Do outro lado da linha escrita por LcsMestre


Capítulo 39
Atendimento #039: Catuaba


Notas iniciais do capítulo

NADA, absolutamente NADA de bom pode vir de uma noite inteira de bebedeira, principalmente se você têm de trabalhar no dia seguinte.
Aproveite e ria um pouco deste atendimento.
PS: Atendimentos adicionados todos os dias as 14:00(ou no caso 14:05 sei lá..)



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Atendimento #039: Catuaba

 

Se você por acaso já viu alguém muito bêbado já deve conhecer alguns dos tipos de reações a embriaguez. Nosso herói quase nunca bebe, mas quando isso acontece é um evento que deveria ser filmado e colocado na internet. Grita, dança, finge que é o Slash do Guns N’ Roses e, finalmente, dá em cima da própria esposa como se ela fosse uma desconhecida. É hilário.

Mas quando estava no trabalho, um ambiente bem caótico inclusive, estava sóbrio e calmo. Já Amanda...

— Isso aê senhor, que bater de frente com nois? — A garota sentia a cabeça girar. — Dobra essa língua de boi que você têm antes de vir querer insultar os outros, belezinha? — Ela erguia o polegar para frente do monitor, na cabeça embriagada dela o cliente conseguiria ver.

Apertou o drop, a chamada foi encerrada.

— Os cara aqui querendo ser melhor que eu, ora essa vá querer subir em cima da tua mãe aquela pelancuda dos dente amarelo que é melhor.

A atendente estava visivelmente mais alegre, tinha passado a noite inteira comemorando o dinheiro extra do atendimento #034. Foi muita birita, mais MUITA birita mesmo que desceu por aquela goela.

— Você é um boiola. — A garota encostou-se no braço de Ezequiel com um sorriso no rosto. — Um boi-o-la. — Repetiu pausadamente em uma gargalhada cheia de dentes. — Mais é meu boiola, minha mulher.

— Acho que você não deveria ter vindo trabalhar hoje sabia? — Nosso herói conhecia aquele estado deplorável, mas estava mais tranquilo pois ela já não bebia haviam algumas horas.

— Se sabe de nada,— Empurrou o parceiro para o lado. — se tu acha que eu não deveria ter vindo, por que não deixou mais catuaba armazenada em casa. Eu teria ficado e bebido mais. — Os olhos dela o observavam de baixo para cima, meio marejados, estavam a ponto de se fechar. — Cinquenta mil é muita grana meu amor! Acha que eu vou deixar passar em branco é?

Uma nova chamada ressoou pelo headphone da garota. Rápida, ou nem tanto assim, ela retirou o telefone do mudo e atendeu o cliente.

— Oiêêêêê, aqui é Amanda. — Falou com um sorriso na voz tão nítido que chegava a ser bizarro. —  Você provavelmente está lascado, então pode ficar tututis que to segurar a barra pra você. Então diga aí abiguinho, o que tá rolando?

Do outro lado da linha o cliente choramingava e soluçava.

— Chefe? Se tá legal? — O tom alegre diminuiu. — Pô tá chorando por nada, nem comecei a zoar a sua mãe, aquela traficante de mc lanche feliz.

— Você tá toda feliz, por que sua vaca? — O cliente tinha a voz mais lenta e arrastada que a garota. Não demorou até ela perceber que ele também estava ébrio.

Amanda caiu na gargalhada sem nem mesmo apertar o mute. Ezequiel preocupado supervisionava a garota em cada movimento. Percebeu que ela escrevia alguma coisa no registro do sistema.

“Cliente é uma mocinha que chora por tudo e ainda não sujou as calcinhas de ‘catxupe’ seu problema é só emocional, mandei retornar quando tomar jeito de macho.

Ps: A mãe dele rouba maionese do mc donalds”

Balançando a cabeça ele segurava a tecla backspace do teclado; sem nem olhar para o que escrevia ela continuava digitando, só que mais nada ficava marcado no sistema.

— Alô, alô dá pra parar de rir sua infeliz. Eu to querendo ajuda pro meu celular. — Dava para ouvir ao fundo a chuva cair aos montes, pelo DDD via-se que ele era do mesmo estado que os atendentes.

— Pro celular que você tá falando? Não vai dizer que é né? — Elevou a gargalhada. — Não, não, não por que assim, não se se você sabe mas tá chovendo aí saca?

— Eu sei.— O cliente disparou uma torrente de lágrimas. O álcool o fez ficar extremamente triste com tudo. Era como se estivesse em uma depressão profunda.

Amanda acenava com as duas mãos desesperadamente, seu supervisor veio devagar balançando um chaveiro fingindo que tinha alguns trocados. Assim que chegou viu Ezequiel fazendo alguns sinais para que ele não desse trela.

— Diga ai Amanda, que é que rola?

— Esse otário aqui ó, — apontava para o telefone fora do mudo. — ele não sabe beber. Virou a garrafa toda e num guentô. — A garota inclinou-se para trás, teria caído da cadeira devido a gargalhada, mas seu maria a amparou. — Mó mocinha chorosa, ouve só.

O cliente encerrou o contato antes dela colocar a chamada no viva voz.

— Mais que baitolinha! — Falou ela com a mão na cintura.

Igor deixou a garota conversando sozinha, aquela altura isso não fazia diferencia para ela, arrastou Ezequiel pela gola até um canto distante da operação.

— Que que você deu pra essa guria beber ein? — Sua voz era séria, parecia repreendê-lo.

— Ela bebeu bastante catuaba e vodka. Porque?

— Entendi. — Largou a roupa do atendente, sacou do bolso uma garrafinha pequena daquelas de refrigerante de um real. Dentro o liquido era mais escuro e alcoólico que a bebida gaseificada. — Faz ela beber mais, ela atende melhor assim...


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Notas finais do capítulo

A amanda bêbada fica legalzona né?
Se eu bebesse acho que eu ficaria igual.
Vou sempre repetir isso:
SOU MOVIDO A COMENTÁRIOS SIM! GOSTO DE SABER SE ESTÃO GOSTANDO OU NÃO U.U
Se você riu com esse amontoado de palavras eu fico feliz, esse era meu objetivo bjs e até amanhã :D



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