Assexual escrita por Lunally


Capítulo 3
2° Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores!
Este capítulo ficou grandinho! Mas eu me dediquei muito! Eu peguei as dicas que vocês me deram e pesquisei mais, e Voilá, aqui está um capítulo cheio de emoção e confusões na mente da personagem!
Se houver qualquer erro, me digam! Eu ainda sou uma mera amadora sem Beta, então necessito de vocês para puxarem minha orelha.
~Em relação a minha outra Fic, estou escrevendo o próximo capítulo~
OBS: Atração física é diferente de atração sexual, achar alguém bonito, não significa que você a quer de modo sexual!



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— Então, qual é o nome dele? — pergunta Katty no carro, depois que eu contei sobre o garoto que eu vou encontrar na festa de iniciação do primeiro período do curso de Jornalismo e Comunicação. Seu carro é vermelho e muito bonito. Não sei a marca, pois não entendo nada de carros, e mesmo que minha amiga me falasse mil vezes, eu esqueceria.

— Rick. — eu informo, arrumando meu vestido azul soltinho, que Katty tinha ido comprar comigo há algumas semanas. Como nunca usei antes, talvez por falta de festas que se adequassem que aquele modelito, e pelo motivo de nunca ter usado, estou sendo obrigada a ir com ele. E Katty está de vermelho, a cor favorita dela. — Will já sabe dele, viu a mensagem que ele me enviou hoje. — comento, um pouco incomodada com o assunto. Por mais que tenha contado, eu não pretendia alongar a conversa. Sempre que eu conhecia alguém, Katty e Will ficavam empolgados, mais empolgados que eu.

— Ah, Will disse que iria mais tarde com o carro dele. Não vou passar na casa dele. — explica Katty, passando mais uma camada de batom em seus lábios. Vira-se para mim. — Não quero que você seja pressionada a nada. Se ele for feio ou escroto, cai fora dele. É só me gritar.

Katty era companheira, do jeito dela, mas era. Ela sabe que eu sou meio complexada com essa coisa de relacionamento, então chegou a uma conclusão por si só: “A Lucy é muito tímida e precisa de ajuda para namorar. Vai ser o meu projeto de vida.”

— Obrigada. — Eu sorrio. Eu estou bem, aparentemente. Não é como se fosse o fim do mundo. É apenas um encontro. Uma garota encontrando com um garoto. O que de estranho tem nisso? Sempre me encontro com um garoto, Will, por exemplo.

Mas é diferente. O amor e carinho que sinto por Will, o prazer de estar com ele, é algo amigável e benéfico para mim.

E com o Rick é outro tipo de amor que pode surgir. Talvez um amor não tão benéfico para mim.

*

A casa brilhava de longe pelo jogo de luzes que tem lá dentro. Música alta, uma piscina grandona e muitas pessoas com bebidas nas mãos. Já dava para notar pessoas se “pegando” nos cantos. Dá vontade de rir de umas garotas, que quase caem em cima de outros garotos, e vice e versa.

Que carência.

A casa é de pedra, com cerâmicas decoradas e lindas arvores. A decoração é bem harmonizada, quem quer que tenha feito, fez bem! Sem contar os objetos em cada cômodo que detalhava o ambiente com um tipo de tema diferente.

— Katty! Lucy! Olha, as mais gatas de toda a Bank University. — grita Skot, o dono da festa. É um garoto muito legal e louco.

— Skot! — Eu imito o seu tom, e ele me abraça, levantando-me.

— Meu bem, fiz aquela bebidinha... — Skot berra, rindo. Nota-se que ele está um pouco alterado — Você vai ter que beber! – ele diz para mim. Katty tinha entrando na casa, provavelmente procurando pelo calouro que ela estava querendo.

— Que gentileza. — Eu agradeço, passando o braço no ombro de Skot e caminhando para dentro da casa com ele. — Só porque você fez, eu vou experimentar um pouquinho!

Skot dá um grito e sai correndo para dentro de sua cozinha, a qual é grande. Como falei antes, a casa é bem decorada; a cozinha é branca com detalhes pratas, bem confortável para um família de seis pessoas, no mínimo. Eu ia atrás, mas percebi alguém conhecido vindo em minha direção. Uma angústia aparece em meu corpo e se torna nervosismo.  Eu, por um momento, quero fugir da festa.

— Lucy? — chamou Rick.

— Oi — digo, com um meio sorriso. Ele é lindo. Sua aparência é magnífica. Ele me atraía fisicamente. Só fisicamente. Atração pela aparência é algo, achar alguém bonito é totalmente diferente de querer ter uma relação sexual com ele. Concluindo que atração física é diferente de atração sexual.

Rick me dá um abraço educado e um beijo na bochecha. Eu retribuo o abraço, meio sem jeito.  — Quer tomar algo?

  — Skot foi fazer uma bebida para mim. — Olho para trás, na parte da cozinha, e vejo Skot conversando com algumas pessoas e comendo frutas. — Ou ia.

  — Vamos lá, eu faço uma para ti. — Rick coloca a mão em minhas costas e guia-me para a cozinha. O contato me faz arrepiar. Não é como se eu não gostasse de contato físico, eu abraço várias pessoas no meu dia-a-dia. O problema é o significado do contato, o que ele expressa, o que ele subentende, o sentimento que ele causa. Um sentimento que, ao menos até agora, não me atingiu.

 Ele para em uma mesa com uma grande quantidade de copos coloridos e garrafas de bebidas, as quais eu não sei identificar nenhuma. Se sei dizer o nome é puramente por estar lendo.

 — Eu não bebo coisas alcoólicas. — explico gentilmente, antes de ele começar a preparar. — Não sou acostumada. Skot iria fazer uma para eu experimentar, mas nem sei se iria beber. — Rio, um pouco nervosa.

— A senhorita bebe só suco?! — Rick fala, e abre um sorriso encantador. Eu quase faço uma cara muito boba, mas me controlo. Eu admiro a aparência dele, mas é tudo que eu quero fazer: apenas admirar as coisas belas e boas da vida.

 Rick preparou uma bebida para ele, eu peguei um suco e saímos para a área da piscina, onde boa parte dos convidados está. O local está cheio de cadeiras e mesas, mas mesmo assim, encontra-se lotado.  

Pelo que sei, Rick é do 5° período do curso de jornalismo. Conhecemos-nos em uma visita ao museu britânico, há dois meses.

 Avistei Katty conversando animadamente com o menino que ela me mostrou a foto. E, como May tinha falado, não tinha lugar para sentar. Todas as esteiras de tomar sol da casa já estavão ocupadas.

Rick me puxou para ficar escorada em uma parede da casa e ficou na minha frente, conversando comigo. Ele era bem engraçado e tinha muito assunto para puxar.

— E o cara caiu em cima das coisas depois — Rick concluiu sua história para mim. Ele sorria o todo tempo, e chegava bem perto de mim. Algumas vezes passava a língua entre seus lábios.

 Era bastante sensual.

Eu ria de tudo o que ele falava e dialogava. Não para “puxar o saco” dele, mas porque Rick era bem engraçado e interessante. Ele prestava atenção no que eu dizia também. Ia buscar mais uma bebida para ele sempre que acabava a que ingeria.

Eu estou sentindo-me confortável com a conversa. Eu adoro conversar. Sempre foi umas das minhas atividades favoritas, dialogar sobre tudo que tem nesse mundo, e o que pode a vir ter.

— Agora sabemos que duas pessoas podem ocupar o mesmo espaço – concordo, rindo. Eu estou apoiada na parede da casa, com as mãos  atrás do corpo. Rick estava com a mão estendida do lado na minha cabeça, um pouco inclinado para frente para conversar comigo. — Pois, com esse tanto de gente aqui dentro, as leis da física não são válidas.

— O pior é aquele tanto de gente ali na piscina, nem sei se tem mais água lá. Só vejo cabeças. — Rick ri em nossa conversa empolgante e envolvente.

Ele para e fica me olhando.

Bebe um gole de sua cerveja e continua a me encarar. Os olhos apertados, a boca semiaberta, inclinando o corpo para mais perto. Eu chego para frente, levando minhas mãos aos cabelos dele. E nos beijamos. Começou de leve, com um roçar de lábios. Rick passa as mãos por trás de mim, ainda com a cerveja na mão, e intensifica o beijo. Morde meus lábios de leve e eu sigo o ritmo dele. Até que encerro o beijo.

 Falo um pouco baixo, mas ele entende. — Não me sinto confortável aqui, no meio de tanta gente.

 Eu sinto certo incômodo com a nossa situação. Não sei por que, mas encaro isso como antinatural para mim. Não para os outros, mas somente para mim. 

 O que eu queria dizer, mas não soube me expressar, é que não me sinto confortável expressando afeto no meio de tanta gente. Alguns ficavam olhando nos beijarmos e isso é desconfortável. Eu não gosto de ficar vendo um casal se agarrando em lugar nenhum, então eu, logicamente, também não gosto de ficar agarrando alguém em público.

 Rick me leva para dentro. Eu ia sentar em um sofá na sala, que por milagre estava vago. Mas ele me puxou delicadamente, sorrindo, para as escadas. Subimos para o segundo andar.

Uma onda de um pequeno desespero me inundou. Olho para trás para ver se encontro Katty. Nada.

Está tudo bem. — eu penso — Tenho que largar de ser criança e ter maturidade. Talvez ele me trouxe aqui para conversarmos. A mente poluída de Will está me contaminando. — Respiro fundo e me deixo ser guiada, com uma expressão calma no rosto.

  Ele entra em um quarto, mas alguém grita algo e ele logo fecha. Eu não pude ver o que estava lá dentro, mas tive uma ideia.

— Este está vago. — informa Rick, estendendo a mão, indicando para eu passar. Eu conversava há dois meses com Rick e não pensei que ele seria direto assim, logo no primeiro “encontro”.

— Podemos ficar na sala. Estou esperando um amigo. Não precisa se isolar aqui comigo — sugeri em um tom divertido, mas eu estou com um pequeno medo nascendo no meu interior.

 Rick passa o braço por trás de minha cintura e afunda o rosto na curva de meu pescoço. Deposita alguns beijos lá e me puxa de leve para dentro do quarto. Eu coloco as mãos nos ombros dele e engulo em seco a minha tormenta sem sentido.

— Aqui é mais sossegado. — implora Rick. Ele acende o abajur e senta-se na cama, com as mãos estendidas para trás. — Adorei conhecer você.  — Eu sento do lado dele. — Você é linda e bem interessante.

— Obrigada. — pronuncio, agora demonstrando um pouco de meu nervosismo.

Rick passa o braço na frente do meu corpo e envolve meus lábios com os dele. Pousa-me na cama devagar. E não solta meus lábios.

Eu não sei explicar se eu estou apreciando o toque ou se estou sentindo dor com a intromissão de um desconhecido. É muito novo para mim. Talvez seja por isso que eu estranhe tanto.

 Rick faz sons de prazer enquanto me envolve em um abraço. Eu mexo minha cabeça para gesticular bem o beijo.

Eu sento uma mão invadir, devagar, por baixo do meu vestido.

 — Não — eu me queixo, um pouco brusca, e tiro a minha mão da cabeça dele para segurar a mão invasora.

 — Acalme-se. — insiste Rick, visivelmente surpreso com minha reação. — Eu só estou te fazendo carinho. Não vou fazer nada que você não queira.

 Que deplorável. A imagem de um cavaleiro lindo e respeitável que eu tinha dele foi para a de um bêbado sem respeito e cretino.

Acho que dois meses conversando não foram suficientes para ele ver que eu que sou reservada e não costumo a ter essas praticas, e pela minha criação, tradicional, algo assim — ter uma relação intima com alguém logo no primeiro encontro — é estranho de encarar.

Minha expressão se configura para impaciência e desprezo. Empurro-o de cima de mim e levanto da cama. Rick agarra minha mão.

— Foi mal, desculpa. Eu só fui muito rápido. Eu não vou fazer nada. — diz o bêbado na cama. Apesar de alterado, eu vejo sinceridade em seu tom.

— Ok. Não foi nada. Vamos para fora do quarto, agora — eu ordeno, caminhando para fora do cômodo. Não espero pelo Rick, apenas desco as escadas, meio apressada. Minhas pernas ficaram bambas por um momento, meu coração disparou e senti como se eu estivesse perdida em sentimentos confusos.

  Vejo Will.

— Lucy? Onde estava? — questiona Will. Quando chego mais perto deles, noto que estão jogando algo com cartas, na mesa de jantar da casa. 

— Sendo tachada de trouxa fácil por um troglodita, e você? — caçoo, em um tom divertido e expressivo.

— Aquele troglodita? — Will aponta para Rick, que saiu das escadas e vinha em minha direção.

— Bicha, você é mesmo adivinha. — confirmo irônica para Will. Meu bom humor desaparece aos poucos. A música alta me incomoda, o cheiro de álcool e sexo naquela casa me irritam.  

— Lucy, quer alguma coisa? — murmura Rick, que chegou onde eu estou. Percebi que ele está constrangido.

Suspirei e fechei os olhos em descrença. Talvez eu tivesse a mente de uma velha e isso me atrapalhava socializar com a minha sociedade. A culpa não é de Rick, nem da sociedade, acho que, na verdade, é minha.

Como um ato carnal e primitivo é tão estranho?

Eu acho lindos esses casais que se amam, casam, têm filhos, envelhecem juntos.

Mas, nunca me vi assim.

Eu amo ler livros amorosos com situações românticas explícitas, meio ilusórias, um tanto lúdicas demais. Leio até algumas Fics para maiores de dezoito anos (que tenham uma história envolvente, pois a pura pornografia não me interessa). Eu até tenho meus momento íntimos pessoais, se é que me entendem.

Mas por que algo natural, “amoroso”, prazeroso, envolvente, não me traz curiosidade ou satisfação?

— A deixou chateada. — conta Will para Rick. — Ela não respondeu.

Notei que não respondi Rick,  deixando o no vácuo. Não foi de propósito, eu estava divagando nas minhas filosofias sentimentais.

— Desculpe-me. Não quis ser mal educada. Eu vou embora agora. — anuncio, meio desanimada. Pensar na minha estranha personalidade me deprime.

— Sem chance, não vai! — Urra Skot, com uma bebida na mão. Ele está jogando com Will, só agora percebi. — Fiz sua bebida! — Ele estende o copo para mim.

Eu ri com a recepção gentil do dono da festa. Ia pegar o copo de cristal azul, mas Katty do nada aparece e pega o copo.

— NANANINANÃO! Isso é veneno, minha amiga. — Katty diz, um pouco alterada e com um sorriso radiante. Joga o líquido em uma planta do lado da cadeira apoiada na parede e o copo no sofá pequeno que tinha na sala de jantar.

Will se levanta e pega a minha mão e a da Katty. — Já vamos. Até! — Will é bom em perceber sentimentos e situações. Viu que eu estava meio chateada e que Katty estava bêbada e tentou nos levar para casa antes que algo acontecesse.

Não pude falar um “tchau” apropriado para Rick, mas nem tive vontade. Sego Will até o carro, vendo a dificuldade dele ao arrastar Katty para fora.

Eu me sento frustrada de certa forma. E não sei dizer o porquê disso.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
Bem, como existe varias pessoas Homo-Heterossexual de varias maneiras e personalidades. Minha personagem tem seu modo de viver, ela não é a alegoria da Assexualidade, ela é apenas uma menina descobrindo seu caráter e sexualidade. MAS, se acharem que eu estou escrevendo de uma maneira que não mostra o "perfil" básico de um Assexual, digam-me!
Obrigada por lerem! Até o próximo!