meu olhar, nos encaramos por breves segundos, então disse a equipe “Partiremos em quinze minutos”.

No jato dou as instruções, “Rossi, assim que chegarmos você vai para o necrotério. Morgan e Prentiss vão as cenas dos crimes. Reid e eu vamos para a delegacia”.

Enquanto dirijo em direção a delegacia, Reid parece um pouco desconfortável, mas pergunta mesmo assim “Está tudo bem entre você e Emily?” “Sim” Ele então me olha mais curioso “Vocês estão um pouco afastados” “Manteremos nosso relacionamento tão profissional quanto antes Reid”.

Depois de quase um dia de investigações, analisamos o que temos. “Mulheres na casa dos trinta anos, todas loiras com olhos claros. Quem ele está matando namorada ou mãe?” Morgan disse. “As cenas dos crimes, dizem que ele é meticuloso, provavelmente tem uma idade aproximada a das vítimas” Essa foi Emily. “Então ele se aproxima das vítimas, fica intimo a ponto delas o convidarem para entrar, tortura elas durante toda a noite, serve o café da manhã e as mata?” Esse foi Rossi. Olhei no meu relógio, já estava tarde, merecíamos um tempo de descanso e de qualquer jeito o elemento faz uma pausa de três dias.

Fomos para o hotel e fui pegar as chaves dos quartos, acabaram sendo reservados três quartos: Um com apenas uma cama de solteiro, e dois com duas camas de solteiro em cada. Então a decisão lógica será: Rossi em um, Morgan e Reid com outro e eu e Emily no que sobrou. Morgan provavelmente irá falar, mas ou ele dorme com Rossi ou com Reid, com Emily é que não vai ser, Reid pelo menos não ronca. Cheguei então ao meu grupo e entreguei uma chave para Rossi e outra para Morgan “Morgan vai ter que dividir o quarto com Reid.” Morgan deu de ombros “Ei pretty boy seremos colegas de quarto” e saíram juro que ouvi algo como “Espero que não sejamos vizinhos de Emily e Hotch”.

Estamos nós dois no quarto, ela logo escolhe sua cama e joga sua mala em cima. Pego minha roupa e vou tomar um banho, acho melhor não brincar com ela. Quando saio, percebo que ela está ao telefone “Seu pai vai dar um oi” ela diz e coloca no viva voz “Oi crianças” eu digo e logo ouço um “Oi pai” “Se comportaram com a senhora Parker?” “Sim” após mais algumas palavras, eu me despedi “Tchau crianças, amo vocês” e Emily também se despediu. Logo Emily também foi tomar seu banho.

Quando ela sai do banheiro eu a olho de cima a baixo e ele franzi o cenho “Que foi?” “Então esse é o pijama que você usa quando está em algum caso?” eu disse olhando o short e blusa vermelhos, feitos de cetim. Ela sorriu “Às vezes, se te faz melhor eu uso uma de suas T-shirts Aaron, e eu nunca divido o quarto” consegui respirar melhor “E você nunca me deixa dividir um quarto a não ser que seja com JJ ou Penélope” Ela disse já deitada. “Boa noite Aaron” “Boa noite Em”.

Na manhã seguinte, estávamos tomando o café da manhã quando Reid começou a pensar em algo. “O que vocês tomam no café da manhã, além do café?” “Capuccino” Rossi disse “O que tiver na geladeira” Esse foi Morgan, “Se tiver tempo faço panquecas” Emily deu de ombros “Cereal com suco de laranja ou ovo mexido” Eu disse. Reid então foi fazendo aquela cara “Diga logo garoto” Morgan disse, mas Reid pareceu não dar ouvidos “O que sua mãe fazia para vocês?” Ele deu de ombros “Geralmente cereal” Morgan disse “Leite e cokkies” Rossi disse, “Cereal e suco” eu disse, “Minhas babás sempre me davam cereal” foi a vez de Emily, Reid a olhou com aquela cara de não ser está a resposta correta “Não babás, sua mãe” ela rolou os olhos e sorriu “Minha mãe não é conhecida por seus dons culinários, mas ela arriscava pôr fogo na cozinha quando fazia panquecas”. “O que vocês fazem para seus filhos?” Ele perguntou olhando para mim e Emily, ela deu de ombros “Geralmente cereal” ela disse e eu completei “Panquecas nos fins de semana”. “Os filhos são o reflexo dos pais” ele deu um sorriso vitorioso e então percebo que é minha deixa “Qual sua teoria Reid?” “Na autopsia o conteúdo estomacal era cereal com leite, mas nas cenas dos crimes não havia nenhuma caixa de cereal, ou seja ele leva, faz parte de seu ritual e se quem ele estiver matando for a mãe?” Bem é uma ótima teoria para começar o dia.

Dezoito horas depois do café da manhã, estávamos no jato voltando para casa. A teoria do Reid se provou valida, então Garcia só fez sua mágica e nós conseguimos pegar o elemento sem nenhum confronto. Bom Morgan teve um pouco de trabalho para derruba-lo, mas nada fora do normal.  

Durante o voo, Emily se manteve afastada do restante, ela estava lendo alguns documentos. Morgan estava usando seus Headfones e Rossi e Reid conversavam sobre algo, me sentei então na frente dela, ela apenas levantou o olhar por meros segundos e voltou para seus papeis, logo peguei alguns e comecei a preenche-los também.