Jane

            No outro dia pela manhã, Jane estava parada dentro do carro, em frente a casa de Maura, se preparando para encontrar com a loira. Ela estava “ensaiando” como seria:


“Bom dia Maura, tudo bem? Olá, tudo bem? Nossa como está bonita nessa manhã!". Foi surpreendida por três batidas em sua janela.

— Olá Jane, tudo bem?

            Jane pulou assustada com a chegada repentina da loira que voltava de sua caminhada matinal.

— Olá bom dia, bem e você? - sorriu sem graça, rezando para Maura não ter percebido o "ensaio".

— Bem também, seu cabelo ficou lindo, então vamos entrar?

— Sim. -  Jane saiu do carro, ainda com a mão no coração do susto que havia levado, mas logo seu coração estava batendo mais forte, devido a imagem que ela via de Maura andando a sua frente. A visão da loira vestida com uma roupa de ginástica azul fez seu coração esquecer de bater. “Ah, essa roupa bem colada no corpo, marcando todas as suas curvas, assim eu me apaixono! Realmente minha maré de azar já era, estou no céu meu Deus” Pensou


            Jane entrou na casa de Maura e ficou abismada com a aparência pelo lado de dentro. Repleta de quadros, máscaras, vasos, relíquias, no entanto, fazendo contraste com detalhes modernos como uma TV de 60 polegadas que Jane ficou babando.

— Nossa!!! Que Tv é essa ? Parece até uma tela de cinema! Meu sonho ter uma dessa pra ver os jogos do Boston Celtics. - Não conseguia tirar os olhos da TV, imaginando como seria assistir os jogos de basquete e baseball em toda aquela tela.

— Mas logo você terá uma dessa, apenas com o dinheiro de um único patrocínio você poderá comprar vinte dessas. Sua vida mudou Jane, aceite isso e faça um planejamento com o contador que a Regina indicar. - Maura sorriu com o entusiasmo de sua cliente

— Já falei com ele. Primeiro vou juntar dinheiro pra casinha da minha mãe, e para os móveis do jeitinho que ela quer. E vou ajudar meu irmão, ele anda meio apertado, sabe? E mandar um pouco pra minha avó lá na Itália. E depois com certeza essa TV será a primeira coisa que irei comprar. Mas então, pra que a roupa de ginástica?


            Maura ainda estava admirada com o carinho de Jane pela família, quando notou os olhos de expectativas da morena. — Primeiro vista sua roupa fitness, por favor. Enquanto isso irei tomar um banho e me trocar. Pode usar o quarto de hóspedes para se trocar.

            Jane obedeceu a loira indo a um quarto e se trocou. Quando Maura voltou, Regina a aguardava sentada comportada no sofá.

— Poderia ter ligado a Tv, Jane.  - Maura deu uma “conferida” nada discreta em Jane, e a ex segurança se sentiu aliviada por estar em forma. “Um ponto pra mim” pensou. Elas foram para uma sala grande, onde havia alguns aparelhos fitness e um tatame no chão.

— Nos vamos lutar? - Perguntou Jane confusa

— Não. E retire seus tênis, vou testar algumas posições com você. - Antes que Maura terminasse de falar, Jane estava com os olhos arregalados.

— Posições de Yoga, Jane. — Avisou, diante do susto de sua cliente

— Sim... hãn.. É claro eu já sabia. O que mais poderia ser? - Disse meio envergonhada passando as mãos pelos cabelos.

— Então vamos começar. Vou te mostrar e você faz a mesma coisa que eu fizer. Isso é necessário para o possível patrocínio que iremos tentar amanhã.

— Ok, tô preparada. – Jane prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e ficou em posição de luta. - 'Pera, qual patrocínio.

— Relaxe Jane. — Maura se aproximou apalpando os braços da morena. — Você não precisa deixar esses braços tão tensos. E é o patrocínio pra um suco  desentoxicante... Você está em forma. - Não pôde deixar de notar como Jane estava tonificada. 

“Mais um ponto pra mim” Jane pensou e sorriu ao perceber a surpresa de sua tutora.

— Ok, relaxar.— Jane pensou em várias formas que poderia “relaxar” melhor, mas preferiu ficar calada, já estava passando a impressão de tarada.

— Então vamos lá. A primeira será a posição triângulo, ela é recomendada para o fortalecimento das pernas, tonifica a coluna vertebral, trabalha a cintura, coisas assim. -  Enquanto Maura explicava como era a posição, a morena ficava de boca aberta com a elasticidade que a loira possuía.— Então, vamos, Jane. Eu sei que você consegue. Vem, vou te ajudar, ficarei atrás de você te orientando.

— Sim, tudo bem - Disse animada ao perceber que seus corpos iriam ficar colados. Maura ficou atrás da morena, segurou em sua cintura.

— Então é assim. Primeiro você deixa as pernas esticadas e afastadas. Incline o tronco para um dos lados e a mão que desce vai tocar o tornozelo. O outro braço vai se elevar, em direção ao teto, se atentando a manter o peito virado para frente e olhe para a mão que está levantada. - Maura percebendo que Jane estava com dificuldade de ficar equilibrada na posição, segurou um pouco mais forte sua cintura para fornecer equilíbrio.— Isso, muito bem parabéns. Agora vamos para a próxima.

— Sim professora você que manda. -“Oh se manda” pensou

— Vamos agora para a postura da árvore, ela nos ajuda em nosso equilíbrio físico e mental, favorece a concentração e a confiança. É assim, fique de pé, equilibre-se sobre uma perna. A outra ficará dobrada, com o pé apoiado acima do joelho oposto. Braços estendidos em direção ao alto, mão unidas. Fácil.

— Ah! Fácil para você que já está acostumada, eu estou parecendo mais uma árvore tombada pelo patrimônio histórico, estou toda torta.


            Maura riu pelo drama da morena e mais uma vez foi ajudar, não que realmente precisasse, mas de alguma forma era como se suas mãos fossem automaticamente ao encontro da cliente, como se precisassem estar ali. Dessa vez a loira sentiu algo diferente. Ao colar seus corpos e sentir o perfume de Jane, Maura fechou os olhos e ficou aspirando aquele aroma amadeirado. Chegou um pouco mais perto para sentir melhor aquele cheiro que a invadia por dentro.

Jane pode sentir a respiração de Maura em seu pescoço, o ar que ela soltava por suas narinas era quente, a respiração ficando apenas um pouco descompassada, deixando a morena arrepiada, coisa que não passou despercebida por Maura, que ao sentir as mãos de Jane em suas mãos ,abriu seus olhos, percebendo que elas estavam próximas demais... Maura voltou assustada a sua posição original ensinado a Jane outras posições, mas sem que houvesse um contato muito próximo de seus corpos mais. Foi estranho, nunca havia acontecido antes. Era melhor afastar.

— Pronto Jane, acho que já está bom  de exercícios, por hoje. – Maura estava com as mãos no bolso, evitar olhar a cliente, estava constrangida. – Acredito que não teremos problemas com sua entrevista para o patrocínio.

 

— Beleza, demoro - esfregou as mãos, estavam paradas na cozinha de Maura, sem saber como seria o próximo ato.

— E antes que eu me esqueça Jane, marquei o salão de estética pra você.

— Pra quê?

— Esfoliação, depilação, Lipe... Apenas o básico.

— Um dia de mulheres? ... Yeap – Jane comemorou irônica.

— Não reclame. Você terá uma sessão de fotos com sua esposa na segunda feira, precisa estar apresentável.

— Ela vai fazer isso ai também? - Jane fez uma careta

— Claro que sim. Acredito até que a Regina já a levou.

— Ai! Senti até um arrepio nas costas ao ouvir esse nome. – Jane fez uma careta.

— Regina não é tão mal como parece. Ela só... Só é difícil no começo.

— E no meio também. Você a conhece bem?

— O suficiente. Mas o que importa é que você esteja pronta pra conhecer sua esposa, não é? - Maura entregou um copo de suco Detox para Jane. 

— Meu Deus! Mataram um gambá e botaram nessa suco! Vou fazer propaganda pra isso aqui?! - fez mais uma careta. - Mas, por falar em minha futura esposa, quando a conhecerei?

— Esse suco tem alto teor de nutrientes e vitaminas essenciais para o corpo. - Maura levantou o dedo, como sempre fazia quando queria mostrar algum dado interessante.

— Nhami, Nhami. O gosto deve ser pior que o cheiro. - Jane aproveitou que Maura estava guardando alguns talheres em um armário, e despejou todo o conteúdo do copo na pia, feliz por se livrar do Detox.

— Se não me engano, você irá encontrar sua futura esposa na sessão fotográfica. Irei confirmar e entrarei em contato com você. - Maura pegou a garrafa de suco e encheu o copo de Jane novamente. Ficando de braços cruzados em frente a morena, aguardando que ela bebesse.

— Yeeaah - Jane comemorou desanimada, agora teria que beber o suco.


***

Emma e Regina 5:45am

— Alo?

— Senhorita Swan, estou te ligando para informar que seu encontro com Jane Rizzoli foi marcado para hoje à noite no Melrose.

— Com quem? – Emma sussurrou, estava escondida na dispensa da lanchonete para atender a ligação

— Sua futura esposa. Você não me escutou quando falei o nome dela ontem?

— Desculpa. — Emma disse quase sussurrando — Você irá também? - Regina bufou

— Talvez. Então, preciso que você me encontre em duas horas na boutique Salaziel. Acredito que calças rasgadas e jaqueta vermelha não são aceitas no restaurante do seu encontro.

— Desculpa, não poderei chegar em duas horas. - Emma fechou os olhos aguardando pelo xingamento, mas se surpreendeu pelo tom calmo de Regina.

— Posso saber por que?

— Porque moro no Brooklyn, são quatro horas de carro até aí. — Regina ficou calada por alguns instantes.

— Não sabia que morava em New York.

— Pois é, moro. E tenho que terminar meu turno aqui. Então daqui a ...

— Que turno? - O tom de Regina mudou, ficando um pouco nervoso.

— Estou na lanchonete agora. Não pude pedir conta porque a dona precisa de alguns dias até encontrar alguém, e... 

— Não me importa o que ela precisa Swan. Você não pode trabalhar ai. Deixa que eu resolvo isso. — E desligou o telefone antes que Emma pudesse se despedir.

***

Jane e Maura 09:30am

— Anhô?— Jane bocejou e esfregou os olhos, ainda se acostumando com a luz que entrava no quarto.

— Jane? – Maura riu — Bom dia, tudo bem? Desculpa te acordar.

— Tudo bem, Maura... Eu... – Jane bocejou novamente sentando na cama — Eu não estava dormindo. Estou acordada há horas. E você como está?


— Bem também. Como prometido, estou lhe informando sobre seu encontro com Emma, foi marcado antes da sessão de fotos.

— Quem?

— Emma Swan, a sua futura esposa. Comentei algumas vezes com você ontem, mas entendo que são muitas informações pra você guardar. Enfim, foi feita uma reserva para vocês no Melrosa pra hoje à noite, às sete horas. Tudo bem esse horário para você?


— Você também estará presente? - Jane sorriu, brincando com o edredom.

— Sim. Estarei lá com você apenas para as apresentações, então depois Regina e eu iremos embora.

— Regina estará lá?— Jane resmungou— Aquela mulher me odeia.

— Você não é a única, fique tranquila. E sim, ela estará, é obrigada nossa presença para as apresentações.

— E você não pode ficar mais um pouco? Só um pouquinho? Talvez até a sobremesa e um pouco mais. - "pro café da manhã de preferência" Jane pensou.

— Não, pois vocês precisam ter um pouco de privacidade pra conversar, descobrirem um pouco sobre cada uma e serem fotografadas juntas. Precisam ter intimidade.


— Sim, é claro. - disse uma Jane desanimada.— Que horas te encontrarei Maura?

            Angela entrou no quarto a tempo de ouvir a última frase de Jane, e antes que Jane pudesse esboçar qualquer reação, Angela decidiu ter um ataque em voz alta o suficiente para que ambas as partes ao telefone se preocupassem com ela.

— Ver a Maura? Que horas? Hoje? — Angela andava de um lado ao outro no quarto da filha — Quanto tempo eu fiquei ausente assim? Como assim minha filha aparentemente tem telefonemas e encontros com a Maura Isles? Claro que sim! Claro que sim! Oh meu Deus! Que mãe distante eu sou?

            Jane acompanhava com os olhos preocupados a mãe andando pelo quarto, puxando as pontas do cabelo, aparentemente surtando. Então decidiu que era hora de encerrar a ligação.

— Maura, desculpa, minha mãe tá surtando aqui, porque tô falando com você e ela é muito sua fã. É sério, preciso mudar de casa.

— Tudo bem. E provavelmente semana que vem você irá mudar. Vai para sua nova casa com a Emma.

— Achei que fosse depois do casamento.

— Regina reclamou, a algumas horas atrás, que Emma mora em New York, e exigiu uma casa antes do tempo, assim evita o deslocamento diário, eu acho.

— Regina tem esse poder?

— Nem queira saber o limite do poder dela.

— Mas vamos ao que interessa... Que horas vou te ver? - Jane quase não ouvia Maura, devido aos surtos de Angela, a curiosidade e as perguntas "posso falar com ela?" "O que ela tá falando?"

— Infelizmente não terei tempo de ir às compras com você, então pedirei que entreguem uma muda de roupa em sua casa. Vá com ela, por favor, irei te pegar às seis e meia. Tenha um ótimo dia, Jane.

            Jane respondeu e sorriu, lembrando-se da mãe ainda andando pelo quarto com seu monólogo maluco.

— Mah! – Gritou.

— Desculpa, Jane. – Angela murmurou sentando na cama da filha

— Que foi isso?

— Que foi isso o quê? — Angela se fez de desentendida.

— Isso tudo mah. A gritaria? O pirar? A pessoa falando sozinha? O ritmo acelerado? O que foi?

— Ok. Mas me pegou de surpresa. — Angela suspirou dramaticamente, deixando seus ombros cairem em derrota— Achei que tivéssemos uma ligação única, que você me contasse tudo.

— Mah, não estou namorando, ficando ou beijando a Maura, não que eu não quisesse, mas ainda não estou. Então não te contei nada, porque não tinha nada pra contar.

— Mas você vai trazer ela aqui, né filha? Não vai? Eu tenho que conhecer ela, Jane! Tirar uma foto com ela e exibir pra sua tia Manuelita. Maura deve ser tão simpática! Ai Senhor!

            Jane se levantou conduzindo a mãe até a porta do quarto. 

— Que horas ela vai chegar aqui, Jane? Tenho que fazer compras. Ai Senhor! Será que ela é vegetariana? Talvez se eu fizer uma receita antiga da família... Sabe, tenho um caderno de receitas que sua avó...

            Jane sorriu para mãe e fechou a porta do quarto, gritando do lado de dentro : Bom dia, mah!

— Sua foto apareceu na TV, Jane. Já estão anunciando seu casamento! – Angela gritou do lado de fora, Jane apenas balançou a cabeça não acreditando, preferindo fazer sua higiene matinal.

Durante o banho lembrou-se de sua conversa com Maura. Como assim ela já iria morar com Emma? Como assim Regina exige e em poucos dias já está tudo pronto? E por algum motivo uma morena arrogante atravessou seus pensamentos, e ela não pode deixar de comparar Regina com sua Maura. “Sua Maura” sorriu com o som que essa frase emitia. “Sua Maura” era educada e gentil, com certeza era uma boa pessoa, e não uma cobra ruim como aquela morena que Jane bateu boca, logo que chegou a sede de Marketing da Adidas, no dia da entrevista:

“Jane girou rapidamente assustando o recém chegado que passou pela catraca, e não conseguiu evitar o choque do seu ombro com a outra pessoa. Antes que Jane pudesse sequer pensar em proferir um pedido de desculpas, a mulher em questão quase gritou.

 
— Se afaste!— Jane deu um passo pra trás com o tom rude que foi usado contra ela— Olhe pra onde você tá andando.

— Eu não machuquei você. - se defendeu.

— Mas poderia!

— Eu duvido muito disso. – Jane se irritou com a mulher irritada a sua frente.

— A menos que você possua olhos na parte de trás de sua cabeça, sugiro que você faça o que qualquer ser humano civilizado faz e ande corretamente.

— Olha aqui...— Jane apontou o dedo para a mulher. — Eu não precisaria ter olhos atrás se você usasse os seus pra andar!

            Frank puxou Jane de forma quase bruta, a afastando da morena que foi em direção ao elevador.


— Você tá louca, Jane?! Tá na cara que essa mulher é importante, e se ela for dona daqui ou algo assim?! Você veio fazer uma entrevista, lembra? Você precisa desse contrato ou vai ter que aguentar a reclamação da nona lá na Itália!

            Jane se acalmou e foi à entrevista, após mais de uma hora recheada com perguntas íntimas,  saiu à procura de sua consultora de casamento para assinarem os contratos. Foi em direção à sala temporária informada, e precisou ser forte pra ficar em pé, com suas pernas bambas, quando a mulher abriu a porta.

            A boca de Jane estava aberta enquanto encarava Regina - a mulher que tinha atropelado quando chegou a sede da Adidas.- Regina a olhava com sobrancelhas levantadas em confusão quando viu a italiana parada em sua sala improvisada. A mente de Jane só conseguia processar uma coisa.” Oh merda!”

 

—Oh - Regina resmungou - Você de novo.
Jane só conseguia abrir a boca e fechar enquanto olhava pasma para Regina.


— Suponho que você aprendeu a usar seus olhos para caminhar, embora eu ainda não consiga imaginar por que você escolheu fazer o caminho até minha sala.— Regina cruzou o braço sobre o peito, tornando-se grande na frente do espaço aberto da porta. Quando Jane não respondeu, a CEO inclinou a cabeça para o lado e olhou com expectativa.— Posso ajudá-la?

 
—Vo-você é minha Personal Wedding? - Jane perguntou com a voz instável.

 
— Oh — Regina estava surpresa— Então você é a outra?

                                       
— Outra?— Jane estava parada em frente àquela porta em no máximo 30 segundos e já havia experimentado diversos sentimentos... Agora o mais forte era confusão. — A outra?

— A outra a se casar, o que mais seria? Hoje meu dia está sendo perfeito. Primeiro uma loira insolente discute comigo de manhã, e agora uma morena fica parada, feito poste, na porta da minha sala. Perfeito!
Como Jane não respondeu nada, Regina continuou

— Não sou sua consultora, já me comprometi em ajudar sua futura esposa. - Jane soltou o ar aliviada ao ouvir aquilo.— Olha, não estou disposta a desperdiçar meu tempo, o que você quer?


— Se você não é minha consultora, quem é ela?

— Ela logo chegará, e é exatamente por isso que estou saindo — Regina pegou a bolsa, saindo da sala. — E boa sorte com sua consultora, você vai precisar.- Disse e saiu da sala gargalhando após presenciar a perda de cor da ex segurança.

“Alguém anotou a placa?” Jane pensou indo ao encontro de sua cunhada



***

Emma e Regina 11:32am


            Emma estava servindo uma mesa quando percebeu um Mercedes preto parar em frente a lanchonete. “Não acredito que ela veio até aqui”, pensou.
A morena de casaco preto entrou na lanchonete, fazendo todos a olharem quando o sino da porta tocou. Ela olhou ao redor por alguns segundos, então foi em direção a uma mesa afastada no canto. Retirou seu casaco, expondo um vestido roxo colado e sentou atrás da mesa.

— O que uma garota como você faz em um lugar como esse?- Emma perguntou ao se aproximar da mesa.

— Aguardando minha cliente. Me sirva um café por favor. Apenas café, preto.- Regina retirou um livro da bolsa.

— Não precisava vir aqui Regina. Eu posso resolver isso.

— Aparentemente não, já que ainda está vestida com esse guardanapo tamanho minúsculo que chamam de uniforme. - Emma apenas a encarou. Regina folheou o livro que segurava. - Café por favor, miss Swan.

            Emma serviu Regina e voltou ao trabalho, seus olhos nunca perdendo a morena sentada no canto. Em alguns momentos ela percebia Regina a olhando, principalmente quando algum homem elogiava a loira, ou ela trocava sorrisos com alguém. E isso de alguma forma foi gratificante, quem não conhecia Regina poderia até dizer que ela estava incomodada com a atenção masculina que Emma recebia.

            Um homem, com jaqueta de couro, entrou na lanchonete e abraçou Emma pela cintura, dando-lhe um beijo na bochecha demorado demais para o gosto de Regina. A morena fechou o livro e encarou a cena.
Os dois riam de algo, e então Emma apontou para Regina com a cabeça, fazendo o homem olhar na mesma direção. A morena deu um sorriso irônico para o homem com as mãos ainda na cintura da loira. 

— Emma te falou que sou o amigo bonitão dela? - O homem se aproximou da mesa

— Então é você? - Regina perguntou com desdém

— O bonitão? Sim, eu sou bonitão.- Killian levantou as sobrancelhas

— Killian, correto?

— Vejo que meu nome já foi muito citado. - Levantou uma sobrancelha.

— Sim. Soube que você é louco por azaleias, meu cabeleireiro também.

— Ei, eu gosto de azaleias, mas também adoro carros, principalmente os velozes. - se defendeu.

— Meu estilista também adora.

Ele se inclinou e estendeu a mão. - Killian Jones, ao seu inteiro dispor.

 

            Regina estendeu a mão, e Killian a pegou, beijando a pele oliva enquanto sorria. Regina fez uma careta e reparou os vários anéis e o brinco, “Emma namorou um gay?” pensou

— O que uma mulher tão linda faz aqui?

— Sendo importunada. -  Regina puxou a mão

— Você é sempre assim tão... amável?- sentou em frente a ela

— Te incomoda?-  A morena levantou uma sobrancelha em desafio enquanto levava a xícara a boca.

— Mulheres difíceis nunca me incomodam, baby.

Regina devolveu a xícara a mesa ”Não, Emma namorou um mulherengo.” Pensou

— Você realmente é muito linda, aposto que é muito bem casada - Killian sorria galante enquanto Regina revirou os olhos.

— Sou viúva, e não estou interessada em seus elogios sr Jones.

— Me chame de Killian. E se você está com a Emma, me ganhou, vou incluso no pacote. -  Regina revirou os olhos mais uma vez. - Olha Regina, estou colocando a minha princesa em suas mãos. Por favor, tome conta dela. Cuide dela enquanto eu não tiver lá, ok?

— Acho que ela já é bem grandinha... Sr Jones . E pode muito bem se virar sozinha. - Regina correu os olhos pela lanchonete, e não encontrou a loira andando em suas roupas curtas de garçonete.

— Você me entendeu, Regina. Cuida dela, aquela garota já sofreu demais. Esse sonho é tudo que ela tem agora.

Regina apenas observou o homem parado a sua frente, ele falava sério, todo aquele ar galante havia desaparecido.

— Faço qualquer coisa por ela Regina. Ela é a única família que tenho. - Então ele se levantou e foi em direção à saída. Regina ficou um tempo refletindo sobre aquelas palavras.

— Estou pronta - Emma materializou ao lado da mesa, já com a roupa trocada, assustando Regina. A morena encarou preocupada a loira que agora colocava um copo de café quente em suas mãos

— O que é isso Swan?-  Disse encarando o copo com uma careta confusa.

— Um gesto de agradecimento, será que pode simplesmente aceitar?-  Emma disse enquanto rolava os olhos - Da pra parar de se defender de tudo?- Regina lhe deu um olhar mortal, balançou a cabeça e encarou o copo novamente.

— Obrigada pelo café. Já estamos indo, tenho só que resolver uma coisa.

          

  Regina colocou o livro dentro da bolsa, vestiu seu casaco e levantou, indo em direção ao balcão. Conversou com a senhora de cabelos brancos que era dona da lanchonete. Falou algo que a senhora não gostou, e pareceu não aceitar. Então Regina retirou um maço de notas de dentro da bolsa e entregou à senhora que logo correu para os fundos, trazendo um papel e a entregou. Regina pegou o papel, e foi em direção à saída, ao encontro de Emma, e o entregou nas mãos da loira que ainda estava surpresa com a situação.

— Pronto, Swan. Você não usará mais aquelas roupas minúsculas. Aqui está sua dispensa.

— Você não gostou do meu uniforme, né?

— Nem um pouco. Aqueles homens horríveis não tiravam os olhos de você. É ultrajante, e não tem nada a ver com a imagem da empresa você permanecer trabalhando aqui. Mas agora isso está resolvido.

— Nem tudo se resolve com dinheiro sabia? Mas obrigada. Obrigada por ter vindo até aqui, ter conversado com a Vovó Granny. -  Emma entregou um pacote para Regina.

— O que é isso agora, miss Swan?-  Regina olhou dentro do pacote.

— Salada. Você tem cara de quem gosta dessa salada. - Regina apenas encarou a loira a sua frente. Então destrancou o carro, deu a volta e entrou nele.

            Emma entrou no carro com Regina, e pode perceber o quanto a CEO estava aflita, a forma como segurava no volante. O fato é que a morena não estava acostumada com gestos como esse, gestos inocentes. Ela não tinha amigos que fizessem isso, e isso nunca havia importado antes. E isso, de certa forma, era assustador.

— Obrigada, Swan-  disse dando partida no carro. Um sorriso tomou conta dos lábios da loira

— Regina, tenho que passar no meu apartamento pra trocar de roupa. Podemos ir?
E para surpresa de Emma, Regina apenas assentiu e sorriu.