Amores Proibidos escrita por Kikyo, SwanQueenRizzles


Capítulo 2
"Ei" "alô?"


Notas iniciais do capítulo

Agradecemos muito a todos os comentários fofos e motivadores que recebemos.
Nesse Cap teremos a entrada de Regina e Maura.

E os acontecimentos entre Emma e Jane não estão ocorrendo no mesmo dia. No final tudo se encaixa (⌒▽⌒)
Boa leitura.



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Jane


            Eu já estava seriamente desistindo de encontrar um marido, agora entendo porque as mulheres são tão desesperadas para achar um homem que preste. E meus amigos, que se dizem amigos, alegaram "não me aguentar" como esposa. Como? Sou uma pessoa tão fácil de conviver... Quando estou dormindo.

— Mah, preciso de malas novas. – gritei do sofá.



— Pra sua viagem de lua de mel, filha? - Minha mãe é tão inocente às vezes.



— Não. É pra quando eu for deportada, pelo menos tenho que sair daqui e chegar lá com um pouco de dignidade, e não com sacos pretos de lixo e uma bolsa.


— Está vendo, minha filha? Oxi! É por esse tipo de comportamento e outros que você hoje não está casada e tá nessa situação. - Só por que não casei?

— Agora a culpa é minha, dona Ângela? Talvez se você não tivesse assustado, ameaçado, botado pra correr as minhas namoradas, talvez eu estivesse casada nesse momento.



— Você casada? Com aquelas... Aquelas mulherzinhas que você saia? Oxi, diga uma que seria uma ótima esposa pra você?


— Me deixa pensar aqui... Tinha a Rachel, era uma boa pessoa, trabalhava, tinha uma casa de shows, tinha um apart me economizando no motel, tinha TV 42 polegadas, não pegava muito no meu pé... Ela seria uma boa esposa. – Conclui satisfeita.

— Sim, sei. – Mah falou com deboche — Seria até descobrir que você estava tendo um “chamego”, podemos assim dizer, com uma das dançarinas dela, não é? – Jogou o pano que limpava a mesa em mim.

— Hey! Eu não estava tendo nada com a dançarina! Só estava ensinando algumas técnicas de defesa pessoal que ela me pediu, foi apenas isso e nada mais. - e foi mesmo, sou do tipo que não pego nem gripe. 



— Hum. Sim, acredito em você. – Sorriu ironicamente — Só ensinado técnicas de defesa, sei. - Disse fazendo aspas.— Levante daí que eu quero assistir meu programa, hoje  vão falar sobre regras de etiqueta. Anda, caminha. – Me expulsou do sofá. — Coisa que você deveria aprender por sinal  — Resmungou


— Desde quando a senhora vê isso? 



— Desde que conheci a família de Kath, eles são finos. OLHA O ESTADO DESSE SOFÁ, JANE! Cheio de migalhas. Oxi, você deveria aprender a ser fina também.



— Não reparei essa fineza toda lá da família da Kath, não. E eu tava lá o jantar todo. Ai mãe! Pára de me limpar!


— Talvez se você estivesse prestando atenção na conversa e não na TV, talvez, TALVEZ, tivesse visto alguma fineza. E talvez até aprendido! - Tentei revidar, mas minha mah jogou novamente o pano e fez um “pzts” pedindo/mandando que eu ficasse calada, pois seu programa iria começar. Limitei-me a fazer uma careta



— Pior do que isso, só as novelas mexicanas que você assiste. Você nem fala espanhol pra entender aquilo. — Resmunguei e recebi um olhar mortal como resposta



— Cala a boca que a Maura vai entrar.

Revirei os olhos.

 

“Boa noite a todos! Começa mais um “Face to face”. Hoje iremos entrevistar uma mulher de pulso firme, inteligente e cogitada muito no mundo das celebridades. Ela é consultora de casamentos e etiqueta, dentre outras especialidades. E já ajudou muitas celebridades a tornar realidade seu sonho de casamento! Chamo aqui Maura Isles. Seja bem vinda Maura! – Por que todos os apresentadores de programas assim são irritadamente animados?

— Obrigada Meg é um prazer esta aqui com vocês — Maura disse sorrindo, agradecendo as palmas e sentando no imenso sofá vermelho. Achei fofo suas bochechas rosadas.



— Nós que agradecemos a sua presença. E como foi difícil ter sua presença, hein? Que agenda cheia, meu Deus!


— São os ossos do oficio. – Sorriu mais uma vez, o programa seguiu enquanto eu fui para meu quarto fazer uma ligação importante.



— Com toda essa sua agenda cheia de compromisso, você tem tempo pra namorar, Maura? – Ainda escutava a TV do meu quarto.



— Procuro avaliar minhas prioridades de maneira que todas as minhas necessidades sejam satisfeitas.



— Então quer dizer que neste momento você esta solteira? — A entrevistadora insistiu na pergunta. Jamais gostei desse tipo de programa, mas hoje até que estava interessante.

 


— Sim estou.-  Maura respondeu sem jeito. Garota fofa.


— Hum... Sinto que teremos um reality:  “Falling Love with Maura Isles. – Brincou. Os minutos passaram e eu ainda tentando uma ligação. 



—  Maura, você atualmente trabalha preparando noivas e noivos para seus casamentos e pelo que percebemos é uma coisa que você gosta de fazer. Então seria profissão ou paixão?



— Com certeza paixão. Acredito ser essencial a passionalidade pela profissão escolhida, de modo que não vire rotina, mas sim a procura por um crescimento de si mesmo. Há um provérbio japonês que diz que quando você ama seu trabalho, jamais precisará trabalhar.



— Nossa! É a primeira vez que vejo alguém falar tão emocionada do próprio trabalho. É muito difícil amar realmente o que faz.

 



— É verdade. Mas é gratificante.

 A entrevista fluiu mais dinâmica depois disso. Até que gostei das dicas de etiqueta, não que eu vá usar algum dia, mas gostei. Finalmente me atenderam.



— Então, vamos para outra pergunta.  E já temos alguém na linha. Seja bem vindo(a) ao Face to Face, quem fala? 



— Uma admiradora secreta. – Falei de forma sensual. Deus! Como sou cafona!



— Nossa! Adoro mistério, mas o que você gostaria de perguntar a Maura Isles?



— Então Meg, estava assistindo aqui seu programa e vi que a Maura está solteira, gostaria de saber se ela gostaria de se casar comigo. — Tudo bem que era uma brincadeira, mas vai que ela aceita. —Então, Maura. Me encantei com seu jeito de ser, e por isso estou te fazendo essa proposta...-



—JANE CLEMENTINE RIZZOLI, você esta ficando louca? - Ao ver que minha mãe estava ali, desliguei o telefone rapidamente, e pedi a todos os céus, santos, Buda,  Zeus, Baco,  para que ninguém tivesse escutado meu nome. 



— Mah, você esta ficando louca é?! Como você entra no meu quarto assim do nada sem bater? Tenho que arrumar uma casa pra mim!



— Mas o que você estava fazendo? Era você que estava lá pedindo a Maura em casamento? - Revirei os olhos



— Sim, era eu, foi apenas uma brincadeira e você estragou tudo. – Resmunguei levantando a cama.



— Jane, vou fingir que não escutei isso que você está falando para o bem dos meus nervos. É muita besteira para meus finos ouvidos.



— Que seus ouvidos finos pensem como quiser, mas você sabe que se ela tivesse, em algum momento, pensado não ser brincadeira eu estaria me arrumando pra um encontro agora - Até que eu iria argumentar mais, porém meu celular gritou por atenção em meu bolso.— Fala Maninho.


— Jane preciso falar com você, acho que encontrei uma solução pro seu caso, tem como você vim aqui no Bit Beer agora?



— Espera ai, deixa eu ver minha agenda de compromissos aqui pra ver se tenho um horário livre...- Pisquei para Mah que apenas saiu da sala revirando os olhos e resmungando que eu não cresço nunca. – Sim, estou livre se você pagar uma gelada pra mim.

Apenas vesti uma calça e fui em direção ao bar saber qual era a ideia do meu irmão. Apesar que achei estranho um cara moreno sentado com meu irmão e minha cunhada. 


— Esse seria meu futuro noivo? – O rapaz enrugou o nariz com a pergunta, como se tivesse sido ofendido e torci mentalmente para que a resposta fosse negativa, ao ver o jeito um pouco... Afeminado do rapaz.


— Não Jane, esse aqui é o William, primo da Kath, ele trabalha na área de marketing da Adidas e pode ajudar. - Frankie falou com um sorriso vitorioso enquanto apontava o rapaz e camisa rosa choque a sua frente na mesa.



— Eu vou vender tênis? Não que eu esteja reclamando, é claro, toda profissão é digna, mas o problema é que não adianta arrumar um trabalho agora


— Não senhorita Rizzoli, você não será vendedora, ao menos não diretamente, já que estará usando alguns itens da empresa. Vocês podem nos dar privacidade, por favor — Encarou Frank e Katherine que apenas saíram. Pedi ao garçom uma cerveja, e meu acompanhante pediu por um cosmopolitam.

 

— Não sei se a senhorita acompanhou as ultimas notícias...— Passou a mão na testa - Adidas esta sofrendo um processo grave por homofobia, o que acarretou uma enorme queda nas vendas. Diante dessa calamidade empresarial, o marketing elaborou uma estratégia um pouco ousada. — Willian limpou a mesa com um guardanapo para por os braços sobre, cara esquisito. Então, a ideia seria a empresa patrocinar um casamento homoafetivo. Mas seria um casamento de fachada. Sabe? “Mentirinha”, apenas de contrato. Essa conversa aqui jamais existiu, ninguém ficaria sabendo, além de sua tutora de etiqueta e sua esposa, claro.— Falou bebericando sua bebida vermelho escarlate - E vocês duas iriam ter tudo financiado e quitado pela empresa desde o anuncio até a lua de mel, incluindo um valor de custo para possíveis despesas durante o tempo casadas. Isso sem mencionar o patrocínio.

 

— E de quanto valor estamos falando aqui? - Perguntei tomando um gole de cerveja e senti o líquido "congelar meu cérebro". Willian pegou um papel, escreveu mais zeros que todas minhas notas do ensino médio juntas.


— Isso tudo? — Meus olhos ainda brilhavam.



— Esse valor é apenas da ajuda de custo.


— Onde eu assino? 



— Primeiro você irá a uma entrevista amanhã para a empresa avaliar se realmente daria certo você com a outra escolhida da Adidas.



— E por que eles não contratam um casal lésbico mesmo, ao invés de montar um? Menos trabalho. – Congelei meu cérebro de novo.



— Porque namoros de casais reais duram menos que o tempo de preparar as madrinhas para o casamento. E casamento por contrato é mais garantido, além de vocês se esforçarem para encobrir qualquer rastro da fraude.



— Ok. Que mais eu preciso saber?

 

—  Decidiremos amanhã em um almoço.




******


 Emma – Quarta feira

— Estou dirigindo Killian. Depois te ligo... Estou bem sim... Boston é uma cidade esquisita, com pessoas esquisitas. Por exemplo, o limite de velocidade nesse trecho é de sessenta quilômetros. Isso significa que, se você for a menos de oitenta, os outros motoristas jogam você pra fora da estrada... Mas fora isso tô bem... Tomei banho sim, só não deu tempo de lavar meus tênis, e se você for dormir na minha casa, não babe nas almofadas, por favor.


Parei no correio, Killian emprestou um dinheiro para que eu pudesse pagar algumas contas. Olhei mais uma vez o endereço da Regina Mills em minhas mãos me perguntando como ela deveria ser. Talvez seja uma senhorinha gentil e muito refinada. Afinal, terei aulas de etiquetas também né. Será que serei refinada? Espero que as aulas não sejam chatas, e nem ela seja chata, só por morar em Back Bay ela já deve ser difícil, lá só moram ricos.

Uma mulher de aparentemente 30 anos, e com cara muito amarrada, reclamou atrás de mim pela quinta vez sobre a demora na fila. Confesso que mesmo com aquela cara de ruim, ela era muito bonita. Usava uma roupa social escura muito chique, sua bolsa elegantemente no braço, com certeza aquela bolsa valia muito mais que o Valente, meu lindo fusca. Ela passava impaciente a mão toda hora nos cabelos castanho curto. E depois colocava a mão na cintura e olhava pra cima respirando fundo. Ela era rica, certo? E ricos moram em Back Bay... Então, ela deve saber onde fica esse bairro de chique.

— Desculpa senhora, sabe onde fica o bairro Back Bay?


— Tenho cara de GPS?!

 


— Não, de bruxa. Se não queria dar informação era só falar! Precisa ser grossa não.



— Se não queria ser idiota, era só não ter nascido!



— Olha aqui senhora eu...



— Senhoras, por favor, estamos em um local tradicional. — Uma atendente que passava pela fila pediu — Não discutam aqui, por favor. Se quiserem, posso...



— Eu não tenho mais nada para falar. Com licença.

 

            ELA PASSOU NA MINHA FRENTE e empurrou uma moça que estava indo para o caixa! E ela PAROU NO CAIXA! Será que todo rico é tão mal educado que precisa furar fila pra provar isso?

Sim, ela era bonita, mas era muito metida e arrogante. Vou apenas pagar essas contas, encontrar Regina e voltar para casa. Meu bairro pode ser pobre, mas pelo menos as pessoas são educadas.


***


 Jane



            No dia seguinte pela manhã, fui acordada pela música irritante do meu telefone

— Se alguém não tiver morrido vai morrer agora. - Resmunguei



— Jane! Estou aqui na frente do seu prédio te esperando. Lembra do nosso compromisso? Desça que já estamos atrasados.  



— Já estou indo. - Levantei ainda dormindo, ainda resmungando pela perda do café da manhã. Apenas vesti outra roupa ainda resmungando, fiz rápido uma higiene matinal ainda reclamando e fui ao encontro do meu irmão, ainda sonolenta.



            Ao chegarmos ao prédio da empresa, sede de marketing da Adidas em Boston, não tão acidentalmente esbarrei em uma mulher de cabelos curtos que passou pela catraca. Na verdade atropelei a mulher com meu ombro e o bate boca só não rendeu mais porque Frank me puxou


— Você não deixa dúvidas que é italiana, maninha.



— Mas foi aquela bruxa que começou!



            Assinei um contrato estranho, nele não havia qualquer vestígio que a Adidas sabia que era uma fraude, era como se minha "namorada" e eu estivéssemos pedindo um patrocínio após anos de namoro.
Eu sabia que estava prestes a cometer um crime federal, quando minha noiva americana solicitasse a permanência por casamento. Estava ciente e aceitei.

— Esta tudo certo. Basta você assinar aqui ao lado da sua namorada. — Outro documento, dessa vez de solicitação de casamento. Peguei a caneta que o advogado me estendeu e assinei. Tentei adivinhar como seria minha namorada apenas analisando aquela letra no papel.



            Indicaram a sala temporária de minha Personal Wedding, e ao chegar à sala bati na porta. Aguardei alguns segundos e ouviu passos de salto alto do outro lado da sala.


"Hummm! Salto alto! Me dei bem, aposto que minha consultora é gostosa." esse foi meu primeiro pensamento. A porta abriu e acabei tendo uma nada agradável surpresa. Uma surpresa que jamais contaria a ninguém, conheci Regina Mills, a outra tutora e que por sinal eu havia atropelado na entrada do prédio.  “Cuidado com escadas e gatos pretos Jane, sua maré de azar ainda não acabou”
Esse foi meu segundo pensamento.


            Voltei para a recepção e encontrei minha cunhada junto com Willian e meu irmão.


— Tomara que ela seja gata - Falei quando abracei minha cunhada.



— Quem? Sua futura noiva?



— Também, mas falo da Personal.


— Jane!! Bem que Ângela fala que você não tem jeito.- Kath começou o sermão e percebeu meu rosto de espanto olhando para porta. Se tivesse visto um fantasma não estaria tão branca.



— Senhoritas, apresento a vocês nossa consultora Maura Isles. Ela ficará responsável pelo progresso matrimonial da Srta Rizzoli. – Willian anunciou solene.

“Finalmente minha maré de azar acabou” pensei, controlando a vontade de me ajoelhar no chão e agradecer. Vou parar de reclamar com Deus toda noite agora.

            Maura cumprimentou a todos sorridente. Estendeu sua mão para mim, que ainda estava pateticamente parada, não acreditando em tanta sorte “Só pode ser o destino. Aleluia! Valeu Deus! Buda!". Kath me cutucou com o cotovelo, me fazendo sair do transe.

— Ow! Me desculpe. Muito prazer, Jane Rizzoli ao seu dispor.— Disse, como já estava acostumada a dizer essa frase no antigo serviço, acabei repetindo. E aquela linda mulher sorriu para mim. PARA MIM.



— Creio que esta fala seja minha.  Prazer, Maura Isles ao seu dispor - Meu joelhos viraram gelatinas. Fiquei parada mais uma vez analisando aquele sorriso, ainda balançando a mão de Maura. E mais uma vez fui tirada dos meus pensamentos, dessa vez por Willian.


— Então já que estão apresentadas, podemos tratar dos negócios agora?


— Sim, Willian. Podemos.

 

 

*****

 

 Emma

 

 

            Dirigi por algumas ruas, me perdendo umas quatro vezes no caminho. Uma grande estátua esquisita em uma grande praça com a placa "Bem vindo a Back Bay" foi a única coisa que me fez ter certeza que estava indo na direção certa, antes de ficar sem gasolina ou pneu. Estava dirigindo por horas, o que não era necessariamente um problema se não fosse meu estômago reclamando. Olhei mais uma vez o cartão com o endereço que eu já havia decorado "108, South street, Boston MA”. Agora... Onde diabos fica isso?

 

Com a ajuda divina de um garoto de bike, cheguei ao endereço do papel, e juro que quase tive que catar meu queixo no chão quando olhei o tamanho da casa, ou melhor, mansão branca que estava à minha frente. Senti-me em Hollywood olhando as casas chiques dos artistas.

 

            Adidas tem realmente muito dinheiro para contratar alguém tão caro como essa mulher deve ser. Pelo tamanho da casa e jardim tão bem cuidados... Com certeza esse jardineiro ganha muito mais que eu ganharia lavando poodles e servindo pratos por seis meses

 

Abri a porta do meu fusca que fez um barulho de engrenagem antiga e me envergonhei um pouco pelo carro tão decadente. Regina não aceitaria entrar nessa máquina de tétano que carinhosamente chamo de carro. "Valente, infelizmente ela vai nos rejeitar garotão."

Dei alguns passos em direção a mansão, por algum motivo as borboletas começaram a fazer festa em meu estômago, por reflexo coloquei a mão na barriga e respirei fundo.

"Calma Emma, é só uma mulher. Uma mulher que deve gastar com o café da manhã o que você gasta com o aluguel da sua lata de sardinha chamada de apartamento. Encare isso como uma missão. Missão Resgate, isso! Pois depois terei que resgatar minha dignidade de algum canto obscuro da minha mente. Deus! Estou fazendo isso mesmo por um patrocínio?!"

 

 

Andei pelo caminho muito bem cuidado, parecia um jardim de filmes hollywoodianos. Já podia até imaginar a visão que essa Regina tinha de manhã ao olhar essas árvores tão bem cuidadas, todos esses aromas...  Depois falam que dinheiro não trás felicidade, como alguém pode ser infeliz com uma visão dessa todos os dias?

 A casa não tinha vizinhos muito próximos. Era uma propriedade bem grande, ficava no fim da rua, era tão...  Sei lá. Só sei que deveria ser ótimo viver ali com os pássaros pousando em sua janela no café da manhã, e sem vizinho cutucando o teto com a vassoura pra reclamar do barulho dos seus sapatos à noite.

 

Respirei fundo e olhei aquela grande porta adornada, como eu ia anunciar minha presença sem interfones ou campainha, nem nada. Quando levantei a mão para bater uma mulher latina muito bonita e refinada abriu-a.

— Regina? – Perguntei confusa



— No, no senhora. Senhora Mills está no estabilo.



— Onde?



— Cavalo. Cavalo do estabilo.



— Estábulo? AQUI TEM UM ESTÁBULO?!



— Si si. - Ela ria, provavelmente dos meus olhos arregalados.


            A mulher latina, que aprendi com muita dificuldade chamar Guadalupe, me levou ao estábulo, que ficava do lado esquerdo da casa. E  então entendi porque os vizinhos moram longe, aquele quarteirão é praticamente todo daquela... Mansão? Castelo? Nunca fui à Casa Branca, mas ela deve ser exatamente desse jeito, ou menor.

            Fiquei obviamente maravilhada com aquele lugar. Senti-me em um filme entrando ali, quase podia ver Julia Roberts vestida de noiva galopando em seu cavalo lindo, como em "noiva em fuga", vindo em minha direção.

Os cavalos estavam presos em pequenas separações brancas, e colocavam a cabeça para fora para me ver quando eu passava perto. Havia umas peças esquisitas feitas com mato... Quer dizer, grama ou árvore que parece arte em alguns cantos... Gente rica e suas esquisitices.

— Senhora Mills está na baia 12. Tenha um bueno dia.

 

            E a simpática latina saiu me deixando sem saber o que era “baia”, deve ser essas separações brancas da casinha dos cavalos, não seria mais fácil chamar de separação? Gente rica e suas esquisitices.

 

Vi uma mulher que aparentava ser muito bonita, lindas curvas. Ela estava penteando um cavalo com pinta de importante. Se não fosse pelo macacão, quase a La Romanov dos Vingadores, eu diria que ela era a mulher que cuidava do estábulo, já que ela tratava com tanto carinho daquele animal sortudo.

 

E então ela virou...

 

E para a minha grande, enorme, mega surpresa... Era a mulher que discuti nos correios. Olhei para cima pronta para reclamar pela minha “sorte”. Ela me olhou fuzilando, já abrindo a boca pra me dar uma patada pior do que a que aqueles cavalos poderiam me dar... Tô muito ferrada.

— Você de novo?



— Ei.— Disse da forma mais constrangida possível. A minha vontade era cavar um buraco e me enfiar dentro dele, ficando ali na posição fetal, quando ela arqueou uma sobrancelha e me olhou, com aquele olhar de aço blindado ao marchar em minha direção. Respirei fundo.

 

— O que você está fazendo aqui insolente?


— Guadalupe me disse que a senhora estava aqui.


— E quem ela pensa que é pra deixar você entrar? E quem você pensa que é pra entrar aqui?

 

            Aquelas palavras, mesmo da forma cruels que foram ditas, não me atingiram, pois tudo que eu via era uma mulher usando uma armadura. Aquele olhar feroz já não me assustava tanto, era o mesmo que o meu, o mesmo que eu usava com desconhecidos... Olhar de quem já sofreu e precisa se defender para não sofrer mais.
Era apenas uma camada para a mulher extremamente complexa. Posso não saber muito da vida, mas sei que aquela mulher não é o que aparenta ser. Ela não é tão má.
 

— Regina eu s...


— Pra você é senhora Mills - Me apontou o dedo. - Quem é você, garota petulante? Como ousa invadir minha casa?



— Sou Emma. - Encolhi os ombros — Emma Swan. — A armadura caiu com a respiração engatada da Regina, o olhar feroz se arregalou, mudou para um confuso, depois descrente e então terminou em um olhar de entendimento.

 

— Swan?


Dei um encolher de ombros ainda mais tímido. 
— Ei.


— Imaginei você mais... Masculina.


— Desculpa te decepcionar então.

 

            Um sorriso se formou nos lábios de Regina, o que ocasionou um em mim também. Então ela me estendeu a mão.



— Prazer em conhecê-la, senhorita Swan. Sou Regina Mills, e vou prepará-la para seu casamento.

 

            Senti a palma da sua mão tocando a minha e me senti envergonhada, afinal ela tinha mãos tão delicadas e macias e as minhas eram calejadas pelos treinos. Tenho certeza que a mão dela é cheirosa.
Afastamo-nos um pouco, eu comecei a sorrir sem graça.

 

— Hum. - Ela me deu aquela olhada de análise nada boa de cima a baixo, e me senti constrangida com a forma que ela encarou meu tênis.

 

— Não tive tempo de lava-los. Mas sou limpinha. Eu juro!


— Estou vendo que terei dificuldades com você. - Torceu o nariz pra mim — Você entende bem de etiquetas à mesa pelo menos? Jantares e festas patrocinados pela Adidas são constantes e a Srta e sua esposa terão que comparecer a todos. Assim como de outros patrocinadores.



— Como de boca fechada.



— Meu corcel também mastiga de boca fechada e não o chamo para jantar comigo. - Já comentei o quanto ela sabe ser gentil?


— Senhora Mills? O carro está pronto. - Um homem moreno, de jeito simpático, me olhou desconfiado após dar o recado a Regina... Pra mim o olhar não era nada simpático, ele me olhava como se eu precisasse tomar banho com um litro de desinfetante.

 

— Obrigada. Já iremos Sidney. - O homem se afastou e comecei a seguir a morena que andava bem rápido rumo à mansão.



— Conheci sua noiva hoje Srta Swan. Senhorita Jane Rizzoli, se me recordo bem. É uma mulher muito bonita, parabéns. E assim como a Srta, tem a desagradável mania de importunar desconhecidos.


— Olha Regina, eu não sou lésbica.


— Tudo bem senhorita Swan, eu não julgo. Mas se pretende continuar com essa farsa, não fale coisas como essa. Você representará uma compania e toda uma comunidade, seja discreta com seus pensamentos.



— Mas eu também não tenho preconceito. Hey! Eu já fiquei com uma mulher numa festa uma vez! Viu? Sem preconceitos.  – Sorri sem graça, com vontade de estapear minha testa.

 

            Ela parou e me olhou estranho e não eu consegui decifrar aquele olhar, aquela mulher era realmente muito enigmática. Então arqueou uma sobrancelha colocando as mãos na cintura, e depois soltou o ar e começou a balançar a cabeça em sinal negativo.

— É senhorita Swan, terei muito trabalho com você. - Voltou a caminhar rápido, desviamos da casa, indo em direção ao local que estava meu carro. - E por favor, tire esse gorro antes que pensem que estou sendo assaltada.


— Aonde estamos indo? Eu preciso treinar e trabalhar ainda.  — Tentei andar ao lado dela olhando para ela... Mas ela não me olhava. Olhava sempre à frente, como se eu nem existisse ali. Me senti um cachorrinho pulando ao lado do dono sem receber atenção.


— Treine depois. Teremos que resolver alguns problemas burocráticos ao seu respeito, e isso inclui sua carta de demissão ao seu local de trabalho.


— Não vou mais precisar lavar cachorros pompons que mijam em mim?! - Tenho certeza que meus olhos brilhavam. – Sem ter que aguentar bêbados e clientes chatos?! - E ela parou, colocando as mãos na cintura de novo e me olhou séria.



— O que você esperava? Você agora é uma representante de uma marca mundialmente famosa. Tem noção disso?


— Vai dar tempo de almoçar? Estou com fome, nem tomei café da manhã e meu corpo precisa de combustível. - Levei minha mão à boca para bocejar, a mão que eu havia cumprimentado Regina... E que perfume gostoso ficou em minha mão.


— Qual o problema com você Swan? – Me perguntou e então percebi que eu estava cheirando minha mão.



— Não, nada. - Sorri sem graça sem pensar em uma boa desculpa. — Mas nós vamos almoçar?



— Ainda nem completou nove horas da manhã. Não acha muito precoce seu pensamento?


— Pensamento a longo prazo.


— Tudo bem. - Soltou o ar vencida.— Você realmente é muito insistente. Tenho uma reunião as onze para arrumar a documentação da sua futura esposa, então podemos nos encontrar as duas no Oyster.


— Union Oyster? O restaurante mais famoso de Boston? O que sempre falam na tv? Tudo bem, espera só eu vender meu carro pra pagar a conta que apareço por lá. Adidas só irá adiantar aman...


— Swan, cale a boca. Não se preocupe. Eu pago. – Deve ter ficado com dó da minha cara de apavorada


— Vou poder beber cerveja preta? – Tentei descontrair o clima que ficou, ela sorriu e balançou a cabeça. Gostei do seu sorriso.



 


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Notas finais do capítulo

No próximo Cap teremos Emma e Regina no restaurante... E esse encontro será narrado pela própria Regina.
Teremos Maura e Jane almoçando juntas e se preparando para as aulas.
O encontro de Emma e Jane está próximo, não desista de nós
Se puder, deixe um comentário para nos motivar a continuar



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