*Alice*

  

 

 -Eles sempre reclamam que a atrasada sou eu! –Murmurei levantando do último degrau da escada, tentando ver alem da multidão que passava pelo portão principal.

 

 -Ainda é cedo! E o que foi? Enjoou de mim? –Perguntou Jasper entre um sorriso fraco, puxando-me gentilmente, para voltar a sentar do seu lado.

 

 -Lhe garanto que isso é impossível. –Beijei seu queixo passando meus braços por seu pescoço.

 

 -Impossível? Mesmo eu sendo um namorado insuportavelmente grudento, que não consegui passar um dia longe de você! –Sussurrou apoiando as mãos em minha cintura.

 

 -Isso só melhora as coisas! –Ambos gargalhamos com o comentário.

 

 Depositei um curto beijo em seus lábios. As pessoas ao nosso redor agitaram-se esperando o próximo movimento de Jasper, o qual revirou os olhos mostrando indiferença aos comentários incoerentes daqueles que assistiam.

 

 -Pequena! –Suspirou docemente.

 

 -Jasperfeito! –O tom de minha voz se igualou ao dele.

 

Logo percebi a besteira que falei. Arregalei os olhos. 

 

-O que? Como? –Cobri a boca com mão, ao ouvir o som ruidoso de sua risada. -Jas o que? –Voltou a perguntar contendo o riso.

 

 -Nada! Não é nada! –Falei rápido de mais, quase como um silvo. Droga de boca!

 

 -Eu quero saber, vai, por favor!- Ah, não! Não usa esse tom! Eu não resisto! Droga!

 

 -Jasperfeito. Combina com você! –Declarei corando quase de imediato. Jasper voltou a rir.

 

 -Não era pra ser engraçado! –Virei o rosto impaciente. Me irritou ver que muitos alunos, incluindo Maria, nos encarava insolentemente.

 

 -Desculpa! É só que... não esperava pelo apelido. –Voltei a fita-lo, Jazz apertou delicadamente a ponte de meu nariz.-Você sim, é perfeita.

–Comentou aproximando nossos rostos.

 

 -Eu também deveria rir... –Sugou meus lábios intensamente, antes que terminasse de proferir a frase.

 

 -Tem um motel aqui perto, ou vocês poderiam pelo menos usar um quarto –Afastei-me subitamente, corando violentamente ao vê-los nos observando.

 

 Jasper parecia apenas se importar com o fato de ter sido interrompido. Eu me sentia envergonhada e um tanto nervosa.

 

 -Vocês não podiam ser menos inoportunos? –Jasper perguntou grosseiramente aos amigos que continuavam nos encarando sorrindo.

 

 -Eu tentei avisar! Mais você conhece o Emmett! Oi Allie. –Bella se defendeu erguendo as mãos. Cumprimentando-me em seguida.

 

 -Oi Bella. –Retribui a simpatia.

 

 -Oi Alice! –Os outros que estavam ali presentes, Emmett, Rosalie e Edward. Saudaram-me em um coro animado.

 

 -Oi! –Sorri para todos começando a ficar mais a vontade.

 

 -Vocês estão falando como se não a conhecesse. –Jazz revirou os olhos, incomodado.

 

 -Eu não a conhecia oficialmente como sua... bom sua... sua... –Rosalie parecia não saber a palavra certa.

 

 -Namorada. –Jazz afirmou satisfeito.

 

 -Namorada! –Rosalie repetiu com a mesma felicidade do irmão.

 

 Retribui o sorriso que lançou-me. Rose parecia ser mais simpática do que imaginava.

 

 -Vai tomar café conosco Alice? –Edward perguntou educado. Passando o braço ao redor da namorada. Eu acho eles um casal muito fofo.

 

 -Desculpe! Não vai dar! Eu to esperando... –Gesticulei para a entrada principal, meio sem graça em recusar o convite. -Quem sabe outro dia! 

 

 -Se mudar de idéia é só aparecer. –Rose disse saindo com Emmett, e os outros.

 

 -Tem certeza que não quer comer agora? –Jasper perguntou, afagando meu rosto.

 

 -Tenho! E eu sei que está com fome, então é melhor você ir!- disse rindo após ouvir seu estômago roncando.

 

 -Tem certeza? –Estreitou os olhos.

 

 -Pode ir. –O empurrei para o refeitório. Jazz voltou a beijar-me, antes de adentrar o local.

 

  Olhei no grande relógio de parede. Eles estavam mais que atrasados. Certo, também não era pra tanto. Caminhei para as escadas onde Jasper e eu estávamos há pouco tempo atrás.

 -Depois de tudo, vocês ficaram bem íntimos não? –Parei ao ouvir James. Virei encarando-o. O que quê ele estava dizendo?

 

 -Que desprazer James! Ver você tão cedo embrulha o meu estomago. –O sarcasmo era evidente. Putz que cara chato! Logo de manhã?!

 

 -Posso dizer o mesmo de você. Sinceramente não sei como o Jasper te atura, já se passou tanto tempo desde a aposta e vocês continuam juntos. –A confusão em meu rosto era visível. Já a face de James iluminou-se com uma expressão maligna.-Você não sebe não é? Sobre a aposta? –Perguntou debochado.

 

 -Não. –Minha voz saiu cortante.

 O que fez James se animar ainda mais. Não estava gostando nada disso. Que aposta é essa? E o que Jasper tem a ver com isso? Minha intuição me dizia que não era nada bom.

 -Alice, Alice, Alice, você realmente acha que Jasper se interessaria por você? –Riu com desdém.

 

 -James, por favor, para com isso! Eu não to entendendo. –Pedi em um fio de voz.

 

 Não gostava do rumo que a conversa estava tomando. Estava caminhando direto para o meu pior pesadelo.

 

 -Sabe! Você é bonitinha,  –Passou a mão por meu rosto, seus olhos tomados por desejo. Afastei-me, ficando apenas perto suficiente para ouvi-lo. -Mais Entenda! Foi só uma aposta. Ele nunca se interessaria por você, nada que aconteceu entre vocês existiu, ele nunca te quis.

 

-Como? Uma... Uma aposta? –Meus olhos já ardiam com a intensidade das lagrimas. James estava apenas confirmando o que uma vozinha me alertava o tempo todo na minha cabeça.

 

 -Sim Alice, uma aposta. Eu pensei que você era mais... difícil e por conta disso perdi a maior grana. Triste, não? – Disse ele fingindo compaixão. Apenas fingindo.

 

Pus a mão sobre o peito tentando amenizar a dor massacrante que começou ali e se estendeu por todo o meu corpo. Pouco a pouco a senti penetrar, e com a mesma intensidade ou ate mesmo mais forte esmagar minha alma.

 

 Respirar estava começando a ficar cada vez mais difícil. Sentia minha respiração faltar e as lagrimas caírem descontroladamente. Engoli o grito que minha garganta excitava em soltar. Reunir todas as forças que ainda restavam e sair correndo. 

 

 Sai correndo sem me importar com quem me observava. Sem me importar com as gargalhadas de James. Sem me importar com o que seria de mim.

 

 

 *Jasper*

 

 

 -Jazz, você sabe onde a Allie ta? –Nessie perguntou aproximando da mesa onde meus amigos e eu estávamos.

 

 -Não! Ela ficou esperando vocês! –Respondi começando a ficar preocupado, levantei para procurá-la.

Porem James entrou rindo descontroladamente, chamando a atenção de todos.

 

 -Depois vocês dizem que sou eu que tenho problemas! –Emmett berrou inconformado com a atitude daquele babaca. James sentou ainda rindo, batendo na mesa de forma animada. As garotas o olhavam incrédulas. Coloquei-me ao lado de Nessie e Ang incomodado.

 

 -Jasper já está tudo resolvido! –Disse quando conseguiu se controlar.

 

 -O que está resolvido? –Emmett tem toda razão James está com problemas mentais.

 

 -Eu estava conversando com a Alice...  –Seth aproximou-se. Comecei a me irritar. O que diabos esse imbecil queria com a minha pequena?

 

 -Você sabe onde ela está? –Perguntei.

 

 -Provavelmente em casa. Deu até pena da coitada. –Voltou a rir feito louco. -Eu expliquei ela sobre a aposta e foi hilário. –Senti o sangue ferver sobre as veias com aquela revelação.

 

 Minhas mãos fecharam-se em punho e soquei aquele desgraçado com todas as minhas força, James levantou-se oscilando em suas próprias pernas, sem entender o motivo da briga, se jogou contra mim com o punho fechado, ele pode ser bom mas sempre usa as mesmas táticas, o soco não chegaria a se realizar com certeza ele chutaria de esquerda, como sempre, esquivei-me do chute que ainda nem tinha acontecido pegando James por trás. Com uma rasteira simples puxei a perna que o mantinha em pé. Emmett e Edward me seguraram antes que as coisas se complicassem mais do que já estavam.

 

 -Que... que aposta? –Ang perguntou horrorizada.

 O refeitório se tornou um tumulto, a maioria das pessoas presentes ali esperavam por mais brigas e confusões.

 

-Eu apostei com Jasper... Que ele não conseguiria ficar com a Alice. E ele ganhou. –James levantou do chão, a raiva e o ódio que sentia por ele e por mim mesmo me dominavam, queria espancá-lo.

Me debati nos braços de meus amigos. Seth fazia o mesmo tentando sair dos braços de seu irmão e de Eric, porem sabia que o alvo de meu mais novo amigo era eu.

 

 -CALA A BOCA. EU VOU TE MATAR. –Gritei quando enfim consegui me soltar.

 

 Puxei força em toda a ira que me consumia, era quase impossível parar, entretanto contive o soco no ar para não acertar Nessie que se colocou na frente de James.

 Nessie me encarava seria com os olhos cheios de lagrimas, cheios de ódio. E eu merecia.

 

-Eu não me importo, você pode matá-lo, seria um favor para a humanidade. –As lagrimas começavam a rolar por seu rosto. -Mais antes EU TE MATO. –E ela fez o que menos esperava e o que mais queria que alguém fizesse.

 

 Com uma força absurda socou-me me fazendo cambalear, jogou-se sobre mim, nos fazendo cair, senti gosto de sangue. Não me importei. Poderia muito bem evitar os golpes que vieram em seguida, mais não quis.

 

 Abri os olhos quando os movimentos violentos cessaram Edwrad e Emmett há haviam tirando e agora ela chorava desconsoladamente nos braços de seu namorado. Ang fazia o mesmo sendo abraçada por Eric e com o celular no ouvido. Provavelmente tentando falar com minha pequena. Meus amigos estavam com os olhos marejados, imaginando a dor que sentia. Minha irmã e Bella não estavam mais lá.

 

  Esmurrei o chão violentamente. Um pequeno soluço passou entre meus lábios, e esse deu lugar a outro, e outro, e outro. Pus os braços na frente do rosto e chorei, chorei feito um bebê que sente falta da mãe. Chorei feito uma garotinha que tem medo do escuro. Chorei feito uma criança quando cai pela primeira vez. Chorei feito um homem que sabe que perdeu o amor mais puro e verdadeiro que poderia ter conquistado. E o pior era saber que eu podia ter evitado tudo isso.

 

 

*Alice*

 

 Ele nunca me quis.

 

 Nunca se interessou por mim.

 

Nada entre nós foi verdadeiro.

 

    As palavras que mais lutava para esquecer martelavam em minha cabeça insistentemente. Não posso dizer que é como se existisse um buraco em meu peito, por que eu nem si quer cito meu coração. Ele não só conseguiu ganhar essa aposta estúpida, ele também conseguiu acabar com minha vida.

 

 Não é fácil perceber que nunca existiu nada. Eu sempre estive enganada o que eu julgava ser amor não passava de uma grande mentira. E o pior, era que eu comecei a acreditar que ele havia mudado, que ele me amava de verdade e que eu era digna de seu amor e atenção.

 

 -Por favor, Alice abra a porta. –Elizabeth voltou a pedir, cansada. –Tentei acalmar-me, enxuguei o rosto, e levantei com dificuldade.  Destranquei a porta a deixando entrar.

 

 Elizabeth encarava-me com olhos transbordados de tristeza e lagrimas. As minhas voltaram, fazendo com que as dela caíssem. Senti-me fraca, sem forças, minhas pernas tremeram como se fossem desabar a qualquer momento. Ela me abraçou. Um abraço forte cheio de carinho e amor verdadeiro. E o grito que tanto lutei pra segurar dentro de mim saiu, áspero e quase sólido inundando todo o quarto com um sofrimento que já fazia parte de mim.

 

 -Eu sou uma idiota, uma idiota. –Murmurei entre os soluços constantes, entre as lagrimas que mais pareciam que queriam me afogar.

 

 -Não meu amor, você não é! –Elizabeth nos fez sentar no chão cuidadosamente. -Deve haver uma explicação para tudo isso, deve haver. –Murmurava para si mesma.

 

 -Nunca Elizabeth, ele nunca me amou. –Foi apenas um suspiro derrotado, quase inaudível.

 

  Elizabeth apenas balançava-me em seus braços me ninando, sussurrado alguns “Shiiiii” e cantarolado uma ântica cantiga que sempre ma fazia dormi quando era criança.

 

 -Nunca Elizabeth, nunca, nunca, nunca...  –E assim, sussurrando essas palavras, ouvindo a voz de Elizabeth, a escuridão me tomou. Não havia mais nada. Pesadelos ou sonhos apenas a escuridão e eu.

 

 Em momentos como esse, posso garantir que ela é a melhor aliada.