Assexual escrita por Lunally


Capítulo 5
4° Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, desculpem-me amores♥ Eu sei, eu demorei, e muito!
Vamos às explicações:
Achei uma beta divina♥ Ela e eu estávamos refazendo todos os capítulos, assim, ficaram mais belos, corrigidos, detalhados e com a historia aperfeiçoada! (Se quiserem voltar para ler eles seria perfeito, mas se não voltarem não tem problema, não mudei a essência da historia e não acrescentei informações importantes! Apenas melhorei a escrita! ).
E também a faculdade estava (está ainda) me consumindo, não tenho vida mais...
Então, ai está, vou manter agora meu prazo inicial, um por mês!
Espero que gostem!



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Eu estou na a igreja. Tenho que dar aula na crisma, que é um dos sacramentos da igreja. Batizado, primeira comunhão, crisma, casamento... São esses os passos certos de todo cristão. A não ser que você seja padre ou freira, aí você para na crisma ou, se preferir denominar assim, “casa com a igreja”.

Por mais que meu país seja protestante, eu sou católica. O anglicanismo influenciou muito a Inglaterra, mas a globalização teve um alcance maior e popularizou as culturas ocidentais e orientais, assim as apresentando, fundindo, associando e/ou criando algo novo.

Gosto muito da minha religião, mas não acredito somente nas coisas que o catolicismo diz. Não é como se eu fosse uma louca por igreja e fico lá o dia todo.

Eu gosto desta igreja, as pessoas são legais, a comida é ótima quando tem festas e a religiosidade me agrada.

Deus me agrada.

Gosto de saber tudo! Acho que já expliquei isso antes sobre meu interesse com as coisas. Gosto dos deuses gregos, nórdicos, indígenas, japoneses, entre outros que descubro. Sou monoteísta, porém gosto do politeísmo, pois sempre tem um “Deus Topo” que associo com minha crença e esse Deus é o Todo Poderoso.

Eu estou separando os crachás com os nomes dos alunos. São muitos este ano, então demorou um bom tempo para fazer todos. Eu estou sentada em uma grande mesa de madeira com cadeiras acolchoadas. No meio da mesa tem uma Nossa Senhora e na parede esquerda as prateleiras com os materiais.

O lugar está bem sossegado e fresco, o ventilador gira sem fazer barulho. Só escuto o ruído das persianas quando bate vento. Eu estou tão concentrada na minha atividade que levo um susto.

— Lucy! — Erick veio até a mesa da secretaria, onde eu estou sentada escrevendo os nomes, em letra de forma. — Você sumiu!

Erick é aquele tipo de menino sem noção. Você pode gritar, xingar, dizer que odeia ele, mas ele sempre vai estar lá, te perturbando domingo de manhã.

— Estou muito ocupada esses dias — explico seca e sem intenção de iniciar um assunto. Mas é Erick, nunca acaba o assunto para ele.

Desde o ano passado Erick vem me rondando. Chama-me no Facebook, Snap, Instragam. Até manda mensagem no celular. Eu sou aquele tipo de pessoa que não gosta de deixar o outro sobrando, mas chega um momento em que a pessoa me enche tanto a paciência que eu paro de responder. E acabo, mais uma vez, ferindo os sentimentos de alguém.

Geralmente as pessoas, por serem convenientes, caem na real, se ligam, param de falar comigo depois que não respondo, mas não o Erick. Ele faz o próprio diálogo, de um homem só. E ele não tem seus sentimentos feridos, pois nem percebe que eu não quero nada com ele, por mais óbvio que fosse.

Erick não é feio, porém não é tão bonito quanto Rick. Ele é magrinho, baixo, tem o rosto muito bonito. Cabelos pretos e olhos verdes.

— Precisa de ajuda? — Erick pergunta, senta-se na cadeira ao lado da que eu estou e pega um crachá, mas eu estou terminado, falta só três ou quatro.

— Não. — Eu falo com um humor terrível. Sim, está sendo frequente. Eu estou encaminhada para ser uma vovó rabugenta.

*

Após terminar de fazer todos os crachás e entregá-los para a coordenadora da catequese, fui assistir à missa. Eu disse que não estava bem para ensinar hoje, até porque o tema de hoje era “o que a bíblia diz sobre a gravidez e relacionamentos sexuais antes do casamento”.

Já deu para entender o porquê de eu não dar aula hoje. O que eu falaria? Muitas das vezes, nós catequistas — que como todo mundo, não sabemos explicar totalmente o certo — damos exemplos de nossas vidas pessoais. Exemplo de minha vida pessoal?  Medo, angústia, desinteresse, não querer, insatisfação... E assim segue a lista.

Comecei a pensar que, mesmo depois de casada, eu não me sentiria confortável com o sexo. Talvez eu esteja sendo muito pessimista. Não é a insegurança de “perder” a virgindade com um “qualquer”, é um sentimento de revolta por não querer.

O padre disserta os textos sagrados, faz todo o ritual que toda missa tem. As pessoas rezam e pedem perdão por suas falhas. As crianças dormem nos bancos, as senhoras clamam alto para todos ouvirem e os ajudantes de altar buscam e levam as coisas para o padre.

E eu? Eu filosofo.

Eu acho que penso demais nas coisas e, por isso, eu não me sinto tão presente e à vontade com as coisas reais. Eu questiono tudo, reflito e reformulo tudo que me der para pensar. Eu me importo até mesmo com as coisas mais simples, e acabo as transformando em complexas, pois tudo tem um motivo ao qual nunca vamos saber. Ou talvez nem tenha um motivo e achar que tenha seja meramente humano, e nos iludimos para dar um sentido à nossa triste, vazia, incompreensível e miserável vida.

E muitas vezes vêm as crises existenciais. São tristes e depressivas.

Celibato.

Essa palavra foi dita na missa hoje.

Pelo que sei do celibato, ele é um “voto/promessa” que as pessoas fazem para permanecerem solteiras e sem envolvimento sexual, falando no âmbito religioso. Já li, também, que têm pessoas que nascem propensas ao celibato.

Eu dei uma risada. Como pude ao menos deixar-me pensar que eu teria talento para celibato? Até passou pela minha cabeça ser freira. Viver para a Igreja, e não para Deus. Irônico achar que a Igreja é Deus. Depois que vi a série de TV “The Borgias”, minha concepção de santo mudou muito. Não é que toda igreja ou religião seja totalmente impura, é que só Deus é totalmente puro.

Acho que minha situação é um pouco diferente, na questão da relação sexual.

Doença? Um susto com meu próprio pensamento me foi dado.

Seria uma doença que me dava impotência sexual?

*

Cheguei a casa. Preciso tomar um banho. Frio! Vim de carona com uma amiga da igreja. Eu não gosto de andar de ônibus durante a noite, pois sempre acho que algum tarado vai me atacar quando eu descer, e minha mãe não poderia me buscar hoje, então minha amiga me trouxe, em um ato de solidariedade. Um ato pelo qual eu fiquei muito agradecida.

— Lucy! — Minha mãe grita da sala, vendo meu vulto passar pelo corredor e subir as escadas. Ela está no tapete felpudo cinza da sala e apoia as costas no grande sofá preto. A TV não está ligada, mamãe apenas está olhando para os trezentos retratos na grande estante que cobre toda a parede. E, claro, com o celular na mão, para caso precisasse.

— Mãe! — Respondo e, antes de entrar no banheiro, vou até ela. — Bênção.

— Deus te abençoe. — Diz mamãe, seguindo o ritual que tínhamos na minha casa. Coisa de família tradicional. Eu ri da minha mãe por um momento, ela está com o cabelo todo desarrumado, sinal de que tinha trabalhado muito e estava cansada.

Minha mãe é muito bonita e bem cuidada. Dona Laila é uma versão mais velha minha; temos os mesmos olhos, cabelos e características bases iguais.

— Mamãe estava com saudade de você! — Laila me puxou e abraçou-me, com carinho. É uma mãe bem carinhosa. — Ontem quando eu cheguei você tinha saído e hoje quando eu acordei você foi para faculdade. — Minha mãe fez um biquinho. Laila não gosta de ficar sozinha, ela sempre quer minha companhia. Se precisa ir a algum lugar ela pede que eu vá junto.

— Desculpe-me, é porque tem tanta coisa pra fazer que nem pude te ver esses dias. — Eu retribuo o abraço caloroso de minha mãe. Ambas estamos cansadas, por motivos diferentes talvez, mas o cansaço é penoso de toda forma.

Eu quero conversar com minha mãe sobre minha angústia, saber se ela pode me ajudar. Saber se ela pode me aceitar. Se o que eu tenho é normal.

Mas talvez ela vá rir de mim e dizer que “isso é coisa da juventude”. Ou pior talvez ela descobra algo de errado comigo, alguma doença, e isso a faça sofrer.

Eu e minha mãe nunca fomos de falar sobre sexo, pois era um tabu. Ou quase isso. Minha mãe nem sabia do meu primeiro beijo, quando foi ocorrido. Nem sabe. Ela, atualmente, deve saber que já beijei alguém, por fatos óbvios e notáveis.

Mas o “nível seguinte”... Bem, ela sabe que nunca fiz, pois, nesse caso, eu contaria para ela. Eu diria antes do ocorrido, eu pediria conselhos. Disso mamãe sabe, mas não quer que aconteça, ou quer que demore. Por quê? Porque não importa a idade, eu sou seu eterno bebê.

Eu conversei um longo tempo com minha mãe, ela me contou de seu dia. Disfarcei ao máximo minha expressão de confusão e descontentamento e sorri para as façanhas que minha mãe contou-me. Eu amo minha mãe, aprecio muito conversar com ela, sempre tinha graça e diversão em seus casos diários.

Depois, meu pai chegou dizendo que iríamos viajar nas férias. Algo estranho, pois faltam seis meses para as férias do meio do ano. Meu pai é muito engraçado também. Se perguntar em termos de personalidade e caráter, eu sou mais parecida com ele. Antes de nos juntarmos à mesa de jantar, cada um foi se arrumar, ajeitar as coisas, etc.

*

— Impotência — li em frente ao meu notebook, na mesinha de meu quarto. É um belo e simples quarto: uma cama no centro, guarda-roupa na esquerda,  na parede em frente a cama fica uma mesinha, com uma estante de livros na parede, ao redor da mesa; na direita, uma janela com um sofá embutido. Nas cores, verde claro e branco. Eu gosto da decoração, é leve e aconchegante. Sempre que eu entro em meu quarto eu sento meu ser descansar, sento a sensação de lar propriamente dito. Não gosto de ficar mudando muito as coisas, então quase nunca mexo na minha decoração, eu só acrescento coisas, coloco uma boneca de porcelana a mais, porque tenho coleção, compro mais livros, coisas pequenas que não alteram muito o lugar.

Eu decidi procurar sobre doenças que “tiram a vontade sexual” na internet. Talvez algo me encaixasse lá. Eu rezava aos sete mares para que não achasse nada.

No site que vi, dizia que 10% dos casos são psicológicos, e 90% de origem orgânica. Senti que o meu caso seria psicológico, mas continuei a ler a página, para ter certeza.

As razões orgânicas eram basicamente por doenças complexas e multissistêmicas. Ou por uso de medicamentos, drogas, ou por problemas de circulação sanguínea. Acontece com maior frequência com o do gênero masculino. Li sobre as doenças mais “possíveis” e, realmente, não me “enquadrei” em nenhuma, pois não poderia ser neurológico. Eu visito a neurologista anualmente, faço exame geral. E muito menos ser hormonal, pois para controlar/regular meu ciclo menstrual, eu uso anticoncepcional, e para isso eu devo fazer vários exames hormonais para tomar o medicamento.

Para alguns homens desprovidos de conhecimento, o anticoncepcional não serve somente para a garota não engravidar. Ele tem muitas (mas muitas mesmo!) muitas utilidades a mais! Como controlar a evacuação hormonal do corpo, ou acelerar, em certa idade, o desenvolvimento hormonal estrutural do corpo, e serve até para o controle de acne!

Nas causas psicológicas, fala que vem provindo de traumas, falta de diálogo com o parceiro, ou por uma autoestima baixa.

E, novamente, não me senti “parte” de nenhum desses problemas, pois eu sou um ser com a autoestima estourada, de tão inflada que é. Só esses dias que tenho ficado um pouco reservada, por dúvidas nos acontecimentos de minha vida. Traumas? Bem, se quer dizer sobre o fato de que eu via Simpsons e tinha coisas estranhas no desenho, tipo a Marge sendo capa da playboy, ou o desenho Southpark... nesse caso, eu posso dizer que tenho traumas. Falhas de diálogo? Não preciso comentar nessa, sou falante até nas narinas.

Suspiro, aliviada por não ser uma doença, aparentemente.

Tomo banho e desço as escadas da minha casa, que é de dois andares. Os quartos e escritório ficam em cima, e o restante no piso inferior. Fui jantar, pois eu estou faminta depois de tantas coisas que fiz neste dia.

 


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Notas finais do capítulo

Comentários?
Se tiver alguma duvida me diga, farei questão de tentar esclarecer;
Ideias são bem vindas;
Gostou?



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