O Irmão Do Meu Sócio escrita por pequenaapaixonadaporletras


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Ponto de Vista de Elle Karnezis.



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Lysandre anda meio feliz, e meio estranho. Eu devo admitir que não esperasse uma mudança de comportamento tão brusca assim. Mesmo que meu irmão seja um tanto louco, ele até parece gostar do mais velho. O que me intriga, já que Joël não quer ver Lysandre nem pintado de ouro. Pergunto-me o que causa essa desavença tão estranha. E também, porque Matt e Joël não se dão bem? Matt se dá bem com todo mundo. Estranho.
    - Ah! – dei um grito enquanto finalmente percebia o que estava acontecendo – É isso!
    - Elle! – me chamou Lysandre.
Olhei para o seu rosto, um tanto perdida, e então percebi que havia apertado a fita métrica ao redor do seu pescoço quando estava tirando a medida da sua gola. Pedi perdão e sorri para ele enquanto afrouxava a fita ao redor do seu pescoço. Estava trabalhando em uma blusa elaborada, então precisava da sua medida para fazer a costura final. Lysandre tem sido um ótimo manequim. Ele é quieto, e combina profundamente com meus hábitos. Ele me ajuda quando eu começo a divagar, e nós não temos a necessidade absurda de preencher cada silêncio com conversas desnecessárias. Ao contrário de Castiel, que anda mais irritante a cada dia pelo fato de não poder sair comigo para os shows.
— Você está bem? – perguntou Lys.
— Ah, desculpa. Estava pensando em como vocês ficaram estranhos desde que o Joël chegou aqui. – eu sorri levemente.
— Eu gosto dele. – admitiu Lysandre.
— Por quê? – perguntei.
Ele ficou vermelho, me encarando por um momento. Estranhei seu comportamento de imediato. Claro, Lysandre não era um dos homens mais extrovertidos do mundo, mas ele com certeza não era o tipo que corava facilmente. E então respirou fundo, ficando sério, e me encarando por um momento. Aos poucos, ele começou a voltar à sua cor normal. Com um sorriso de derreter todos os ossos e o cérebro de qualquer garota lançado de repente, ele então começou a falar.
    - Eu devo admitir que pensei bastante antes disso, mas minha conclusão só me fez me dar ainda mais conta do quanto eu o queria. Você quer sair comigo?
Eu o encarei, sem conseguir dizer nada por um momento. Claro, eu tinha uma queda (ham, precipício, ham) por Lysandre, mas eu não realmente acreditava que ele fosse me chamar para sair. Até Castiel tinha parado mais com as implicâncias e com me chamar de “cunhada” o tempo todo, então eu não tinha pensado tanto nessa possibilidade. Para ser completamente sincera, eu achei que ia ter que chamá-lo para sair eu mesma. Dei-me conta, um tanto tarde, que ainda não tinha respondido Lysandre, que tinha sua testa incrivelmente cerrada.
    - S-sim. – eu disse, após alguns segundos de pânico – Claro.
Ele suspirou e sorriu em seguida, um daqueles sorrisos que fazia meus joelhos ficar mole. Eu senti meu rosto arder por um momento, então virei o olhar para o lado. Ele segurou meu queixo e me fez o encarar novamente com delicadeza. E então, todo o clima romântico, fofo e um tanto engraçado se desfez quando Joël entrou na sala, completamente irado, segurando pelo colarinho um Matt de cara fechada.
    - Eu vou matá-lo. – disse o meu irmão.
    - Mas o que vocês estão fazendo? – perguntei, correndo até os dois e tentando tirar Matt das mãos de Joël.
    - Ele estava tentando invadir. – disse o moreno.
    - Eu só queria fazer uma surpresa para a minha melhor amiga! – disse o loiro se jogando de supetão em cima de mim, com um abraço apertado – Que saudades.
    - Longe dela! – disse Joël, tentando nos separar.
    - Ah, não! – eu protestei – Não seja chato, irmão!
    - Por que eu estou lá fora enquanto o seu maior perigo está aqui, de porta fechada, no ambiente quieto e em posse de um sofá, sozinho com ela? – perguntou Matt.
Joël lançou um olhar mortal para Lysandre. A verdade era que Lysandre não precisava passar por meu irmão para chegar aqui, já que ele ia para o escritório de Leigh e de lá se colocava sorrateiramente para dentro do meu. Embora eu possa afirmar que, com exceção de ele ter me chamado para sair, sempre fomos exclusivamente profissionais, era claro que isso não tinha nenhum dedo da aprovação do meu irmão mais velho.
    - Ah... – eu disse, enquanto ia para perto de Lysandre e sussurrava – Vai ser um pouco difícil conseguir sair comigo sem dizer a ele.
    - Joël. – Lysandre o encarou com todo seu charme galante (tudo bem, talvez só eu tenha visto o charme galante) – Eu gostaria de lhe pedir para sair com a sua irmã.
Eu já havia presenciado muitas situações desconfortantes para o meu irmão mais velho. Eu já o vi brigar na escola, admitir pela primeira vez que ele era gay (ah, não fiquem tão desapontadas), ter que passar por toda uma revista em um escritório militar, mas nunca o vi reagir tão mal a alguma coisa assim. Ele foi mudando de cor gradualmente. De moreno para vermelho, para azul, e então para roxo. Esperei ansiosamente que ele voltasse a sua cor natural. E então, com um sorriso diabólico, ele disse:
    - Eu te mato antes que você saia com a minha irmã. – ele praticamente rosnou.
    - Não seja rude. – eu repliquei – Eu não sou mais uma criança.
    - É claro que você é! – Joël disse, indo até mim e me abraçando forte pelos ombros – Você ainda é um bebê, não pode sair com rapazes.
    - Eu não sou um bebê! – protestei corando enquanto minha voz era abafada pelo peito do meu irmão.
    - É sim, fique quietinha. – ele me balançou de um lado para o outro.
    - Eu vou ligar para a sua mãe. – usei minha cartada final.
Ele ficou rígido no mesmo instante. O senti se afastar de mim devagar, e então me encarar de olhos cerrados. Eu tentei não me intimidar por aquele olhar. Ele sempre o usava quando queria me fazer desistir de algo. E dessa vez, eu não iria cair naquele truque. Falando sério, eu realmente quero sair com o Lysandre!
    - Você não faria isso. – ele disse devagar.
    - Me teste. – o desafiei.
Então começou. Desde pequenos, quando eu e meu irmão não concordávamos em alguma coisa, ele sempre me olhava com aqueles olhos semicerrados e esperava que eu desistisse. Eu tentava o imitar e, se ele se cansasse antes de mim, ele ganhava. Na maioria das vezes, ele ganhava, pois eu não me dava o trabalho de realmente se opor às suas opiniões. Mas hoje, eu ganharia. Fiz minha melhor cara de decidida, e o encarei de olhos semicerrados enquanto ele me devolvia o olhar.
    - O que está acontecendo aqui? – perguntou a voz de Matt.
    - Eu acho que eles estão conversando. – disse Lysandre.
Bem, ele não estava completamente errado. Era uma conversa, um desafio, um jeito no qual eu e meu irmão sempre resolvíamos as coisas. Mas eu não podia respondê-los agora. Desviar o olhar seria entregar o jogo. Então sustentei a carranca por mais alguns minutos até que, relutante e obviamente irritado, Joël sacudiu a cabeça e se afastou de mim. Eu sorri enquanto ele fazia o número dois na mão e em seguida mandava um sinal de “eu estou de olho em você” para Lysandre. Matt riu ao meu lado enquanto passava um braço ao redor do meu ombro.
    - Então, vocês estão saindo? – perguntou ele.
Eu senti meu rosto queimar de imediato enquanto ele alternava olhares maliciosos entre mim e Lysandre. Encontrei-me estranhamente nervosa com a pergunta. Afinal, não era o primeiro cara com o qual eu iria sair, porém definitivamente era a primeira vez que eu me sentia assim, tão envolvida. Comecei a ficar cada vez mais nervosa enquanto não conseguia nem responder a simples pergunta de Matt. Porém, para a minha surpresa e também a do meu melhor amigo, eu não precisei.
    - Estamos. – Lysandre disse.
Ele respondeu com uma segurança impressionante, a voz simples e forte, como se estivesse afirmando algo que sempre deveria ter sido afirmado. O seu tom de voz seguro me fez com que eu conseguisse relaxar mais um pouco. E então Rosalya entrou pela porta aberta do escritório, com uma careta confusa, enquanto olhava para trás, onde provavelmente ela teria visto meu irmão sair contrariado.
    - O que está havendo aqui? – perguntou ela.
    - Eles dois estão saindo. – disse Matt enquanto apontava para mim.
    - A descrição em pessoa. – eu ironizei enquanto rolava os olhos.
    - Como assim vocês estão saindo e você não me contou? – exclamou Rosalya com uma cara nada boa.
    - Calma, Rosa, eu acabei de chamá-la para sair. – disse Lysandre, calmo como sempre.
    - Ah... – ela fez uma careta mais suave – Sendo assim, então acho que está tudo bem. Mas o que é esse tanto de gente aqui? Nós temos que trabalhar! – disse ela.
Eu observei-a num estupor enquanto ela expulsava os garotos com pouca elegância, alegando que nós tínhamos ainda vários modelos para costurar e inúmeros desenhos para terminar. Sabia que ela não estava dizendo a verdade, mas não queria a contradizer. Com o tempo, Rosa e eu havíamos desenvolvido uma estranha amizade. Improvável, porém boa. Ela me ajudava e me dava conselhos sempre que eu precisava, então era legal estar com ela. Às vezes, ela até me pedia ajuda com alguns assuntos mais delicados, como família e até Leigh. Era legal ajudar os dois.
    - Eu sabia que você ia estar nervosa. – disse Rosalya me puxando para sentar ao seu lado no sofá.
    - Eu estou pirando! – desabafei.
Claro que eu tinha pedido isso há tempos em meus pensamentos, porém agora que havia realmente acontecido, eu estava apavorada. E se eu dissesse algo estranho no encontro? E se eu usasse a roupa errada e ele me achasse muito vulgar, ou muito santinha? Pior... E se eu me engasgasse com a comida, ou passasse alguma vergonha no restaurante?
    - Ah, Rosa, me ajuda! – eu falei a agarrando em um abraço desesperado.
Ela riu enquanto eu me desesperava. Então, com um suspiro leve, me perguntou quando seria o encontro. Eu então parei por um momento e pisquei os olhos, desorientada. Lancei-lhe um sorriso sem graça e ela revirou os olhos, se levantando e saindo da sala. Tempos depois, ela trazia um Lysandre pelo braço que estava levemente confuso e sorria sem graça.
    - Desculpa, eu me esqueci de dizer a data e o local do encontro, não é? – ele perguntou.
Eu não pude deixar de rir com aquela observação.


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Notas finais do capítulo

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