Hate That I Love You escrita por Mika


Capítulo 13
Ele se foi




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678831/chapter/13

Saí da casa do Cris e fui em direção a casa da frente, a casa do Logan. Uma hora ele teria que voltar, ele tinha aula pra assistir e uma mãe pra cuidar. Toquei e campainha e bati a porta, minha ansiedade por qualquer notícia dele me consumia. Ele tinha que saber logo tudo que se passou, eu sei que ele me entenderia, eu sei.

—Oi Bruna, tudo bem?

A mão do Logan, Laura me cumprimentou, mas o seu semblante preocupado me provocou um calafrio na espinha.

—O Logan já voltou?

—Desculpa Bruna, não. Ele ligou pra mim ainda a pouco, disse pra eu não me preocupar..

Ele não conseguiu terminar a frase e caiu em prantos.

—Dona Laura? Vem, sente aqui vou pegar um copo com água.

Ele sentou no sofá e continuou chorando, a medida que bebia a água se acalmava mais.

—O que aconteceu? Ele tá bem?

Eu tentava ser forte, bastava uma pessoa preocupada naquela sala. Mas não consegui controlar o nó que se formava na minha garganta e a dor no meu peito que insistia em aumentar.

—Ele disse pra eu não me preocupar, que arrumou um emprego e vai terminar o colégio lá. Disse que vinha no natal.

Ela me olhava com os olhos cheios de lágrimas, eu podia sentir as minhas se formando nos meus olhos também.

—Lá aonde?

—Ele não falou, disse que depois me explicava e me mandaria um dinheiro no final do mês. Falou que quando se estabelecer ele vinha me buscar e eu poderia parar de trabalhar tanto. Mas eu só quero ele aqui Bruna, meu filho. Eu não ligo se tiver que trabalhar 48h direto para manter a casa, eu só quero chegar em casa e receber um abraço do meu filho, ele é tudo que eu tenho.

Abracei ela, meu coração doía. Eu causei tudo aquilo?

Resolvi passar o final da noite com ela, conversamos, ajudei a arrumar a casa. Ela parecia solitária e eu sabia que tinha culpa naquilo. Minhas indecisões afastaram o Logan, de mim e de sua mãe. Quando eu veria ele de novo? Isso não podia está acontecendo, logo quando tudo parecia se resolver.

Fui para casa, meu pai perguntou o que aconteceu e falei tudo para ele, depois que minha mãe se foi eu acho que esse foi o único dia que realmente conversamos, nos abrimos. Subi, peguei a caixa que Logan tinha entregado mais cedo ao meu pai. Ele me deixou a chave da sua moto, uma foto de nós três crianças que agora não fazia muito sentindo sem ele aqui e por estar rasgada em 3 pedaços depois do meu surto. Vesti a camisa que ele também deixou, ainda tinha seu perfume. E reli o final daquela carta “ Não me odeie, pois eu estou loucamente apaixonado por você.” Até depois de descobri que ele me deixou de vez, que ele não vai voltar, eu não consigo odia-lo. Como pode?

Tentei ligar para ele mais só dava caixa postal, mandei mensagens mais nunca me chegou uma resposta.

1 mês depois

—Iai pequena, vamos?

—Vamos.

Cris ainda passava lá em casa para irmos ao colégio, era o último ano e tudo estava tão corrido, as pessoas não entenderam nosso namoro relâmpago, mas também não fizeram questão de saber o que houve, apenas esqueceram com o tempo.

Todos perguntam do Logan, mas com o tempo também foi esquecido. Eu deixei a chave da sua moto com a mãe dele, todas as semanas eu vou lá, passo o dia com ela, converso. Pode-se dizer que ela é uma segunda mãe pra mim. Logan manda notícias para ela e ela me diz que ele está bem, mas não quer ouvir nada sobre mim. Ela diz que ele vem no natal, desde então eu rezo para o natal chegar logo, eu não aguento mais esperar, esperar. Todos esquecem dele, mas eu não. Até o Cris as vezes parece que esqueceu.

3 meses depois.

Ouço pedras na minha janela, só podia ser o Cris aquela hora da noite atrapalhando meu sono de beleza pra me acordar, e era ele mesmo. Do outro lado ele segurava uma placa que dizia “Quer ir ao baile comigo?”. Ele era tão idiota, claro que eu ia ao baile com ele, com mais quem eu iria?

Eu escrevi e mostrei para ele “Se você não me chamasse, eu iria.” então ele sorriu e fechou a janela. Amanhã era natal e tinha um baile na escola junto com o encerramento da nossa turma. Olho para a casa do Logan pela janela da frente do meu quarto e as luzes estão acesas. Mas não ouço barulhos, suponho que ele não veio.

—Bom dia meu amor!

Meu pai fala assim que acabo de descer as escadas e me sento para tomar café.

—Dormiu bem?

—Sim pai, meu sono de beleza foi concluído com sucesso.

—Vai na Laura hoje?

—Hoje não, tem o baile, o encerramento da nossa vida do ensino médio! Como diria meu professor Charles.

—Charles, eu lembro dele no colégio. Adorava uma bebida.

—Não pai, sério? Ele adora dar sermão na gente em relação a isso, diz que nos tira do caminho de Deus, o poderoso.

Falei rindo, eu nunca fui muito de ter crenças, muito menos meu pai. Sempre achei que o que importa é o aqui e o agora, mas também nunca fui tão rebelde, sempre conheci meus limites. Principalmente porquê andava com o Cris e ele era um bêbado em todas as festas.

—Eu vou sair pra procurar um vestido, vou passar no salão também e ajudar na decoração no colégio, tá bem?

—Tudo bem filha, juízo.

Passei a tarde inteira tentando não matar ninguém, odiava esse papo de roupa, maquiagem e tudo que demandasse tempo. Por mim eu ia de jaqueta e calça jeans pra esse baile, mas o Cris ordenou que eu fosse apresentável, se não ele me jogaria na ponte no meio do caminho. Primeiro bati nele mas depois concordei, afinal, era um baile.

Cheguei em casa no final do dia, vesti um vestido preto, justo, longo e elegante. Eu não me sentia mais tão nova, tão imatura. Mas ao mesmo tempo que não me sentia mais tão criança depois desses 4 meses esperando ele, toda vez que eu via sua camisa embaixo do meu travesseiro me vinha todas as sensações que eu procurei tão fortemente esconder. Por uma última vez que abracei sua camisa. Seu cheiro já tinha ido embora. Mas parecia está gravado na minha memória.

Desci quando meu pai gritou que o Cris estava lá fora. Tinha uma fucking limusine na minha porta e o Cris com um buquê de rosas. Eu corri e abracei ele, Cris era o melhor amigo que alguém podia ter.

—Uau, se eu soubesse o efeito de um buquê e uma limusine tinha feito antes.

—Deixa de ser idiota! Obrigada, por tudo.

—Eu sei como tá sendo difícil, eu vejo todos os dias você com a camisa dele, as vezes que você vai pra escola com seus olhos vermelhos de quem passou a noite chorando. Pare de se culpar, já já você vai tá numa faculdade, em outra cidade fazendo o que você gosta, literatura. Infelizmente, ele se foi. Não se culpe por isso.

—Obrigada.

Eu apenas o abracei.

Entramos na limusine e foi a melhor noite da minha vida. Por um momento eu esqueci ele, por apenas um momento.

Quando cheguei em casa eu esperei na minha janela, alguma sombra na casa dele, qualquer sinal que tivesse mais de uma pessoa ali, apenas pra ir lá. Mas não aconteceu.

1 ano depois

—Pai, eu já disse! A mãe me liga sim as vezes, mas eu não faço questão.

—Devia fazer, mandar um presente a cada aniversário e ligar no natal não é apenas as obrigações dela.

—Eu sei pai, mas eu tenho você. Eu preciso ir, okay? Tenho estágio em uma escola agora, e eu preciso chegar cedo para se reunir com a professora. Tudo bem? Eu te amo.

—Eu também te amo meu amor.

1 ano passou desde que terminei o colégio e entrei na faculdade de literatura, eu morava sozinha em uma cidade, era umas 4 horas de viagem pra cidade que meu pai morava e como Cris ficou lá com os negócios do pai, eu estava sozinha. Nunca fui de fazer amigos, tinha apenas uma que confiava ali, Margaret, ela era francesa e extremamente engraçada, ela conseguiu me seduzir com suas piadas sem graças, ela é uma irmã que nunca tive. E não sabe das merdas que fiz no ensino médio.

O dia de estágio correu bem, até a professora fazer eu levar provas para casa e corrigir para ela. Coloquei uma taça de vinho e pedi uma pizza, enquanto ela chegava corrigi os trabalhos. Margaret divida apartamento comigo então resolveu me ajudar,

A campainha tocou e ela foi atender

—Bruna, você tem dinheiro trocado? Tá sem troco.

—Espera.

Quando cheguei na porta e vi o entregador, não sei quem estava mais branco, eu ou ele.

—Logan?

—Oi. É 25.

Ele abaixou a cabeça pra mim, depois de 1 ano e 4 meses ele não faria isso comigo, ah não faria.

—Olha pra mim, não faz isso, eu não mereço isso!

—Bruna, fica por conta da casa.

—Logan!

Ele ia embora e eu puxei ele pra dentro e fechei a porta.

—Você não vai embora mais uma vez! Não vai!

—Eu estou trabalhando Bruna, algumas pessoas precisam fazer isso pra sobreviver.

—Você tá bem engraçadinho, bastante. Mas não vai me afetar.

—O que você que Bruna?

—Um explicação, talvez?

—Você escolheu, fim.

—Eu escolhi você, e você me deixou! Seu idiota!

Minha voz estava alterada, eu estava alterada. Minha vontade era de gritar e bater nele, fazer ele sentir a dor que senti quando ele não voltou.

—Você não tem noção do que eu passei.

—O que você passou? Um namoro bem-sucedido nas redes sociais, limusines e buquês. Festas que acabavam de madrugada? Nem passar o natal com seu pai você passou!

—O quê?

—Eu vi tudo, primeiro quando vocês colocaram o namoro nas redes sociais, depois o pedido dele pra ir no baile pela janela, era véspera de Natal! Você sabia que eu iria pra casa e não foi falar comigo. Depois você correndo para os braços dele, um buquê, limusine na porta da sua casa. Bruna, eu te amava. Você achou mesmo que eu iria atrapalhar sua felicidade? Eu pedi pra você escolher e disse que não interferia nisso. Então eu deixei você ser feliz.

—Seu idiota! Ele é meu melhor amigo! Não estávamos namorando, eu tinha escolhido você! Eu dormir na sua camisa por mais de um ano, até hoje tem noites que eu durmo com ela. Olhava pela janela te procurando todos os dias uma segunda sombra na sua casa. Eu passei a noite de natal na janela esperando por você depois do baile do colégio. Eu esperei por você, até perceber que você se quer estava me procurando.

—Eu fui embora, depois que te vi entrando na limusine com ele, eu fui embora.

—Você supôs tudo, criou toda uma história ao invés de me procurar. Você preferiu ir embora.

Até então eu tinha esquecido da presença de Margaret naquela sala, apenas quando o silêncio se fez presente eu olhei para o lado e ela estava com um olhar assustado.

—Vai embora.

—Não Bruna, vamos conversar.

—Não! Agora quem não quer que você volte sou eu. Fique onde esteve, se faça ausente mais uma vez. É melhor para todos.

Então ele abriu a porta e foi embora.

—Bruna, tá tudo bem?

—Tá sim, eu só preciso de um tempo, eu prometo te contar tudo, ok? Agora preciso fazer uma ligação.

Ligação on

—Bruna?

—Ele voltou.

—Quem?

Cris falava preocupado depois de notar o choro em minha voz

—Logan. Ele voltou e eu o mandei ir embora.

—Como assim?

—Eu mandei ele ir embora Cris, eu mandei ele ir embora.

Ligação off

Saí do meu quarto correndo e encontrei Margaret corrigindo as provas na sala.

—Bruna?

—Já volto!

Corri até a portaria mas ele não estava mais ali, eu tinha mandado ele embora e ele foi.

Voltei pra casa e expliquei toda a historia a Mag, desde meu amor pro Cris, até minha descoberta de Logan. O namoro, o término do namoro. Logan indo embora e meu baile.

—Vocês sempre se encontrando em horas erradas, momentos confusos. Parece até uma série.

—Eu não gosto dessa série.

—Faça seu próprio tempo, seu próprio momento.

—Como assim?

—Vai na pizzaria que ele trabalha fazendo entregas, tem o endereço na caixa. E espera. Uma hora ele tem que voltar. Recomece.

—Irei.

Troquei de roupa e fui na pizzaria, disseram que ele pediu pra sair mais cedo hoje, então voltei para casa e esperei o dia seguinte.

Ele estava lá, quando me viu parou, deixei meu semblante calmo, ele iria perceber que eu não queria brigas e sim conversar.

—Podemos conversar?

—Eu tô trabalhando e preciso me fazer ausente, como você pediu.

—Logan, por favor.

—Eu tô trabalhando.

—Eu vou te esperar.

Me sentei e fiquei esperando, cada vez que ele saia para fazer uma entrega e me via quando voltava e tentava me ignorar, até que ele sentou do meu lado.

—Ok, meu chefe diz que preciso conversar com você para você sair e vagar a mesa.

—Desculpa, eu tive minha parcela de culpa em todos os deseeencontros, eu sei que tive, assim como você.

—Esquece isso, já passou.

—Não, não passou. Eu sinto sua falta, falta de tudo que não vivemos, de tudo que sonhei fazer com você, as viagens, os beijos. Eu sinto falta de algo que não tive, isso não é louco? Eu sinto que enlouqueço cada dia que passo longe de você. Você não é apenas um amor de colégio, uma relação de amor e ódio ou um triangulo amoroso meia boca, eu te amo Logan.

—Bruna, eu tenho namorada.

—o quê?

—Eu achei que você tinha seguido em frente, que você estava com o Cristian e teria lindos filhos e uma grande família com 2 cachorros e uma mansão. Então eu procurei alguém para amar. Foi um ano e meio, eu namoro a 7 meses. E eu adoro ela.

—Você a ama?

—Bruna, não faz isso.

—Tudo bem, boa sorte na vida, de coração.

—Talvez…

—O quê?

—Talvez quando estivermos mais maduros e nossos olhares não lembre todos os desencontros, talvez a gente dê certo, um dia.

—Me desculpa Logan, mas eu acho que devo seguir em frente também, fazer meu destino.

—Boa sorte para você também.

E eu fui embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hate That I Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.