Diário de Uma Dama de Copas escrita por Marizell, Fada Dos Tomates


Capítulo 8
Coração Quente


Notas iniciais do capítulo

Ah, eu já postei esse cap antes, então quem já leu pode passar pro próximo.
Mil desculpas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678972/chapter/8

Os dias passaram, hoje como sempre, não tenho nada pra fazer. Ninguém me desobedeceu para eu ameaçar, até mesmo Will está obediente e quieto nestes dias, o que é muito monótono.

Ele realmente não é divertido, mesmo depois daquele dia, não fala muito comigo, não quer nem saber de nada. Então tirei o resto de meus dias para perturbá-lo – não creio que haja outra coisa em que eu seja melhor.

Agora já tenho dezesseis anos. Continuo a temida e solitária rainha. Parei de escrever meu diário por pura preguiça, mas estou tão sem nada pra fazer que resolvi continuar.

Andei lendo uns livros da biblioteca antiga do rei, pelo menos passa o tempo. Mas acabei me deparando com coisas estranhas e confusas. Algo chamado “sexo” me chamou atenção, toda aquela confusão nas palavras dos personagens. O que seria?

A descrição não tinha sentido e eu realmente fiquei curiosa, então perguntei à Will.

— Como é que eu vou saber? – resmungou o menino sem ligar.

— Ué. Você deveria saber, mora fora do palácio – foi meio idiota dizer isso, ele praticamente mora aqui e volta pra casa raramente e em dias de feriado.

— Por que você não pergunta pra alguém? – indagou ele incomodado.

— Eles têm medo de mim – respondi me fazendo de coitadinha, mas isso nem sequer é um problema pra mim. Gosto de ser temida.

— Como você não quer ser temida se age assim?

— Descubra – o cortei solenemente – Ou vou te castrar.

— Por que você faria isso? – questionou assombrado com a ameaça, mas eu realmente não sei o que é “castrar”.

— Por que eu não faria isso? – ri de seu medo – Também posso te prender aqui e não deixar sair nunca mais.

— Já não é o suficiente me manter neste castelo? – revirou os olhos fazendo um bico e concordou, bravo.

Acho que eu não devia ter dado essa missão à ele...

Will perguntou à todos que pôde: empregados, aldeões... eles não queriam responder ou davam uma resposta sem explicação. Até que Will perguntou ao jardineiro do castelo. Um terrível erro pra ele.

Eu não sabia que o homem sempre havia observado meu amigo pelos cantos, nunca havíamos percebido que aquele homem era uma ameaça. É sempre assim. Quem mais é perigoso é aquele que menos desconfiamos, aquele que mais fica quieto, aquele que está sempre em seu canto. Nunca sabemos.

Achei Will gemendo e chorando num quarto escondido que nem mesmo eu sabia que existia (na verdade, há muitos lugares daqui que eu não conheço). Olhei para a cena peculiar com olhos arregalados. Meu amigo urrava amarrado nu, enquanto o homem se movia de maneira estranha em cima dele, sujando tudo, sujando seu coração.

Permaneci observando curiosa, pegando um estranho fogo dentro de mim. O que estava havendo?

Os olhos chorosos e desesperados de Will sofrendo se encontraram com os meus.

Assustada e sem saber o que fazer, corri cambaleando e parei em minha cama, trêmula. Por que eu não fiz nada? Por que apenas corri e o deixei sofrer com o que quer que estivesse acontecendo?!

Dormi com minha cabeça cheia de perguntas.

Por que aquele calor percorrendo por meu corpo? Por que corri assustada? O que era aquilo? Como chegou àquilo?

Maldito tempo que passou rápido demais, queria dormir pra sempre. Não tinha coragem de procurar Will e lhe perguntar o que houve. E se ainda estivesse sofrendo lá? Não tinha coragem de encarar.

— Vossa Alteza? Está na hora de acordar – as idiotas das servas amedrontadas bateram à porta.

— Eu não quero – respondi escondida nos lençóis.

— Mas o Duque Vermelho virá hoje – choramingaram com muito medo, irritante.

— Mande-o para o Inferno – ignorei – Se não quiserem, posso usar magia pra isso. E em vocês? O que acham?

— Rabbit-san tem um recado pra você – disse Marianna (por algum motivo, ela não tem medo de mim).

Abri a porta rapidamente pra saber que recado era esse. Ele estaria bem? O que havia acontecido?

— O que é? – perguntei num estado realmente horrível, toda descabelada e mal arrumada, mas isso não importava.

— Ele não quer ver você até que esteja recuperado, mas me mandou perguntar uma coisa – avisou.

— Diga – pedi solenemente.

— Você gostou do que viu? Está feliz agora?

Fiquei boquiaberta. Ele achava mesmo que eu gostaria de ver meu amigo sofrendo?!

— Onde ele está?! – praticamente berrei.

— Me disse também que não quer que você saiba disso – contou Marianna sem medo algum.

— Você quer morrer?! – endoidei – Diga logo!

Sem dar nenhuma satisfação, foi embora.

Cheia de raiva e covardia fui procurar por Will e o encontrei chorando no quarto de Marianna. O que ele tem com essa garota? É por isso que ela não tem medo de mim?! Acha que será salva por ele?!

— Will... – a porta estava trancada.

— Tsc – ouvi lá dentro, entre os soluções de choro – Por que você está aqui?

— Eu vi... – me envergonhei – Desculpe.

— Você viu e não fez nada, não é? – jogou na cara – Me viu sendo desgraçado daquele jeito e não fez nada! Só correu! Gostou? Gostou de me ver em pedaços assim? Está feliz agora?

— Por que você acha que eu ficaria feliz com meu amigo assim?! – me irritei – Eu corri... porque fiquei com medo.

— Medo de quê?

— De sei lá, eu não entendia o que estava acontecendo! – falei.

— A resposta pra sua pergunta. Você não queria saber? Agora viu – respondeu.

— Sexo? É uma... tortura? – pensei.

— Você não entende nada mesmo – suspirou.

— Desculpa..

— Eu até entendo, mas aquilo que você não fez nada, foi como uma traição, Scarlett!

— Desculpa – fiquei sem saber o que fazer. Maldito jardineiro que me deixou assim e deixou Will assim! Ah!

— Por favor me deixa em paz – pediu ele choroso – Estou com dor agora... não consigo parar de chorar lembrando daquele monstro.

— Eu vou matá-lo – prometi.

— Como se isso fosse acabar com minha dor.

— E o que pode acabar com ela? – indaguei recebendo nenhuma resposta em troca.

No final da tarde executei o ogro miserável do jardineiro. Ele ousou me dizer umas palavras nojentas antes de morrer como “o garotinho era delicioso, aposto que você gostaria de experimentar também, não é, Rainha?”

Como ria o monstro. E acabou como sempre “Cortem-lhe a cabeça”.

Três dias depois, Will me surpreendeu ao ir ao meu quarto.

— Você está bem? – questionei preocupada.

— Você prometeu não matar – lembrou.

— Desculpa.

— Eu prometi que seria seu rei – completou me surpreendendo ainda mais, com um beijo, não um simples beijo na bochecha, um na boca.

Fiquei tão assustada que paralisei e o deixei sair de meu quarto sem dizer nada. Como sou burra! Poderia tê-lo agarrado e beijado por mais tempo!

Por que ele me beijou afinal? Se casaria comigo agora?

Meu coração quente estava tão confuso que apenas dormi sonhando comigo e Will juntos.

Isso poderia algum dia acontecer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diário de Uma Dama de Copas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.