Assexual escrita por Lunally


Capítulo 6
5° Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Lucy descobre algo muito importante!
Vou lançar o próximo em um mês!
Contem-me o que acharam! Quero saber se estão gostando!?
Bjs♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678744/chapter/6

— Vamos tentar entender — propôs Will, que caminha comigo e com a May. Estamos com um horário livre, então seguíamos para biblioteca universitária para a realização de nosso trabalho — que finalmente estava na etapa final. Hoje está bem frio e todos nós estamos uns cinco quilos mais gordos devido aos casacos.

— O quê? — pergunta May, sem tirar os olhos de seu PSP. Como sempre eu a guio pelos ombros. Estava atrás dela segurando os ombros dela e indicando o caminho para ela. Will carrega as apostilas e livros para devolvermos e usarmos na biblioteca.

— A Lucy! Ela não ama ninguém e é feliz sozinha! — exclama Will, um tanto exasperado. Eu sabia que quando ele pensasse mais sobre o assunto ele viria querer discutir, debater, opinar mais sobre.

— Eu amo sim, só não quero aprofundar a relação — defendo-me, meio surpresa por Will ter citado no momento o tópico que até então estava fechado. Não que eu esteja nervosa ou chateada por ele tocar nesse assunto, é porque estou despreparada para prosseguir com a conversa com algo que até agora não compreendi. — Onde está a Katty? — Tento desviar um pouco a conversa.

Will senta-se à mesa de madeira clara, no meio das prateleiras da biblioteca, que é cheia de estantes presas em um grande cômodo de vidro. Ele fecha a cara e vira os olhos, joga a sua mochila, livros e apostila na mesa e desaba as costas no encosto da cadeira. — Briguei com ela — declara o ruivo.

May não gostava muito de interferir nos assuntos dos outros, porque ela não entendia, não sabia aconselhar. Acho que nunca briguei com a May, mas sempre que algo incômodo acontece conosco, eu e ela nos entendemos bem, viramos uma para outra, deixamos claro que “o que aconteceu de ruim” não nos cai bem, então pedimos desculpas e tudo volta ao normal. É fácil ser amiga da May, pois eu e ela deixamos os limites claros. Então, minha amiga gótica trevosa sentou na ponta da mesa sem dizer nada e continuou a jogar, pois sabe que eu posso resolver o problema de Will e Katty.

— O que aconteceu? — Concentro no momento. Sento, cruzo as pernas e coloco o cotovelo na mesa, de forma que meu corpo ficasse aberto para Will. Não tem muita gente na biblioteca, pois no começo do ano ninguém queria estudar, e estava quase na hora do almoço, ou seja, não tinha importância conversarmos em um ambiente que pedia silêncio, no momento. E, também, conversamos baixinho.

— Argh! — Will expressa raiva e passa a mão em seus cabelos ruivos, bagunçando-os. Will era alguém fácil em se expressar, mas agora parece não saber o que dizer. — Ela é uma vadia! – fica bravo e enruga toda a testa.

— Will! — repreendo, em um tom firme. Fiquei brava com a denominação que ele usou.

— Eu fui conversar com ela... Dizer que você...  Uai, eu queria que ela parasse de te incomodar, em relação aos meninos, e ela foi super frescurenta. — Will revirou os olhos ao dizer e me encara, sério. O que significa que ele fez merda e provavelmente é relacionada a mim. — Você sabe que odeio essas frescuras, enjoeiras, bobeiras de meninas mimadas.

Eu realmente fiquei surpresa com a reação de Will, ele sempre se deu bem com todo mundo. Acho que tem mais coisas nesse assunto que ele não quer me contar. Levanto as sobrancelhas e aperto os lábios. Tento pensar em algo para fazer a história prosseguir e ser entendida por mim.

— O que exatamente falou para ela? — Prendo os olhos nele e faço pressão para que ele desembuche logo.

— Tudo! — confessa. — Falei que você e esse tal de sexo não combinam! — Will faz um gesto levantando os braços e inclinando a mão, e fez uma voz afeminada. Ele sempre fazia graça quando o assunto era sério. — Disse que talvez, talvez — Will ressaltou a palavra, inclinando o corpo para mim. — você estivesse confusa com sua opção sexual.

— Orientação — interrompo e corrigo o que ele falou, pois é orientação sexual e não opção sexual. Mas não opino no conteúdo da conversa ainda, espero ele terminar.

— Falei que você era muito nova para coisas assim. — Will olha para May, que estava tentando conseguir um beijo de cada personagem de seu jogo. — Mas você sabe que Katty é preconceituosa.

Dou uma risada, indignada. Meu “não querer”, meu desinteresse com sexo, está atrapalhando meus amigos. — Você praticamente disse para Katty que eu era homoafetiva no armário? — Percebo onde ele estava querendo chegar. Eu olho com desdém para Will.

— Sim — lamenta Will, com a face chateada.

— Will. — Fecho os olhos. Como eu explicaria algo que nem eu sabia? — Eu sou feliz comigo mesma. Não preciso de ninguém para trazer minha felicidade. Você sabe — aponto o dedo indicador para ele — que a maior satisfação é saber que você está com a melhor pessoa do mundo, que te faz mais feliz e que te ama e essa pessoa para mim sou eu: LUCY!

Will iria falar algo, abriu a boca e fechou. Acho que ele estava com medo de falar besteiras. Até May abaixou o PSP para me olhar.

— Eu não gosto de mulheres. — Falo, firme, não porque tenho preconceito que pensem isso de mim, sou relativista, aceito as culturas e diferenças, devemos tratar as desigualdade na medida de suas diferenças. Só queria que soubesse a verdade, pois isso é necessário. — E, também... — penso um pouco — não gosto de homens. — deduzo, em um sussurro, e minha testa franze. Eu não gosto de ninguém?

— Então você não ama ninguém. — completa May meu raciocínio. — Como Will disse antes.

— Amo! — Quase gritei na biblioteca. — Mas é um amor diferente. — Eu quero dizer que é um amor evoluído, um amor que a simples companhia me bastava, que a diversão de ter aventuras, mesmo mínimas, com meus amigos, me atraia de forma surreal. É um amor mais puro, além da sensação carnal.

É um amor feito por autossatisfação.

— Eu acho que entendo você — reflete May, pensativa. Fico surpresa por ela ter falado algo. May está sentada, com o PSP jogado na mesa, e suas mãos estão juntas em seu colo. Ela finalmente por livre iniciativa entrou em um assunto pessoal de alguém.

— Não. Você não entende, mas pode imaginar — declaro, meio abalada. — Will, eu nunca me imaginei casando realmente, ou tendo filhos de meu ventre. Eu nunca me vi mais velha com uma família. Eu sempre me vi uma mulher, independente, orgulhosa, sozinha e feliz!

— Lucy... Eu sei, mas não consigo ver felicidade na solidão. — Will pondera envergonhado. Acho que para ele, o homem mais “Hetero amante de todas as mulheres”, é difícil aceitar o que eu digo.

— Quando falei sozinha, disse no âmbito conjugal, mas nunca estarei sozinha. Têm sete bilhões de pessoas nesse mundo e várias para serem meus amigos. Tenho vocês, minha família, meus animais. Não necessito de sexo para ser feliz.

Um baque me bata no rosto, é a aceitação e o “cair na real”. Eu disse coisas que nem eu sabia que estava sentindo. Um alívio libertador me toma. É isso. Eu só quero minha intimidade para mim, e dividir a vida e alegrias com amigos.

— Então, que seja! — concorda May, que se levanta e vem para trás de mim. Ela me abraça por trás. — Acho que termo certo para você seria assexual!

— O quê? — indago confusa. Já escutei esse termo, mas nunca o aprofundei.

— Ok! — Entende Will também se levantando e chegando perto de mim.  — Eu aceito você assim, mas não significa que você vai ser assim para sempre ou que não vai ser, somos seres humanos, e somos aptos a mudanças. Eu sou seu amigo e aceito você de qualquer jeito! —Abraçou-me junto com a May.

Entenderam? É isso que me faz feliz, esse amor. Essa amizade. Ter mais autossatisfação do que isso é impossível. Não preciso de romance de casal. Não sou romântica, acho que sou o contrário disso. Seria arromântica?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E nesse capítulo surgiu o termo assexual.
Devo relembrar, seu que as vezes fica chato né? Mas tem sempre alguem perguntando; Minha personagem não é a personificação a assexualidade. Tanto que existem diversos "tipos", românticos ou não, que fazem sexo e não; pois sim, tem assexuais que praticam relações sexuais e talvez eu aborte isso futuramente.
Tudo que escrevo na Fic é baseado em pesquisas, em vidas de pessoas que eu pedi para compartilharem comigo. Então se você tem uma coisa legal sobre o assunto para me falar/sugerir me diga! Vou adorar♥
.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assexual" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.