Atendimento #199: Perigo supremo

— Boate gay anjos da noite queridinha.

A cliente se assustara, pois até alguns segundos estava aguardando o retorno do atendente para que este pudesse ouvir um pouco mais de suas reclamações enfadonhas e do nada tinha sido atendida por um gerente gay.

— Eu estava falando com o Cássio e ele do nada me transferiu para outro telefone. Maldito picareta mesmo!

— A senhora está falando do Cássio topa tudo? — O funcionário estava justamente ao lado  do supervisor quando este mencionou seu nome e o título que ele teria em uma casa noturna.— Ele é mesmo, outro dia ele pegou um cliente e acabouuuu com ele — Ezequiel continuava fazendo a voz caricatamente...gay.

— Eu estava em contato com uma central de suporte como eu fui parar em uma boate dessas? — Realmente era estranho pensar que você está la falando de seu aparelho de som e do nada você é transferido para a nossa garota furacão.— Quero falar com o Cássio agora seu picareta!

Ezequiel colocou no mute e retirou o telefone da orelha.

— Mantenha o personagem, vamos fazer ela não querer nunca mais ligar aqui.— Ezequiel passou o telefone ao subordinado que revirou o olho.

— Oi senhora o supervisor divo não resolveu seu problema? — Perguntou Cássio afetado.

Ezequiel segurou-se para não rir da cara da cliente que apenas queria saber porque seu som não reproduzia as musicas que ela havia cantado e gravado em um cd.

Enquanto os dois se divertiam com a cliente confusa uma figura assustada corria através do lobby dos elevadores para dentro do andar. Ofegante a mulher tinha os cabelos soltos a bolsa aberta.

— Droga, tem de correr, tenho que correr.

Catherine se apressava para ajeitar toda a sua mesa. Os produtos guardados em sacolas  de feira, as mochilas com as colônias de outono, cremes, mascaras hidratantes, o cinturalho que Amanda encomendara, tudo foi misturado em um bolo único de coisas.

— O que tá acontecendo? Porque tanto desespero assim dona Catherine? — Perguntou a garota de cabelo raspado na lateral.  

Ninguém jamais a havia visto daquela maneira, até porque nada até então era tão preocupante a ponto de deixá-la assustada.

— É o perigo supremo… — Falou ela tentando esconder os produtos em baixo da mesa.— Entra caramba!

— Perigo supremo? Como assim?

— Nessa multinacional inteira só têm uma pessoa que pode me dar alguma dor de cabeça, na verdade dar uma tremenda dor de cabeça pra todo mundo aqui…

Naquele momento um grupo relativamente grande de pessoas surgiram pela entrada, não demorou e os supervisores puxa sacos de quase todos os setores, com exceção de Ezequiel, foram em sua direção.

— Droga. — Catherine correu para junto do grupo que vinha acompanhando a figura ilustre.

O homem asiático tinha os cabelos brancos e uma estatura mais baixa que a de Amanda. Ao seu lado uma mulher com quase dois metros de altura destacava-se pelos enormes peitos siliconados.

— Meu deus...parece um circo — Falou Amanda.

Um a um os que o rodeavam pediam para cumprimentá-lo com um sorriso falso no rosto. Na realidade o medo que sentiam eram tão grande que os que sabiam de sua vinda fizeram questão de vir com frauda e talco para bebes.

O coreano conversava com a mulher que passava suas palavras a todos.

— 안녕하세요, 비밀 메시지 해요 (O lugar está bem movimentado, isso é ótimo.) — Falou ele seguido de sua intérprete peituda.— 파라벤, 당신은 저를 읽을 수 있습니다, 나는 당신에게 비밀을 말해주지(Mas eu quero dar uma olhada no setores, faz tempo que não venho aqui.)

O grupo passeou por vários setores, em cada um deles os funcionários abriam sorrisos nervosos e falsos enquanto fingiam ter o que fazer para demonstrar serviço. Sabe quando o seu chefe chega e você tá lá na boa fazendo vários nadas e têm de fingir que tá ocupado? Então é isso ai.

— Senhora, não nos culpe se seu marido anotou o número da nossa boate e passou para a senhora achando que era de uma central de suporte. — Cássio já tinha entrado na brincadeira de tal maneira que chegou ao ponto de gesticular de maneira afetada enquanto falava. — Aliás senhora eu acho que eu vi o seu marido aqui, ele é um belo de um ursão manso ein. — Cássio olhava para a foto do marido da cliente enquanto dizia isso.

O alvoroço que Ezequiel e seu subordinado causavam era tão grande que até o homem que não falava portugues notou algo estranho. Mas quem não notaria, Ezequiel e Cássio colocavam as mãos na cintura, faziam gestos afetados e falavam como duas loucas desvairadas com a cliente.

— 이 책은 직업 과 관련된 부작 의 일부입니다.(Aqueles dois estão agindo estranho.) — Apontou para Ezequiel e Cássio que dançavam como dois gogoboys naquele exato instante. — 택시 드라이버는 다음 책 에있을 것입니다 (Vamos dar uma olhada no que esta acontecendo.)

— Espera! — Catherine tentou impedir, mas o perigo supremo continuou com seu caminho. — Droga por que o fundador da empresa tinha de vir hoje?

O grupo passou pelo corredor onde Amanda estava sentada e atendendo.

— Senhor espera um segundo que um japonês tá passando aqui com uma mega peituda, se eu não desviar eu vou se arrastada por aqueles melões. — Falou amanda antes de colocar no mudo.

— 그것은 바로 기다려야 괜찮아 ? (Mas o que é isso aqui?) — O presidente da empresa tinha acabado de encontrar um dos produtos que Catherine iria vender. Com ele na mão aproximou-se de Ezequiel e o subordinado.

— Opa, como é que tá galera? — Ezequiel olhou para a mão do presidente da empresa e viu o que ele carregava. — Espera, isso aqui na mão do tiozinho é um cinturalho mesmo? — Perguntou Ezequiel fazendo todos a sua volta levarem as mãos ao rosto.

— Eu vou ser demitida, certeza...— Falou Catherine quase em desespero.