Do outro lado da linha escrita por LcsMestre


Capítulo 96
Atendimento #096: Atestado


Notas iniciais do capítulo

Quem nunca foi no médico fingindo alguma doença só pra buscar um atestado?

Aproveite e ria um pouco deste atendimento.
PS: Atendimentos adicionados todos os dias as 14:00(ou no caso 14:05 sei lá..)



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Atendimento #096: Atestado

 

Ficar doente é horrível, corpo fraco, cabeça doendo, estomago revirado, é uma bosta. Algumas pessoas raramente ficam mal, tipo uma vez ao ano, mas sempre que alguma coisa consegue derrubá-las é quase para matar.

Ezequiel é uma dessas pessoas super poderosas que conseguem se manter intactas mesmo durante um surto de vírus zumbi. Sim, ele seria o salvador da humanidade caso isso viesse a acontecer.

— Só um momento senhor. —  O atendente rapidamente colocou no mute antes de espirrar. O catarro que voou parecia ter saído dos filmes trash de alienigenas da década de noventa.

— Meu deus Ripley! — Catherine se assustou com a gosma escorrendo no monitor de Ezequiel. — Cuidado com isso cara daqui a pouco o alienígena brota do teu corpo.

— Nem me fale dona Catherine. Ainda bem que a Amanda foi no médico fazer alguns exames se não seria perigoso pra ela ficar perto de mim.

— O que é que ela têm ein? — A mafiosa se aproximou da mesa do nosso heroi. — Eu vejo ela vira e meche indo ao médico, não parece que ela está doente.

— Pois é e que… — O cliente que ele deixara na linha o chamava. — Ezequiel bom dia com que eu falo. — A voz do operador era anasalada igual a do monitor de qualidade, só que menos fanha. A mafiosa vendo que o colega trabalhava, voltou a sua mesa.

— Querido. — Era um carioca. — Eu quero saber como faço para entregar meu atestado.

— Atestado? Como assim atestado, o senhor é funcionário por acaso?

As vezes os colegas de operação ligavam para avisar que entregariam atestado e portanto não poderiam aparecer no emprego, era uma forma bem marota de dizer que ficou na balada na noite anterior e não poderia ir por causa da ressaca.

— Não eu sou um cliente, o que acontece é que minha conta chegou e eu não pude pagar ela, por isso eu quero saber onde eu entrego o atestado.

— Espera, espera. O que têm haver uma coisa com a outra? O fato de você não ter pago não pode ser justificado com um atestado. Quem foi que te disse uma maluquisse dessas?

— Você que tá maluco amigão.

O atendente não conseguia conceber logica alguma no que o cliente falava.

— Mas…

— Eu não tenho como pagar a conta por que eu estava no hospital tenho o atestado com carimbo do médico e tudo para provar o que eu estou falando.

— Senhor atestados médicos não justificam o fato de você ser caloteiro. Se você não pode pagar a conta em determinado dia você têm o resto do MÊS para fazê-lo.

No sistema de nosso heroi constava as contas vencidas do cliente, só de inadimplências o homem somava mais de dois anos.

— Que bonito ein, quatorze meses sem pagar sua conta. Como você espera que alguém acredite nessa história?

— Como assim sem pagar? Eu tenho o atestado.

— Senhor entende de uma vez, essa picaretagem não cola. Ninguém seria trouxa o suficiente de aceitar um atestado como pagamento de conta. Já imaginou se isso fosse verdade a quantidade de pessoas que estariam nos pronto socorros agora?

— Espera você tá achando mesmo que eu fui no médico, peguei um atestado qualquer só pra dizer que no dia do vencimento eu não estava em casa?

— Mas foi o que o senhor me disse. Não com essas exatas palavras, mas disse.

— Você viu que eu tenho quatorze contas atrasadas não é? — O homem começara a se acalmar, percebera que o atendente não tinha entendido seu problema real. — Pois bem, se eu estava no hospital eu não estava em casa, portanto não teria como pagar a conta. O que eu quero é justificar o atraso.

— Atraso de dois anos? Conta outra né senhor! Vai me dizer agora que você sofreu um acidente de carro ou alguma coisa nesse sentido, ficou em estado vegetativo ou em coma e só acordou hoje, dois anos depois do acontecido?

A chamada ficou em silêncio por alguns segundos. Ezequiel travou estático.

— Senhor,  foi isso que aconteceu não é? — O silêncio anterior trouxera a sanidade e a seriedade ao atendente.

— Então…

Chocado com a própria insensibilidade o atendente teve os olhos inundados por lágrimas. O cliente não precisava lhe dizer nada, conseguia imaginar perfeitamente o que ele passara.

— Desculpa senhor, eu não tinha como adivinhar. Vou fazer o seguinte vou passar o caso para a supervisão e eles vão entrar em contato com o senhor para um acordo. Enquanto isso. — Diminuiu a voz.— Vou suspender a cobrança por mais um mês.

— Tudo bem… — O cliente tinha a tristeza na voz.

A chamada foi encerrada e o atendente levou o numero do protocolo para o supervisor, este depois de escutar toda a história rasgou o papel e jogou na cara de seu subordinado.

— Você é o trouxa de numero quinze. — Igor abriu em seu sistema o registro do cliente. Lá constava que o mesmo tinha entrado em contato em todos os meses anteriores e  que todas as vezes os operadores suspendiam a cobrança. — Em coma? Como você acreditou nisso?


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Notas finais do capítulo

Quando achamos que estamos fazendo o certo percebemos o quão trouxa somos noses...
Vou sempre repetir isso:
SOU MOVIDO A COMENTÁRIOS SIM! GOSTO DE SABER SE ESTÃO GOSTANDO OU NÃO U.U
Se você riu com esse amontoado de palavras eu fico feliz, esse era meu objetivo bjs e até amanhã :D



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