Atendimento #124: Depilação

Você gosta de bichinhos? Infelizmente eu não tenho nenhum e também não tenho espaço para ter. Mas se você têm um cachorro ou um gato já deve ter percebido o quão difícil é manter o ambiente em que ficam, limpos.

Na central não é permitido a entrada de nenhum tipo de bicho, claro que as vezes alguns pombos faziam ninhos próximos as janelas, mas isso nunca foi um incômodo, exceto para os limpadores de vidros que só faltavam ir trabalhar armados de espingardas.

— Então era o teclado não é? — Ezequiel abrira a ordem de serviço da cliente e verificou tudo o que nela estava relatado. — Vamos fazer o seguinte senhora Laiene como aqui não posso fazer mais nada eu vou ver com autorizada como está o andamento do serviço está bem?

— Fique a vontade. — Ouviu-se um miado alto no telefone. — Xiu! Quieto Pablo eu to falando com o moço. — Outro miado. — É bebê eu não falo só com você.

— Certo moça eu já volto. — falou colocando no mute. A cliente Laiene ligara com a intenção de saber se o teclado de seu produto já tinha sido trocado. Ezequiel, bonzinho como sempre, fez mais do que deveria e foi buscar saber o que acontecia. — Cadê o corno do Igor?

O atendente se levantou e começou a procurar o superior pelos setores. Geralmente os atendentes têm de solicitar a permissão para ligar para uma autorizada, claro que nosso amado ex taxista liberava a chamada, mas para manter os bons costumes, Ezequiel iria perguntar antes.

Após rodar toda a operação umas três vezes ele o viu na sala de reuniões; o lugar só era acessível aos superiores e gestores, por tanto ele não poderia lá. Durante o breve momento que ele observara percebeu que o superior estava sentado ouvindo o que outras pessoas falavam ao seu redor.

— Tá enrolando para não voltar para a linha de frente. — Ezequiel virou-se para operação.— Se dane vou ligar e pronto.

Ao se virar Ezequiel não percebeu seu chefe recebendo um papel nas mãos.

Uma vez em seu lugar nosso heroi notou a cadeira vazia de sua esposa.

— Outro exame...e esse guri que não chega. — Começou a discar os números. Enquanto a segunda linha chamava ele voltou a falar com a cliente. — Só mais um momento. — Voltou para a segunda linha assim que a chamada foi atendida.

— Andressa bom dia com quem eu falo?

Surpreso com a voz nosso heroi sorriu.

— Olha só quem é, como é que se tá prima? — Sim era Andressa, a parente de nosso heroi que é responsável por uma autorizada. — O que você tá fazendo nessa assistência menina? Até onde eu sei você ficava na barra da tijuca.

— Pois é menino, abrimos uma filial aqui no centro do Rio, eu tô aqui por uns dias para normalizar as coisas. E o seu bebê como é que tá?

— Tá dando trabalho pra mãe que quer tomar uns goró e não pode.

— Entendi, mas o que manda primo? Alguma treta de estagiários por aqui?

Ezequiel explicou as informações passadas da cliente, a ordem de serviço, a postagem, tudo foi passado nos mínimos detalhes para Andressa.

— Tá teclado né? Vou verificar como está o andamento e já te passo.

— Certo eu vou avisar a cliente. — Ezequiel puxou a primeira linha. — Senhora, seu produto está na autorizada, só peço que espere um momento para que eu verifique está bem?

— Eu não posso ouvir a ligação de vocês?

Pronto ai que tá… Se o cliente pede para ouvir seu contato com a autorizada fica a critério da empresa liberar ou não essa possibilidade. Como Igor não estava ali para dizer nem que sim nem que não as rédeas foram passadas para Ezequiel.

— Pode sim, — Respondeu nosso herói apertando o conference do telefone. — Andressa o que você manda pra mim fia?

— Pelos, pelos pra cacete. Aparentemente o cliente não têm cuidado com e deixa tudo cair em cima do produto.   É tanto pelo que as teclas travaram no lugar.

— Tá vendo seu safado! A culpa é sua, pode arrumar uma outra cama a partir de agora Tá me entendendo? — A mulher falando com seu gato fez Andressa se tocar que seu primo colocara a chamada em conferência.

Ao fundo o técnico da autorizada se aproximou.

— Ai chefe se liga nessa parada aqui. — O mesmo mostrou a imagem inicial da tela da cliente. A foto fora tirado pela cliente e mostrava o gato preto deitado de barriga para baixo em cima do teclado.

— Pois é senhora, vai demorar pra caramba pra depilar seu produto, mas vamos fazer o possível para deixar a virilha dele lisinha. — Falou a responsável pela autorizada com um sorriso na voz.