Amores Proibidos escrita por Kikyo, SwanQueenRizzles


Capítulo 3
Almoçando com você


Notas iniciais do capítulo

Estamos realmente felizes com os comentários, vcs são fofos demais!!!
Ângela é um personagem regular, então se preparem!

Boa leitura



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MAURA - Dias antes...


            Após se despedir de todos da produção do programa, Maura dirigiu pensativa para casa. Estava feliz pela entrevista, não pelo teor em si, tendo em vista que era apenas uma parte do seu trabalho, mas sim pela ligação que recebeu. A produção havia dito que “a admiradora secreta” não deixou contato, que era apenas uma brincadeira de adolescente que deveria ser ignorada.
Inicialmente, ela pensou se tratar de um homem, no entanto, com o decorrer da conversa confirmou ser uma mulher, uma mulher com uma voz rouca e interessante, por sinal uma linda voz. Não era voz de adolescente, mesmo que a atitude fosse.

            Maura entrou em sua casa, sendo recebida por Floquinho, seu Golden Ritrier albino e peludo, sua única companhia. Respirou fundo e olhou sua vasta cozinha, não estava no clima para cozinhar algo. Abriu sua geladeira e retirou uma lata redonda de salmão pronto. “Comida enlatada, organizei tantos casamentos para viver jantando comida enlatada ou delivey”, pensou e percebeu o celular piscar com uma mensagem:

 

 “Maura, gostaria de conversar com você. Será que poderíamos encontrar hoje à noite? X-D Will”


      “Sim, Will. É claro. Mande o endereço que irei.” Jogou o salmão na lixeira, ao menos agora teria companhia.


            Maura ficou aliviada por não ser reconhecida ao chegar no restaurante. Não gostava de publicidade, mesmo que isso fosse parte do seu trabalho.


— Boa noite Will— Sorriu para o amigo e agradeceu quando o maìtrê puxou sua cadeira.


— Boa noite Maura, você está linda como sempre! Nunca canso de me encantar pela sua beleza.


— E você está encantador, Will – Sorriu, não acreditando nas cores extravagantes da camisa e calça de sua companhia, mordeu o canto da bochecha para não rir.


— Quer casar comigo Maura? - o homem brincou.


— Não acredito que eu seja seu tipo Will... Sou... Feminina demais.



            Gargalharam, eram amigos de longa data. Pediram suas bebidas e conversaram um pouco, antes de William anunciar o motivo do convite.


— Sempre amo sua companhia, porém, hoje tivr um motivo há mais para te ver.

 

Maura sorriu e colocou a taça na mesa, nunca a chamavam apenas pelo simples prazer de sua presença, já estava acostumada. — Diga Will.-

 

—Quero sua consultoria matrimonial e um pouco mais, dentro dos seus serviços, é claro.

 

— Você vai se casar?

 

— Não seria pra mim... E sim para a empresa que represento. E ei! Por que ficou tão surpresa?— Hesitou um pouco— Precisamos de descrição e qualidade nesse serviço.. E sei que você é a pessoa perfeita para isso.

 

— Hum... Acho que sei do que se trata. Acompanhei os noticiários sobre a situação da Adidas.

 

            Willian explicou desde o inicio, da concepção da ideia de marketing até a escolha da empresária que ajudaria Maura em alguns quesitos burocraticos do casamento. Inicialmente a promoter ficou receosa, alegou ser arriscado para sua imagem, caso a fraude fosse descoberta.

 

— Maura, por favor, pense com carinho. Escolheremos as garotas mais necessitadas por patrocínio ou equivalente, então, elas não irão desistir. Você será responsável pela preparo não apenas matrimonial, mas ético e sigiloso da garota que você será responsável. Não tem como dar errado. Você não tem nada a perder, tudo está sob controle.

 

— E quem será a responsável pela outra garota, Will?

 

O homem respirou desanimado, como se tivesse perdido uma batalha.  - Regina Mills. - Olhou para a loira que parecia estar concentrada demais no tecido vermelho da mesa. - Sei que a última vez que vocês trabalharam juntas foi... Complicado, mas nada como uma segunda chance. Já faz tantos anos, Maura. E ela ficará apenas com a parte burocrática e a responsabilidade pela garota que ela escolher. O casamento ainda é seu.

 

— Ah, então ela pode escolher quem quiser? — Sua voz saiu ácida.

 

— Você tem preferência? – O homem sorriu olhando para suas unhas.


            Maura balançou a cabeça sem acreditar que  Regina havia aceitado participar disso. E se Regina estava fazendo isso, por que ela não faria também?

 

— Não importa, qualquer uma serve, é apenas trabalho. Eu aceito.

 

— Meu Deus! Obrigada Maura, você salvou meu trabalho. Te manterei informada dos detalhes,  logo marcaremos uma reunião com sua cliente. Muito obrigada mesmo, amapoa!


***

Emma

 

            Parei em frente ao Union Oyster House e tive a impressão que o ronco do meu carro quando estacionei, foi um grito oprimido de vergonha.
Deixei Valente com o manobrista, em uma pequena área cercada de pedras, diante do restaurante. Adoro meu carro, mas devo admitir que ele não fez tão boa figura em meio a tantas Ferraris e Rolls-Royces. Mesmo assim, o manobrista não se recusou a estacioná-lo, embora deva ter imaginado que  não resultaria no tipo de gorjeta que estava acostumado a receber. Suponho que minha camisa surrada e calças jeans rasgadas eram um sinal indiscutível de seu raciocínio.

            O ambiente era escuro e frio, tão silencioso que se podia ouvir um cartão de crédito caindo no chão. A parede mais distante era de vidro escuro, com uma porta que levava a um terraço. E lá estava Regina, no segundo andar, sentada a uma mesinha de canto enquanto olhava para uma mesa no andar de baixo. Ela estava sentada como uma rainha.

            Aproximei-me da mesa e um garçom se materializou para puxar uma cadeira, que com certeza era pesada demais para qualquer um que pudesse se dar ao luxo de comer ali. 

            Regina me cumprimentou, quando por fim soltou minha mão, sorriu e virou a cabeça na direção da mesa do andar de baixo novamente. Ela não se moveu por um momento, respirava lento e cansada. Olhava especialmente para uma loira da mesa de cinco pessoas, essa loira escrevia em seu tablete, enquanto todos os outros da mesa paparicavam sobre algo que deveria ser bem engraçado. Regina estava com sua Pokerface, com os óculos era impossível tentar imaginar o que ela estava pensando.

 

— Hum... – Se recostou na cadeira.— Foi fácil chegar aqui ou você importunou mais alguma mulher em alguma fila por aí? – Seus óculos me encararam.

 

— Esse restaurante é ponto de referência na cidade. Qualquer pé de alface sabe achar aqui. Então, vamos fazer o pedido?  Minha barriga tá que não para de roncar.

            Ela retirou os óculos, me encarou com seu olhar penetrante por um momento, provavelmente para ver se eu sairia correndo pela porta, ou começaria a falar em árabe. Por fim, acenou com a cabeça e sorriu. Não acredito que ela mostre os dentes para muitas pessoas e esse pensamento fez algumas borboletas remexerem em meu estomago. Afinal, já era a segunda vez que ela sorria pra mim... Ou de mim, ainda não entendi muito bem.





***

Jane e Maura

 

— Então, Jane e Maura, os contratos já estão todos assinados. Falta apenas vocês decidirem quando começarão as aulas. E ainda não podemos esquecer que você tem que conhecer sua noiva, Jane. – Willian estava um pouco ansioso, talvez preocupado, sabia que em algum lugar daquele restaurante Regina almoçava com a outra contratada da Adidas. Desde o momento que avistou o nome na lista de reservas, não conseguia fazer suas mãos pararem de suar. Sabia dos problemas entre Regina e Maura.

 

— Por mim pode ser agora. – Jane comentou sem tirar os olhos de Maura.

 

— Você quer conhecer sua noiva agora? – Frank perguntou confuso.

 

— Não. Eu aceito almoçar com ela. – A morena respondeu, deixando os outros três da mesa sem entender de qual almoço ela se referia. Kath, conhecendo sua cunhada, deduziu que toda aquela animação não tinha nada a ver com “conhecer a noiva”.
Então, chutou a canela de Jane por baixo da mesa e sussurrou para a cunhada
“Jane, por favor, pelo menos disfarce e preste atenção na conversa.”

— Me desculpe pessoal, eu estava um pouco fora de orbita. Essa coisa de casamento ainda é novidade pra mim. Mas acho que se Maura quiser, podemos começar as aulas hoje mesmo, creio que preciso ter algumas regras de etiqueta e nada melhor que em um restaurante pra começar, vocês não acham? – Kath  balançou a cabeça negativamente com as palavras da cunhada, era um caso perdido.

 

— Sim. Estou de acordo. — Maura Sorriu nervosa, talvez um pouco preocupada com a atitude de Jane. Preferiu retornar sua atenção para seu tablete. Releu suas notas:

             “Primeiro encontro com cliente:

1) Postura incorreta;

2) Mastigação inadequada;

3) Não sabe usar os talheres devidos;

4) Conversa enquanto mastiga;

5) Inutiliza guardanapos;

6) Alimentos exagerados no prato;

7) Necessidade de acompanhamento com fonoaudiólogo para seu sotaque e excesso de gírias;

8) Devo me preocupar com sua saúde mental?"

 

— O que você tanto anota? – Jane perguntou, balançando o garfo no ar, um pouco de frango dentro de sua boca.

— Algumas coisas que teremos que trabalhar. — Respondeu olhando para a quantidade de migalhas próximo ao prato de Jane - Urgentes.

 

— Oxi! Só “algumas”? Porque você está escrevendo desde a hora que chegamos aqui. E fica ai me olhando como se tivesse uma barata na sua salada. Será que dará tempo de você preparar eu?

 

— “Me preparar”, não preparar eu. E sim. Não existe caso perdido. Não  importo em fazer horas extras para conseguir nosso objetivo.

 

— Muito menos eu, quanto mais tempo ao seu lado melhor... Quer dizer... Melhor pra aprender tudo direito pro meu casamento, né.  Ah! Vocês entenderam.

 

— Ok, e teremos que dar um jeito em seu cabelo e roupas. 


            Eles continuaram no restaurante até a sobremesa,  depois resolveram ir embora, por insistência de Willian que parecia preocupado demais.  Antes de entrarem no carro, Jane e Maura precisavam combinar o início das aulas.

 

— Meu cabeleireiro está ciente do que desejo para o seu  visual, pode confiar nele. Ele já está  te esperando. Nos vemos amanhã bem cedo, tudo bem, Jane? – Maura perguntou enquanto esperava seu carro.

 

— Sim, mas qual será o local do encontro? – “tomara que seja na sua casa” Jane pensou

Maura ficou um tempo pensativa, com a mão no queixo. 
“Tomara que seja na sua cama” Jane não conseguia controlar seus pensamentos.

 

— Jane, Se você puder... Pode ser na minha casa? É onde tenho mais liberdade e discrição, aceita? - Maura parecia tímida, seu sorriso estava afetado.

 

— É claro. Endereço qual seu é?  — A rapidez com que Jane falou e a forma como atropelou as palavras fez Maura sorrir. - Qual seu endereço?

 

***


 Regina



            A facilidade com que Emma e eu conversamos no restaurante, não deixaria dúvidas a qualquer expectador leigo que somos amigas... Mas sei que não somos, não podemos ser. É apenas uma estrita relação não muito ortodoxa de trabalho. Mas confesso, mesmo sendo tão difícil admitir, que depois dela ter me dito um "ei", algo despertou dentro de mim, em um lugar onde geralmente era frio e indiferente. Talvez porque eu não estivesse acostumada com pessoas como ela, pessoas que não querem se aproveitar, que são gentis sem esperar nada em troca... E ela é mais inteligente do que aparenta, sabe falar sobre vários assuntos e me faz sorrir. Me peguei sorrindo de suas palhaçadas várias vezes, esquecendo até da inconveniência sentada no andar de baixo com Willian.


            Fiquei preocupada quando aceitei o trabalho, "Será que Emma é mal educada? Será que me darei bem com ela?" pensava repetidas vezes. E pela primeira vez, fico feliz por ter me arriscado



— Meu amigo quer Azaléia.— Emma falava novamente sobre seu amigo Killian, que por algum motivo não gostei dele.

 

— Arranjo floral é com a Srta Isles, não tenho contato com a decoração. Minha parte é outra.

 

— Mas meu amigo quer Azaléia! E quando ele quer, ele quer e 'cabou. Acho que ele não é normal.

           

Menina insistente. Senti a veia na minha testa começar a pulsar e respirei fundo para manter a calma. Ela pode até ser divertida, mas também é muito teimosa.

 

— Seu amigo é gay? - Perguntei irônica, e olhos arregalados me olharam, acho que ela não esperava essa pergunta. — Deixa, não é da minha conta. Peça a sua noiva para comunicar seu desejo a Srta Isles.

 

— Ainda não a conheço, nenhuma das duas. - Sua voz era quase um sussurro, constrangida ao admitir aquilo. Ela ficava até um pouco fofa assim... Tímida, sem aquele ar insolente. – E meu amigo não é gay... Na verdade, até namoramos um tempo.


            Por algum motivo senti meu estomago embrulhar, não sei por que aquela informação me  incomodou tanto, senti meu rosto fechar sem motivos.
O garçom trouxe nosso prato, havia escolhido lagosta. Senti um pouco a falta desse sabor tão único, há anos não comia, mas aquele ser na outra mesa no andar de baixo me fez lembrar essa iguaria. Simplesmente maravilhoso!

 

 — Mezzoforte caleb. O nome parecia mais bonito que o prato.— Emma disse olhando a sopa avermelhada a sua frente, acho que falava com ela mesma, enquanto eu podia sentir o cheiro, picante e forte, exalando daquela sopa. Creio que Swan não sabia que Mezzoforte Caleb era "Calabreza  forte"... Entender ao menos o básico de outros idiomas às vezes é bom.

 

— É muito apimentado, Srta Swan. Não deseja pedir outro prato?

 

— Ah! Eu como bala perdida no café da manhã, isso aqui é manha pra mim. — E pegou boas colheradas, colocando-as na boca com vontade. Trinta segundos e meio depois ela estava vermelha e chorando muito.

— Vou mandar uma mensagem para a Srta Isles informando sobre seu isólito desejo por Azaléia. Está chorando? Por acaso está ardendo, Srta Swan? - Provoquei.

 

— Não! Emoção pelas azaleias! - disse limpando as lágrimas com o braço e puxando ar com dificuldade, me fazendo gargalhar. Como fazia tempo que eu não gargalhava assim!

 
            A vi pegar a taça de água, pensei em avisar que só pioraria a situação, mas deixei que ela aprendesse essa lição... Assim passaria a me ouvir mais.

E como eu estava certa, ela bebeu toda a água da taça com três goles no máximo, e depois começou a abanar a língua que estava claramente vermelha. Tive uma vontade louca de falar: “Eu avisei”.

 

— Me ajuda Regina!— Implorou tentando assoprar a própria língua. Sorrindo levantei a mão e chamei o garçom.

 

— Um copo de leite, por favor. Minha acompanhante não está acostumada com quatro tipos diferente de pimenta juntos, calabresa e gengibre.

 

— Quatro?! Ai meu Deus! Matei minha língua! — Achei engraçada a forma apavorada que ela falou.

 
            Voltei a gargalhar quando Swan  começou a olhar apavorada para os lados. Por algum motivo me sentia leve, alegre. Não estava rindo dela por maldade, mas pela situação, pela sua ingenuidade. A maior parte do tempo ela sustentava um olhar desconfiado ou confiante, mas ali, naquela situação, ela possuía um olhar de criança que me dava vontade cuidar. Apenas Henry, meu filho, me causava essa sensação.

            Swan quase avançou na mão do garçom que trazia um copo grande de leite, e drenou o liquido com tanta vontade que me lembrei de Henry novamente, tomando seu milkshak de morango. Sorri com o "bigode" de leite que ficou na boca dela.

 

— Bem melhor!— Ela suspirou aliviada se jogando na cadeira, me fazendo rir. Apontei o "bigode" dela e ela o limpou com a manga da camisa, ficando sem graça com meu olhar de reprovação.

 

— Tem guardanapo aqui. - avisei

 

Eles são de pano e tão bonitos. Dá dó sujar.

 

— Não são decoração, srta.  Swan, são pra usar.— Falei ao vento, pois ela me ignorou atacando a cesta de pães a nossa frente com uma intemperança de assustar.

 

— Srta Swan, pare. Está nos envergonhando. — Falei afastando a cesta daquelas mãos ferozes.

 

— Mas tô com fome ainda, não tomei café da manhã, e esses pães estão tão quentinhos. Prova. — Me ofereceu um naco de pão, quase o enfiando em meu rosto, bati em sua mão a afastando de mim.

 

— Se comporte, Srta. — Cruzei meus braços a fuzilando com o olhar, as outras mesas nos observavam e cochichavam. Maldita hora que aceitei essa proposta. Se Gold não tivesse me convencido eu não estaria aqui. "Será bom para as corridas Regina. Seus cavalos terão mais apostadores e seus sócios irão amar!", maldita hora que escutei essas palavras. Só possuo dois pontos fracos e ele me atingiu nos dois:. Meus cavalos e Henry
"E você terá mais tempo com o Henry". E aqui jaz Regina Mills almoçando com uma loira petulante louca por pães.

 

 

— Você fica engraçada quando tá nervosa. Faz biquinho e franze a testa assim. - Tentou "me imitar" e não pude deixar de sorrir com a cena patética e com seus olhos que ficavam tão pequenos quando ela gargalhava. — Sabia que pode ficar com rugas permanentes se continuar com a cara amarrada?

 
            Enquanto Swan falava, migalhas de pão caiam pela mesa. Porém, ela não parecia se importar, pois sorria a cada palavra. Normalmente eu já teria me levantado e estaria no meu carro, virando a esquina, após presenciar essa cena nefasta de massacre de pão. No entanto, por algum motivo que desconheço fiquei ali sentada, rindo da garota idiota a minha frente. Com certeza eu teria pesadelos à noite com essas migalhas de pão me pedindo socorro dentro da boca dela... Mas ali continuei, ouvindo-a e sorrindo por isso.

 

— Se está com fome. Pode comer minha refeição. Ainda não toquei. - Não sei porque estava sendo gentil com ela, eu não costumo ser assim com ninguém, a não ser Henry.

 

— E você? Não vai comer? — Disse puxando meu prato para si.

 

— Perdi o apetite. - Apenas balançou a cabeça consentindo e pegando meus talheres.

 

 — Isso é algo que nunca perco, o apetite.

            A vi perdida olhando para o garfo de lagosta e a pinça em sua mão. Deveria saber que ela desconhecia esse tipo de talher especifico. Puxei o prato novamente, e a ensinei como deveria tirar a casca da lagosta e pinçar as partes certas. Ela me olhava admirada enquanto eu explicava passo a passo e me senti bem com isso. Senti-me bem com aquela imensidão verde brilhando para mim, eu estava tão acostumada com olhos de medo que me senti... Bem?
Devolvi o prato e assisti paciente suas tentativas. Ela era realmente muito determinada.

— Aonde você estará essa noite Srta Swan?

 

— Trabalhando.

 

— No Pet Shop?

 

— Na lanchonete. – Fiquei em silêncio por alguns segundos, não esperava ela ter dois serviços.

 

— Onde?

 

— Muito longe dos lugares chiques que você frequenta

 

— Onde? – Insisti, Srta Swan nem poderia imaginar os bairros miseráveis que eu conheci.  Se hoje trabalho e moro em uma área nobre é porque lutei por isso.




***

Jane

            Jane estava radiante, seu sorriso parecia ofuscar os raios solares. Alegria essa que não passou despercebido por sua Mãe.

— Viu o passarinho verde, dona Jane?

— Melhor ainda, a “passarinha loira”.

— Passarinha loira, oxi, não entendi minha filha. Você precisa treinar mais seu inglês.

— Sim Ma, passarinha loira. Hoje conheci a Maura Isles pessoalmente.

— Jane, eu não acredito que você foi atrás daquela moça importuná-la! – Angela jogou furiosa uma almofada na filha— Você não tem jeito  mesmo!


— Calma Mah. Não fui atrás, foi ela que veio até mim.

— Como assim ela veio até você? O QUE VOCÊ APRONTOU JANE CLEMENTINE RIZZOLI!!

— Grita mais baixo que os vizinhos vão escutar. O Manuel ai do lado agora só me chama de Clementine... Isso é vergonhoso mãe.

            Jane explicou para sua mãe o plano da Adidas, começando pela ideia louca de Frank, e terminando com a promessa de um encontro com Maura. Ao fim da explicação, sua mãe ficou calada... Um silêncio que Jane em seus 32 anos de idade nunca tinha visto.


— Ma... Ma! Pelo amor de Deus, me xinga, desmaia, mas fala alguma coisa!


— Deixa eu ver se entendi direito. Você vai se casar com uma mulher que nunca viu por dinheiro Jane? Foi assim que te eduquei?

— Ma, não. – Jane segurou os dois braços da mãe e a encarou. — Ma, me escuta, sei que é loucura, mas foi a única solução que encontrei. Sim, vou casar com alguém que nunca vi, mas ela é americana e vai me dar o visto de permanência. E Mah, estamos prestes a ser despejados daqui, você sabe que o pa não tá conseguindo encontrar muitos serviços extras. Frank tá gastando todo seu dinheiro com a gente. Esse casamento vem junto com uma gorda ajuda de custo, e vou ganhar dinheiro com a publicidade, isso vai nos tirar do vermelho.

— Não quero que você faça isso por mim e por seu pai Jane.

— Não estou fazendo só por vocês Ma, por mim também. Fica calma que vai dar tudo certo.

— Tenho muito medo filha, medo de descobrirem, isso é crime não é? E o pior de tudo, e se você se machucar com isso tudo? E se você se apaixonar por essa esposa de mentira? É só de mentira filha. Não quero te ver chorando por ninguém de novo.

— Não surta, Ma. Vai dar tudo certo.

— Isso não vai prestar Jane. Mas você já é grande e sabe o que faz, só me prometa que vai seguir seu coração quando as coisas darem errado.

— Ma... Tá, prometo. Mas e ai? Não quer saber como a Maura é pessoalmente? - sorriu.

É mesmo! – Angela parecia surpresa— Mas, oxi,  me diga como é a Maura pessoalmente?

— Com toda sinceridade?


— Sim. É claro, Jane!


— Gostosa. Ela tem cada... Que foi? Não me olha assim Mah.


— Já começou bem esse casamento, já está traindo sua futura noiva antes de conhecê-la.


— Não estou traindo ninguém, ainda mais porque não estamos namorando oficialmente.


— Sim, eu acredito. Você acha que não te conheço hein, Jane? — A morena deixou sua mãe conversando sozinha, e foi em direção ao seu quarto escolher  qual roupa usaria no encontro com Maura. Um toque de celular a assustou.
 

Jane, por favor, amanhã traga uma roupa fitness, pois tenho um objetivo com você, e antes que você estranhe ou se assuste, tudo isso faz parte do nosso treinamento. Até amanhã - Maura” .

            Jane sorriu como uma adolescente que estava conhecendo o amor pela primeira vez, depressa respondeu.

 “Sim senhora , pode deixar que levarei sim. =D Bjs Jane


            Após deixar seu telefone em cima da cama, pegou a roupas que usaria e colocou para lavar, pois queria impressionar Maura de alguma forma.



***

Emma

            Saímos do restaurante, o manobrista parou a Mercedes s600 de Regina atrás do meu pobre coitadinho fusca, tenho certeza que ele se encolheu constrangido. Ela pegou a chave e foi em direção ao seu carro. Nos olhamos por cima do carro preto que refletia nossa imagem. Senti um vazio estranho, não queria ir embora, não queria que ela fosse embora, nosso almoço havia sido tão maravilhoso. Notei ela me tratar diferente das outras pessoas e me senti bem por isso, não queria que terminasse, queria ser amiga dela.

 

— Srta Swan, segunda esteja no endereço que passei às 08:00am. Será a sessão fotográfica com sua esposa. E por favor, troque esse carro antes que alguém te prenda por risco a saúde visual.

 

— Valente é meu amigo, está comigo há anos.

 

— Não duvido da idade disso. Mas você precisa trocá-lo. - Ela me olhou, percebi que ela não queria se despedir também, queria prolongar aquela conversa.— Você tem condições financeiras para isso agora, o troque por favor.

 

            Então ela apertou minha mão novamente. Nossas mãos subindo e descendo no espaço entre nós, enquanto nossos olhos absorviam um ao outro.
Aquela refeição dividida no restaurante havia sido maravilhosa. Quando a conheci no correio, me senti afetada pela arrogância e insultos, e deixei de apreciar a verdadeira mulher que agora via em minha frente, tudo que eu havia visto era o fato dela ser uma cadela. Mas esse "fato" havia se perdido. No entanto, não sou ingênua em pensar que ela é um santo. O inferno com certeza era algo familiar a ela... Mas comigo, comigo ela parecia ser diferente.

            E ali estava eu, encarando-a, ainda segurando sua mão, segurando a mão da mulher que lê Sheldon e a Odisséia para se divertir, que ama cavalos e monta desde os cinco anos de idade. Peguei-me olhando sua boca novamente, mas o que me chamava a atenção não era o formato ou coisa assim, era uma cicatriz no lábio superior no canto direito. Acho que ela percebeu, pois soltou minha mão e tocou sua cicatriz.

— Como você a conseguiu? - perguntei ainda admirando aquela diferença interessante.

 

—Tentei domar um cavalo particularmente selvagem. - Abriu um sorriso tímido, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

 

— Mas você o domou?

 

— Eu sempre domo Srta Swan. Sempre consigo o que quero. — Seus olhos, normalmente frios e enigmáticos, agora brilhavam. Com certeza essa mulher tinha orgulho de suas conquistas.

 

— Isso é bom, perseverança. Uma ótima qualidade.

 

— Sim, qualidade que eu sei que a Srta também tem. Foi minha mãe me ensinou a ser assim. Acredite, se ela ainda fosse viva eu seria presidente.

 

— Eu votaria em você. Usaria até aqueles broches horríveis e vuvuzela.


 Gargalhamos juntas, eu gostei do som de sua gargalhada.

 

— E você? Foi seu pai ou sua mãe que te ensinou a ser assim, determinada? - Encarei o chão constrangida, não era um assunto que eu gostava de falar a respeito, na verdade eu nunca falava disso com ninguém. Mas eu não poderia deixar aquela pergunta, feita de forma tão natural, pairando no ar, não quando o clima entre nós parecia tão bom.

 

— Eu não conheci meus pais. E todos os pais adotivos que tive estavam preocupados demais em receber o cheque por cuidarem de mim, pra quem sabe realmente se importar em me ensinar algo.

            Vi ela me olhar diferente, não sei dizer se era pena, preocupação ou coisa assim. Nunca gostei que sentissem pena de mim, quando isso ocorria eu gritava, brigava, dava as costas e saía... Mas com ela não senti vontade de fazer isso, me senti até... Reconfortada?

 

— Desculpa, não quis ser inconveniente, não li sua ficha ainda. Desculpa tocar nesse assunto, mas como então você se tornou essa pessoa tão determinada sem uma base? Cresci com a crença que família é a base de tudo.

 

— A vida... A vida e como a encaramos é a base de tudo. E foi a vida que me ensinou a ser assim. Se eu quero algo, corro atrás, sei que ninguém vai dar nada pra mim sem querer algo em troca. E depender dos outros é a pior coisa que existe.

 
            Ela me olhou com um olhar que posso ousar dizer que foi de orgulho. Coloquei mãos nos bolsos da minha jaqueta vermelha e retribui o sorriso que ela me dava. O telefone de Regina tocou e ela olhou para a tela, preocupada, antes de atender.

 

— Oi Guadalupe, está tudo bem? Aconteceu algo? — Esperou um momento – Pode colocá-lo na linha.

            Confesso que fiquei curiosa e encostei-me à Mercedes na tentativa de não parecer atenta a conversa.

 

— Ei meu amor, você teve um pesadelo?— Minhas orelhas se animaram com isso. A voz de Regina nunca havia suavizado tanto, e eu nunca imaginei que ela tivesse um filho esperando em casa, claro que, quando eu teria a oportunidade de imaginar? — Eu sei meu amor, mas foi só um sonho... Sim, já terminei tudo e estou indo pra casa. Vejo você daqui a pouco, te amo. – Se virou com um olhar cansado.

— Você tem um filho? Quantos anos? – Perguntei animada

— Irá completar três anos no próximo mês. Ele está crescendo tão rápido! Teve um pesadelo durante a soneca da tarde, nada grave.



— Crianças crescem rápido mesmo. Tinha algumas nos lares adotivos que fiquei, e em um dia elas nem conseguem sentar sozinhas, e no outro já estão escalando tudo e se escondendo em armários pra gente ficar preocupada procurando, e levando sustos quando aparecem.

 

— Já tomei garantias quanto a isso. Coloquei travas em armários e janelas.

 

— Precavida, entendo. Qual o nome dele?

 

— Henry. Dei a ele o nome do meu falecido pai.

 

— Sinto muito.

 

— Obrigada. Mas agora tenho que ir. Não quero que meu filho fique tanto tempo com a babá.

 

— A Guadalupe?

 

— Sim. Uma funcionária exemplar. - guardou o celular na bolsa, confesso que fiquei curiosa sobre a tal babá

 

— Achei que ela fosse sua amiga.

 

— Meus amigos são os meus cavalos. Não tenho tempo pra os problemas alheios a mim, já tenho muitos pra me preocupar.

 

— Entendo. - Fui tudo que me limitei a dizer. Agora, mais que nunca, quero ser amiga dessa mulher, mostrar que amizade era algo bom, que não era só ouvir problemas dos outros.

 

Enquanto ela saia com sua Mercedes, eu tive uma noção de sua aversão por amigos... Ela foi machucada por algum.


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Notas finais do capítulo

No próximo Cap teremos Jane na casa da Maura... E a loira, bem... Vcs vão ver.

E se quiserem ler o próximo, deixe nos saber ;-)



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