Atendimento #200: Supervisor, operador, líder e PAI

— O que você está fazendo? Alô? Como assim meu marido é um cliente frequente de vocês? — A cliente ficara desconcertada com a informação que seu marido vivia frequentando uma boate gay sem seu conhecimento.

— Espera aí quenga jaja eu falo com você. — Ezequiel colocou a mulher no hold apenas para deixá-la ainda mais enfurecida com a empresa e sua musiquinha infernal. — O que foi galera? Alguém pode me dizer quem é o tio e porque ele tá com o cinturalho favorito da Amanda?

— Ele está falando com uma cliente? — O presidente continuava falando para sua tradutora siliconada em coreano e esta continuava a traduzir tudo, entretanto, eu não vou colocar os ideogramas porque eu estou com preguiça de colocar easter egg’s neles.

— Não! — Catherine conseguiu finalmente chamar a atenção do presidente da organização. — Senhor presidente ele estava apenas falando com-

— Sim era um cliente mesmo, porque? — Ezequiel interrompeu a mafiosa com um olhar intrigado. Nosso herói jamais tinha visto a madrinha de seus futuros filhos com tamanho medo estampado na face. Logo que ele ouviu o título “presidente”, pôde ligar os pontos.

O presidente começou a falar ao ouvido da tradutora, a tensão tomou o ar fazendo com que a mafiosa suasse como se estivesse em uma sauna.

— O que você está-

O grande perigo que Catherine tinha sentou-se em uma cadeira ao lado de Ezequiel enquanto a tradutora saiu apressada liberando os puxa sacos que os rodeavam. Os atendentes ficaram estáticos, não sabiam o que esperar e muito menos o que estava acontecendo.

— Se o zé mudinho não vai dizer o que ele quer eu vou voltar ao meu trabalho. — Falou nosso herói ao retomar a chamada com a cliente. — Senhora eu vou encerrar essa ligação pois meus machos estão louquinhos para ser atendidos. — Completou ele afeminadamente antes de desligar a ligação na cara da cliente.

O supervisor têm de notar os costumes de seus operadores para identificar quando este está com algum problema. Sim, já vimos que não é em todos os casos que os operadores chamam seu encarregado para ajudar; vergonha, medo, raiva do cliente ou mesmo raiva do próprio líder podem ser fatores determinantes.

— Fala o que tá acontecendo. — Ezequiel surgiu como se fosse um vampiro sombrio às constas de Alana. — Porque você não me chamou pra resolver o B.O?

A garota olhava envergonhada para o encarregado que apenas lia a sua tela.

— Como você sabe que eu tô com problema se eu nem falei nada?

— Bom, eu sou o líder de vocês então eu tenho de saber. Mas fala aê. — Viu? O supervisor que se preocupa com os operadores sempre estão alertas para algum problema.

Enquanto a garota dizia tudo o que se havia passado na ligação; que aliás era um caso tipico de um cliente que destruiu a tela do notebook propositalmente para impedir que a sua mulher o flagrasse vendo pornografia holandesa, Catherine tentava conversar com o presidente da empresa.

— Senhor eu sinto muito pelo inconveniente que foi encontrado. — Nesse instante ela tentava tomar da mão dele o objeto fálico para uso sexual, entretanto, o homem asiático se recusava a largar o objeto, talvez tivesse gostado dele.

A tradutora do dono da empresa retornou com um grupo de homens. Estes eram os seguranças do prédio e até mesmo policiais civis e militares.

— Ezequiel… — Falou Alana percebendo que a situação ficar levemente mais complicada.

— Relaxa, eu já resolvo com o seu cliente. — Tirou o headphone da garota e colocou sobre a cabeça. — Então senhor você fala com o supervisor da operação.

— Eu quero um produto novo e você vai me dar. — Falou o cliente totalmente emputecido com o tratamento da atendente anterior e o tempo que a mesma o deixara esperando.

— Ah eu vou é senhor?

— Ezequiel. — Alana o puxou pelo braço mais uma vez para que ele observasse o burburinho, entretanto ele estava mais ocupado com o cliente.

— Senhor vamos deixar uma coisa bem clara aqui, você foi esperto. Eu por exemplo não pensei em quebrar a tela do meu notebook quando a minha esposa me pegou no flagrante. Se eu tivesse feito isso hoje as coisas entre nós seriam diferentes… — Ezequiel pensou naquele momento no cinturalho. — Mas enfim chefe o fato é que nós aqui não temos como nos responsabilizar pelo seu produto.

— Foi a sua funcionária que falou mal de mim e por isso você não quer ajudar né?

— Não senhor, nem que ela fosse sua esposa eu poderia fazer nada pelo seu notebook. Da próxima vez eu recomendo que veja pornografia no celular, ao menos é mais fácil de esconder sem quebrar.

— Ezequiel! — Amanda foi quem chamou a atenção do encarregado naquela vez. Este rapidamente se virou e a viu apontando para os policiais, entretanto o mesmo apenas deu de ombro.

— Então senhor eu quero alertar que não adianta tentar abrir processo em procom, ou mesmo em mídia, a culpa sempre vai ser sua por ter sido descuidado com seus vídeos de garotas com pacote.

Enquanto ele finalizava o cliente, infelizmente não fisicamente como ele queria, sua figura foi apontada pelo presidente da empresa que usou a ponta do objeto negro em sua mão para isso.

Sem dar nenhuma importância a ameaça Ezequiel continuou seu trabalho. Assim que se aproximaram do supervisor todos os seguranças foram barrados pelos atendentes que se puseram de pé em um instante. Ancelmo, Amanda, Alana, Cássio e todos os demais operadores do setor de Ezequiel estavam dispostos a impedir que ele fosse interrompido.

— Pensei que estivesse com raiva de mim por causa da pausa almoço. —  Falou Ezequiel sorridente ainda de cabeça baixa. Voltou-se para Alana. —  Senhor eu quero informar que futuramente, provalmente entre hoje e amanhã, o senhor vai receber um contato para avaliar nosso atendimento, espero que seja razoável, se não for, eu espero que você vá para o inferno.

O presidente se levantou e chamou a tradutora para junto de sí.

— Não estou nem aí se eles querem proteger aquele babaca ali, podem levar todo mundo. —  Falou o baixinho de olhos puxados.

Um a um os operadores foram algemados, entretanto eles se recusavam a sair da frente do supervisor que ainda permanecia com o cliente em linha.

—  Sim chefe eu entendo, bom é como eu disse o senhor foi esperto. Melhor perder o notebook do que as pregas. —  Ezequiel encerrou o contato ouvindo a risada do cliente conformado pela situação.

O sorriso de nosso herói deu lugar a uma expressão séria, seu olhar de ódio foi direto e reto para o presidente da empresa que apenas devolveu com desdém. Caminhando reto em direção ao comandante supremo da empresa ele simplesmente ignorou todos os funcionário, todos os policiais e todo o resto que olhava para o seu setor.

Ezequiel tirou um chaveiro de panda do bolso e abriu a gaveta de sua mesa usando uma chave. De lá ele retirou um jaleco de mangas longas e uma caneta azul vintage. Logo ele vestiu-se, colocou a caneta sobre a orelha e foi falar com a intérprete.

— Vou deixar claro uma coisas, aqui quem manda sou eu, essa pode ser sua empresa seu japa, mas esse é meu setor.  — Ezequiel falava isso olhando para o baixinho de olho puxado. — Desde aquele dia que eu atendi você, eu pedi para o seu antigo tradutor me mandar a sua câmera quebrada. — O presidente da empresa se recordou do atendimento #118 e a vergonha que passou ao descobrir que seu nudes tinha sido vazados pela internet. — É amiguinho, eu descobri que você tinha fotos muito mais pesadas que não foram vazadas. — A siliconada falava quase que em tempo real o que o supervisor dizia ao dono da empresa.  — Aqui dentro eu sou supervisor, operador, líder e pai dessas crianças.  — Ajeitou o jaleco branco deixando claro seu poder ali dentro. — Você vai soltá-los e vai esquecer tudo o que se passou aqui dentro está entendendo?

Dona Catherine observava sem reação Ezequiel encarando seu perigo supremo sem medo algum.

— Se você fizer isso eu prometo não publicar na internet aquelas fotografias magnificas onde você aparece vendo vários hentais com tentáculos. — Anunciou nosso heroi ao sentar-se sobre a mesa.

No mesmo instante que as palavras em coreano chegaram ao ouvido do fundador este ordenou que soltassem a todos, seu medo de ser mais exposto ainda o colocou em uma situação de submissão. Em sua face uma expressão de medo se fez ao olhar o sorriso maligno que Ezequiel esboçava para ele.

Todos, não só os atendentes de seu setor, como todos os outros funcionários ficaram a observar o baixinho sair amedrontado da operação seguido de seus seguranças e policiais.

— Hey!  — Ezequiel gritou antes que este chegasse ao lobby do elevador.  —Deixa o cinturalho, japinha! — Completou fazendo com que o homem se recordasse que estava levando embora o objeto sexual.