Assexual escrita por Lunally


Capítulo 4
3° Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Postei mais cedo? SIM!
Tenho muitos avisos então vou escrever um pouco aqui e o resto no final!
Pois bem, Percebi uma diminuição nos comentários, você estão bem leitores? Estão gostando? Digam-me quero vocês comigo!
Eu recebi duas, (2), Two, èr, ni - em qualquer linguá que você quiser entenda que é dois - recomendações!
Obrigada Lucy e Haller pelas lindas palavras! Me emocionaram muito.
Sobre Haller "TADAM!" ele está me ajudando com a correção final do texto, e é um ótimo amigo para se trabalhar! Se houver ainda alguns errinhos me informem, por mais que eu esteja recebendo ajuda as vezes alguma coisa pode passar despercebida, mas dou certeza para vocês Haller é um grande pré-beta! (Vai fazer inscrição para ser um logo moço)
~ o resto falo no final ~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678744/chapter/4

               

   — Fala — insiste Will, enquanto eu mordi a maçã. Ele me ligou cedo e disse para ir uma hora antes para a faculdade. Combinou de tomar café da manhã lá, comigo.

   — O quê? — resmungo, entretida com meu notebook. Procurava coisas para o trabalho que, depois de rever um pouco o conteúdo, não era muito difícil, mas sim trabalhoso.

   — Sobre Rick! — Will revira os olhos, um pouco impaciente demais para esperar eu terminar minhas obrigações. Ele sabe que eu estou evitando falar sobre isso, já que isso é algo que nem eu estou sabendo explicar direito.

   —Ah, sei lá! — esclareço rapidamente, sem interesse de conversar a respeito. Guardo meus materiais na minha mochila bege e sem enfeites, eu não gostava de coisas muito enfeitadas, preferia estampas lisas e clássicas. — Não era como eu pensei. — concluí pensando que como sou amiga do Will há um ano, eu devo satisfação para ele. Como Will foi o amigo que mais me conquistou rápido, ele é a única pessoa que eu pude considerar amigo em menos de um mês. Ou seja, por esse fato ele era confiável e compreensivo, pois sabia lidar corretamente com os sentimentos, ele sempre tinha um conselho legal, mesmo que confuso para dar.

   — Ninguém é como pensamos — Will interrompe meus pensamentos e para de comer seu café da manhã calórico. Ele demora muito para comer, eu já terminei minha refeição faz 30 minutos. Como sempre Will comia pão com manteiga, café, Danone, um biscoito frito, frutas com leite condensado, etc. — Lucy, te conheço há um ano e você é dez! Uma garota incrível, comunicativa, prestativa, educada. Mas nunca te vi ter um relacionamento sério com um homem.

   — E? — Incentivo-o a continuar a falar, um pouco impaciente, contudo eu tenho a esperança de que Will possa me ajudar.

 Estamos na cantina. Têm várias mesas vazias, porque, geralmente, quase ninguém vem tão cedo. E também porque muita gente está de ressaca da noite anterior. As mesas são grandes, com espaço para oito pessoas, vermelhas e plástico enrijecido. A lanchonete ficava ao fundo, por incrível que pareça a comida é boa, diferente das instituições do colegial que sempre tinham comidas suspeitas e duvidosas ao gosto. A cantina tem uma abertura que dá para o estacionamento inferior, então é fácil você chegar e sair daqui.

   — Ora... uai! — Will parece estranho, junta as mãos e fica sem ter o que dizer. Ele está expressando desconforto, provavelmente, pelo que conheço sobre ele, está pensando, tentando entender algo sobre mim. Seus cabelos ruivos e enrolados estavam presos dentro de uma toca. Ele estava com roupas de frio, pois é inverno ainda em Londres.

   — Fala — mando. Ajeito-me na cadeira, coloco o cabelo atrás das orelhas, e cruzo as pernas em cima da cadeira. Meu coração dispara. Ultimamente meus sentidos estão aflorados, devido ao nervosismo, meu pulso está acelerado, a respiração ofegante, estou com insônia e ando pensando muitos nos porquês de minhas limitações.

   —Talvez... sua orientação sexual seja diferente... Meninas, ao invés de meninos. — Will arrisca em pronunciar tal opção. Olha-me com os olhos espremidos e as mãos cruzadas.

   — Não. Eu não sinto atração sexual por meninas. — Pondero sobre o assunto, franca e diretamente concluí e reforcei o que já sabia. Não me sento incomodada por Will ter pensado isso sobre mim, pois no poço de incompreensão que eu estou, só Deus para falar o que eu tenho.

   — Eu acredito em você. Sei que você é esclarecida de si mesma. Talvez você só não achou a pessoa certa — acrescenta Will, com nítida expressão de que não acredita no que diz. Ele é um bom ouvinte, mas às vezes, é muito cínico. Ele sabe entender as pessoas, mas quando não entende, ele pensa que a hipótese dele é a única e somente esta a verdadeira.

   — É porque eu não quero ninguém, entende? Estou confortável e feliz do jeito que estou — explico, e estranhamente, me sinto leve. É uma coisa que eu precisava escutar mais do que Will.

   — Entendo. Então não procure se não quer — aconselha Will, chegando perto de mim. Passa o braço sobre meus ombros e os aperta, simbolizando segurança, algo como: estou aqui, não se preocupe. Sorri para ele sem separar os lábios. Estou percebendo que tem algo que ainda não sei sobre mim. Não ter autoconhecimento é a pior ignorância que se pode ter.

   — Não procuro. São os rapazes que aparecem, conversam comigo e... — tento explicar para ele, mas não pude esclarecer de modo que ele fosse entender ou que eu conseguisse formar uma frase decente. 

 Eu sou o tipo de pessoa que se importa com meus próprios sentimentos e com os sentimentos das pessoas. São algo tão belo e fascinante, os sentimentos. E eu tenho medo de quebrá-los, porém, ao mesmo tempo em que eu inicio uma interação com alguém querendo apenas conversar, ter uma amizade, as pessoas entendem e sentem de outra forma. E eu acabo ferindo elas, o que eu não planejava.

   — Ok! Vamos conversar sobre isso depois. Temos um trabalho! — exclama Will. Ele entendeu. Pelo que eu conheço de Will, ele só termina um tópico de uma discussão quando entende; provavelmente, quando ele estiver inspirado ou com dúvidas, voltará para me perguntar.

Eu me viro para pegar meu material de pesquisa para mostrar ao Will os progressos que tivemos no trabalho até então.

   — Gente! — Katty senta na nossa frente de uma vez, até faz um barulho no banco devido à colisão, o que interrompeu minha ação de pegar as coisas na mochila. Olho para ela. — Bom dia! Lucy, você ainda tá com o Rick? — ela pergunta, sem rodeios.

   — Não — afirmo, tranquilamente.

   — Uau, para quem estava bêbada algumas horas atrás, você está ótima! — brinca Will. Ele se afasta de mim e pega a bandeja do café da manhã, pois ainda estava terminando de comer.

   — Amor, meu padrasto sabe uma receitinha que cura ressaca na hora! — Katty alerta Will, rindo alegremente. Ela está ótima, nem parece que tinha bebido tanto na noite anterior. — Sabe, tem um amigo do boy que eu fiquei ontem que gostou de ti! Que tal sairmos todos juntos?

   — Estou muito ocupada, Katty. Tenho o trabalho para terminar, que a propósito, preciso de vocês!  E também tenho que fazer várias coisas. As aulas na catequese da igreja vão começar, tenho que voltar para a academia e também estou pensando em dar monitoria para as crianças de uma escolinha. — Eu comecei a citar mil coisas que eu tenho que fazer, tentando justificar o porquê de eu não querer me relacionar com alguém. Como se eu tivesse que dar uma explicação detalhada para meu comportamento, sem que ninguém tivesse perguntado ou se interessado.

   — Entendi, entendi! Senhora “eu sou ocupada”— Katty balbucia com antipatia. Vira a cabeça para o lado e bufa. — Isso tudo é uma desculpa esfarrapada — zomba de minha justificativa.

   — Katty — diz Will, um pouco sério. Ele sabe que Katty podia ser bem irritante quando queria. Solta o biscoito frito e encara a loira de óculos escuros e brincos de argola; sem querer sair muito do assunto, eu tenho que admitir que Katty parece uma modelo saída de uma revista; ela é linda e fashion.

   — Eu vou para a aula — anuncio, recolhendo minhas coisas, e parto para a sala.

   Ando pelos longos corredores espelhados da universidade. Tem uma vista incrível da cidade. Londres é mesmo linda. Uma cidade com construções belas, ruas limpas, atrativos interessantes, uma cultura rica, um povo característico e uma língua admirável e mundial. E a London South Bank University, carrega toda essa cultura e historicidade consigo, pois ela foi fundada há muito tempo  — 1892. Eu sempre penso que se eu não tivesse optado por jornalismo eu faria historia, eu amo saber sobre a evolução e percussão do país, mundo, universo. Busco sempre novas informações, tento estar informada de tudo um pouco, assim posso me sentir parte disso, conectada com cada ponto desse nicho ecológico gigantesco em que vivemos.

     Em termos sociológicos, antropológicos, humanistas, eu posso me considerar relativista em relação ao estranho e/ou diferente. Por mais que algumas coisas nesse mundo consigam me surpreender e até mesmo repudiar, eu ainda assim consigo aceitar que elas são “aceitáveis”, além do mais, têm aspectos da cultura inglesa que nem todo mundo acha “normal”, sendo assim, sempre haverá um ponto de vista diferente. A questão é saber que não existe um totalmente certo ou errado, depende de toda uma seção de fatores.

   Uma alegria me contagia.

   São essas pequenas coisas, os pequenos gestos, que me deixam satisfeita. Que me dão prazer. O fato de me sentir parte de algo, me faz completa.

   Viro o corredor na direta para poder continuar a andar e vejo Rick. Ele vem na minha direção; eu não fujo, nem nada parecido. Ele passa a mão em seu cabelo e sorri, envergonhado.

   — Você está bem? — pergunta. Ele carrega livros nos braços, acho que é por isso que não me abraçou ou algo assim, pois sempre que nos vemos ele faz isso, até então sempre foi assim. Estou tranquila e não fico irritada como ontem, na verdade acabei percebendo que exagerei demais na dose do desespero.

   Eu arrumo meus cabelos castanhos para frente e ajeito minha postura. Se um homem tão bonito e arrependido vem conversar com você para tentar ajeitar as coisas, é natural que você aprecie e dê mais uma chance para o futuro relacionamento que possa a vir existir.

   Eu aprecio a ação dele. Mas dar mais uma chance... Como posso dar chances a alguém, se nem sei quais chances posso oferecer?

   — Estou. E você? — falo, sorrindo. Eu quero rir, não dele, mas de mim, eu adoro ver meu ser se confundir e enrolar em meio de tantas crises existenciais e problemas psicológicos que parecem intermináveis. Talvez Freud estivesse certo: o ser em sociedade não é livre, por isso, é frustrado. E a minha exteriorização do meu ego reprimido seja isso: confusão sexual, existencial, social.

   — Eu fiquei com medo de você não falar mais comigo — confessa o rapaz, aliviando mais a tensão que tinha até eu falar algo. Ele não para de mudar os livros para o outro braço, mostrando angústia. Eu não o culpo, talvez ele gostasse de mim mais do que eu pudesse notar.

   — Ah, por favor, achou que eu seria infantil a esse ponto? — indago, andando, e Rick me segue. Eu não estou tão nervosa quanto no nosso “encontro” de ontem, na verdade, eu estou confiante.

   — Claro que não. É só que eu fui um tanto rude com você — Rick sussurra, pois tinha alunos nos corredores e querendo ou não um ou outro lançava a atenção em nós, por interesse ou curiosidade, ou, quem sabe, ao acaso?

   — Tudo bem, eu também não fui a melhor acompanhante que se pode ter — falo, um pouco mais aliviada. Eu também quero conversar com ele. Mostrar que está tudo bem, para que não tenha problemas nem com ele e nem comigo e que nossa relação, mesmo que seja de colegas de faculdade, seja saudável e amigável. E que ambos saíssemos sem ferimentos sentimentais, mesmo que não foi um envolvimento muito significativo, nunca se sabe até onde as pessoas sentem ou começam a sentir algo.

   — Será que... — Ele hesita um pouco antes de falar. — Podemos sair de novo? – pergunta, esperançoso. Sorri daquele jeito galã e estufa seu peitoral nitidamente definido.

   Eu não quero nada mais com ele. Desencantei. Mas não quero magoar ele ou dar uma esperança futura.

   May vinha pelo corredor à minha frente, com seu videogame PSP na mão jogando sem prestar atenção no mundo que a cerca. Como se ela tivesse se tornado a boneca de seu jogo e só os meninos que ela tinha que conquistar lá são importantes e necessários.

   Olho para o Rick e dou um sorriso travesso. Vou na direção da May, passo o braço no ombro dela. May me olha para identificar quem é e depois voltou a jogar.

   — Sinto muito, — expresso um pouco de ironia na fala. Inclino a cabeça para May. — Eu estou com outra pessoa, na verdade.

   Rick fica branco, pasmo e sem reação. Abre a boca para dizer algo, porém aproximo-me dele e chego meus lábios perto de seus ouvidos. Rick está paralisado, penso que ele estava processando a informação recém-recebida de surpresa. Eu falo baixinho em sussurro:

   — Mas quero que essa informação fique somente entre nós, ok?! — ameaço, para saber que se ele resolver dar com a língua nos dentes, não haverá jeito de se safar. Ele está avisado que é uma coisa que só entre eu, ele e May (que nem deve ter escutado a conversa). Se vazar para mais alguém, ele irá pagar.

   Rick balança a cabeça devagar, despede-se e vai para sua aula.

   Suspiro pelo conforto. Viro-me para May e a puxo para a próxima aula.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não disse que falava no final?
Pois então, gente tem 56 pessoas acompanhando a Fic, mas visível tem menos de 15, apareçam ai! Quero ver vocês!
E muito obrigada pelas favoritadas e acompanhamentos, fico feliz por estarem gostando!
A historia como viram está começando a ficar mais metódica, pois a personagem agora que está "caindo a ficha" da sua situação.
Ah, tenho uma Fic curtinha! Serio, 1 capítulo com 349 palavras, passa lá pra ler e veja se gostou!
LINK: https://fanfiction.com.br/historia/647297/A_importancia_de_citar_a_importancia_das_coisas/

Obrigada, até o próximo capítulo!