Assexual escrita por Lunally


Capítulo 7
6° Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Esse está bem legal, tentei explicar algumas coisas de forma resumida e sutil.
E a personagem agora sabe que ela tem uma orientação sexual diferente. Acho que a historia irá se desenvolver bastante!
Espero que gostem meus queridos Leitores♥



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— Katty! — Eu grito à minha amiga loira Barbie no corredor de vidro da universidade de London. Eu tinha acabado de almoçar e estava indo para as últimas aulas do dia no período da tarde. Corro para perto e agarro o braço dela. Katty sorri, radiante. — Não sou lésbica. — Falo de uma vez, sem rodeios. — Mas também não sou hétero.

— Então é pan? — Katty diz com humor e arruma os cabelos em um coque.

— Não! — eu falo, rindo.

Pansexualidade é uma orientação sexual. É quando o indivíduo sente atração por todos os gêneros e sexo de pessoas, seja ela transexual, intergênero, intersexo, entre outros.

Lembro de uma vez que eu confundi pan com zoofilia, o que foi um erro, não tem nada a ver. Eu tinha esse conceito na cabeça, pois uma vez me disseram que pansexualidade era o envolvimento sexual com tudo, ou seja, animais também.

Um ser humano se envolver com um animal, para mim, é um absurdo.

Mesmo aceitando que existia, eu não respeitava, pois respeitar em qualquer dicionário é “concordar com”. Ou seja, eu não concordava com a zoofilia, mas aceito que existe, pois existe mesmo. Por que não respeito? Não imagino uma relação saudável entre um humano com um cachorro, cavalo. Acho que não é algo prazeroso para o animal. Então para mim não é certo.

Minha definição de certo? Se for possível e é prazeroso para ambas as partes envolvidas, houver consentimento, então é certo. Pense assim, e verá que é verdade.

Mas quando descobri que pan não tem a ver com zoofilia, eu fiquei tranquila e passei a respeitar essa orientação.

— O que quer dizer? — Katty fala, ao ver minha reação risonha. — Will veio me falar algumas merdas, eu não entendi e acabei brigando com ele. Amiga, desculpa qualquer coisa, não vou ficar mais arranjando encontros duplos entre nós, mas não quero que você seja anormal e antissocial.

— Anormal e antissocial? — Eu rio da fala dela. — Ninguém é assim, e se acha isso, é porque é um produto da opinião pública, distorcido por sua própria incoerência.

— Não venha me falar coisas difíceis. — Katty começa andar para dentro da sala e eu a sigo. — Depois falo com o Will e fazemos as pazes. Então o que você é?

— Um ser humano. — Eu falei, arregalando os olhos, mas compreendo tardiamente o sentido da pergunta — No âmbito da orientação sexual? Não sei, vou lhe responder depois. — Quase rio da face confusa de minha amiga. Katty quase cai da escada, que estávamos subindo para ir às mesas mais acima da sala.

Katty tem um bloqueio em aceitar as diferenças, depois eu irei conversar isso com ela, mas depois.

*

— Vamos sair para ver um filme? — pergunta Will. Parece que ele e Katty já fizeram as pazes automaticamente quando se viram.

— Quero ver algum da Marvel! — eu digo, empolgada. Eu não entendo muito da essência total, mas amava os filmes e HQs da Marvel. Assisti quase todos os filmes. Viciada? Talvez.

— Vai lançar um ótimo da DC Comics — fala May. Ela tinha cortado a franja na hora do almoço e não gostou muito, então a prendeu para cima e isso deu uma grande diferença no rosto dela, era como se fosse uma nova May. O corte ficou bonito, mas ela não gostou, então não importava o que falássemos, ela não mudaria de concepção.

— Que coisa mais nerd! — diz Katty, que sorri travessa. — Mas eu amo! — Katty é a mais “patricinha” de nós, mas ama nossos programas gente doida. Porque ela sabe que é divertido.

— Vamos amanhã! — diz Will, com cara de um menino de cinco anos. Nem parece que têm três filhas.

— Nossa, não! — reclama May.

— Por quê? — Katty retruca meio brava.

— Tô sem grana, amiga rica! — responde May, zombando.

Katty ia responder, porém eu invado a conversa.

— Eu pago, depois você me devolve! — Sorri, mostrando quase toda minha fileira de dentes. Estamos no estacionamento, perto do carro de Will e em frente ao de Katty.

— Ok! — May olha gentilmente para mim.

*

Assexual? Vou pesquisar.

May tinha falado sobre isso e me coçou uma curiosidade sobre.

Estava no meu quarto, tinha aberto as cortinas brancas e as grandes janelas. Coloco a mochila no gancho da parede, ao lado da mesinha de estudo, onde ficava meu Notebook e minha prateleira de livros. Atrás, minha cama de casal com um painel almofadado cor de palha, e com um sofá sem encosto na frente. Olho para o espelho de meu guarda roupa embutido e vejo que eu estou uma bagunça. Prefiro tomar um banho primeiro.

Assim que saio do banheiro de meu quarto, percebo pelas vozes no andar de baixo que meu pai havia chegado com minha mãe.

Decido pesquisar um pouco e depois descer.

Exatos quarenta minutos se passaram e eu descobri algumas coisas, o que me deixou excitada por ter tal conhecimento. Descubro cinco orientações sexuais, as quais são mais citadas e conhecidas no senso comum, e que, por enquanto, são as que me interessam.

Para entender melhor eu separei assim:

Ou você gosta do mesmo gênero;

Ou você gosta do gênero contrário;

Ou você gosta de dois gêneros;

Ou você gosta de todo mundo;

Ou você gosta de ninguém.

Isso tudo levando em consideração o sentido sexual, não o físico ou amigável, ou seja:

Homossexual;

Heterossexual;

Bissexual;

Pansexual;

Assexual.  

Acho que assim dá para entender meu raciocínio.

Antes eu achava que a transexualidade era uma orientação, mas não é. É uma categoria própria. Um(a) trans é alguém que não se identifica com o gênero ao qual foi designado ao nascer. Essa pessoa não muda de gênero porque ela já nasceu assim, com aquele gênero.  O que pode ou não acontecer é a pessoa fazer cirurgia para redesignação do sexo. Mas ela pode sentir atração um gênero, ou por dois, ou por todos, ou por nenhum. 

Quanto aos outros tipos de sexualidade que podem existir, não pesquisei muito, pois acredite, apareceram diversas opções. E como estou ainda em percepção do básico não quis aprofundar. Ainda.

Depois de pesquisar e ficar contente com essas informações, eu desci as escadas para a sala de jantar.

— Olá, mãe, pai! — Abraço os dois e sento na grande mesa preta, de madeira carbonizada, com cadeiras acolchoadas. Minha casa tem uma linda decoração; mamãe é designer de interiores e meu pai, arquiteto. Uma combinação perfeita.

— Eu estava pensando em viajarmos. — declara meu pai, sorrindo. — Vou conseguir férias em dois meses.

— Seria ótimo, meu amor. — Mamãe esbanja felicidade. Ela serve as refeições e eu ajudo a passar os pratos, copos e talheres. Está magnífica a mesa. Mamãe não fez o jantar, foi a ajudante de serviços domésticos que preparou, e deixou tudo embalado para esquentar. Meus pais são ocupados e eu não faço, pois chego meio da tarde e vou estudar. Só nos fins de semana que eu sempre faço o almoço, porque eu gosto de cozinhar.

Enquanto desfrutamos de uma refeição em silêncio, eu filosofo sobre minha vida, como sempre. O que pesquisei foram os tipos de orientações sexuais, mas a que me chamou mais atenção foi a assexualidade. Poderia eu me identificar? Talvez. Não posso dizer que sou, pois nunca é certa a sexualidade de alguém até que esta tenha morrido. Como disse Will, somos aptos à mudança, ou talvez somos induzidos a ser algo que não somos, e a interferência nos bloqueia por um tempo até que emerge a necessidade de ser real a sua vontade espremida.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostou?
Obrigada por ler!



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