Moonlight Lover escrita por Benihime


Capítulo 15
Tentativa de vingança




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Selene

Mal acredito na audácia dela ao ver a garota loira entrar na sala, sorrindo para mim com a maior doçura imaginável enquanto anda diretamente até minha classe.

— Olá, Selene.

Ashlee está obviamente atuando, ignorando todos os outros alunos que nos encaram. No breve momento que tenho para me decidir, decido jogar o mesmo jogo.

— Ashlee. — Cumprimento friamente. — Oi.

Ela apoia uma das mãos em minha classe, segurando a alça da mochila com a outra. Seus olhos azuis se fixam nos meus com uma malícia sorridente e seus lábios se abrem como se ela estivesse prestes a dizer algo.

— Sente-se, Srta. Wood. — O Sr. Clark, nosso professor de Geografia, ordena.

Olho de volta para ela, erguendo as sobrancelhas numa pergunta muda. Ashlee dá de ombros, parecendo se divertir com sua pequena mentira enquanto se dirige para a classe vazia bem ao meu lado.

Fervo em silêncio de raiva até a hora do almoço. Qualquer que seja minha aula, ela aparece, sempre dando um jeito de sentar perto de mim. Lá pelo segundo horário da tarde, finalmente uma ideia me ocorre.

Folheio meu caderno até o final, parando em uma folha em branco. Ashlee está sentada na classe ao lado da minha, para variar, então é fácil passar-lhe meu bilhete de forma discreta assim que termino de escrever:

Ashlee

Podemos conversar na saída? Tenho algumas perguntas para você.

Ela lê rapidamente e seus olhos buscam os meus, arregalados de surpresa. Sorrio de leve, como que para encorajá-la, e ela por fim assente em concordância.

O tempo voa, e logo o sinal da saída soa. Todos saem da sala no que parece ser um piscar de olhos, exceto Ashlee e eu.

— Selene. — Ela se levanta e vem em minha direção, sua expressão sombria e solene. — Quero que saiba, em primeiro lugar, que sinto muito pelo seu pai.

— Na verdade ... — Quero rosnar de raiva, mas mascaro meu ódio com seriedade, mantendo uma expressão impassível. — Era sobre isso mesmo que eu queria falar. Naquela noite, antes de eu sair correndo, parecia que você queria me dizer alguma coisa.

 Um pequeno sorriso toca seus lábios num gesto quase automático, sua expressão se iluminando de alívio.

 — Obrigada, Selene. — Ela diz, e seu tom intenso por um momento soa realmente sincero. — Eu sinto muito, muito mesmo pelo que aconteceu. Eu ...

 Tão rápido que mal consigo acompanhar meus próprios movimentos, a estaca de madeira que eu estivera escondendo voa pelos ares. Ashlee desvia e a arma acaba presa na parede enquanto ela voa para mim, me prendendo contra a prede, suas mãos como tenazes em meus ombros.

Em sua mão vejo uma estaca bem menor do que a que usei, mas igualmente afiada e mortal. O rosto dela se aproxima até estar a centímetros do meu enquanto a ponta afiada de sua arma roça a pele de meu pescoço.

Ashlee

Eu a encaro, mágoa e raiva lutando para assumir o controle de minhas emoções. Selene em momento algum desvia o olhar, mas seus olhos verdes rutilam de medo. Sua fachada corajosa nada mais é do que isso, uma mera atuação para não perder esse nosso impasse.

— Já chega de jogos, Selene. — Declaro, minha voz agora um rosnado. — Você é minha, e cedo ou tarde vai ter de aceitar isso.

— Nunca serei sua. — Ela rebate sem se intimidar. — Não sou de ninguém.

Jurei para mim mesma que só tentaria influenciá-la como último recurso, mas ela definitivamente não me deixa escolha, então invoco meu poder e fixo meus olhos nos dela, segurando seu queixo com uma das mãos para impedi-la de desviar o olhar.

— Você está exausta, Selene. — Declaro suavemente. — Muito, muito cansada. Por que não dorme um pouco?

Seus olhos primeiro se desfocam, em seguida ficam enevoados, então suas pálpebras caem e ela fica inconsciente. Eu a ergo facilmente nos braços e saio dali o mais discretamente possível. Em poucos minutos estamos no porão da velha casa abandonada que se tornou minha residência.

Lá embaixo tudo já está preparado, um quarto para receber minha nova hóspede. Com Selene ainda inconsciente, eu a coloco na cama, usando as algemas fixadas nos pés e na cabeceira para prender seus pulsos e tornozelos.

Eu me sento na beira da cama, admirando seu rosto sereno. Selene é uma bela jovem, não é surpresa que todos nessa cidadezinha a admirem. E logo essa admiração se transformará em horror ante seu desaparecimento. Imagino a agitação, as buscas sem fim ... Mas sei que essa casca dilapidada de uma casa é o último lugar onde alguém pensaria em procurar. Ao que todos da cidade saibam, esta velha fazenda está abandonada há décadas. No fim, após não encontrarem nada, acabarão desistindo. 

 O pensamento me faz sorrir, e me inclino para afastar os cabelos negros rebeldes do rosto de minha nova hóspede, aproveitando para sussurrar em seu ouvido.

— Você é minha agora, Selene. — Declaro, imbuindo meu sussurro de poder. — Incondicionalmente. Para sempre.

Ela certamente é afetada pelo meu poder, pois sua mão se move para pousar em meu braço, seus dedos se contraindo convulsivamente. Eu sorrio. Assim é muito, muito melhor.

Selene

Acordo desorientada, e abrir os olhos não ajuda muito, por o quarto é completamente estranho. Analiso o cômodo que me cerca, reparando no papel de parede amarelo com estampa de pequenos pássaros marrons.

A cama em que estou deitada é baixa, tão baixa que posso colocar a mão no chão simplesmente estendendo-a, e tanto a cabeceira quanto os pés são ornados com grades de metal. Tento me levantar apenas para descobrir que estou acorrentada, mãos e pés presos à cama.

Tento me livrar das correntes até meus pulsos e tornozelos sangrarem, quando por fim desisto da luta. Cansada, permito-me fechar os olhos por alguns instantes.

Ashlee

Assim que a torta de maçã fica pronta, sirvo um pedaço generoso, coloco em uma bandeja e desço para ir ver Selene. Ela está acordada, é possível ver apenas pela respiração acelerada que move seu peito.

Selene

Passos suaves se fazem ouvir e abro meus olhos. Ashlee sorri para mim. Ela está descalça e usando apenas uma camiseta verde enorme que parece quase um vestido em seu corpo franzino, seus cabelos presos em uma simples trança. Tenho que admitir, mesmo nesses trajes tão simples ela ainda é lindíssima.

— Oi. — Ela diz casualmente. — Fiz torta de maçã para você, espero que goste.

Fico imediatamente desconfiada diante dela, sem conseguir intuir quais são suas verdadeiras intenções.

— O que você quer, Ashlee?

— Apenas conversar. — A loira responde suavemente, colocando a torta de maçã em cima da cômoda e se ajoelhando ao meu lado. — Se eu te soltar, promete que não vai tentar nada?

Eu bem que tenho vontade de espancá-la ou coisa parecida, tentar fugir, mas bem sei que não adiantaria de nada. Sei exatamente o que ela é, e sei que Ashlee é mais forte do que eu, mesmo que não pareça, então simplesmente faço que sim com a cabeça.

Ashlee abre delicadamente as correntes que me prendem, desaparecendo para logo em seguida voltar com uma bacia com água.

— Fique parada. — Ela ordena. — Deixe eu dar um jeito nesses ferimentos.

Sua gentileza me desarma e acabo obedecendo sem oferecer resistência. Ashlee trabalha em silêncio, limpando o sangue com água morna e depois me fazendo companhia enquanto como a torta de maçã, que está absolutamente deliciosa.

Após esse dia, ela frequentemente passa tempo comigo, normalmente sentando-se para ler em uma antiga poltrona no canto do quarto. Aos poucos, silenciosamente, Ashlee vai ganhando minha confiança.


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