O Irmão Do Meu Sócio escrita por pequenaapaixonadaporletras


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Ponto de Vista do Lysandre



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678757/chapter/1

Meu irmão está em apuros e disso eu sei bem. Na verdade, nós dois estamos, já que a loja não é somente dele. Sempre que posso eu ajudo e trabalhar nela é extremamente prazeroso para mim. Acho que, entre a carreira de cantor e a escola, é a melhor opção que eu poderia ter, afinal de contas, isso tudo suga muito tempo.  Porém, ultimamente os preços das mercadorias que costumamos vender têm subido consideravelmente. As coisas estão mais caras e não temos mais o apoio de grande parte da clientela que antes era fixa. As pessoas que costumavam pagar pelas peças mais baratas não têm como pagar pelas mais caras, e estão nos abandonando. E como nem eu nem meu irmão temos muitos contatos na roda mais seleta da sociedade, a loja está ficando às moscas e não temos como baixar mais ainda o preço sem sofrer sérios prejuízos.
    - Tenho certeza que tudo ficará bem, você não precisa se preocupar com isso. – me dizia meu irmão sempre que eu trazia o assunto à tona.
    - Eu também estou preocupada, Lys, mas não tem nada que eu possa fazer, e não quero preocupar o Leigh. – afirmava minha cunhada.
Finalmente, numa tarde, estávamos assistindo TV enquanto Rosalya lia uma revista de celebridades. Com alguns minutos, ela se levantou e foi pegar uma pipoca. Fez pipoca com caramelo no microondas e retornou, sentando entre eu e meu irmão no sofá. Após alguns minutos observando a adaptação de Jane Austen para o filme, ela pediu para que Leigh lhe passasse a revista. Leigh pegou a revista sem olhar realmente e a derrubou no chão, fazendo com que a mesma caísse aberta.
    - Presta atenção, amor. – pediu Rosa.
    - Desculpa... – ele parou ao olhar a revista – Elle.
    - Elle? Quem é Elle? – perguntou Rosa – Você está confundindo meu nome?
    - Não, não. Elle Karnezis. – ele ergueu a revista com a página aberta.
    - Ah, sim. Deram três páginas só para ela nessa revista. Ela é bem famosa, está trabalhando como estilista ultimamente, todas as marcas estão se matando para conseguir as criações dela. Por quê?
    - Ela é a Elle “Tip Toe” Karnezis. Nós a chamávamos de “Tip Toe” no colegial porque ela sempre tinha que ficar na ponta do pé para alcançar os livros nas estantes da biblioteca. Ela estudou comigo, era minha colega predileta. – ele largou a revista e correu para o telefone – Acho que ainda tenho o seu número de celular.
    - E para que você quer o número de celular dessa garota? – perguntou Rosa, obviamente enciumada e confusa.
    - Você não entendeu? Ela é rica, muito rica. Ela não quer prestígio por marca, por isso não se decidiu ainda. Eu conheço a Tip Toe... O que ela quer, é uma pessoa de confiança. Eu posso ser uma pessoa de confiança. – ele disse e sorriu – O que vocês acham de vender algumas criações exclusivas?
    - Definitivamente nos ajudaria. – eu disse, entendendo aonde ele queria chegar – Mas se ela é tão boa e tão rica, por que ao menos viria em nosso socorro?
    - Ela me deve uns favores. Eu sempre a ajudava nos trabalhos e em geral. Principalmente pegando coisas no alto, a ajudando a carregar dezenas de livros, esse tipo de serviço. Minha melhor amiga... Mas faz tanto tempo. – ele hesitou.
    - Você não quer esperar, pensar em como vai falar? – sugeri.
    - Não. Se eu aprendi alguma coisa com ela, é que tudo deve ser feito de imediato. – ele respirou fundo e discou algo na tela do telefone – Oi, Elle? – ele esperou – É o Leigh. – ele suspirou – Leigh Girafa. – ele olhou para mim como quem diz “nem comenta” – Sim, sim. Faz um bom tempo, tip toe. – ele riu – Não, eu nunca vou cansar desse apelido. Diga-me, onde você está agora? – ele esperou mais uma vez – Como assim, França? Paris? – o queixo dele caiu – Como assim, prestes a assinar um contrato? – ele esperou – Não, espera. Não assine ainda. Eu tenho uma proposta de trabalho para você. – ele foi dizendo e indo para a cozinha.
Eu peguei a revista, olhando com cuidado. A garota que sorria para a câmera era loira, de cabelos longos e ondulados, com olhos castanhos e pele muito clara. Seu sorriso tinha classe, mas era puramente ensaiado e dava para perceber só de olhar. Vestida com um vestido de babados lilás e um sobretudo bege, parecia a imagem da garota frágil e simples, porém sua postura de aristocrata lhe dava um “quê” de ameaçadora. O nariz levemente para cima e o olhar que parecia estar fazendo um raio-X em você eram definitivamente esnobes. Suspirei, tentando não pensar nada de mal dela.
Ela ia ser a pessoa que ia salvar a loja do meu irmão, se aceitasse. E também, provavelmente, ficaria hospedada na nossa casa. Além disso, Rosalya já não parecia muito feliz com a óbvia intimidade partilhada pelos dois. Eu teria que ser a pessoa calma da situação, a que iria intermediar tudo e garantir que ela se saísse bem e que quisesse nos ajudar. Após analisar levemente Rosalya, que tinha saído para ouvir a conversa dos dois, eu resolvi ler alguns trechos da matéria.
“Com dezesseis anos, a estilista mais requisitada mundialmente está bancando a esnobe para cima de várias empresas. As marcas mais famosas mundialmente alegam que ela será a próxima estilista do século e todas querem exclusividade sobre as suas criações. Não se restringindo a nada, a garota realizou um desfile beneficente com o dinheiro do seu pai, o lendário empresário e filantropo John Karnezis, onde absolutamente tudo era desenhado por ela: desde as roupas, até o tapete que cobriu a passarela, que chamou a atenção dos fotógrafos e dos críticos ao redor do mundo por ter detalhes em seda, espelho e, inclusive, pedras preciosas. Pedras essas que foram vendidas para terceiros e o dinheiro arrecadado foi mandado para instituições de caridade.
‘Não quero lucro para mim, mas quero distribuir beleza e graça pelo mundo, das roupas das pessoas mais ricas até os lares das pessoas mais pobres’, afirma a benfeitora que nem possui carteira de motorista ainda. John Karnezis parece completamente absorto com a carreira da filha e a apóia completamente, embora não pareça estar gostando de toda a atenção que a pequena está recebendo da mídia. ‘Ela não precisa de nenhuma dessas empresas. Pode abrir uma com o meu dinheiro, e por isso quero que parem de importuná-la’, é o que ordena o multimilionário. Apesar de todas as boas ações realizadas por ambos, boa parte do mundo ainda não acredita na generosidade sem porque dos Karnezis.”
Eu sempre, sempre, odiei concordar com a mídia. Mas tudo aquilo simplesmente não fazia sentido. Se a garota era tão rica e tão prestigiosa, não havia necessidade de vir para cá. As chances de que ela aceitasse ajudar meu irmão eram praticamente nulas. Nesse momento, Leigh voltou da cozinha, parecendo branco como papel e completamente chocado. Rosalya o perguntava o que a garota tinha respondido, mas ele me encarava diretamente, sem prestar muita atenção. Então ele sorriu.
    - Ela só vai acertar tudo com os advogados do pai e vem para cá o mais depressa possível. Ela quer ser minha sócia.
Rosalya comemorou com um grito e eu lancei um sorriso para o meu irmão. Mas, por dentro, algo se remexia, inquieto. Será que ela era mesmo uma boa pessoa?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A história também está sendo postada no Amor Doce. Espero que gostem!
Mereço reviews?