Cinza.

Era assim que tudo se encontrava para mim naquela manhã. Mesmo que estivessem sorrindo e os pássaros cantando a minha janela durante o amanhecer. Eu e todo o meu mundo nos encontrávamos cinza.

Não que eu fosse depressivo ou algo assim, longe disso. Eu só não estava feliz. É, meio estupido. Um garoto que tem tudo, não está feliz. Bom, posso ter tudo, mas ao mesmo tempo sinto como se não tivesse nada.

Ao descer para o café encontro a típica cena de filme americano o pai lendo o jornal, enquanto a mãe encantadoramente, serve-lhe o café e a filha come seu cereal, normalmente me juntaria a eles, mas hoje não estou com um pingo de humor.

— Não irá tomar café conosco? - pergunta meu pai enquanto termino meu copo de suco e sigo para a saída.

— Estou atrasado. - o que não era de todo uma mentira. Vou andando para escola, vejo as senhoras fazendo fofoca e as donas de casa cuidando do jardim, algo normal.

Assim que chego na escola vejo que o sinal ainda não havia tocado, um amontoado de alunos ainda estava chegando.

— E ai, bro? - sinto algo pular nas minhas costas - Dormiu demais, viado?

— É o quê, Ian? - digo sorrindo.

— Soube da novidade? - ele perguntou descendo das minhas costas e me encarando como uma pessoa normal, neguei, afinal tinha acabado de chegar - Tem aluno novo lá na sala, reza pra ele entrar pro time e nos salvar no campeonato.

— Vou fazer uma novena, não se preocupe! - sorri, e olhei para Ian assim que quatro garotas da nossa sala passaram pela gente, mas uma em especial agradava a ele - Quando você vai chama-la pra sair?

— Quando você acha que uma garota super linda e inteligente que só tira nota alta vai sair com um cara como eu? - revirei os olhos, Ian era inteligente - até demais pro meu gosto- só não utilizava.

O sinal tocou dando início as aulas segui Ian e sentei nos nossos habituais lugares. Peguei meus óculos de grau para copiar a matéria já que sem eles não enxergaria uma letra do quadro, e antes do professor começar a explicar ele entrou.

Fiquei olhando ele ter uma conversa silenciosa com o professor e depois procurar um lugar para sentar, e este era ao meu lado.

— Oi. - ele disse - Sou Benjamin.

— Richard. - fingir está concentrado na matéria do caderno, nem levantei o olhar para ele.

— Hum... - sorriu - Poderia me passar os assuntos? Tipo, sou novo aqui.

— Ah, claro. - sorri sem graça e praticamente joguei o caderno em sua mesa, eu não sabia o por que de esta agindo daquele jeito.

— Valeu. - sorri, aquele foi um dos dias em que eu mais me senti estupido.