Era estranho pensar que nos tornamos amigos. Ele com aquele jeito ignorante e completamente conquistador, e bom, eu era veterano e isso me ajudava muito. Falava com todos, eu era bonito, e sabia disso.

Eu não conseguia parar de observa-lo. O jeito como ele sorria, mexia no cabelo ou até exibia os músculos para as garotas, era digamos, interessante. E isso era estranho, como um cara de fato hétero, começa a observar outro dessa maneira tão obcecada?

Era quarta-feira, tinha treino do time de futebol a tarde, e para melhorar ainda mais, cheguei uns quinze minutos atrasado, e como sou uma pessoa de sorte Benjamin Schultz passou de primeira no teste de futebol e ficou como co-capitão.

Ian jogava como meio de campo e sorriu quando cheguei, ele não sabia da minha obsessão pelo novato - nem saberia - mas, desconfiava que havia algo errado. Troquei de roupa correndo no vestiário e voltei pro campo a tempo de ver Benjamin retirar a blusa do uniforme e jogar a garrafa de água em seu corpo suado.

– Filho da... - sussurrei enquanto observava sua corrente de cruz entre as pintas de seu peito e a água.

– Richard! - o treinador gritou - Entra em campo, meu filho!

~*~

O treino já tinha acabado há uns vinte minutos e Ian tinha sumido. Depois da secada em Benjamin, tentei ao máximo não olha-lo pelo resto da tarde. Ia ser meio humilhante se alguém notasse.

– Hey. - senti os pêlos da nuca se arrepiarem com a voz. Me virei para fita-lo e todos os meus sentidos gritavam "PERTO DEMAIS! PERTO DEMAIS!"

– E ai? - retirei os óculos escuros.

– Quer carona? - coçou a nuca - Notei que você está aqui a muito tempo e, sei lá, achei que... Fosse querer.

– Ah. - olhei o horário, cinco pras quatro, legal - Tava esperando o Ian, mas ele sumiu. Então, sim, se não do incomodar.

– Não, claro que não. - riu - Eu estava procurando um jeito de vim falar com você.

Sorri, involuntariamente pra deixar claro.

– Você devia fazer mais isso.

– O quê? - perguntei, confuso.

– Sorrir. Combina com você, e fica mais bonito. - neste momento dei graças à Deus por ele ter ido buscar o carro e não ter visto minhas bochechas vermelhas